Papers by Vinicius Lancas
Contemporary Sociology, 1975
"A noção de desobediência civil surge na literatura anglo-saxã de meados do ... more "A noção de desobediência civil surge na literatura anglo-saxã de meados do século XIX para expressar a possibilidade de contestação política da lei com base em alguma justificativa ética por parte do indivíduo que a ela se oponha. Porém, ao longo do século XX, o conceito é apropriado e reinterpretado, passando a servir agora para fundamentar movimentos coletivos de resistência a regras consideradas injustas e ilegais, acentuando seu aspecto político. John Rawls distingue a desobediência individual da desobediência civil quando fundamenta a sua perspectiva da justiça como equidade, indagando-se se, diante do abuso e/ou injustiça da lei, a desobediência à lei seria justificada. E a resposta a que ele chega é a de que a desobediência civil deve ser entendida como uma espécie de complemento aos mecanismos democráticos: procurando apontar como ela pode constituir uma forma de ampliação da liberdade e da participação política. Assim, o objetivo desta pesquisa é analisar, a partir do instrumental oferecido por Rawls, em Uma Teoria da Justiça, se a desobediência civil, enquanto forma de ação política, pode de fato ampliar as liberdades e quais são os seus limites em uma realidade democrática plural. "
Inicialmente é importante ressaltar que esse trabalho foi apresentado no III Seminário Integrado ... more Inicialmente é importante ressaltar que esse trabalho foi apresentado no III Seminário Integrado de Pesquisa em Ciências Sociais na Universidade Estadual de Londrina em 2014 e é parte de uma pesquisa maior (dissertação de mestrado defendida em 2013 na UFSC, disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/107320/319248.pdfsequence=1), visando inserir o fenômeno das manifestações anuais anti-proibicionistas, conhecidas por Marcha da Maconha, no debate sociológico contemporâneo acerca dos movimentos sociais. A hipótese levantada parte da elaboração de uma identidade através da construção discursiva de lugares comum (acentuada pelas mídias relacionadas ao tema) envolvendo a criação, apropriação e difusão de símbolos relacionados à maconha, que é capaz de projetar adesão e unificar diferentes sujeitos devido ao contexto de proibição e ilegalidade em que tal hábito se insere. A pesquisa visa esclarecer então aspectos políticos e sociais desse movimento ao buscar captar quais seriam os elementos discursivos capazes de mobilizar pessoas pela causa anti-proibicionista em um cenário marcado pelo estigma e pela naturalização do proibicionismo. Tal termo refere-se ao atual quadro marcado pela separação normativa entre substâncias lícitas e ilícitas e pelos esforços do poder público em criminalizar as práticas envolvendo as segundas. Nesse cenário uma série de fenômenos que vão da alta especulação mercadológica e da transformação das chamadas drogas em artigos de alta demanda até as políticas repressivas de criminalização de amplas camadas populares que acabam sendo empurradas para esse mercado ilegal. No entanto, o foco dessa análise é a construção da categoria inicialmente pejorativa de ‘usuário’, que une sob a mesma violação legal grupos de sujeitos que até então nada possuíam em comum. Investigar quais elementos permitem tornar uma prática antes marginalizada em uma identidade politicamente relevante envolvendo hábitos de consumo é o que esse trabalho se propõe. Tal questão pode ser de grande relevância para a compreensão das formações identitárias contemporâneas devido ao seu aspecto relacionado diretamente a direitos de acesso a mercados e ao consumo de mercadorias assim como pela sua capacidade de mobilizar vastos contingentes, dando a causa relevância política, bem como pela sua capacidade de questionar normas e valores enraizados revisitando, expondo antigas marginalidades e tabus.
Tradução do capítulo dez da obra 'Civil Society and Political Theory' de J. Cohen e A. Arato (M... more Tradução do capítulo dez da obra 'Civil Society and Political Theory' de J. Cohen e A. Arato (Massachusetts, MIT Press: 1999 [1992]) . Essa tradução é fruto de uma pesquisa acerca dos temas movimentos sociais e sociedade civil realizada por mim sob a orientação da Profª. Drª. Raquel Kritsch, durante o ano de 2010 na Universidade Estadual de Londrina. Não sou tradutor profissional, apenas um interessado no tema, o que me motiva é a importância do texto pro debate no Brasil desde os anos noventa e a inexistência de uma versão em português. Acredito ser válida tal proposta, sobretudo diante dos desentendimentos acerca dessa obra. Críticas e revisões são sempre bem-vindas, não se pretende uma versão definitiva e sim uma primeira versão.
Sem ter cometido crime algum Ter dito que desviar de um policial Pago pra lhe servir e proteger 2... more Sem ter cometido crime algum Ter dito que desviar de um policial Pago pra lhe servir e proteger 2 Vinícius Lanças A realidade brasileira tem sido marcada por uma série de novos movimentos sociais nos últimos anos, que inovaram tanto em suas pautas quanto em suas formas de articulação e mobilização, sem impor, no entanto, uma ruptura com os movimentos já existentes. Nesse contexto é importante que as análises sociológicas acompanhem essa nova onda de mobilizações, que incluem movimentos como a Marcha da Maconha, procurando captar em que tais movimentos divergem dos movimentos sociais anteriores e em que medida eles podem contribuir para a consolidação de nossa incipiente democracia. Esse trabalho procura contribuir nesse sentido, visando esclarecer alguns aspectos desse movimento que ainda não foram devidamente analisados até então. Em meus trabalhos anteriores procurei abordar tal tema através de uma análise predominantemente teórica e voltada para fora do movimento, procurando compreender como sua existência altera nossas concepções normativas de democracia e quais potenciais se abrem para uma maior participação popular no agir político através deles.
A desobediência civil na teoria política contemporânea.
Em uma realidade onde o cidadão comum é cada vez mais tomado enquanto um mero votante, novas form... more Em uma realidade onde o cidadão comum é cada vez mais tomado enquanto um mero votante, novas formas de participação política são almejadas, trazendo à tona a desobediência civil enquanto uma forma de expressão política que seria capaz de exercer pressão em esferas políticas cada vez mais auto referenciadas. O termo surge na tradição ocidental nos Estados Unidos no século XIX com a obra de Henry David Thoreau, que defendia a resistência pacifica às leis e políticas consideradas injustas, como a escravidão e a guerra ao México. Ao longo do século XX, no entanto, suas idéias foram apropriadas e reinterpretadas por diversos teóricos e ativistas políticos ao redor do mundo. Visando expor como atualmente são compreendidos esses atos será realizado um breve mapeamento do conceito de desobediência civil através das principais vertentes da teoria política contemporânea. Desta maneira, a compreensão teórica da desobediência civil traz a tona a questão: qual é o potencial que essa forma de ação política oferece aos novos movimentos sociais enquanto expressão capaz de gerar mudanças e concretizar novas práticas de participação e cidadania no contexto atual?
O trabalho consiste em uma análise da desobediência civil à luz das principais vertentes da teori... more O trabalho consiste em uma análise da desobediência civil à luz das principais vertentes da teoria contemporânea, visando esclarecer quais são suas possíveis justificativas e suas conseqüências teóricas e práticas no exercício da cidadania nos Estados Democráticos de Direito. Inicialmente o tema é abordado a partir do liberalismo, onde a resistência às leis consideradas injustas é ressaltada diante dos limites que o Estado deve respeitar para garantir as liberdades de seus cidadãos. Posteriormente os aspectos públicos da desobediência civil são ressaltados através de uma concepção republicana que afirma que tais atos de transgressão representam uma forma legitima de participação política. Finalmente é realizada uma abordagem a partir de uma vertente deliberativista que procura conciliar aspectos do liberalismo e do republicanismo para demonstrar como a desobediência civil pode garantir liberdades básicas e participação política autônoma ressaltando sua relação com uma sociedade civil ativa a participante.
A noção de desobediência civil surge na literatura anglo-saxã de meados do século XIX para expres... more A noção de desobediência civil surge na literatura anglo-saxã de meados do século XIX para expressar a possibilidade de contestação política da lei com base em alguma justificativa ética por parte do indivíduo que a ela se oponha. Porém, ao longo do século XX, o conceito é apropriado e reinterpretado, passando a servir agora para fundamentar movimentos coletivos de resistência a regras consideradas injustas e ilegais, acentuando seu aspecto político. John Rawls distingue a desobediência individual da desobediência civil quando fundamenta a sua perspectiva da justiça como equidade, indagando-se se, diante do abuso e/ou injustiça da lei, a desobediência à lei seria justificada. E a resposta a que ele chega é a de que a desobediência civil deve ser entendida como uma espécie de complemento aos mecanismos democráticos: procurando apontar como ela pode constituir uma forma de ampliação da liberdade e da participação política. Assim, o objetivo desta pesquisa é analisar, a partir do instrumental oferecido por Rawls, em Uma Teoria da Justiça, se a desobediência civil, enquanto forma de ação política, pode de fato ampliar as liberdades e quais são os seus limites em uma realidade democrática plural.
uel.br
A pesquisa consiste numa análise do papel da sociedade civil e da participação política nos Estad... more A pesquisa consiste numa análise do papel da sociedade civil e da participação política nos Estados democráticos de direito contemporâneos. Em uma realidade na qual o cidadão comum é cada vez mais levado a se tornar um mero votante, a questão da participação política surge como um problema na teoria política. Para compreender tal problema, pretendese estudar do conceito de sociedade civil na teoria de Habermas, apontando a forma como o autor a concebe, diferenciando-a do âmbito econômico e do político, explicitando sua relação com a esfera pública e com as demandas dos cidadãos comuns. Posteriormente, deve-se delimitar o papel que Cohen e Arato atribuem aos movimentos sociais que fariam parte dessa sociedade civil. A partir então do diálogo estabelecido entre tais autores, a pesquisa pretende: mostrar se e como a sociedade civil organizada pode exercer um papel ativo na ampliação da participação política, ao canalizar demandas dos cidadãos comuns em formas de pressão sobre o sistema político; e avaliar a capacidade dos movimentos sociais de levar a cabo a ampliação dos espaços democráticos que deles é esperada.
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https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/107320/319248.pdfsequence=1), visando inserir o fenômeno das manifestações anuais anti-proibicionistas, conhecidas por Marcha da Maconha, no debate sociológico contemporâneo acerca dos movimentos sociais. A hipótese levantada parte da elaboração de uma identidade através da construção discursiva de lugares comum (acentuada pelas mídias relacionadas ao tema) envolvendo a criação, apropriação e difusão de símbolos relacionados à maconha, que é capaz de projetar adesão e unificar diferentes sujeitos devido ao contexto de proibição e ilegalidade em que tal hábito se insere. A pesquisa visa esclarecer então aspectos políticos e sociais desse movimento ao buscar captar quais seriam os elementos discursivos capazes de mobilizar pessoas pela causa anti-proibicionista em um cenário marcado pelo estigma e pela naturalização do proibicionismo. Tal termo refere-se ao atual quadro marcado pela separação normativa entre substâncias lícitas e ilícitas e pelos esforços do poder público em criminalizar as práticas envolvendo as segundas. Nesse cenário uma série de fenômenos que vão da alta especulação mercadológica e da transformação das chamadas drogas em artigos de alta demanda até as políticas repressivas de criminalização de amplas camadas populares que acabam sendo empurradas para esse mercado ilegal. No entanto, o foco dessa análise é a construção da categoria inicialmente pejorativa de ‘usuário’, que une sob a mesma violação legal grupos de sujeitos que até então nada possuíam em comum. Investigar quais elementos permitem tornar uma prática antes marginalizada em uma identidade politicamente relevante envolvendo hábitos de consumo é o que esse trabalho se propõe. Tal questão pode ser de grande relevância para a compreensão das formações identitárias contemporâneas devido ao seu aspecto relacionado diretamente a direitos de acesso a mercados e ao consumo de mercadorias assim como pela sua capacidade de mobilizar vastos contingentes, dando a causa relevância política, bem como pela sua capacidade de questionar normas e valores enraizados revisitando, expondo antigas marginalidades e tabus.
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/107320/319248.pdfsequence=1), visando inserir o fenômeno das manifestações anuais anti-proibicionistas, conhecidas por Marcha da Maconha, no debate sociológico contemporâneo acerca dos movimentos sociais. A hipótese levantada parte da elaboração de uma identidade através da construção discursiva de lugares comum (acentuada pelas mídias relacionadas ao tema) envolvendo a criação, apropriação e difusão de símbolos relacionados à maconha, que é capaz de projetar adesão e unificar diferentes sujeitos devido ao contexto de proibição e ilegalidade em que tal hábito se insere. A pesquisa visa esclarecer então aspectos políticos e sociais desse movimento ao buscar captar quais seriam os elementos discursivos capazes de mobilizar pessoas pela causa anti-proibicionista em um cenário marcado pelo estigma e pela naturalização do proibicionismo. Tal termo refere-se ao atual quadro marcado pela separação normativa entre substâncias lícitas e ilícitas e pelos esforços do poder público em criminalizar as práticas envolvendo as segundas. Nesse cenário uma série de fenômenos que vão da alta especulação mercadológica e da transformação das chamadas drogas em artigos de alta demanda até as políticas repressivas de criminalização de amplas camadas populares que acabam sendo empurradas para esse mercado ilegal. No entanto, o foco dessa análise é a construção da categoria inicialmente pejorativa de ‘usuário’, que une sob a mesma violação legal grupos de sujeitos que até então nada possuíam em comum. Investigar quais elementos permitem tornar uma prática antes marginalizada em uma identidade politicamente relevante envolvendo hábitos de consumo é o que esse trabalho se propõe. Tal questão pode ser de grande relevância para a compreensão das formações identitárias contemporâneas devido ao seu aspecto relacionado diretamente a direitos de acesso a mercados e ao consumo de mercadorias assim como pela sua capacidade de mobilizar vastos contingentes, dando a causa relevância política, bem como pela sua capacidade de questionar normas e valores enraizados revisitando, expondo antigas marginalidades e tabus.