Papers by Renato Moscateli
Revista Iluminus, 2024
Em estudos nos campos da história intelectual e da filosofia, a literatura pode ser uma fonte de ... more Em estudos nos campos da história intelectual e da filosofia, a literatura pode ser uma fonte de valor inestimável para se explorar, algo que se aplica bem ao pensamento das Luzes. A análise cuidadosa das obras literárias produzidas por Voltaire e Rousseauos autores de referência para este textopermite compreender suas conexões com a sociedade francesa do século XVIII, tendo em vista os modos de inserção de ambos no campo literário. Quando escreviam, visavam certos objetivos que pretendiam alcançar mediante suas obras, determinadas impressões que desejavam provocar em seus respectivos públicos. O estilo que utilizavam, os temas que escolhiam, os gêneros que adotavam, tudo isso reflete os planos que faziam a fim de que o produto de suas penas fosse capaz de atingir e influenciar a razão e a sensibilidade de seus leitores. Rousseau e Voltaire, cada um a seu tempo, tornaram-se cidadãos proeminentes da República das Letras para reformar sua constituição e imprimir uma marca indelével sobre a literatura. O conto e o romance nunca mais seriam os mesmos após eles terem operado uma feliz união entre reflexão filosófica e arte literária, pois esses philosophes queriam que seus textos abrissem os olhos do público para as grandes questões sociais, políticas e morais que perpassavam suas vidas. Neste artigo, investigaremos as estratégias que eles abraçaram para realizar esse desígnio, o que nos permitirá também fazer um exercício interpretativo das relações entre a produção literáriofilosófica e seu contexto social, enfocando Voltaire e Rousseau como estudos de casos. Palavras-chave: Voltaire. Rousseau. contos filosóficos. romance epistolar. contexto social.
Philósophos, 2023
O Ano 2440, de Louis-Sébastien Mercier, foi publicado pela primeira vez em 1771, tornando-se um v... more O Ano 2440, de Louis-Sébastien Mercier, foi publicado pela primeira vez em 1771, tornando-se um verdadeiro best-seller da França pré-revolucionária. Em sua obra de fantasia utópica, Mercier faz o narrador da história relatar seu sonho extraordinário com a Paris do século XXV, o que permitiu ao autor realizar um exercício literário para idealizar um tempo vindouro repleto de aprimoramentos sociais, políticos e morais. Não é difícil ver que as características centrais dessa ficção futurista estão profundamente enraizadas em valores pregados pelo pensamento iluminista, e com uma dose substancial de inspiração republicana. A França de 2440 parece figurar como o resultado inevitável do progresso das Luzes, uma época em que a opressão política e os outros males do Antigo Regime teriam sido definitivamente expurgados. Diante disso, pretendo analisar alguns dos principais elementos da obra, no intuito de discutir as concepções de Mercier que configuram sua visão de uma sociedade bem-ordenada, a partir dos ideais políticos que informam tanto suas críticas às condições vigentes no século XVIII, quanto as soluções que ele aponta para a superação dos erros que enxergava nesse quadro. Entre essas soluções, destacarei a estrutura da república mista que perpassa a organização dos poderes na constituição dessa utopia, juntamente com diversas formas de transparência política que propiciariam a visibilização e a responsabilização dos atos de seus agentes públicos.
Em sua nova edição temática, a Revista Philósophos publica uma coletânea de artigos nas áreas de ... more Em sua nova edição temática, a Revista Philósophos publica uma coletânea de artigos nas áreas de Ética e Filosofia Política. Oferecemos aos leitores textos que abordam desde autores clássicos na História da Filosofia, com reflexões sobre formas de sociabilidade e de relações éticas e políticas que decorrem das interações humanas, até discussões sobre questões atuais que perpassam as obras de diversos pensadores e suscitam diálogos com outras áreas além da Filosofia. Assim, abarcamos do intelectualismo na ética platônica à possibilidade de um pensamento ético em Wittgenstein, da antropologia e da sociologia filosóficas rousseaunianas à teoria da agonística política de Schmitt, da relação entre memória/esquecimento e perdão em Nietzsche à intersecção entre neoliberalismo e sociedade judiciária em Foucault. Também contemplamos os novos dilemas éticos trazidos pelos avanços científicos no âmbito do transumanismo, bem como os desafios que ainda persistem para uma Filosofia disposta a enfrentar os problemas decorrentes da (des)colonização na América e na África. Convidamos, pois, o público à leitura desses excelentes trabalhos, a cujos autores os membros da equipe editorial da Philósophos expressam seu agradecimento.
É com grande satisfação que trazemos a público esta edição da revista Dois Pontos com textos que ... more É com grande satisfação que trazemos a público esta edição da revista Dois Pontos com textos que versam sobre as obras de Rousseau. A iniciativa para a produção da coletânea foi um desdobramento do VIII Colóquio Nacional Jean-Jacques Rousseau: Rousseau e os filósofos, realizado na cidade de Curitiba, em maio de 2017 no campus da UFPR, sob a competente coordenação do Prof. Dr. Rodrigo Brandão. O evento deu continuidade aos encontros que vêm sendo promovidos desde 2003 pelo Grupo Interdisciplinar de Pesquisa Jean-Jacques Rousseau, ligado ao CNPq, com o apoio do GT Rousseau e o Iluminismo da ANPOF, os quais já se consolidaram como uma referência nacional na pesquisa sobre as obras do pensador genebrino, reunindo docentes e discentes de instituições de todo o país, especialmente das áreas de Filosofia, Literatura e Educação. Tais encontros são oportunidades muito ricas para promover o debate sobre as ideias de Rousseau tanto entre pesquisadores de destaque no cenário acadêmico brasileiro ou mesmo internacional, quanto de jovens que estão iniciando seus estudos na universidade. Deste modo, eles têm gerado distintas publicações em livros e revistas, junto às quais este volume vem ocupar um lugar de relevo.
Philósophos : Revista de Filosofia, 2018
Em sua primeira edição de 2018, a Philósophos tem a satisfação de apresentar a seus leitores uma ... more Em sua primeira edição de 2018, a Philósophos tem a satisfação de apresentar a seus leitores uma excelente coletânea de trabalhos abrangendo diversas áreas da Filosofia. Na sessão de Artigos Originais, trazemos cinco textos cujos temas englobam questões de grande relevância para a reflexão filosófica moderna e contemporânea, tais como as relações entre a ciência e a religião, os avanços da secularização e da emancipação feminina no contexto do pensamento político, o lugar dos sentimentos e da razão no âmbito da moral, e ainda problemas concernentes à teoria da linguagem. Para tanto, os autores mobilizam obras de filósofos que vão desde Hume e Rousseau, no século XVIII, até Deleuze, Tugendhat e Pateman em nossa época, e não deixam de estabelecer interessantes diálogos entre eles. Na sessão de Resenhas, contamos com análises de três obras publicadas recentemente por pesquisadores do Brasil e do exterior, a saber, Everaldo Cescon, Gianluigi Segalerba e Siobhan Chapman, no intuito de divulgá-las em nossa comunidade acadêmica. Por fim, mas não menos importante, temos os artigos do Dossiê Filosofia Política Contemporânea, os quais resultaram de debates realizados nos eventos III Encontro Nacional de Filosofia Política Contemporânea e VIII Ciclo Hannah Arendt, realizados conjuntamente em agosto de 2017 na Universidade Estadual de Londrina. A partir do tema "A Crise da Democracia e do Estado de Direito", os artigos perpassam problemáticas políticas candentes de nosso tempo e nos convidam a confrontá-as com o auxílio das obras de Hannah Arendt, Michel Foucault e Giorgio Agamben.
Filosofia do Século XVIII, 2019
Revista Dialectus, 2019
Resumo: Em diversas de suas obras, Jean-Jacques Rousseau ressaltou a importância política dos com... more Resumo: Em diversas de suas obras, Jean-Jacques Rousseau ressaltou a importância política dos componentes morais imprescindíveis a uma república bem ordenada, onde a virtude deveria estar presente em todos os cidadãos, a fim de que o interesse comum prevalecesse. No Discurso sobre as ciências e as artes, por exemplo, ao comparar sua época com os tempos em que os espartanos e os romanos deram grandes exemplos de patriotismo, o filósofo s nossos só falam de havia se deteriorado ao longo dos séculos. Em contraposição a esse declínio, o pensador genebrino conferiu um lugar central aos costumes e à opinião pública, à religião civil e à educação para fomentar a união da comunidade e deliberações soberanas nas quais a vontade geral se expressasse claramente, em qualquer que seja o Estado republicano digno desse nome. Em nossa própria época, é digno de nota que o filósofo americano Michael J. Sandel tem produzido textos que denunciam o esvaziamento do espaço público de conteúdos morais e pções de empobrecimento das deliberações políticas. Para ele, é fundamental que tais conteúdos possam contribuir para promover as virtudes necessárias ao exercício da cidadania republicana, sem as quais as práticas do autogoverno seriam inviáveis. Diante disso, minha intenção é tomar as ideias de Rousseau e de Sandel como referência para discutir o lugar que a moral pode ocupar na política das repúblicas, sobretudo no contexto atual, não somente como um fator potencialmente positivo, mas também em termos de certos riscos que sua presença no espaço público é capaz de trazer.
Abstract: In several of his works, Jean-Jacques Rousseau stressed the political importance of the moral components essential to a well-ordered republic, where virtue should be present in all citizens, so that the common interest prevails. In his Discourse on the Sciences and the Arts, for example, by comparing his epoch to the times when emphasizing a difference that showed, in his view, how much politics had deteriorated over the centuries. In opposition to such decline, the Geneva's thinker gave a central place to customs and public opinion, to civil religion and education in order to foster community's unity and sovereign deliberations in which the general will expresses itself clearly, in all the republican states worthy of this name. In our own time, it's noteworthy that the American philosopher Michael J. Sandel has produced texts to denounce the emptying of the public space regarding to moral and religious content according to him, a consequence of the liberal proposal of neutrality towards citizens' different conceptions of good which the author considers to be harmful to contemporary democracies, since it leads to the impoverishment of political deliberations. For him, it's fundamental that such content can contribute to promote the virtues necessary for the exercise of republican citizenship, without which the practices of self-government would be infeasible. In the light of this, my intention is to take the ideas of Rousseau and Sandel as a reference to discuss the place that morality can occupy in republics' politics, especially in the present context, not only as a potentially positive factor, but also by considering certain risks that its presence in the public space is capable of bringing.
Dois Pontos, 2019
Resumo: No debate entre liberais e comunitaristas, colocam-se perspectivas distintas sobre temas ... more Resumo: No debate entre liberais e comunitaristas, colocam-se perspectivas distintas sobre temas políticos cruciais, à medida que se busca definir a relação mais apropriada entre o indivíduo e a coletividade, ora salientando-se o valor da autonomia pessoal, ora enfatizando-se a importância da inserção identitária dos sujeitos no contexto social. Embora os escritos de Rousseau precedam a discussão entre essas correntes de pensamento, eles abrangeram temas sobre os quais as duas se debruçam. O autor toma o indivíduo como base para a construção do Estado, mas também mostra que essa unidade natural precisa ser transformada em uma parte de uma comunidade coesa e dotada de sua própria vontade geral. Assim, pretendo realizar um exercício interpretativo que, a partir de questões postas em relevo por aquele debate, analisará como Rousseau aliou seus princípios do direito político à preocupação com as particularidades de cada povo, o que faz suas teses transitarem entre as fronteiras do que, posteriormente, seriam os campos do liberalismo e do comunitarismo.
Abstract: In the debate between liberals and communitarians, different perspectives are placed on crucial political issues, as one seeks to define the most appropriate relation between the individual and the community, sometimes by underlining the value of personal autonomy, at other times by emphasizing the importance of the subjects' identity insertion in the social context. Although Rousseau's writings precede the discussion between these currents of thought, they comprised themes which the two of them look over. The author takes the individual as the basis for the construction of the state, but also shows that this natural unity needs to be transformed into a part of a cohesive community and that it is endowed with its own general will. Thus, I intend to carry out an interpretative exercise that, based on issues highlighted by such debate, will analyze how Rousseau has allied his principles of political right with the concern with the particularities of each people, what makes his theses to cross the borders of the fields that would be liberalism and communitarianism.
Philósophos, 2017
Resumo: Os “mitos fundadores” políticos são um tema recorrente em diversos pensadores, desde Plat... more Resumo: Os “mitos fundadores” políticos são um tema recorrente em diversos pensadores, desde Platão até Rousseau, passando por Maquiavel e Hobbes. No Contrato Social, o autor trata disto no capítulo sobre o Legislador, mostrando que quando Moisés, Numa ou Maomé concederam leis a seus povos, eles não os convocaram para deliberar racionalmente sobre a adequação de suas propostas ao bem público, pois era impossível para essas nações incipientes fazer reflexões dessa espécie, já que elas careciam do entendimento e do espírito social que lhes permitiriam discernir o valor dessa legislação. Logo, restava ao Legislador persuadir o povo sem convencê-lo, invocando o único argumento válido para os seus ouvidos: a autoridade divina. Tais ideias levantam um problema crucial acerca de outros aspectos do pensamento de Rousseau. Para o filósofo, as leis elaboradas pelo Legislador somente têm validade quando aprovadas pela vontade do povo soberano. Porém, é possível perguntar, como faz Hilail Gildin: “Pode uma sociedade baseada em um código que as pessoas foram enganadas para aceitar porque acreditavam que ele expressasse a vontade divina, e que um povo não ousaria modificar por essa mesma razão, ser uma sociedade na qual o povo vê a si mesmo como única fonte legítima da lei?”
Abstract: The political “founding myths” are a recurring theme in many thinkers, from Plato to Rousseau, including Machiavelli and Hobbes. In The Social Contract, the author handles it in the chapter on the Lawgiver, showing that when Moses or Muhammad have given laws to their peoples, they haven’t called them to deliberate rationally about the adequacy of their proposals to the public good, since it was impossible for these incipient nations to do reflections of this kind, because they lacked the understanding and the social spirit that would allow them to discern the value of this legislation. Thus, the Lawgiver had to persuade people without convincing them, invoking the one valid argument for their ears: the divine authority. These ideas pose a crucial problem concerning to other aspects of Rousseau’s thought. For the philosopher, the laws enacted by the Lawgiver only have validity when approved by the sovereign people’s will. However, one can ask, as does Hilail Gildin: “Can a society based on a code which a people has been duped into accepting because they believe it to express the divine will, and which a people would not dare to modify for that very reason, be a society in which the people regards itself as the only legitimate source of law?”
O tema da república é um eixo fundamental em torno do qual Nicolau Maquiavel e Jean-Jacques Rouss... more O tema da república é um eixo fundamental em torno do qual Nicolau Maquiavel e Jean-Jacques Rousseau
desenvolveram suas respectivas reflexões sobre a política, sendo que as obras do escritor florentino serviram
de referência para o filósofo de Genebra em diversos momentos. Assim, pretendo abordar algumas das questões
chaves que justificam o título de pensadores republicanos atribuído a ambos os autores, enfocando o elo que eles
estabeleceram entre a liberdade política e vida cívica possíveis de serem experimentadas somente pelos homens
que são membros de uma república bem ordenada. Nesse regime, os indivíduos encontrariam as condições sociais
apropriadas para moldar suas identidades de forma a adquirirem a virtude cívica necessária a levá-los a desejarem
o bem comum em vez de apenas almejarem seus interesses particulares. Para que isso seja possível, Maquiavel e
Rousseau destacaram a importância do trabalho realizado pelos legisladores, sobretudo na fundação dos Estados,
quando o estabelecimento de boas instituições políticas requer o recurso à religião para obter o consentimento do
povo às leis.
As relações de conflito entre os grupos sociais constituem um tópico relevante para a filosofia p... more As relações de conflito entre os grupos sociais constituem um tópico relevante para a filosofia política, e as maneiras distintas como elas são interpretadas dependem de uma visão mais ampla sobre as condições apropriadas a um Estado bem-ordenado. Maquiavel, por exemplo, ao refletir sobre o caso da Roma Antiga, procurou refutar aqueles que condenavam os tumultos entre os nobres e a plebe da cidade, como se eles tivessem provocado apenas males à república. Para o autor, tais tumultos estavam entre as principais causas da liberdade romana, visto que a diferença nos “humores” dos grandes e do povo resultou em embates que deram origem às leis favoráveis à liberdade. Rousseau, por sua vez, descreveu a existência de “associações particulares” dentro da sociedade civil como algo potencialmente nocivo à harmonia da república, pois cada uma delas contém um interesse particular passível de se sobrepor ao bem comum, nas deliberações públicas, prejudicando o prevalecimento da vontade geral. Ainda para o genebrino, a ocorrência de longos debates e de tumultos nas assembleias populares poderia ser um sinal de divisões internas capazes de ocasionar a ruína do Estado. Frente a essas duas maneiras de conceber o papel político dos conflitos sociais, o objetivo deste trabalho é realizar uma análise comparativa das ideias de Maquiavel e de Rousseau.
O intuito deste artigo é analisar a cidadania proposta por Rousseau à luz de certas delimitações ... more O intuito deste artigo é analisar a cidadania proposta por Rousseau à luz de certas delimitações colocadas pelo filósofo ao exercício desse direito, as quais configuram um tipo de participação política que seria apropriado ao regime descrito no Contrato Social. Assim, procurarei mostrar que a soberania popular tem, para o autor genebrino, um papel fundamental na defesa da legislação, cabendo ao Legislador e aos magistrados guiar os cidadãos comuns na aprovação das boas leis necessárias ao Estado. Essa tese é compatível com o republicanismo rousseauniano, na medida em que ela mostra que esses cidadãos, os membros do pacto social, são os responsáveis por proteger e conservar sua própria liberdade ao longo da existência do corpo político.
Resumo: no conjunto da produção intelectual de Jean Starobinski percebe-se a presença marcante de... more Resumo: no conjunto da produção intelectual de Jean Starobinski percebe-se a presença marcante de certas questões que são constantemente retomadas a propósito dos objetos particulares de cada estudo empreendido pelo historiador, sejam eles a literatura, as artes plásticas ou a filosofia. Entre essas questões, a que talvez seja a mais proeminente encontra-se no tema do desvelamento, que se desdobra no interesse pelos comportamentos mascarados e pela acusação da mentira. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar algumas das obras de Starobinski para visualizar como ele desenvolve sua abordagem, principalmente no estudo de autores clássicos como Montaigne, Voltaire, Montesquieu e Rousseau.
Resumo: O artigo discute as diferentes interpretações de Montesquieu e Voltaire acerca da China, ... more Resumo: O artigo discute as diferentes interpretações de Montesquieu e Voltaire acerca da China, especialmente aquelas que são expostas na obra O Espírito das Leis, escrita pelo primeiro, e nos livros Ensaio sobre os costumes e Dicionário Filosófico, escritos pelo segundo. Por meio de um estudo intertextual, pretende-se analisar as opiniões dos dois escritores franceses sobre os costumes, a religião e a política na nação chinesa. Assim, é possível não apenas conhecer as idéias de Montesquieu e Voltaire sobre o império oriental, mas também os princípios iluministas que guiaram suas respectivas reflexões. Palavras-chave: Montesquieu; Voltaire; China.
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Papers by Renato Moscateli
Abstract: In several of his works, Jean-Jacques Rousseau stressed the political importance of the moral components essential to a well-ordered republic, where virtue should be present in all citizens, so that the common interest prevails. In his Discourse on the Sciences and the Arts, for example, by comparing his epoch to the times when emphasizing a difference that showed, in his view, how much politics had deteriorated over the centuries. In opposition to such decline, the Geneva's thinker gave a central place to customs and public opinion, to civil religion and education in order to foster community's unity and sovereign deliberations in which the general will expresses itself clearly, in all the republican states worthy of this name. In our own time, it's noteworthy that the American philosopher Michael J. Sandel has produced texts to denounce the emptying of the public space regarding to moral and religious content according to him, a consequence of the liberal proposal of neutrality towards citizens' different conceptions of good which the author considers to be harmful to contemporary democracies, since it leads to the impoverishment of political deliberations. For him, it's fundamental that such content can contribute to promote the virtues necessary for the exercise of republican citizenship, without which the practices of self-government would be infeasible. In the light of this, my intention is to take the ideas of Rousseau and Sandel as a reference to discuss the place that morality can occupy in republics' politics, especially in the present context, not only as a potentially positive factor, but also by considering certain risks that its presence in the public space is capable of bringing.
Abstract: In the debate between liberals and communitarians, different perspectives are placed on crucial political issues, as one seeks to define the most appropriate relation between the individual and the community, sometimes by underlining the value of personal autonomy, at other times by emphasizing the importance of the subjects' identity insertion in the social context. Although Rousseau's writings precede the discussion between these currents of thought, they comprised themes which the two of them look over. The author takes the individual as the basis for the construction of the state, but also shows that this natural unity needs to be transformed into a part of a cohesive community and that it is endowed with its own general will. Thus, I intend to carry out an interpretative exercise that, based on issues highlighted by such debate, will analyze how Rousseau has allied his principles of political right with the concern with the particularities of each people, what makes his theses to cross the borders of the fields that would be liberalism and communitarianism.
Abstract: The political “founding myths” are a recurring theme in many thinkers, from Plato to Rousseau, including Machiavelli and Hobbes. In The Social Contract, the author handles it in the chapter on the Lawgiver, showing that when Moses or Muhammad have given laws to their peoples, they haven’t called them to deliberate rationally about the adequacy of their proposals to the public good, since it was impossible for these incipient nations to do reflections of this kind, because they lacked the understanding and the social spirit that would allow them to discern the value of this legislation. Thus, the Lawgiver had to persuade people without convincing them, invoking the one valid argument for their ears: the divine authority. These ideas pose a crucial problem concerning to other aspects of Rousseau’s thought. For the philosopher, the laws enacted by the Lawgiver only have validity when approved by the sovereign people’s will. However, one can ask, as does Hilail Gildin: “Can a society based on a code which a people has been duped into accepting because they believe it to express the divine will, and which a people would not dare to modify for that very reason, be a society in which the people regards itself as the only legitimate source of law?”
desenvolveram suas respectivas reflexões sobre a política, sendo que as obras do escritor florentino serviram
de referência para o filósofo de Genebra em diversos momentos. Assim, pretendo abordar algumas das questões
chaves que justificam o título de pensadores republicanos atribuído a ambos os autores, enfocando o elo que eles
estabeleceram entre a liberdade política e vida cívica possíveis de serem experimentadas somente pelos homens
que são membros de uma república bem ordenada. Nesse regime, os indivíduos encontrariam as condições sociais
apropriadas para moldar suas identidades de forma a adquirirem a virtude cívica necessária a levá-los a desejarem
o bem comum em vez de apenas almejarem seus interesses particulares. Para que isso seja possível, Maquiavel e
Rousseau destacaram a importância do trabalho realizado pelos legisladores, sobretudo na fundação dos Estados,
quando o estabelecimento de boas instituições políticas requer o recurso à religião para obter o consentimento do
povo às leis.
Abstract: In several of his works, Jean-Jacques Rousseau stressed the political importance of the moral components essential to a well-ordered republic, where virtue should be present in all citizens, so that the common interest prevails. In his Discourse on the Sciences and the Arts, for example, by comparing his epoch to the times when emphasizing a difference that showed, in his view, how much politics had deteriorated over the centuries. In opposition to such decline, the Geneva's thinker gave a central place to customs and public opinion, to civil religion and education in order to foster community's unity and sovereign deliberations in which the general will expresses itself clearly, in all the republican states worthy of this name. In our own time, it's noteworthy that the American philosopher Michael J. Sandel has produced texts to denounce the emptying of the public space regarding to moral and religious content according to him, a consequence of the liberal proposal of neutrality towards citizens' different conceptions of good which the author considers to be harmful to contemporary democracies, since it leads to the impoverishment of political deliberations. For him, it's fundamental that such content can contribute to promote the virtues necessary for the exercise of republican citizenship, without which the practices of self-government would be infeasible. In the light of this, my intention is to take the ideas of Rousseau and Sandel as a reference to discuss the place that morality can occupy in republics' politics, especially in the present context, not only as a potentially positive factor, but also by considering certain risks that its presence in the public space is capable of bringing.
Abstract: In the debate between liberals and communitarians, different perspectives are placed on crucial political issues, as one seeks to define the most appropriate relation between the individual and the community, sometimes by underlining the value of personal autonomy, at other times by emphasizing the importance of the subjects' identity insertion in the social context. Although Rousseau's writings precede the discussion between these currents of thought, they comprised themes which the two of them look over. The author takes the individual as the basis for the construction of the state, but also shows that this natural unity needs to be transformed into a part of a cohesive community and that it is endowed with its own general will. Thus, I intend to carry out an interpretative exercise that, based on issues highlighted by such debate, will analyze how Rousseau has allied his principles of political right with the concern with the particularities of each people, what makes his theses to cross the borders of the fields that would be liberalism and communitarianism.
Abstract: The political “founding myths” are a recurring theme in many thinkers, from Plato to Rousseau, including Machiavelli and Hobbes. In The Social Contract, the author handles it in the chapter on the Lawgiver, showing that when Moses or Muhammad have given laws to their peoples, they haven’t called them to deliberate rationally about the adequacy of their proposals to the public good, since it was impossible for these incipient nations to do reflections of this kind, because they lacked the understanding and the social spirit that would allow them to discern the value of this legislation. Thus, the Lawgiver had to persuade people without convincing them, invoking the one valid argument for their ears: the divine authority. These ideas pose a crucial problem concerning to other aspects of Rousseau’s thought. For the philosopher, the laws enacted by the Lawgiver only have validity when approved by the sovereign people’s will. However, one can ask, as does Hilail Gildin: “Can a society based on a code which a people has been duped into accepting because they believe it to express the divine will, and which a people would not dare to modify for that very reason, be a society in which the people regards itself as the only legitimate source of law?”
desenvolveram suas respectivas reflexões sobre a política, sendo que as obras do escritor florentino serviram
de referência para o filósofo de Genebra em diversos momentos. Assim, pretendo abordar algumas das questões
chaves que justificam o título de pensadores republicanos atribuído a ambos os autores, enfocando o elo que eles
estabeleceram entre a liberdade política e vida cívica possíveis de serem experimentadas somente pelos homens
que são membros de uma república bem ordenada. Nesse regime, os indivíduos encontrariam as condições sociais
apropriadas para moldar suas identidades de forma a adquirirem a virtude cívica necessária a levá-los a desejarem
o bem comum em vez de apenas almejarem seus interesses particulares. Para que isso seja possível, Maquiavel e
Rousseau destacaram a importância do trabalho realizado pelos legisladores, sobretudo na fundação dos Estados,
quando o estabelecimento de boas instituições políticas requer o recurso à religião para obter o consentimento do
povo às leis.