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Superhélice

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Figura 1: O exemplo clássico de uma superhélice (ou coiled coil) é o zíper de leucina GCN4 (código de acesso PDB 1zik), que é um homodímero paralelo. No entanto, existem muitos outros tipos de superhélices.

Uma superhélice, ou coiled coil, é um motivo estrutural em proteínas em que 2–7[1] alfa-hélices se enrolam como os fios de uma corda. (Dímeros e trímeros são os tipos mais comuns.) Muitas proteínas contendo estruturas do tipo superhélice estão envolvidas em importantes funções biológicas, como a regulação da expressão gênica - por exemplo, fatores de transcrição - e proteínas do citoesqueleto. É um importante motivo de oligomerização em proteínas. Exemplos notáveis são as oncoproteínas c-Fos e c-jun, a proteína muscular tropomiosina e proteínas estruturais como a queratina e a miosina.

Estrutura molecular

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Superhélices geralmente contêm um padrão repetitivo de sete resíduos de aminoácidos hxxhcxc, de resíduos de aminoácidos hidrofóbicos (h) e carregados (c), referido como uma repetição heptamérica.[2] As posições na repetição são geralmente denominadas como abcdefg, onde a e d são as posições hidrofóbicas, frequentemente ocupadas por isoleucina, leucina ou valina. O enovelamento de uma sequência com este padrão repetitivo em uma estrutura secundária alfa-helicoidal faz com que os resíduos hidrofóbicos se disponham como uma 'faixa' que se enrola suavemente um com ângulo de mão-esquerda em torno da hélice, formando uma estrutura anfipática. Dessa maneira, a forma mais favorável de duas hélices se organizarem em um ambiente aquoso do citoplasma é envolver as regiões hidrofóbicas uma contra a outra, ensanduichadas entre os aminoácidos hidrofílicos. Assim, é o enterramento das superfícies hidrofóbicas que fornece a força motriz termodinâmica para a oligomerização (efeito hidrofóbico). O empacotamento em uma superhélice é excepcionalmente apertado, com contato de van der Waals quase completo entre as cadeias laterais dos resíduos a e d. Este empacotamento apertado foi originalmente previsto por Francis Crick em 1952[3] e é conhecido como empacotamento knobs into holes (algo como "saliências em buracos") .

As α-hélices em uma superhélice podem ser paralelas ou antiparalelas e geralmente adotam um ângulo de superhélice de mão esquerda (Figura 1). Embora desfavorecidas, algumas estruturas de mão direita também foram observadas na natureza e em proteínas engenharizadas.[4] Superhélice podem ser homo- ou hetero-oligoméricas.

  1. Liu, J.; Zheng, Q.; Deng, Y.; Cheng, C.-S.; Kallenbach, N. R.; Lu, M. (9 de outubro de 2006). «A seven-helix coiled coil». Proceedings of the National Academy of Sciences (42): 15457–15462. ISSN 0027-8424. doi:10.1073/pnas.0604871103. Consultado em 19 de março de 2021 
  2. Mason, Jody M.; Arndt, Katja M. (29 de janeiro de 2004). «Coiled Coil Domains: Stability, Specificity, and Biological Implications». ChemBioChem (2): 170–176. ISSN 1439-4227. doi:10.1002/cbic.200300781. Consultado em 19 de março de 2021 
  3. CRICK, F. H. C. (novembro de 1952). «Is α-Keratin a Coiled Coil?». Nature (4334): 882–883. ISSN 0028-0836. doi:10.1038/170882b0. Consultado em 19 de março de 2021 
  4. Harbury, P. B. (20 de novembro de 1998). «High-Resolution Protein Design with Backbone Freedom». Science (5393): 1462–1467. doi:10.1126/science.282.5393.1462. Consultado em 19 de março de 2021