As intervenções urbanas promovidas pelo Estado, não são, porém, um dado novo para São Paulo. À me... more As intervenções urbanas promovidas pelo Estado, não são, porém, um dado novo para São Paulo. À medida, por exemplo, que a cidade nos primórdios da industrialização, no início do século XX, ia se dimensionando, o Estado, pela via um de projeto urbano modernizador, aplicava um conjunto de regulamentações pertinentes ao uso e ocupação do solo, bem como promovia do ponto de vista da infra-estrutura melhorias urbanas (água, sistema de coleta e tratamento de esgoto, pavimentação e abertura de novas ruas e avenidas etc). De acordo com Someck (1997: p.33), não se pode considerar em São Paulo, nas primeiras décadas do século XX, o modelo de urbanização adotado pelo poder público como sendo moderno ou modernista, mas modernizador, dado que o urbanismo moderno, segundo a autora, iria além, pois ao surgir na cidade industrial, tal modelo tinha por discurso, ser a cidade o objeto principal das ações urbanísticas, e as questões sociais o centro dessas intervenções. A lógica da modernização de São Paulo, pautada nos discursos, nos ideários internacionais, tinha como enfoque central à eficiência e o desenvolvimento da cidade no sentido de atender aos interesses de reprodução capitalista, excluindo ou nunca levando em consideração a população mais pobre. Nos asseveram autores como Maricato (2002), Someck (1997), Santos (1990), que o modelo urbano modernizador resultante é incompleto, seletivo, que reforça e recria, o atraso através de novas formas, como contraponto à dinâmica de modernização. Entende-se que apesar de novos planos urbanísticos adotados mais recentemente em São Paulo, a ideologia desses, permanece com a roupagem antiga. Por exemplo, na década de 70, o modelo urbanístico adotado na esfera pública, os denominados Projetos CURA, tinham diferentemente do antigo modelo de atuação, que era mais pontual no território da cidade, o CURA veio privilegiar certas áreas tidas como possíveis centros polarizadores de
A formação da metrópole é considerada no encadeamento lógico dos processos que interessam à urban... more A formação da metrópole é considerada no encadeamento lógico dos processos que interessam à urbanização da sociedade. Constata-se que a incapacidade física e normativa da cidade para responder adequada e funcionalmente aos processos de concentração e de centralização, explica a formação do tecido urbano que prolifera em todas as direções e sentidos. Disto resulta que as noções de cidade, de bairro e de metrópole correspondem às circunstâncias temporais da história sendo, a metrópole, um ponto de chegada do processo de implosão e explosão da cidade. Conseqüentemente a reprodução social, enquanto reprodução do urbano, expressa uma espacialidade fragmentada que configura os territórios de uso (guetos).
Pa~a meu4 6ilho4, Ad~iana e Fe~nando, na e4pe~ança de que algum dia comp~eendam que a e44ência da... more Pa~a meu4 6ilho4, Ad~iana e Fe~nando, na e4pe~ança de que algum dia comp~eendam que a e44ência da4 coi4a4 não 4e con6unde com 4ua apa~ência.
Defronta-se a Geografia como ramo do conhecimento com impasse teorico cuja superacao e ao mesmo t... more Defronta-se a Geografia como ramo do conhecimento com impasse teorico cuja superacao e ao mesmo tempo necessaria e urgente. Necessaria porque temos de dar respostas corretas a um conjunto de problemas que se impoem para a sociedade e que dizem respeito aos diferenciais espaciais de desenvolvimento economico e social, bem como das possibilidades diferenciais de apropriacao desse mesmo processo; urgente, porque situacoes que dai decorrem vem implicando em transformacoes profundas, rapidas e ate violentas no modo de vida social. Trata-se de processos ora integradores, ora desintegradores que atingem os liames mais profundos da sociedade moderna. A questao para a Geografia e a sociedade ou e o espaco? Ou sera a sociedade e o espaco?
Qual o sentido de refletir sobre o pensamento de Henri Lefebvre, seguir o seu percurso, as suas i... more Qual o sentido de refletir sobre o pensamento de Henri Lefebvre, seguir o seu percurso, as suas indagacoes e reconhecer seus dilemas, seus embates? Afinal, que relacoes estabelecer entre esse pensamento e a Geografia?
E possivel compreender a cidade de Sao Paulo enquanto objetivacao das estrategias das companies, ... more E possivel compreender a cidade de Sao Paulo enquanto objetivacao das estrategias das companies, empresas estrangeiras de servicos publicos que, a partir da segunda metade do Seculo XIX, operavam em regime de concessao, das quais, a Companhia Light foi expressao cabal; constituia uma poderosa presenca associada as elites locais. A Companhia Light iniciou suas atividades com a finalidade de implantar transportes urbanos por bondes e logo se interessou pela producao de energia hidroeletrica em escala, este que foi o principal dos seus inumeros negocios. Responsavel pela montagem do sistema hidreletrico de Sao Paulo, com a implantacao das estruturas tecnicas pelas quais instaurava um processo atualizacao tecnologica, a Light era admitida socialmente como a modernizacao em processo, portadora do ideario do progresso material. Pela natureza de suas atividades a Light foi um poderoso agente de producao do espaco.
RESENHA: SUBURBIO - Jose de Souza Martins, Hucitec, Prefeitura Municipal de Sao Caetano do Sul, S... more RESENHA: SUBURBIO - Jose de Souza Martins, Hucitec, Prefeitura Municipal de Sao Caetano do Sul, Sao Paulo, 1992 Odette Carvalho de Lima Seabra
As intervenções urbanas promovidas pelo Estado, não são, porém, um dado novo para São Paulo. À me... more As intervenções urbanas promovidas pelo Estado, não são, porém, um dado novo para São Paulo. À medida, por exemplo, que a cidade nos primórdios da industrialização, no início do século XX, ia se dimensionando, o Estado, pela via um de projeto urbano modernizador, aplicava um conjunto de regulamentações pertinentes ao uso e ocupação do solo, bem como promovia do ponto de vista da infra-estrutura melhorias urbanas (água, sistema de coleta e tratamento de esgoto, pavimentação e abertura de novas ruas e avenidas etc). De acordo com Someck (1997: p.33), não se pode considerar em São Paulo, nas primeiras décadas do século XX, o modelo de urbanização adotado pelo poder público como sendo moderno ou modernista, mas modernizador, dado que o urbanismo moderno, segundo a autora, iria além, pois ao surgir na cidade industrial, tal modelo tinha por discurso, ser a cidade o objeto principal das ações urbanísticas, e as questões sociais o centro dessas intervenções. A lógica da modernização de São Paulo, pautada nos discursos, nos ideários internacionais, tinha como enfoque central à eficiência e o desenvolvimento da cidade no sentido de atender aos interesses de reprodução capitalista, excluindo ou nunca levando em consideração a população mais pobre. Nos asseveram autores como Maricato (2002), Someck (1997), Santos (1990), que o modelo urbano modernizador resultante é incompleto, seletivo, que reforça e recria, o atraso através de novas formas, como contraponto à dinâmica de modernização. Entende-se que apesar de novos planos urbanísticos adotados mais recentemente em São Paulo, a ideologia desses, permanece com a roupagem antiga. Por exemplo, na década de 70, o modelo urbanístico adotado na esfera pública, os denominados Projetos CURA, tinham diferentemente do antigo modelo de atuação, que era mais pontual no território da cidade, o CURA veio privilegiar certas áreas tidas como possíveis centros polarizadores de
A formação da metrópole é considerada no encadeamento lógico dos processos que interessam à urban... more A formação da metrópole é considerada no encadeamento lógico dos processos que interessam à urbanização da sociedade. Constata-se que a incapacidade física e normativa da cidade para responder adequada e funcionalmente aos processos de concentração e de centralização, explica a formação do tecido urbano que prolifera em todas as direções e sentidos. Disto resulta que as noções de cidade, de bairro e de metrópole correspondem às circunstâncias temporais da história sendo, a metrópole, um ponto de chegada do processo de implosão e explosão da cidade. Conseqüentemente a reprodução social, enquanto reprodução do urbano, expressa uma espacialidade fragmentada que configura os territórios de uso (guetos).
Pa~a meu4 6ilho4, Ad~iana e Fe~nando, na e4pe~ança de que algum dia comp~eendam que a e44ência da... more Pa~a meu4 6ilho4, Ad~iana e Fe~nando, na e4pe~ança de que algum dia comp~eendam que a e44ência da4 coi4a4 não 4e con6unde com 4ua apa~ência.
Defronta-se a Geografia como ramo do conhecimento com impasse teorico cuja superacao e ao mesmo t... more Defronta-se a Geografia como ramo do conhecimento com impasse teorico cuja superacao e ao mesmo tempo necessaria e urgente. Necessaria porque temos de dar respostas corretas a um conjunto de problemas que se impoem para a sociedade e que dizem respeito aos diferenciais espaciais de desenvolvimento economico e social, bem como das possibilidades diferenciais de apropriacao desse mesmo processo; urgente, porque situacoes que dai decorrem vem implicando em transformacoes profundas, rapidas e ate violentas no modo de vida social. Trata-se de processos ora integradores, ora desintegradores que atingem os liames mais profundos da sociedade moderna. A questao para a Geografia e a sociedade ou e o espaco? Ou sera a sociedade e o espaco?
Qual o sentido de refletir sobre o pensamento de Henri Lefebvre, seguir o seu percurso, as suas i... more Qual o sentido de refletir sobre o pensamento de Henri Lefebvre, seguir o seu percurso, as suas indagacoes e reconhecer seus dilemas, seus embates? Afinal, que relacoes estabelecer entre esse pensamento e a Geografia?
E possivel compreender a cidade de Sao Paulo enquanto objetivacao das estrategias das companies, ... more E possivel compreender a cidade de Sao Paulo enquanto objetivacao das estrategias das companies, empresas estrangeiras de servicos publicos que, a partir da segunda metade do Seculo XIX, operavam em regime de concessao, das quais, a Companhia Light foi expressao cabal; constituia uma poderosa presenca associada as elites locais. A Companhia Light iniciou suas atividades com a finalidade de implantar transportes urbanos por bondes e logo se interessou pela producao de energia hidroeletrica em escala, este que foi o principal dos seus inumeros negocios. Responsavel pela montagem do sistema hidreletrico de Sao Paulo, com a implantacao das estruturas tecnicas pelas quais instaurava um processo atualizacao tecnologica, a Light era admitida socialmente como a modernizacao em processo, portadora do ideario do progresso material. Pela natureza de suas atividades a Light foi um poderoso agente de producao do espaco.
RESENHA: SUBURBIO - Jose de Souza Martins, Hucitec, Prefeitura Municipal de Sao Caetano do Sul, S... more RESENHA: SUBURBIO - Jose de Souza Martins, Hucitec, Prefeitura Municipal de Sao Caetano do Sul, Sao Paulo, 1992 Odette Carvalho de Lima Seabra
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