Conference Presentations by Vinícius Valadão Gonçalves
Anais da XXXIX Semana de História da Universidade Federal de Juiz de Fora. História dos povos Originários: ancestralidade, colonialidade e resistência, 2023
A partir da última década do século XX, a comunidade mundial acompanhou uma rápida ascensão de mu... more A partir da última década do século XX, a comunidade mundial acompanhou uma rápida ascensão de muitas novas tecnologias, inclusive da Internet, que se concretizou ainda mais ao longo dos anos seguintes. No Chile, esse evento ocorreu em simultaneidade com o crescente engajamento do movimento indígena mapuche em defesa de sua autonomia, que por sua vez usou dos novos recursos online para se fortalecer. A partir de então, o movimento passou a promover redes de contato na Internet, onde inúmeras informações sobre o Wallmapu e seus residentes circulavam diariamente. Duas dessas redes foram os sites Mapuexpress e Azkintuwe, que serão discutidos neste artigo como possibilidades investigativas para a promoção de uma História digital do movimento mapuche, capaz de superar estereótipos acerca dos povos originários.
Anais do 21º Encontro de História da ANPUH-RIO: História, Democracia, Igualdade e Diversidade, 2024
Em 1989, durante o processo de redemocratização do Chile, o então candidato à presidência Patrici... more Em 1989, durante o processo de redemocratização do Chile, o então candidato à presidência Patricio Aylwin encontrou-se com algumas das principais organizações indígenas, incluindo os mapuches, com o propósito de estabelecer um pacto de confiança entre eles. O Acuerdo de Nueva Imperial, realizado na comuna em que lhe deu o nome, apesar de ter sido elaborado para conferir credibilidade ao candidato da Concertación de Partidos por la Democracia entre as comunidades mapuche, também representou significativas mudanças no horizonte de expectativas das mesmas. Para elas, tal feito concretizou a possibilidade de um diálogo mais próximo com o Estado democrático, que, diferente daquele de Pinochet, estava supostamente disposto em escutar suas reivindicações. Porém, hoje sabemos que algumas das exigências mapuche não se concretizaram como o desejado: a Convenção 169 da OIT, que conferia direitos internacionais aos povos originários, só foi ratificada em 2008, do mesmo modo que reconhecimento constitucional dos mesmos está pendente desde então. Nesse contexto, o propósito da apresentação será examinar o Acuerdo de Nueva Imperial como um espaço primordialmente de conflito de interesses entre o Estado e a nação mapuche, onde ambos os lados se encontram em posição tanto de exigir quanto de ceder. Dessa forma, pretendemos refletir sobre a percepção que o movimento mapuche teve acerca da abertura democrática como um período de possíveis maiores mudanças estruturais, principalmente no que diz respeito ao direito fundamental de autonomia política e territorial. Isso abre a possibilidade de pensarmos nos primeiros anos pós-ditatoriais como um momento de extrema articulação política, no qual diferentes atores tentam se fazer ouvir em uma nova conjuntura mais promissora do que a anterior.
A partir da década de 1990, vários movimentos indígenas na América Latina emergiram na esfera pol... more A partir da década de 1990, vários movimentos indígenas na América Latina emergiram na esfera política de seus respectivos países, introduzindo novas agendas sociais e modelos organizacionais. Gradualmente, as concepções tradicionais que enfatizavam a integração com os Estados nacionais perderam relevância dentro desses movimentos, cedendo lugar a debates sobre autonomia e autodeterminação. Assim, a defesa do direito à cultura foi expandida para abranger outras categorias, com os direitos políticos e territoriais dos povos indígenas emergindo como questões centrais. No Chile, essa mudança é evidente ao considerarmos o movimento mapuche, que, desde a redemocratização, adotou medidas de diálogo com o Estado visando o reconhecimento de seus direitos fundamentais. Embora tenham sido adotadas diversas estratégias políticas pelo movimento para alcançar seus objetivos, é inegável que as negociações com o governo chileno se tornaram cada vez mais importantes. Além disso, a defesa da autonomia e autodeterminação dos direitos também foi respaldada pela interlocução do movimento mapuche com a comunidade internacional, especialmente a ONU. O objetivo principal deste estudo é analisar como as reivindicações do movimento mapuche em relação aos “novos” direitos políticos indígenas foram articuladas. Para tal análise, utilizaremos como fonte notícias e artigos publicados pelo site Mapuexpress durante os primeiros anos da década de 2000. Este período não apenas marca o surgimento do site, mas também testemunha intensos debates sobre a ratificação da Convenção 169 da OIT no Chile. Consideramos essa ratificação como um elemento chave para compreender o jogo político entre o movimento mapuche, o Estado chileno e a comunidade internacional em torno da autonomia e autodeterminação dos povos indígenas.
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