Books by Mauricio Torres
Amazônia em fluxo, 2021
Agradecemos especialmente às organizações comunitárias, núcleos e associações de toda a Região Am... more Agradecemos especialmente às organizações comunitárias, núcleos e associações de toda a Região Amazônica e aos parceiros da Universidade Federal do Acre, da Universidade Federal do Mato Grosso, da Universidade Federal do Pará e da Grenoble École de Management que compartilharam seus ricos conhecimentos e suas diversas experiências para transformar as situações contadas neste livro.
O trabalho escravo nunca prospera sozinho. É preciso um terreno propício – um grupo social ou um ... more O trabalho escravo nunca prospera sozinho. É preciso um terreno propício – um grupo social ou um indivíduo vulnerável. É preciso um explorador com perspectiva de lucro de tamanho tal que possa compensar os riscos que a ilegalidade implica. É preciso um modus operandi célere, que deixe o mínimo rastro. É preciso um conjunto de sujeitos que ajam em conluio e na invisibilidade. A indústria criminosa do saqueio madeireiro apresenta reproduz este modelo. No saqueio madeireiro, é necessário que a mão de obra utilizada, quer de origem local quer trazida de fora, seja explorada em condições, no mínimo, degradantes; uma situação que caracteriza a condição análoga à de escravo. Essa é a evidência básica produzida por este livro, preparado a partir de pesquisa encomendada pelo CDVDH/CB e pela CPT e realizada no oeste paraense.
Dez anos depois da publicação de Amazônia revelada: os descaminhos ao longo da BR-163, debruçamo-... more Dez anos depois da publicação de Amazônia revelada: os descaminhos ao longo da BR-163, debruçamo-nos novamente sobre a porção sudoeste do Pará, ao longo do eixo da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), no divisor de águas das bacias Xingu-Tapajós. Mais precisamente, detivemo-nos em três áreas principais: 1. a zona de influência da sede municipal de Novo Progresso; 2. o distrito de Castelo de Sonhos; e 3. a região da Gleba Leite, localizada em porções dos municípios de Altamira, Rurópolis e Trairão, todos situados no estado do Pará. Na relação que envolve a apropriação privada da terra (ou de seus recursos), recortamos aqui basicamente duas situações: as dinâmicas de desmatamento associado à grilagem e o controle de unidades de conservação (UCs) pelo crime organizado da madeira.
Este livro tem o intuito de oferecer subsídios para o aprofundamento do debate público acerca do ... more Este livro tem o intuito de oferecer subsídios para o aprofundamento do debate público acerca do conjunto de hidrelétricas na bacia do Tapajós, planejadas, em construção ou já implementadas. Em particular, são abordadas questões relativas a conflitos socioambientais e incompatibilidades entre políticas públicas – decorrentes de um modelo de planejamento e implantação de grandes empreendimentos, conduzido pelo setor elétrico do governo federal e por empresas privadas – e movimentos de resistência engendrados por povos indígenas e outros grupos em defesa de seus territórios e modos de vida.
O livro é uma coletânea de artigos sobre a porção sudoeste do Pará, focando o eixo da rodovia Cui... more O livro é uma coletânea de artigos sobre a porção sudoeste do Pará, focando o eixo da rodovia Cuiabá-Santarém (a BR-163), no divisor de águas das bacias Xingu-Tapajós, escrito quando, em 2004, o Estado anunciava o asfaltamento da rodovia para servir de corredor para escoamento da soja que tomava conta do norte mato-grossense. A obra analisa, sob diversos eixos temáticos, iniciativas no sentido de inibir a grilagem de terras públicas, o desmatamento e a exploração ilegal de madeiras que explodiam na região, muito em função do anúncio do asfaltamento da BR-163.
O presente livro é fruto de uma pesquisa em torno da situação fundiária dos “beiradeiros” que viv... more O presente livro é fruto de uma pesquisa em torno da situação fundiária dos “beiradeiros” que vivem junto ao rio Iriri, no interior da Estação Ecológica da Terra do Meio (EsecTM), no Pará, realizada por solicitação da Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio (Amora)1. A partir de diálogos com as famílias de ribeirinhos, buscou-se: 1. delinear um histórico de ocupação da área; 2. produzir um diagnóstico da situação contemporânea do grupo, no marco do processo de implantação da unidade de conservação (UC), destacando as principais demandas apresentadas pelo grupo em face do Estado; e 3. apresentar as perspectivas de futuro engendradas por essa população. Quando da realização da investigação, estavam em curso negociações para a construção de um termo de compromisso (TC) entre os ribeirinhos e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Papers by Mauricio Torres
Geografia em Questão, Aug 28, 2011
Resumo: Os povos da floresta são detentores de bancos genéticos e promotores de novas variedades ... more Resumo: Os povos da floresta são detentores de bancos genéticos e promotores de novas variedades de agricultivares. O modo de vida de um "campesinato florestal" explica uma agricultura que encampa uma pluralidade de cultivaresalgo irracional sob a lógica do agronegócio, calcada na uniformidade e unificada na produtividade. A dilapidação dessa agrobiodiversidade é proporcional à integração da Amazônia e dos saberes tradicionais à economia capitalista, onde se incrementam formas de apropriação privada da floresta e do etnoconhecimento. Nesse contexto, a biotecnologia adiciona sofisticada modalidade de predação ao submeter a biodiversidade à condição de mercadoria. Tira-se a semente do domínio das populações tradicionais e a subjuga ao controle de grandes corporações. O que é um processo ecológico de reprodução transforma-se em um processo tecnológico de produção. Palavras-chave: Mangabal; população tradicional; biodiversidade; Amazônia; etnobioprospecção. Resumen: Los pueblos de la floresta son propietarios de bancos genéticos y promotores de nuevas variedades de cultivares. El modo de vida del "campesinado forestal" explica una agricultura que abarca una pluralidad de cultivares-algo irracional dentro de la lógica del agronegocio, basada en la uniformidad y enfocada en la productividad. La pérdida de esta agrobiodiversidad es proporcional a la integración de la Amazonia y de sus conocimientos tradicionales a la economía capitalista, en donde medran diferentes formas de apropiación privada de la floresta y del etnoconocimento. En este contexto, la biotecnología representa un nuevo y sofisticado método de depredación, al someter la biodiversidad a la condición de mercancía. La semilla es sacada del dominio de los pueblos tradicionales y se subyuga al control de las grandes compañías. Lo que originalmente es un proceso ecológico de reproducción se transforma en un proceso tecnológico de producción.
Geoforum, 2022
This paper explores autodemarcations on the Tapajós River, Brazilian Amazonia, wherein a traditio... more This paper explores autodemarcations on the Tapajós River, Brazilian Amazonia, wherein a traditional communitythe beiradeiros (riverbank inhabitants)-and the Indigenous Munduruku together mark the boundaries of their lands and remove invaders in their struggles for the recognition of territorial rights from the state. We approach autodemarcations on the Tapajós as a form of co-becoming: unseating colonial identities and generating mutual recognition within and between these two peoples (turning inwards) while also claiming rights from the state (turning outwards) in the face of expanding extractive frontiers. While legal recognition is well represented in the literature on Indigenous peoples' and traditional communities' struggles over land and countermapping, intersubjective recognition is an omission. Our contribution is to show the importance of the turn inward and contend that it is within this 'turn' that autodemarcations hold radical potential. Such possibility lies in challenging colonial categorizations through novel forms of relationality, namely "wuyḡuybuḡun," a Munduruku neologism meaning "those who live like us, plant like us, fish like us, but cannot hear like us" which began to be used by the Munduruku to refer to the beiradeiros during autodemarcations. We argue that what matters more than the physical boundary (autodemarcation), or the map (countermapping), is the emergent set of social relations: the co-becoming of two distinct peoples. Autodemarcation and other struggles for recognition of territorial and civil rights form part of larger acts of community resistance and popular political participation. They are grassroots democratic state-building processes that should be supported by state institutions.
Tempo Social, 2014
A memoria dos povos da floresta e obstaculo efetivo a grilagem de terras na Amazonia. Isso se da ... more A memoria dos povos da floresta e obstaculo efetivo a grilagem de terras na Amazonia. Isso se da por dois principais motivos: primeiro, porque oralmente (no mais das vezes), a memoria faz vir a tona uma "historia subterrânea" dos territorios grilados e desmente o constructo da "versao oficial", documental, surgido na quimica fantastica dos foruns e cartorios. Em segundo lugar, porque a memoria social desses grupos - edificada sobre o passado, mas renovada no tempo presente - legitima a ordem social local. Minar-lhes a memoria significa um grande passo no exito da expropriacao praticada pela grilagem.
PARKS, 2021
In many industrialised societies, the COVID-19 pandemic has been painted as an unprecedented mome... more In many industrialised societies, the COVID-19 pandemic has been painted as an unprecedented moment caused by human abuse of nature. Responses to it have, in turn, temporarily slowed down human impacts upon nature. This has led to a rallying cry against human encroachment into what are claimed to be pristine wildernesses. Reflecting upon historic, archaeological and palaeoecological evidence relating to the impacts of past epidemics within a wider historical timeframe from Africa and South America, we show that though COVID-19 is a novel disease, the pandemic itself does not represent a novel event, since diseases brought by Europeans have previously decimated the peoples living in these areas. The 'pristine wilderness' is a myth, which falsely held that these places had always been empty of people, thus helping to legitimate the creation of protected areas, and their political control by both colonial and national administrations. We therefore question the assumption behind what has been termed the 'anthropause'-that the supposed reduction in anthropogenic activities caused by the current pandemic presents a new opportunity to study anthropogenic impacts on nature: numerous previous occasions exist where depopulation resulted in anthropauses. Such responses to COVID-19 suggest further interdisciplinarity is needed in the field of conservation, in spite of advances in this direction.
Ambiente & Sociedade, 2020
This article focuses on the impacts of the Public Forest Management Law on traditionally occupied... more This article focuses on the impacts of the Public Forest Management Law on traditionally occupied territories, by analyzing the case of Crepori National Forest, in the state of Pará. The origins of the modalities of protected areas that focus primarily on high-tech exploitation are the starting point of the exposition, which highlights the elements that show how the management of forests benefits commercial exploration of wood resources over the territorial rights of peoples and communities that traditionally occupy these areas. The text also explains the mechanisms of the law that purportedly protect the territorial integrity of the conservation units. Finally, we present the case of Crepori, in which traditional communities were made invisible by the national forest management plan. The article draws on qualitative research, based on secondary data and ethnographic field work. The findings corroborate studies indicating that the processes of forest concessions negatively impact tr...
Human Ecology, 2020
Legislation governing strict-protection nature reserves in Brazil in principle precludes human ha... more Legislation governing strict-protection nature reserves in Brazil in principle precludes human habitation, but virtually all Amazon reserves are nonetheless inhabited. Historical ecology research reported herein assesses the impacts of occupation and resource use by beiradeiros (forest peasants) on the forests of a strictly designated nature reserve in the Iriri River basin (Brazilian Amazon). The hypothesis is that traditional beiradeiros activities are congruent with the aims of conservation of the reserve because their impacts are either neutral or enhance diversity of forest landscapes and biota. We designed the methodology underlying data collection to integrate forest inventory with archaeological techniques in two contrasting forest types (terra firme and seasonally inundated forest), faunal surveys, freelisting of tree terms by beiradeiros, and participant observation, in order to determine biological diversity indices, forest age and the parameters of traditional knowledge that encode such diversity in local vocabulary. Our research results lead us to reject the premise that traditional peasant activities lead to ecological degradation or impoverishment, and suggest that the rationale underpinning strictly protected nature reserves should be reexamined.
GEOgraphia, 2016
Logo no início de 2007, terminado o primeiro mandato do presidente Lula, o Ministério do Desen... more Logo no início de 2007, terminado o primeiro mandato do presidente Lula, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) apresenta vultosos números de famílias assentadas pela Superintendência do Incra n° 30, no oeste paraense. Em pouco tempo, esses dados são desmascarados e questionados judicialmente, descortinando-se como, além da inflação de números para efeito de se anunciar o cumprimento do II Plano Nacional da Reforma Agrária, a criação de assentamentos foi pautada não pela demanda de famílias camponesas sem terra, mas pelo interesse criminoso do agronegócio da madeira. Tudo se passa em meio ao caos fundiário do oeste do Pará, em que a destinação de terras públicas ganha a alcunha de reforma agrária.
DIREITO AGRÁRIO
Page 90. a PedRa muiRaquitã: O casO dO RiO uRuaRÁ nO enfRentamentO dOs POvOs da fLOResta às madei... more Page 90. a PedRa muiRaquitã: O casO dO RiO uRuaRÁ nO enfRentamentO dOs POvOs da fLOResta às madeiReiRas na amazônia MAURÍCIO TORRES mautorres@ usp. br Ao sofrer o assim das coisas, ele, no oco sem beiras, debaixo do peso, sem queixa, exemploso. ...
Geoforum, 2022
This paper explores autodemarcations on the Tapajós River, Brazilian Amazonia, wherein a traditio... more This paper explores autodemarcations on the Tapajós River, Brazilian Amazonia, wherein a traditional communitythe beiradeiros (riverbank inhabitants)-and the Indigenous Munduruku together mark the boundaries of their lands and remove invaders in their struggles for the recognition of territorial rights from the state. We approach autodemarcations on the Tapajós as a form of co-becoming: unseating colonial identities and generating mutual recognition within and between these two peoples (turning inwards) while also claiming rights from the state (turning outwards) in the face of expanding extractive frontiers. While legal recognition is well represented in the literature on Indigenous peoples' and traditional communities' struggles over land and countermapping, intersubjective recognition is an omission. Our contribution is to show the importance of the turn inward and contend that it is within this 'turn' that autodemarcations hold radical potential. Such possibility lies in challenging colonial categorizations through novel forms of relationality, namely "wuyḡuybuḡun," a Munduruku neologism meaning "those who live like us, plant like us, fish like us, but cannot hear like us" which began to be used by the Munduruku to refer to the beiradeiros during autodemarcations. We argue that what matters more than the physical boundary (autodemarcation), or the map (countermapping), is the emergent set of social relations: the co-becoming of two distinct peoples. Autodemarcation and other struggles for recognition of territorial and civil rights form part of larger acts of community resistance and popular political participation. They are grassroots democratic state-building processes that should be supported by state institutions.
Ambiente & Sociedade, 2020
O artigo enfoca impactos da Lei de Gestão de Florestas Públicas a territórios tradicionalmente oc... more O artigo enfoca impactos da Lei de Gestão de Florestas Públicas a territórios tradicionalmente ocupados, a partir do caso da Floresta Nacional do Crepori, no Pará. Em um resgate das origens das modalidades de áreas protegidas voltadas prioritariamente para exploração tecnologizada, serão destacados elementos que as direcionam à exploração empresarial de recursos madeireiros, em detrimento dos direitos territoriais dos povos e comunidades tradicionais que porventura as ocupem. De forma complementar, o texto elucida mecanismos com que conta a lei para uma suposta garantia da integridade territorial dos ocupantes das unidades de conservação. Por fim, será apresentado o caso do Crepori, em que comunidades tradicionais foram invisibilizadas pelo plano de manejo. O artigo se apoia em uma análise qualitativa, baseada em dados secundários e primários, oriundos de incursão etnográfica. Os resultados ratificam trabalhos da área que apontam para os processos de concessões florestais como causa de impactos negativos às comunidades tradicionais.
Bioeconomy & Inequalities, 2021
Der Waldschutz in Amazonien soll zunehmend über die Überführung öffentlichen Lands in Privatbesit... more Der Waldschutz in Amazonien soll zunehmend über die Überführung öffentlichen Lands in Privatbesitz gelingen. Maurício Torres verdeutlicht anhand des Landlegalisierungs-programms Terra Legal und des Umweltkatasters CAR (Cadastro Ambiental Rural) die Fallstricke dieser Strategie. Er zeigt erstens, dass marktbasierte Waldschutzstrategien in Amazonien zu kurz greifen, weil sie sich auf bessere landwirtschaftliche Praktiken fokussieren und dabei die ökonomische Bedeutung von Landspekulation verkennen. Zweitens arbeitet er eindrücklich heraus, dass gesetzlicher Umweltschutz, der auf die private Aneignung von Land setzt, selbst zu einem Instrument des Landraubs werden kann. Illegale Praktiken werden dabei nicht nur toleriert oder amnestiert, sondern auch zur Grundlage neuer Gesetze. Drittens unterstreicht seine historische Kontextualisie-rung der Praktiken des Landraubs jahrhundertealte Kontinuitäten, die auf Kolonialzei-ten zurückgehen und lediglich technisch versierter werden.
Revista de Direito Agrário - Ministério do Desenvolvimento Agrário Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Associação Brasileira de Direito Agrário, 2007
Foto capa: Daniela Cestarollo/NEAD MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO (MDA) www.mda.gov.br NÚC... more Foto capa: Daniela Cestarollo/NEAD MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO (MDA) www.mda.gov.br NÚCLEO DE ESTUDOS AGRÁRIOS E DESENVOLVIMENTO RURAL (Nead) www.nead.org.br. INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA (Incra) www.incra.gov.br ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DIREITO AGRÁRIO (ABDA) www.abda.com.br PUBLICAÇÃO EDITADA TRIMESTRALMENTE
Não apenas a lei produz ilegalidade e injustiça, mas também a ilegalidade e a injustiça produzem ... more Não apenas a lei produz ilegalidade e injustiça, mas também a ilegalidade e a injustiça produzem a lei. James Holston, Cidades insurgentes. Conhecedor de florestas e rios, Chico Caititu é convidado para um evento científico no Peru. O velho "trabalhador tradicional", como gosta de se apresentar, desce o rio Tapajós até a cidade de Santarém para tratar da emissão de seu passaporte. Seus dedos, entretanto, de tão duros e calejados tornam impossível o registro de suas impressões digitais. Talvez, poucas coisas sejam tão dignas de orgulho. A Chico Caititu.
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