Papers by Julio Santos Filho
This thesis is about the rapid expansion of a new mechanics of power and its implementation in r... more This thesis is about the rapid expansion of a new mechanics of power and its implementation in relegated areas, such as the chosen case study: the favela da Rocinha, after the installation of a Center of Command and Control at UPP Rocinha. To better depict this process, through interviews, ethnographically- inspired day-to-day accompaniment, informal talks and literature review, it also was developed an extensive field work and a theoretical effort to try to explain reality as it presented itself in the field.
From the analysis of subsequent processes to or presuppositions of the central aim of the research, more data is gathered and there's certainly more substratum to get to the point. This is the reason why are analyzed here the origins and function of the police institution, the history of the Military Police of the state of Rio de Janeiro, the public safety policies of Sérgio Cabral and Pezão administrations, the war on drugs and the militarization of public safety, the favela as an analytical category – or not -, the UPP project. Besides key theoretical concepts to the development of this work, such as: state of exception, homo sacer, the field, schmittian sovereignty and biopolitics.
After these conceptual discussions, the course of the analysis is modified to understand which other mechanics of power are still in full operation and how they mingle, reframing themselves, giving birth to a hybrid. The disciplinary society, an embedded kind of governmentality in the favelas, clashes with the society of control, thus mixing biopolitics and control. As well as the society of control, electronic surveillance is rhizomatic, the opposite of surveillance in disciplinary societies, which is arborescent, because it denies the multiplicities, through “molding” processes depicted by Deleuze and Guattari (2000).
Only then it is possible to reach conclusions from the field with high explicative power, for instance, that the implementation of the camera system accentuates differentiations, therefore, expanding the social cleavages, once it is based on classifications, which in turn are based on racist, misogynistic and class stereotypes not to mention others of all sorts, varying in function of the perceived risks and of the desired target-population to be declared under exception rules with electronic monitoring, typical of society of control borderless penalizations, which is already called by some as ecopolitics.
Programa de Pós-Graduação em Sociologia -IESP/UERJ) Palavras-chaves: Roda de Rap, Contra-hegemoni... more Programa de Pós-Graduação em Sociologia -IESP/UERJ) Palavras-chaves: Roda de Rap, Contra-hegemonia, Temporary Autonomous Zone e Maconha. RAP: Rhythm and poetry ou, em português, Ritmo e Poesia O rap é um ritmo musical norte-americano que nasceu nas comunidades negras pobres do South Bronx em Nova York, na década de 1970, como um grito dos estigmatizados, excluídos, estereotipados, regularmente vítimas de violência policial e outros constrangimentos ilegais, nunca cobertos pela lei. Neste contexto sócio-político, o rap dá voz aos sem voz, dá possibilidade de protestar ao oprimido, além de ser uma identidade e uma expressão cultural acessível aos historiamente marginalizados. Surgiu da revolta do operário urbano negro, mas também em alguma medida branco, depois de muita opressão, como uma rebelião que quer desafiar o status quo. Devido aos baixos custos para a produção e a distribuição do trabalho de artistas de rap, os próprios artistas tendem a controlar seus modos e parâmetros de produção, havendo, portanto, grande liberdade na produção da arte rap. Sendo um dos ritmos com menor infiltração do capital e, por consequência, do controle, inclusive de ordem moral, inflingido pelas classes dominantes, nas expressões culturais das classes baixas (BEST & KELLNER, 2013). Além disso, outro fator que facilitou o surgimento e a disseminação do rap é que para produzi-lo, só se usava coisas disponíveis à maioria das pessoas (e com preço relativamente baixo nos EUA), como um aparelho toca-discos e Lps ou "longplays" (BLANCHARD, 2013). 1 Este artigo é pré-requisito para a aprovação no curso "RELENDO LEFEBVRE", oferecido no IESP-UERJ, no semestre letivo de 2013.1, pelos professores Luiz Antonio Machado da Silva e Mariana Cavalcanti. Segundo Blanchard (2013), em 1973 o jamaicano Kool DJ Herc, numa festa familiar, foi o primeiro deejay a usar a técnica, hoje típica da discotecagem hip hop, em solo americano: o scratch. As danças que foram sendo criadas para acompanhar os novos ritmos tocados pelos scratchs passaram a ser chamadas de break e seus dançarinos de b-boys e b-girls (nomes que simulam um scratch no início das palavras "b-b"). Rap em si eram as rimas faladas por cima da música hip hop, dos scratches, que começaram como comentários sobre a habilidade de discotecagem dos DJs tocavam nas festa. Somente na década de 1980 que as rimas cantadas sobre o ritmo hip hop começaram a versar sobre experiências e histórias pessoais dos MCs. É também neste período que os rappers e os DJs começam a ser reconhecidos como artistas. Também na década de 80 foi sendo forjada uma cultura hip hop com influências do grafite, da pichação e do skate, por jovens urbanos afrodescendentes norte-americanos da classe trabalhadora. O hip hop surgiu a partir da combinação outros ritmos afroamericanos como o jazz, o soul, o gospel e o reggae, combinada a uma evolução do funk, levado ao mínimo canto e máximo ritmo para, somente num momento posterior, ser novamente composto de letra através das rimas: o rap. Surge no seio de uma comunidade negra que tinha perdido a habilidade de se engajar politicamente através da arte, pois, desde o início do funk, a comunidade negra havia preferido estilos musicais que supervalorizavam o ritmo como o R&B e o soul, relegando o discurso de combate e libertação às músicas ultrapassadas. O hip hop entra neste ínterim de padrões musicais baseados no ritmo, na dança. É somente com o surgimento do rap dentro do movimento hip hop, que o próprio movimento ganha combatividade através de suas críticas sociais, e, por consequência, passa a ter um caráter genuinamente político. Alguns colocam a rima como uma tradição negra, não dando ao rap o caráter inédito que alguns clamam que ele tenha. Blanchard (2013) traça a importância da rima da tradição oral africana e da Suprema-Deusa Amma, cujo poder consistia no poder generativo da palavra falada, ou seja, do discurso. Cita ainda os griots, que eram respeitados historiadores orais africanos, eram os guardiões de todo o saber, incluindo a história da tribo, as linhagens familiares, as notícias de nascimento e falecimento, as guerras e etc. Similarmente, os rappers seriam, ainda segundo Blanchard (2013), atualmente nos EUA , como os griots modernos, guardam as histórias, experiências, vivências e as preocupações da classe trabalhadora negra americana. Alguns acusam o rap de ser meio de divulgação de violência e de sexualidade explícitos, porém, na minha opinião, estes estão conscientemente olhando para o lado errado, fechando os olhos para os motivos que fizeram com que a juventude negra das periferias se revoltasse ao ponto de produzir músicas tão sagrentas quanto alguns raps. Eles estão deixando de ver a verdadeira função social da existência do rap nas sociedades profundamente marcadas pela desigualdade nas quais o ritmo se faz presente:
Inicio tal trabalho a delimitar claramente alguns conceitos com os quais começarei a trabalhar e,... more Inicio tal trabalho a delimitar claramente alguns conceitos com os quais começarei a trabalhar e, portanto, a estabelecer relações de aproximação e afastamento com relação aos cânones de Karl Marx, Alexis Tocqueville e Max Weber. Escolhi começar com dois conceitos-base na análise da sociedade para estes três pensadores: o Estado e a Família. No que diz respeito ao Estado, a tese defendida por Marx (2003) é a de que Ele, como reflexo da burguesia, nada mais é do que mais um dos instrumentos de dominação e opressão do Capital. O Estado burguês, consegue neutralizar as forças sociais do feudalismo e, sobre seus escombros, nasce, calcado firme e inconfundivelmente sobre a burguesia. O leviatã seria, portanto, mais uma das instâncias da luta de classes, sendo, todavia, claramente um asset para um dos lados da batalha -a burguesia -, regularmente usado como instrumento de contenção, disciplinamento e repressão das classes subalternas, sendo, assim, inexoravelmente inimigo destes setores populacionais, setores estes cuja única forma de relação que têm com o Estado é através das políticas de segurança pública e, em tempos de crise, no máximo do welfare. Os interesses que o Estado perseguiria interna e externamente, assim sendo, são nada mais do que puros interesses de classe e não podem ser entendidos diferentemente.
Programa de Pós-Graduação em Sociologia -IESP/UERJ) Simmel, um dos clássicos da sociologia era, n... more Programa de Pós-Graduação em Sociologia -IESP/UERJ) Simmel, um dos clássicos da sociologia era, no entanto, um filósofo. Sim, um filósofo, clássico da sociologia. Apesar de defender a existência da sociologia como ciência autônoma, independente das outras ciências sociais, ele trabalha sempre na zona de indiferenciação entre ambas as áreas das ciências humanas. Sempre analisando filosoficamente objetos sociológicos, o autor tenta evidenciar o sentido global da vida. Para ele, todos os detalhes remetem-se ao sentido global da vida, encontrando-se, portanto, a vida no fundo das aparências, que são como símbolos que remontam à unidade do mundo. É por isso que na análise dos mais diversos objetos de pesquisa, como o dinheiro, os sentidos, a aventura e a música, por exemplo, ele estabelece conexões analógicas e metonímicas entre estes temas, entendidos por ele como fragmentos da totalidade, representantes da totalidade da vida. Kracauer entendeu bem a lógica por detrás do princípio epistemológico do relacionismo em toda a obra de Simmel:
Programa de Pós-Graduação em Sociologia -IESP/UERJ) Durkheim, pensador francês conhecido como o p... more Programa de Pós-Graduação em Sociologia -IESP/UERJ) Durkheim, pensador francês conhecido como o pai da sociologia, foi o primeiro a defender a autonomia da sociologia como ciência, independente e separada das outras ciências humanas. Fez
O Estado é o grande ator da política na modernidade. Apesar deste tipo de unidade política ter ex... more O Estado é o grande ator da política na modernidade. Apesar deste tipo de unidade política ter existido em diferentes momentos históricos, como por exemplo na Antiguidade, na modernidade, ela ganha características específicas inseparáveis do que entendemos hoje como Estado e que não estavam presentes em suas outras aparições pela história. Por isso torna-se necessário analisar, de início, como o Estado moderno se formou e em que este difere-se de outros tipos de Estado pela história afora. Segundo Lessa (2005), configuração moderna da unidade estatal foi formalmente estabelecida no conjunto de tratados de paz que encerram a Guerra dos Trinta Anos: a Paz da Westfália em 1648. Nestes tratados, nasce o moderno Sistema Internacional de Estados, onde são reconhecidos princípios (hoje naturalizados como básicos, partes inseparáveis da concepção de Estado, mas só universalmente reconhecidos na conformação moderna do Estado) como o da soberania e do que se convencionou chamar de Estado-nação. Além disso, depois de pelo menos 30 anos de guerra generalizada pelo continente europeu (mais que isso em alguns casos, como na Guerra Hispano-Holandesa, que durou pelo menos 80 anos), o embrião de uma outra ideia bastante presente na política européia moderna surge: o equilíbrio de poder.
Um mundo sem armas nucleares. Esta é a principal demanda do recém-eleito presidente dos Estados U... more Um mundo sem armas nucleares. Esta é a principal demanda do recém-eleito presidente dos Estados Unidos da América Barack Obama. Seria esse alvo utópico? Realista? Será que se usa de meios utópicos para atingir fins realistas? Esta é a discussão central do trabalho, que busca fundamentações sólidas para sua argumentação na sociologia, na antropologia social e na história. Através de indagações, postulados e teorias de vários pensadores, de análises de documentos históricos e de passagens do discurso de Obama em Praga (no qual este anseio antinuclear foi proferido) é que o artigo se desenvolve por veredas interessantes e inovadoras. Faz-se também análise das possíveis intenções de Obama ao fazer tal discurso, e dos desdobramentos imediatos do mesmo, baseado também em reportagens jornalísticas locais e de agências internacionais. É através do supramencionado que se identifica o que já está sendo chamado de a Doutrina Obama.
Graduação em Relações Internacionais -INEST/UFF) Palavras-chaves: Soberania, Poder Disciplinar e ... more Graduação em Relações Internacionais -INEST/UFF) Palavras-chaves: Soberania, Poder Disciplinar e Biopoder. I. INTRODUÇÃO O conceito de soberania figura enquanto peça deveras relevante na ciência política e direito internacional. Torna-se notável sua importância na sua assunção institucional nos principais órgãos multilaterais, como bem explicita a problemática e o debate a cerca da Responsabilidade de Proteger vis-à-vis o direito a não-intervenção expresso na Carta da ONU. Decorre daí toda uma série de questões, relativas á aplicabilidade deste conceito, a atualidade desta visão, aos limites e eventuais exceções ao seu exercício, aos conflitos do poder soberano com atribuições universais, morais e jurídicas. Grosso modo, poder-se-ia resumir esta dialética a uma pergunta inicial: Quais são os limites e fundamentos legítimos que delimitam o exercício de poder em dada territorialidade? Neste trabalho esta pergunta se encontra invertida. Procuraremos analisar a teoria da soberania inserindo-a no contexto prático do exercício efetivo do poder. O discurso da soberania, como todo saber e discurso de Verdade, funciona como uma arma. Trata-se de indagar por que, contra quem e para quem ele foi usado. Qual sua evolução histórica e correlação com tecnologias de coerção empíricas? Em que medida uma teoria do poder régio pode ser útil na compreensão de uma realidade nascida pela degola dos soberanos? Para isto, partiremos de uma apresentação geral do conceito de soberania, focando nas definições clássicas de Jean Bodin e Thomas Hobbes. Depois, utilizaremonos do trabalho de Foucault para situar esta teoria no seu contexto histórico-epistemológico, e depois, para analisar o seu desenvolvimento em relação a novas técnicas de poder. A problemática, então, será aplicada na contemporaneidade através do exemplo empírico da Responsabilidade De Proteger articulando-a com a visão clássica da soberania e a técnica do biopoder descrita por Foucault. II. Definição Clássica: Bodin e Hobbes Jean Bodin (Angers, 1530 -Laon, 1596) foi um jurista e demonólogo francês. Foi o primeiro a definir a soberania de forma sistemática, em seu Les six libres de La République. Sua vida foi marcada pela fragmentação política de seu tempo, pelas guerras religiosas que dividiram a França e embebedaram de sangue o seu solo. Para o autor a soberania é "o poder absoluto e perpétuo de uma república", inalienável, irrecorrível. O soberano é o Deus na terra, Deus feito em carne e subordinado apenas ao do céu.
Este artigo analisa como o processo de ocupação das comunidades carentes do Rio de Janeiro ajuda ... more Este artigo analisa como o processo de ocupação das comunidades carentes do Rio de Janeiro ajuda a reforçar os processos de guetificação e de criminalização da pobreza, e como esta cadeia de eventos causa quase que invariavelmente violações dos direitos humanos, culturais, sociais e econômicos dessas populações pobres. Devem-se analisar esses fenômenos sob a ótica do momento de mudança que vivemos atualmente entre os paradigmas da sociedade disciplinar e da sociedade de controle. Além disso, acredita-se que o uso das Forças Armadas nessas ações contribui para a quebra do chamado controle civil objetivo, para a perda de doutrina dentro das forças e para o aumento da corrupção dentro das instituições militares, o que põe em xeque não só a profissionalização das FFAA, como também a própria democracia.
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Papers by Julio Santos Filho
From the analysis of subsequent processes to or presuppositions of the central aim of the research, more data is gathered and there's certainly more substratum to get to the point. This is the reason why are analyzed here the origins and function of the police institution, the history of the Military Police of the state of Rio de Janeiro, the public safety policies of Sérgio Cabral and Pezão administrations, the war on drugs and the militarization of public safety, the favela as an analytical category – or not -, the UPP project. Besides key theoretical concepts to the development of this work, such as: state of exception, homo sacer, the field, schmittian sovereignty and biopolitics.
After these conceptual discussions, the course of the analysis is modified to understand which other mechanics of power are still in full operation and how they mingle, reframing themselves, giving birth to a hybrid. The disciplinary society, an embedded kind of governmentality in the favelas, clashes with the society of control, thus mixing biopolitics and control. As well as the society of control, electronic surveillance is rhizomatic, the opposite of surveillance in disciplinary societies, which is arborescent, because it denies the multiplicities, through “molding” processes depicted by Deleuze and Guattari (2000).
Only then it is possible to reach conclusions from the field with high explicative power, for instance, that the implementation of the camera system accentuates differentiations, therefore, expanding the social cleavages, once it is based on classifications, which in turn are based on racist, misogynistic and class stereotypes not to mention others of all sorts, varying in function of the perceived risks and of the desired target-population to be declared under exception rules with electronic monitoring, typical of society of control borderless penalizations, which is already called by some as ecopolitics.
From the analysis of subsequent processes to or presuppositions of the central aim of the research, more data is gathered and there's certainly more substratum to get to the point. This is the reason why are analyzed here the origins and function of the police institution, the history of the Military Police of the state of Rio de Janeiro, the public safety policies of Sérgio Cabral and Pezão administrations, the war on drugs and the militarization of public safety, the favela as an analytical category – or not -, the UPP project. Besides key theoretical concepts to the development of this work, such as: state of exception, homo sacer, the field, schmittian sovereignty and biopolitics.
After these conceptual discussions, the course of the analysis is modified to understand which other mechanics of power are still in full operation and how they mingle, reframing themselves, giving birth to a hybrid. The disciplinary society, an embedded kind of governmentality in the favelas, clashes with the society of control, thus mixing biopolitics and control. As well as the society of control, electronic surveillance is rhizomatic, the opposite of surveillance in disciplinary societies, which is arborescent, because it denies the multiplicities, through “molding” processes depicted by Deleuze and Guattari (2000).
Only then it is possible to reach conclusions from the field with high explicative power, for instance, that the implementation of the camera system accentuates differentiations, therefore, expanding the social cleavages, once it is based on classifications, which in turn are based on racist, misogynistic and class stereotypes not to mention others of all sorts, varying in function of the perceived risks and of the desired target-population to be declared under exception rules with electronic monitoring, typical of society of control borderless penalizations, which is already called by some as ecopolitics.