Papers by Juliana Marques Do Nascimento
Revista de Fontes, 2024
O documento apresentado é o "Caderno Jaraguá", que contém registros de reuniões realizadas por mi... more O documento apresentado é o "Caderno Jaraguá", que contém registros de reuniões realizadas por militantes da Vanguarda Popular Revolucionária entre os dias 27 de março e 3 de abril de 1970, durante o treinamento de guerrilha no Vale do Ribeira. Ele foi apreendido pelos órgãos de segurança e repressão em poder de um ex-militante da VPR e anexado a um inquérito policial, que posteriormente se tornaria um processo contra outros integrantes do grupo. Trata-se do único registro feito durante o treinamento, encontrado até os dias de hoje.
Boletim do Tempo Presente, 2024
Este artigo tem por objetivo analisar os discursos de memória sobre a ditadura brasilei... more Este artigo tem por objetivo analisar os discursos de memória sobre a ditadura brasileira e as esquerdas revolucionárias no período vinculados no livro Iara: reportagem biográfica (1992), da jornalista Judith Patarra –biografia de Iara Iavelberg (1944-1971), judia paulistana assassinada pela ditadura. Serão utilizados os conceitos de memória e história, aliados à corrente historiográfica que propõe que, a partir da segunda metade da década de 1970, formou-se uma memória dominante crítica ao período da ditadura no Brasil.
Anais do 3° Encontro Internacional História & Parcerias, 2021
O biógrafo precisa amar suficientemente sua obra para sacrificar-lhe um longo período da vida, ma... more O biógrafo precisa amar suficientemente sua obra para sacrificar-lhe um longo período da vida, mas, ao mesmo tempo, tem de estabelecer uma distância crítica que lhe permita ir até o fim da identificação com um sujeito alheio, capaz de pôr em perigo sua identidade (DOSSE, 2015, p. 15).
Tese de doutorado, Universidade Federal Fluminense, 2023
Iara Iavelberg (1944-1971), militante de organizações revolucionárias durante a ditadura civil-mi... more Iara Iavelberg (1944-1971), militante de organizações revolucionárias durante a ditadura civil-militar, como a Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop) e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), é figura conhecida entre as esquerdas. Vista na atualidade como a “musa da esquerda de 1968”, é famosa por sua beleza, liberdade sexual – característica considerada “à frente de seu tempo” – e, muitas vezes, descrita como uma “feminista dentro da luta armada”. Enquanto era viva, porém, a imagem que se tinha a seu respeito era outra: Iara era descrita pelos órgãos de repressão como promíscua, destruidora de lares e atrelada unicamente à figura de amante do capitão da guerrilha Carlos Lamarca – narrativas ecoadas pela imprensa da época. Seus companheiros de organização tampouco a consideravam apropriada para a luta armada e para se relacionar com o líder revolucionário. Entre tantas representações contraditórias e polêmicas, como saber quem foi Iara? Esta tese de doutorado, uma biografia histórica de Iara Iavelberg, procura responder a esta pergunta. A tese central discutida é que, em diversos momentos de sua vida e em círculos sociais diferentes, Iara foi considerada “inadequada”. O estudo é feito utilizando como ferramentas metodológicas, sobretudo, o gênero como categoria de análise e o campo da história do cotidiano, para analisar múltiplas fontes, como entrevistas, reportagens, escritos da própria Iara e de pessoas próximas, documentos das organizações revolucionárias, mas também dos órgãos de repressão da ditadura etc. Através da vida de Iara, podem-se discutir temas mais amplos e caros para a história do Brasil, como a própria ditadura civil-militar, a diáspora judaica para São Paulo, o movimento estudantil universitário dos anos 1960 e os grupos que lutavam pelo desencadeamento de um processo revolucionário socialista no país.
Revista Hydra: Revista Discente de História da UNIFESP, 2019
A memória social sobre a ditadura civil-militar brasileira está constantemente em disputa. A memó... more A memória social sobre a ditadura civil-militar brasileira está constantemente em disputa. A memória hegemônica em voga é crítica ao período (NAPOLITANO, 2015), consolidando a narrativa dos “anos de chumbo”, nos quais toda a sociedade teria resistido bravamente às suas imposições. Partindo dessa premissa, o objetivo deste artigo é mapear as iniciativas de patrimonialização e sinalização de lugares de memória que remetam a esta época, na cidade de São Paulo, e sua transformação em sítios de consciência: espaços usados com fins pedagógicos e de reparação (BRIONES, 2015). Além disso, pretende-se analisar qual narrativa de memória sobre o regime militar esses lugares privilegiam e difundem. Este estudo é importante para a compreensão das ressignificações do passado, motivadas e influenciadas pelas demandas do presente, e identificar rupturas e continuidades nos discursos memoriais, além de quem são os atores/grupos sociais responsáveis por produzi-los.
Revista de História, 2023
Muito se fala sobre 1968, “o ano que não terminou”. Revolta da juventude no mundo como um todo ... more Muito se fala sobre 1968, “o ano que não terminou”. Revolta da juventude no mundo como um todo – e no Brasil também –, quebra de paradigmas, repulsa a velhos valores e, claro, intensificação do movimento estudantil, principalmente universitário. Mas, e antes de 1968? Os estudantes, que, antes deste ano, haviam “despertado”, passaram a primeira metade da década de 1960 adormecidos? Assim, este trabalho tem por objetivo analisar a organização política dos estudantes do ensino superior, especificamente da cidade de São Paulo, na famosa rua Maria Antônia, onde ficava a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da Universidade de São Paulo (USP), entre 1964 e 1967. Os dados para a realização deste estudo são frutos de pesquisa de doutorado ainda em andamento, cujo objetivo é constituir uma biografia histórica de Iara Iavelberg (1944-1971), militante das organizações revolucionárias contra a ditadura civil-militar.
Trabalho de conclusão de curso da graduação em História, Universidade Federal de São Paulo, 2016.... more Trabalho de conclusão de curso da graduação em História, Universidade Federal de São Paulo, 2016.
Esta monografia objetiva analisar as representações da guerrilheira paulistana Iara Iavelberg na grande imprensa, durante a ditadura civil-militar, de 1964 a 1985. A escolha se deu por Iavelberg receber mais atenção por ser percebida como amante do expoente guerrilheiro Carlos Lamarca. Busca-se compreender como foi construído o sujeito “mulher militante” nos jornais numa época de conflito intenso. Os resultados apoiam outra literatura que anota como o fato da oposicionista ser uma mulher agravou bastante sua imagem, pois, segundo as concepções de moral e bons costumes, as mulheres eram relegadas ao espaço privado – cuidado do lar, dos filhos e do marido –, sendo o espaço público ocupado por homens.
Mulheres tecendo o tempo: experiências e experimentos femininos no medievo e na contemporaneidade, 2020
Artigo publicado no livro "Mulheres tecendo o tempo: experiências e experimentos femininos no med... more Artigo publicado no livro "Mulheres tecendo o tempo: experiências e experimentos femininos no medievo e na contemporaneidade", organizado por Karla Carloni e Carolina Coelho Fortes.
Dissertação de Mestrado, 2019
Levando em consideração a distinção entre memória e história, este trabalho tem por objetivo comp... more Levando em consideração a distinção entre memória e história, este trabalho tem por objetivo compreender que memórias foram mobilizadas em narrativas biográficas sobre guerrilheiras que atuaram durante a ditadura civil-militar brasileira. Publicadas no pós-redemocratização, as datas de produção dessas biografias são essenciais para este estudo, pois permitem o mapeamento da memória social sobre o período ditatorial, uma vez que o tempo presente da construção da narrativa influencia diretamente a maneira de recordar os eventos do passado. Pretende-se, portanto, através da análise dos discursos biográficos, produzir uma “história da memória” e, fundamentalmente, observar as permanências e rupturas das formas de lembrar, identificando as possíveis memórias hegemônicas e subterrâneas e como estas se relacionam com as demandas de seus tempos. Além da memória, outro elemento essencial para a pesquisa é o gênero, posto que as biografias selecionadas tratam exclusivamente das vidas de mulheres, sendo estas: Iara Iavelberg, com biografia escrita por Judith Patarra (1992); e Dilma Rousseff, com obra de Ricardo Batista Amaral (2011). Ao observar as formas de lembrar os passados dessas ex-guerrilheiras, será possível examinar quais os olhares lançados para as atuações femininas na política – primordialmente nas esquerdas – como e por que estas foram recuperadas e recontadas.
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Esta monografia objetiva analisar as representações da guerrilheira paulistana Iara Iavelberg na grande imprensa, durante a ditadura civil-militar, de 1964 a 1985. A escolha se deu por Iavelberg receber mais atenção por ser percebida como amante do expoente guerrilheiro Carlos Lamarca. Busca-se compreender como foi construído o sujeito “mulher militante” nos jornais numa época de conflito intenso. Os resultados apoiam outra literatura que anota como o fato da oposicionista ser uma mulher agravou bastante sua imagem, pois, segundo as concepções de moral e bons costumes, as mulheres eram relegadas ao espaço privado – cuidado do lar, dos filhos e do marido –, sendo o espaço público ocupado por homens.
Esta monografia objetiva analisar as representações da guerrilheira paulistana Iara Iavelberg na grande imprensa, durante a ditadura civil-militar, de 1964 a 1985. A escolha se deu por Iavelberg receber mais atenção por ser percebida como amante do expoente guerrilheiro Carlos Lamarca. Busca-se compreender como foi construído o sujeito “mulher militante” nos jornais numa época de conflito intenso. Os resultados apoiam outra literatura que anota como o fato da oposicionista ser uma mulher agravou bastante sua imagem, pois, segundo as concepções de moral e bons costumes, as mulheres eram relegadas ao espaço privado – cuidado do lar, dos filhos e do marido –, sendo o espaço público ocupado por homens.