Papers by Giovanni Pando Bueno
Praesentia: Revista Venezolana de Estudios Clásicos (Universidad de los Andes), 2024
Este artigo busca analisar a apropriação da memória fundacional da Urbs, especialmente da figura ... more Este artigo busca analisar a apropriação da memória fundacional da Urbs, especialmente da figura de Rômulo, pelas estátuas de Júlio César erigidas em Roma durante os dois últimos anos de sua ditadura. Partindo da definição de memória cultural formulada por Jan e Aleida Assmann, elucida-se a necessidade de recorrer ao passado primevo em um momento de conturbação política, tanto para encontrar um lugar comum à sociedade dividida pela guerra civil quanto para validar a concentração extraordinária de poderes nas mãos de César, que em paralelo a Rômulo assumia então o papel de um refundador de Roma. A investigação é feita a partir dos relatos de Cícero, Plutarco, Suetônio e Dio Cássio, que descrevem características da estatuária cesariana daquele momento, bem como a recepção negativa desta. Conclui-se que a memória romúlea impõe limitações às tentativas de apropriação, não sendo manipulada ao bel-prazer dos cesarianos, além de afetar negativamente a estrutura republicana.
Revista Ponto Urbe (30, v. 2), 2022
O presente artigo tem por objetivo contextualizar e produzir uma reflexão sobre a memória de um m... more O presente artigo tem por objetivo contextualizar e produzir uma reflexão sobre a memória de um monumento específico da cidade de São Paulo, a réplica da estátua do imperador Augusto de Prima Porta, hoje localizada no Largo do Arouche, que foi produzida e enviada à capital em 1937 pelo governo italiano da época. Para tanto, discute-se brevemente o papel da estética e do culto à romanidade dentro do projeto político fascista. A seguir, analisa-se a apropriação da imagem de Augusto e da composição iconográfica da estátua de Prima Porta, promovida a fim de estabelecer comparações entre o imperador e Mussolini. Finalmente, investiga-se o contexto de circulação da estátua em São Paulo e seu uso enquanto suporte de memória à comunidade ítalo-paulista.
Ideias, 2022
O presente artigo tem por objeto o monumento dedicado aos aviadores De Pinedo e Ribeiro de Barros... more O presente artigo tem por objeto o monumento dedicado aos aviadores De Pinedo e Ribeiro de Barros que cruzaram o Atlântico em 1927. Analisamos a composição do projeto fascista do Heróis da Travessia, buscando compreender o papel do mito de Roma na construção de laços entre a comunidade ítalo-paulista e a Itália durante o Ventennio. Por meio do exame da política externa italiana, que promoveu as crociere aeree como propaganda, e da análise iconográfica de sua materialidade, que mobiliza signos associados ao culto da romanidade, demonstramos que o monumento é estruturado antes de tudo como um elogio à Itália de Mussolini.
Codex – Revista de Estudos Clássicos, 2021
O fórum romano passou por muitas transformações no decorrer de todo o período republicano, mas fo... more O fórum romano passou por muitas transformações no decorrer de todo o período republicano, mas foi ao longo da crise do século I a.C. que este espaço se tornou objeto de uma disputa violenta entre grandes lideranças políticas. Nos últimos dias da República as mais profundas e estruturais mudanças foram colocadas em marcha, conduzidas por Júlio César ainda em vida ou tendo a sua figura como elemento fundamental à nova visualidade do fórum nos anos que se seguiram aos Idos de Março. A partir de sua ditadura não apenas o velho Forum Romanum sofrera alterações como um novo fórum, adjacente ao antigo, fora erguido – o Forum Iulium. Otaviano, herdeiro do falecido ditador, deu continuidade às reformas iniciadas por seu pai. Assim, a paisagem do complexo formado pelos dois fora mobilizou elementos do passado romano ao mesmo tempo em que obliterou e modificou tantos outros, o que promoveu a construção de uma memória coletiva que tinha em César uma de suas principais bases: em vida ou postumamente, sua memória tornou-se onipresente no coração de Roma. Neste artigo, analisaremos o processo de construção da memória coletiva pela paisagem urbana dos fóruns, nos atendo particularmente ao papel atribuído à imagem de Júlio César em tal memória.
VI Encontro de Pesquisa na Graduação em História, 05 a 09 de novembro de 2018, 2021
Este artigo se propõe a expor, resumidamente, os principais pontos levantados por uma pesquisa de... more Este artigo se propõe a expor, resumidamente, os principais pontos levantados por uma pesquisa de iniciação científica homônima, financiada pela FAPESP e realizada no decorrer de 2018. Tal investigação tomou por objetivo fazer uma análise iconográfica que considerasse as imagens, não como meros produtos ou reflexos, mas como agentes motores no processo de ascensão da figura de Augusto no cenário político romano da virada do milênio. Em diálogo com as novas tendências de pesquisa iconográfica e debruçando-se em problemáticas elencadas pela teoria da imagem, o estudo se atém a imagens produzidas entre os períodos republicano e imperial da Roma antiga, tendo como recorte específico o segundo Triunvirato e a formação do Principado de Augusto (de 43 a.C. até 14 d.C.).
Ars Historica, 2020
O presente artigo busca realizar uma análise comparativa das iconografias presentes em dois camaf... more O presente artigo busca realizar uma análise comparativa das iconografias presentes em dois camafeus romanos datados do início do século I d.C., o primeiro conhecido por Gemma Augustea e o segundo por Grand Camée de France (ou Gemma Tiberiana). Ambas as joias foram lapidadas no início do Principado e portam os nomes dos dois primeiros principes romanos, Augusto e Tibério, membros da dinastia Júlio-Claudiana. Investigaremos as iconografias atentando para o tema da memória. Para tanto, duas problemáticas serão esquadrinhadas. A primeira delas analisa os elementos da memória cultural romana presentes na visualidade das gemas. Assim, buscaremos desvendar o modo como a iconografia articulou os elementos do passado romano com aqueles contemporâneos à confecção dos artefatos, construindo imageticamente tanto a memória cultural quanto a memória comunicativa (associada a um passado recente ou ao tempo presente). Já a segunda problemática sondará a temporalidade criada pela visualidade das fontes, uma vez que o tempo passa a ser também objeto de representação. Nesse sentido, questionaremos a noção de temporalidade forjada pelos camafeus ao tecerem as memórias cultural e a comunicativa juntas em um mesmo plano imagético.
Mare Nostrum, 2020
Dentre as reformas religiosas promovidas por Augusto durante seu Principado (27 a.C. - 14 d.C.) e... more Dentre as reformas religiosas promovidas por Augusto durante seu Principado (27 a.C. - 14 d.C.) estava o culto aos Lares compitales, praticado em encruzilhadas pela iniciativa de magistri vici (libertos, em sua maioria), que se tornam então Lares Augusti. Encarou-se essa mudança como prova do reconhecimento demonstrado pelas camadas subalternas ao novo princeps de Roma e à ideologia hegemônica da Era Augustana, caracterizada como um período de consenso geral. Neste artigo, através da análise iconográfica de dois altares do novo culto, investigaremos a agência histórica dos magistri e a mobilização das imagens e da materialidade dos altares para expressar seus interesses próprios.
Epígrafe, 2019
Resumo: Este artigo se propõe a fazer uma análise comparativa entre dois distintos edifícios ergu... more Resumo: Este artigo se propõe a fazer uma análise comparativa entre dois distintos edifícios erguidos no Campo de Marte durante o período de Augusto, Princeps de Roma entre o final do século I a.C. e início do I d.C.. O primeiro desses edifícios é seu mausoléu, datado próximo do ano de 28 a.C., enquanto o segundo corresponde ao templo dedicado à paz augustana, conhecido como Ara Pacis Augustae, dedicado em 9 a.C.. A partir de uma abordagem topográfica e flertando com as recentes teorias da imagem, consideraremos a visualidade como portadora de uma agência social específica que compreende a iconografia presente nesses prédios (juntamente com o próprio edifício em sua totalidade, tomado aqui como uma imagem em si) como agentes forjadores de dois projetos políticos diferentes: o primeiro mais ligado à crise republicana e o segundo à consolidação do Principado. Na chave da análise iconográfica, veremos como as diferenças entre essas duas concepções de monumentalidade puderam corroborar para a transformação política guiada por Augusto na virada do milênio. Palavras-chave: iconografia, imagem, monumentalidade, Principado de Augusto, Roma.
Books by Giovanni Pando Bueno
O objetivo desta pesquisa é examinar a construção da memória relacionada ao conflito sócio-políti... more O objetivo desta pesquisa é examinar a construção da memória relacionada ao conflito sócio-político a partir da visualidade em Roma durante o período comumente tratado como transição da República para o Império (mais precisamente, do estopim da guerra civil entre César e Pompeu em 49 a.C. à ascensão do Principado de Augusto nos anos 20 a.C.). Interessa-nos as dinâmicas daquilo que chamamos de memória em conflito, ou seja, os usos do passado feitos para instigar ou superar as disputas de poder em curso durante os anos de instabilidade política. Para fazê-lo, recorremos à categoria gramsciana de hegemonia como instrumento analítico, na intenção de reestabelecer os vínculos entre a memória coletiva e as bases materiais da vida social, uma vez que a estrutura hierárquica da sociedade romana delimita, também, as possibilidades de relações simbólicas entre as classes, dentre as quais encontra-se a organização do passado enquanto configuração memorial. Dentro do quadro da ideologia hegemônica, podemos, por um lado, vislumbrar como grupos dominados se apropriavam criativamente desta ideologia para recordar o passado; por outro, conseguimos compreender melhor a natureza da crise tardo-republicana, em que, para rememorar seus conflitos intestinos, os membros da classe hegemônica recorriam à mesma ideologia dominante que sustentava suas posições, produzindo contradições internas. As dinâmicas da memória em conflito mobilizaram, dentre outros meios, a dimensão imagética. Selecionamos, grosso modo, três conjuntos distintos de documentação: a numismática, a estatuária e a espacialidade (no caso, as reformas transcorridas no Fórum). Considerando uma perspectiva atenta à materialidade desses suportes, compete-nos destrinchar as formas específicas em que essa visualidade participou da disputa pelo passado, recordou ou esqueceu eventos para promover a paz e acomodou no plano das tradições as posições políticas dos líderes que centralizaram o poder da res publica naqueles anos, isto é, César e Augusto.
Revista Mare Nostrum Vol. 11, n. 2 (2020), 2020
Conference Presentations by Giovanni Pando Bueno
Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP, Etapa Internacional, 2018
Os principais objetivos desta pesquisa consistiram em: 1) Compreender a dinâmica interna da visua... more Os principais objetivos desta pesquisa consistiram em: 1) Compreender a dinâmica interna da visualidade romana durante as transformações políticas que levaram ao fim da República e ao início do Principado, considerando as mudanças pelas quais as imagens passaram desde o Segundo Triunvirato até o fim do governo de Augusto (43 a.C. – 14 d.C.); 2) Compreender o papel que tais imagens, carregadas de agência, tiveram durante esse processo político e como as suas transformações foram responsáveis – a sua maneira – para a edificação e o estabelecimento de uma nova forma de governo em Roma, o Principado de Augusto.
v. 9, n. 2 (2021) by Giovanni Pando Bueno
Codex: Revista de Estudos Clássicos, 2021
Páginas iniciais e Sumário do v. 9, n. 2 (2021).
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Para acesso ao volume completo: https://www.revistas.usp.br/marenostrum/issue/view/11764
Conference Presentations by Giovanni Pando Bueno
v. 9, n. 2 (2021) by Giovanni Pando Bueno
Para acesso ao volume completo: https://www.revistas.usp.br/marenostrum/issue/view/11764