Abordagens colaborativas em musica e danca, exploradas inicialmente no seculo XX pela Companhia d... more Abordagens colaborativas em musica e danca, exploradas inicialmente no seculo XX pela Companhia dos Bales Russos de Diaghilev, foram amplamente utilizadas por John Cage e Merce Cunningham. Por meio das obras dos ultimos, foi possivel o desenvolvimento de um conceito denominado ‘independencia entre musica e danca’. Recorrendo a analise bibliografica e estudos coreomusicais, este artigo pretende elucidar o contexto que favoreceu o inicio das praticas colaborativas de Cage-Cunningham, bem como enderecar-se as questoes esteticas que elas proporcionaram no que se refere ao relacionamento entre musica e danca. Discute-se os problemas que o termo ‘independencia’ pode trazer a interpretacao das obras de Cage-Cunningham, e propoe- se que ‘interdependencia’ possa ser termo mais proximo a inovadora proposta coreomusical desses dois artistas.
Por meio de uma perspectiva coreomusical e do paradigma indiciário de Carlo Ginzburg, esse artigo... more Por meio de uma perspectiva coreomusical e do paradigma indiciário de Carlo Ginzburg, esse artigo tece hipóteses sobre como a Companhia dos Balés Russos de Sergei Diaghilev possa ter estimulado Heitor Villa-Lobos a compor o poema sinfônico Tédio da Alvorada (1918) e, posteriormente, teria levado-o a retrabalhar essa obra na criação do balé Uirapuru (1917). Os Balés Russos também contribuem fortemente para consolidação do balé no Brasil, que se centra na figura da bailarina Eros Volúsia e na estreia do balé Uirapuru em 1943. Somando o contato com os Balés Russos, a trajetória de Villa-Lobos e o processo de estabelecimento do balé nacional encontra-se indícios que justificariam os hiatos entre a data de 1917 atribuída à composição de Uirapuru, a estreia como poema sinfônico em 1934 e a estreia como balé em 1943.
Processos criativos, formativos e pedagógicos em dança, 2020
Música e dança, por serem artes temporais, possuem uma afinidade que até poderíamos chamar de "na... more Música e dança, por serem artes temporais, possuem uma afinidade que até poderíamos chamar de "natural" 83 , fácil de ser percebida, tanto historicamente como nos dias de hoje. Porém, quando se observa a relação que essas duas artes possuem na prática, é possível encontrar uma série de desavenças, que muitas vezes contrastam com essa afinidade entendida como "natural". Sendo assim, o campo de pesquisa em música e dança, atualmente conhecido como coreomusicologia, se apresenta como uma área de estudos muito rica justamente por trazer consigo uma série de problemas que anseiam por ser discutidos, problematizados ou quem sabe até resolvidos.
Neste artigo serão expostas algumas das tendências recentes da pesquisa coreomusical, observáveis em produções acadêmicas nacionais e internacionais. Pretende-se verificar alguns dos procedimentos metodológicos que foram e estão sendo desenvolvidas atualmente, para oferecer um panorama que pode ser útil não somente aos pesquisadores de música e dança como também aos interessados em metodologias para a pesquisa interdisciplinar em artes. Por um estado da arte da pesquisa coreomusical Esse levantamento metodológico se guia pela necessidade de realizar um estado da arte da pesquisa em música e dança no Brasil, necessidade essa movida pelo: [...] não conhecimento acerca da totalidade de estudos e pesquisas em determinada área de conhecimento que apresenta crescimento 83 Para adentrar o debate acerca do caráter natural ou cultural das relações entre música e dança vale conferir o capítulo quatro da dissertação de Inger Damsholt (1999).
OS DESAFIOS PANDÊMICOS E OUTROS MODOS DE RE-EXISTÊNCIAS NAS ARTES , 2020
Nos foi dado como tradição quase ancestral que o passado está atrás de nós, o presente é aqui e o... more Nos foi dado como tradição quase ancestral que o passado está atrás de nós, o presente é aqui e o futuro está à frente. Uma espacialização que organiza linearmente nossa percepção do tempo, como se andássemos inexoravelmente para a frente, sem a menor possibilidade de nos movermos para um lado ou para o outro, ou até mesmo para trás. Mas o que acontece com o tempo quando não podemos mais nos mover adiante? O isolamento social imposto a nós pela pandemia de Covid-19 interrompeu nosso fluxo de movimento frontal em direção ao futuro. Presos dentro de nossos próprios lares, começamos a descobrir novos jeitos de nos mover que contrariam a antiga linearidade. Descobrir novos jeitos de nos mover no espaço tem sido aflitivo e difícil para alguns, revelador e potente para outros. Essa momentânea ausência de futuro tem levado o mundo a repensar o que nos aguarda e o que podemos fazer dos próximos tempos. O 6º Congresso Científico Nacional de Pesquisadores em Dança nos imergiu dentro dessa problemática, colocando como tema "Quais danças estão por vir? Trânsitos, políticas e poéticas do corpo". O congresso, então, fez da desolação pandêmica uma experiência estética e intersubjetiva, que perpassa nossas vivências mesmo à distância. Na mostra artística do congresso pudemos apreciar a Improvisação em pandemia: para o meu pequeno mundo, de Antrifo Sanches. Nela, o tempo de dias e noites se alterna, na repetitividade do exato mesmo espaço doméstico. Frases de movimento ora breves, ora desenvolvidas, são sequenciadas em cena e contadas como quem conta o tempo de cárcere, mas chega um momento em que não faz mas sentido continuar contando. Já não se trata mais de segmentar a vida em dias já que, como a Clair de lune de Claude Debussy sugeriu desde o início da obra, nossa experiência dos dias tem se tornado uma eterna noite. É como se a música já dissesse desde o começo algo que foi sendo revelado aos poucos no corpo que, sujeito à estaticidade espacial da casa, começa a sofrer distorções na percepção temporal de dia e noite.
Abordagens colaborativas em música e dança, exploradas inicialmente no século XX pela Companhia d... more Abordagens colaborativas em música e dança, exploradas inicialmente no século XX pela Companhia dos Balés Russos de Diaghilev, foram amplamente utilizadas por John Cage e Merce Cunningham. Por meio das obras dos últimos, foi possível o desenvolvimento de um conceito denominado 'independência entre música e dança'. Recorrendo à análise bibliográfica e estudos coreomusicais, este artigo pretende elucidar o contexto que favoreceu o início das práticas colaborativas de Cage-Cunningham, bem como endereçar-se às questões estéticas que elas proporcionaram no que se refere ao relacionamento entre música e dança. Discute-se os problemas que o termo 'independência' pode trazer à interpretação das obras de Cage-Cunningham, e propõe-se que 'interdependência' possa ser termo mais próximo à inovadora proposta coreomusical desses dois artistas.
PALAVRAS-CHAVE: Colaborativismo, Música contemporânea, Dança moderna, Coreomusicologia.
ABSTRACT Collaborative approaches in music and dance, primarily explored in the 20th century by Diaghilev's 'Ballets Russes', were widely used by John Cage and Merce Cunningham. rough the work of the latter the development of a concept called "independence between music and dance" became possible. Relying on bibliographical analysis and choreomusical studies, this article intends to elucidate the context that favored the beginning of Cage-Cunningham collaborative practices as well as addressing the aesthetic questions that it has provided for music and dance relationships. It argues over the problems that the term "independence" might bring to the interpretation of Cage-Cunningham works, also suggesting that "interdependence" might be a more suitable term for the innovative choreomusi-cal proposition of the duo.
KEYWORDS Collaborativism. Contemporary Music. Modern dance. Choreomusicology.
Abordagens colaborativas em musica e danca, exploradas inicialmente no seculo XX pela Companhia d... more Abordagens colaborativas em musica e danca, exploradas inicialmente no seculo XX pela Companhia dos Bales Russos de Diaghilev, foram amplamente utilizadas por John Cage e Merce Cunningham. Por meio das obras dos ultimos, foi possivel o desenvolvimento de um conceito denominado ‘independencia entre musica e danca’. Recorrendo a analise bibliografica e estudos coreomusicais, este artigo pretende elucidar o contexto que favoreceu o inicio das praticas colaborativas de Cage-Cunningham, bem como enderecar-se as questoes esteticas que elas proporcionaram no que se refere ao relacionamento entre musica e danca. Discute-se os problemas que o termo ‘independencia’ pode trazer a interpretacao das obras de Cage-Cunningham, e propoe- se que ‘interdependencia’ possa ser termo mais proximo a inovadora proposta coreomusical desses dois artistas.
Por meio de uma perspectiva coreomusical e do paradigma indiciário de Carlo Ginzburg, esse artigo... more Por meio de uma perspectiva coreomusical e do paradigma indiciário de Carlo Ginzburg, esse artigo tece hipóteses sobre como a Companhia dos Balés Russos de Sergei Diaghilev possa ter estimulado Heitor Villa-Lobos a compor o poema sinfônico Tédio da Alvorada (1918) e, posteriormente, teria levado-o a retrabalhar essa obra na criação do balé Uirapuru (1917). Os Balés Russos também contribuem fortemente para consolidação do balé no Brasil, que se centra na figura da bailarina Eros Volúsia e na estreia do balé Uirapuru em 1943. Somando o contato com os Balés Russos, a trajetória de Villa-Lobos e o processo de estabelecimento do balé nacional encontra-se indícios que justificariam os hiatos entre a data de 1917 atribuída à composição de Uirapuru, a estreia como poema sinfônico em 1934 e a estreia como balé em 1943.
Processos criativos, formativos e pedagógicos em dança, 2020
Música e dança, por serem artes temporais, possuem uma afinidade que até poderíamos chamar de "na... more Música e dança, por serem artes temporais, possuem uma afinidade que até poderíamos chamar de "natural" 83 , fácil de ser percebida, tanto historicamente como nos dias de hoje. Porém, quando se observa a relação que essas duas artes possuem na prática, é possível encontrar uma série de desavenças, que muitas vezes contrastam com essa afinidade entendida como "natural". Sendo assim, o campo de pesquisa em música e dança, atualmente conhecido como coreomusicologia, se apresenta como uma área de estudos muito rica justamente por trazer consigo uma série de problemas que anseiam por ser discutidos, problematizados ou quem sabe até resolvidos.
Neste artigo serão expostas algumas das tendências recentes da pesquisa coreomusical, observáveis em produções acadêmicas nacionais e internacionais. Pretende-se verificar alguns dos procedimentos metodológicos que foram e estão sendo desenvolvidas atualmente, para oferecer um panorama que pode ser útil não somente aos pesquisadores de música e dança como também aos interessados em metodologias para a pesquisa interdisciplinar em artes. Por um estado da arte da pesquisa coreomusical Esse levantamento metodológico se guia pela necessidade de realizar um estado da arte da pesquisa em música e dança no Brasil, necessidade essa movida pelo: [...] não conhecimento acerca da totalidade de estudos e pesquisas em determinada área de conhecimento que apresenta crescimento 83 Para adentrar o debate acerca do caráter natural ou cultural das relações entre música e dança vale conferir o capítulo quatro da dissertação de Inger Damsholt (1999).
OS DESAFIOS PANDÊMICOS E OUTROS MODOS DE RE-EXISTÊNCIAS NAS ARTES , 2020
Nos foi dado como tradição quase ancestral que o passado está atrás de nós, o presente é aqui e o... more Nos foi dado como tradição quase ancestral que o passado está atrás de nós, o presente é aqui e o futuro está à frente. Uma espacialização que organiza linearmente nossa percepção do tempo, como se andássemos inexoravelmente para a frente, sem a menor possibilidade de nos movermos para um lado ou para o outro, ou até mesmo para trás. Mas o que acontece com o tempo quando não podemos mais nos mover adiante? O isolamento social imposto a nós pela pandemia de Covid-19 interrompeu nosso fluxo de movimento frontal em direção ao futuro. Presos dentro de nossos próprios lares, começamos a descobrir novos jeitos de nos mover que contrariam a antiga linearidade. Descobrir novos jeitos de nos mover no espaço tem sido aflitivo e difícil para alguns, revelador e potente para outros. Essa momentânea ausência de futuro tem levado o mundo a repensar o que nos aguarda e o que podemos fazer dos próximos tempos. O 6º Congresso Científico Nacional de Pesquisadores em Dança nos imergiu dentro dessa problemática, colocando como tema "Quais danças estão por vir? Trânsitos, políticas e poéticas do corpo". O congresso, então, fez da desolação pandêmica uma experiência estética e intersubjetiva, que perpassa nossas vivências mesmo à distância. Na mostra artística do congresso pudemos apreciar a Improvisação em pandemia: para o meu pequeno mundo, de Antrifo Sanches. Nela, o tempo de dias e noites se alterna, na repetitividade do exato mesmo espaço doméstico. Frases de movimento ora breves, ora desenvolvidas, são sequenciadas em cena e contadas como quem conta o tempo de cárcere, mas chega um momento em que não faz mas sentido continuar contando. Já não se trata mais de segmentar a vida em dias já que, como a Clair de lune de Claude Debussy sugeriu desde o início da obra, nossa experiência dos dias tem se tornado uma eterna noite. É como se a música já dissesse desde o começo algo que foi sendo revelado aos poucos no corpo que, sujeito à estaticidade espacial da casa, começa a sofrer distorções na percepção temporal de dia e noite.
Abordagens colaborativas em música e dança, exploradas inicialmente no século XX pela Companhia d... more Abordagens colaborativas em música e dança, exploradas inicialmente no século XX pela Companhia dos Balés Russos de Diaghilev, foram amplamente utilizadas por John Cage e Merce Cunningham. Por meio das obras dos últimos, foi possível o desenvolvimento de um conceito denominado 'independência entre música e dança'. Recorrendo à análise bibliográfica e estudos coreomusicais, este artigo pretende elucidar o contexto que favoreceu o início das práticas colaborativas de Cage-Cunningham, bem como endereçar-se às questões estéticas que elas proporcionaram no que se refere ao relacionamento entre música e dança. Discute-se os problemas que o termo 'independência' pode trazer à interpretação das obras de Cage-Cunningham, e propõe-se que 'interdependência' possa ser termo mais próximo à inovadora proposta coreomusical desses dois artistas.
PALAVRAS-CHAVE: Colaborativismo, Música contemporânea, Dança moderna, Coreomusicologia.
ABSTRACT Collaborative approaches in music and dance, primarily explored in the 20th century by Diaghilev's 'Ballets Russes', were widely used by John Cage and Merce Cunningham. rough the work of the latter the development of a concept called "independence between music and dance" became possible. Relying on bibliographical analysis and choreomusical studies, this article intends to elucidate the context that favored the beginning of Cage-Cunningham collaborative practices as well as addressing the aesthetic questions that it has provided for music and dance relationships. It argues over the problems that the term "independence" might bring to the interpretation of Cage-Cunningham works, also suggesting that "interdependence" might be a more suitable term for the innovative choreomusi-cal proposition of the duo.
KEYWORDS Collaborativism. Contemporary Music. Modern dance. Choreomusicology.
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Papers by Tatiana Avanço
Neste artigo serão expostas algumas das tendências recentes da pesquisa coreomusical, observáveis em produções acadêmicas nacionais e internacionais. Pretende-se verificar alguns dos procedimentos metodológicos que foram e estão sendo desenvolvidas atualmente, para oferecer um panorama que pode ser útil não somente aos pesquisadores de música e dança como também aos interessados em metodologias para a pesquisa interdisciplinar em artes. Por um estado da arte da pesquisa coreomusical Esse levantamento metodológico se guia pela necessidade de realizar um estado da arte da pesquisa em música e dança no Brasil, necessidade essa movida pelo: [...] não conhecimento acerca da totalidade de estudos e pesquisas em determinada área de conhecimento que apresenta crescimento 83 Para adentrar o debate acerca do caráter natural ou cultural das relações entre música e dança vale conferir o capítulo quatro da dissertação de Inger Damsholt (1999).
PALAVRAS-CHAVE: Colaborativismo, Música contemporânea, Dança moderna, Coreomusicologia.
ABSTRACT Collaborative approaches in music and dance, primarily explored in the 20th century by Diaghilev's 'Ballets Russes', were widely used by John Cage and Merce Cunningham. rough the work of the latter the development of a concept called "independence between music and dance" became possible. Relying on bibliographical analysis and choreomusical studies, this article intends to elucidate the context that favored the beginning of Cage-Cunningham collaborative practices as well as addressing the aesthetic questions that it has provided for music and dance relationships. It argues over the problems that the term "independence" might bring to the interpretation of Cage-Cunningham works, also suggesting that "interdependence" might be a more suitable term for the innovative choreomusi-cal proposition of the duo.
KEYWORDS Collaborativism. Contemporary Music. Modern dance. Choreomusicology.
Neste artigo serão expostas algumas das tendências recentes da pesquisa coreomusical, observáveis em produções acadêmicas nacionais e internacionais. Pretende-se verificar alguns dos procedimentos metodológicos que foram e estão sendo desenvolvidas atualmente, para oferecer um panorama que pode ser útil não somente aos pesquisadores de música e dança como também aos interessados em metodologias para a pesquisa interdisciplinar em artes. Por um estado da arte da pesquisa coreomusical Esse levantamento metodológico se guia pela necessidade de realizar um estado da arte da pesquisa em música e dança no Brasil, necessidade essa movida pelo: [...] não conhecimento acerca da totalidade de estudos e pesquisas em determinada área de conhecimento que apresenta crescimento 83 Para adentrar o debate acerca do caráter natural ou cultural das relações entre música e dança vale conferir o capítulo quatro da dissertação de Inger Damsholt (1999).
PALAVRAS-CHAVE: Colaborativismo, Música contemporânea, Dança moderna, Coreomusicologia.
ABSTRACT Collaborative approaches in music and dance, primarily explored in the 20th century by Diaghilev's 'Ballets Russes', were widely used by John Cage and Merce Cunningham. rough the work of the latter the development of a concept called "independence between music and dance" became possible. Relying on bibliographical analysis and choreomusical studies, this article intends to elucidate the context that favored the beginning of Cage-Cunningham collaborative practices as well as addressing the aesthetic questions that it has provided for music and dance relationships. It argues over the problems that the term "independence" might bring to the interpretation of Cage-Cunningham works, also suggesting that "interdependence" might be a more suitable term for the innovative choreomusi-cal proposition of the duo.
KEYWORDS Collaborativism. Contemporary Music. Modern dance. Choreomusicology.