QUEM SOU EU...


"Ninguém pode calar dentro em mim esta chama que não vai passar, é mais forte que eu e não quero dela me afastar....



Eu não posso explicar quando foi e nem quando ela veio, mas só digo o que penso, só faço o que gosto e aquilo em que creio..."(Maysa)



Com as outras dores fazem-se versos...com as que doem,grita-se! (Fernando Pessoa)













Quem "grita" como eu......

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

DECEPÇÃO


Quando o amado chegar
o dia maltrapilho
vestirá roupas domingueiras;
as folhas-crianças das árvores
tomarão sorvetes de sol.

Quando o amado chegar
a longa rua da cidade sem flores
se encherá de perfume de jasmim.

Quando o amado chegar ninarei
com meus braços e meu canto
o pobre mundo órfão
e ele acalentado pela doçura do meu canto
terá, finalmente, seu sono de paz.

Quando o amado chegar, virá docemente,
e eu, docemente lhe estenderei as mãos e
juntos, silenciosamente, veremos o dia sair a passear
com sua roupas de domingo;
juntos, veremos as folhas-crianças das árvores
lambuzadas de sorvete de sol.
Juntos, aspiraremos o perfume
da longa rua da cidade povoada de flores.

Juntos velaremos o sono da paz do mundo,
órfão, ainda, mas acalentado.

Quando o amado chegar
eu, triste poeta de versos sem rima,
farei mudo meu canto,
não escreverei poemas
e depois, só depois do amado chegar
eu começo a viver!

Sonia Regina /1964

P.S. Você chegou, mesmo!
Não quiz, não entendeu:
nem versos, nem cantos,
nem amor. Partiu!
***
Sonia Regina
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TROFÉU DO AMIGO






Esse é o Troféu do Amigo! Esses blogs são extremamente charmosos.
Esses blogueiros têm o objetivo de se achar e serem amigos.
Eles não estão interessados em se auto promover.
Nossa esperança é que quando os laços desse troféu são cortados
ainda mais amizades sejam propagadas.
Entregue esse troféu para oito blogueiros(as) que devem escolher oito
outros blogueiros(as) e incluir esse texto junto com seu troféu.

Repasso:

Pedaços de Mim
Eterno Amor
Outros Pensamentos
Senhora da Lua
Anseios da Alma
Amanheceu um Novo Lindo Dia
Olhai os Lírios do Campo
Nas Asas da Fênix

domingo, 4 de janeiro de 2009

BATIDAS NA PORTA



arte fotográfica de João Menéres do blog Grifo Planante


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Veio alguém,
bateu na porta:
vacilei,
não quis abrir.

Pensei que fosse
a tristeza
que viesse me perseguir.
Bateu, novamente, à porta...
desta vez não insistiu.
Desceu a escada
em silêncio
e para sempre partiu.

Partiu, deixando na porta
aquelas palavras fatais:
-Eu sou a Felicidade
e não volto nunca mais!!!

desconheço o autor, postado por Sonia Regina.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Coração é terra que ninguém vê




Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei - nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.

Semeador da Parábola...
Lancei a boa semente
a gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão

Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei...


Cora Coralina,postado por Sonia Regina

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Cada bibelô é uma alma


Somos seres acumulativos.Com mania de comprar objetos que enfeitam a casa e a vida.Cada vez que se viaja,traz-se para o interior da sala aquelas lembranças que vão fazer parte da nossa memória.E que traduzem nosso gosto estético e um pouco de nossa biografia.

São como aquelas migalhas de pão que João e Maria,no afã de deixar um rastro,espalham pela floresta.E que bem falam deles e de seus destinos.
Estes bibelôs,enfeites,troféus,são assim indispensáveis ao nosso cotidiano.E conquanto não sejam essenciais na prática,têm a transcendência dos livros de oração,de tudo que é para nós sagrado.

Quando visito amigos observo as peças que são objeto de culto por parte do dono.São elas que me dizem em que espécie de casa estou.A quem essa morada de fato pertence.O tipo de rubrica estética e afetiva que o dono leva nas costas.São peças,enfim,que na sua banalidade falam da alma alheia,dos seus medos,da sua infância,das suas frustrações.

Fico a imaginar o que representam esses objetos se lhes faltarem seus donos.Como sobreviveriam à morte de seus proprietários.Onde iriam eles parar na hora do inventário.Sob proteção de quem guardarão eles para sempre o calor dos seus antigos senhores.

De visita,pois,a essas casas,sou frequentemente tomada pela tristeza.Sobretudo quando olho na prateleira aquela alpaca de cobre,por exemplo,trazida das montanhas peruanas,graças ao fervor de quem a comprou com a convicção de incorporá-la ao seu patrimônio pessoal.O que ocorrerá no futuro?

Quantas vezes,após despedir-me de um amigo que se foi para sempre,sofro sobressaltos.Primeiro temo que chova nos dias que se seguem.Não quero encharcada a terra onde repousa meu amigo.Posteriormente evito retornar à casa onde ele viveu acomodado em meio às coisas que compuseram o seu universo.Julgo intolerável inventariar seus objetos,ver dispersas as peças que,longe dele,de volta ao mundo,soltas,sem nome,nada dizem.

O que falará mais dos mortos que seus pertences abandonados?Já não tendo quem os aprecie,encaminhe-lhes um olhar amoroso.Cada peça agora perdendo sua linguagem original.Já não tendo como defender a presença do finado,que começa a esfumar.Como a conclamar que não o esqueçam.

Como é triste um objeto que perdeu seu dono!Quando o dono já não se encontra por perto para tirar-lhe a poeira,para acalentá-lo com a palma quente das mãos.Já não se sabendo destinado a enfeitar a vida e a imaginação de um homem.


Nélida Piñon,postado por Sonia Regina.


Tenho consciência que existe certa morbidez nesta crônica.A meu ver é uma metáfora sobre a qual vale a pena pensar....

NITERÓI, LUGAR ENCANTADO!!!

NITERÓI, LUGAR ENCANTADO!!!
Luar dando espetáculo na praia da Boa Viagem!"