Rádio Shalom Dragão do Mar
Rádio Shalom Dragão do Mar | |
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Rádio e Jornais do Ceará S/A | |
País | Brasil |
Frequência(s) | AM 690 kHz Antiga(s) frequência(s): FM 102,9 MHz (2006-2009) |
Sede | Fortaleza, CE |
Slogan | Um sinal de paz no ar |
Fundação | 25 de março de 1958 (66 anos) |
Fundador | Moisés Pimentel |
Pertence a | Comunidade Católica Shalom |
Proprietário(s) | Antônio Furtado |
Antigo(s) proprietário(s) | Moisés Pimentel César Cals Sérgio Cals Lumena Cals |
Idioma | Português |
Prefixo | ZYH 587 |
Prefixo(s) anterior(es) | ZYH 29 |
Nome(s) anterior(es) | Rádio Dragão do Mar (1958-2008) |
Emissoras irmãs | Shalom FM |
Cobertura | Região Metropolitana de Fortaleza |
Dados técnicos | Potência ERP: 25 kW (manhã) 10 kW (noite) Classe: B |
Informação de licença | CDB |
Página oficial | redeshalomderadio |
Rádio Shalom Dragão do Mar[nota 1] é uma emissora de rádio brasileira sediada em Fortaleza, capital do estado do Ceará. Opera no dial AM, na frequência 690 kHz (em breve migrará para FM 91,7 MHz).[2] Fundada em 25 de março de 1958 como Rádio Dragão do Mar, era uma das emissoras de maior audiência da capital, juntamente com a Rádio Uirapuru, a Rádio Iracema e a Rádio Assunção Cearense. Desde 1.º de outubro de 2008 é mantida pela Comunidade Católica Shalom, compondo a Rede Shalom de Rádio, juntamente com a Shalom FM de Pacajus.
História
[editar | editar código-fonte]A montagem da Rádio Dragão do Mar foi iniciada pelo Partido Social Democrata (PSD), que visava disputar as eleições gerais de 1958. O partido fazia grande oposição à União Democrática Nacional (UDN), que estava no governo do estado do Ceará através de Paulo Sarasate.[3] A concessão para operação da emissora foi decretada em 20 de novembro de 1957.[4] No mesmo período, a emissora já realizava transmissões experimentais diretamente do 11º andar do Edifício Arara, conhecido por ter abrigado o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários (IAPC), no Centro.[5][6] O jornalista Blanchard Girão foi o responsável por elaborar a programação da rádio.[6]
A Rádio Dragão do Mar foi inaugurada oficialmente em 25 de março de 1958 pelo empresário Moisés Pimentel.[7][8] A emissora foi inaugurada no dia em que se comemora a abolição da escravatura na Província do Ceará e recebeu este nome em homenagem ao líder jangadeiro Francisco José do Nascimento, conhecido como Dragão do Mar, sendo esta uma sugestão do radialista Peixoto de Alencar devido a linha de protesto em que a emissora iria entrar.[3] Outros nomes sugeridos foram Rádio Capital e Rádio Fortaleza.[5] A música tema da rádio era "Terra da Luz", um hino de exaltação de autoria de Humberto Teixeira e Lauro Maia.[6] Sua programação era eclética, mas tinha forte ênfase política, sobretudo nos interesses do partido, quando denunciava problemas de administração da UDN.[7] O radiojornalismo na emissora foi implantado por Peixoto de Alencar[9] e sua direção ficou a cargo dos irmãos Almir e Artur Pedreira, sendo que a direção política esteve a cargo do então deputado estadual Franklin Chaves. Uma das características iniciais era o editorial A Nossa Palavra, uma crônica escrita por Blanchard Girão que era lida por Waldir Xavier às 12h30.[5][6] Além do jornalismo, possuía programas de entretenimento e um elenco de radioteatro.[6]
A emissora rapidamente se popularizou, com isso investimentos em outros setores, como o esporte, formando equipes com Ivan Lima, Gomes Farias, Paulino Rocha, Josely Moreira, dentre outros nomes.[6] A rádio conseguiu prestígio entre o setor comercial e movimentou a opinião pública.[6] No entanto, enfrentou disputas com o governo, quando teve uma equipe de reportagem presa sob ordem do general Severino Sombra.[6] Em resposta, o presidente da Associação Cearense de Imprensa (ACI), Perboyre e Silva, organizou uma passeata de carros que partiu da sede da ACI até o Quartel da Polícia Militar, com emissoras concorrentes transmitindo o acontecimento. Os jornalistas foram impedidos de entrar no local e os mesmos foram para a Praça dos Voluntários, no Centro, onde aconteceu nova manifestação, exigindo a libertação dos presos, que conseguiram ser liberados.[6] A Dragão do Mar ganhou empatia com o público e conseguiu eleger, no mesmo ano, o jornalista José Parsifal Barroso ao governo do estado.[10]
Ao final dos movimentos e da eleição de seu candidato ao governo, o PSD desistiu de manter a Rádio Dragão do Mar após herdar uma folha de pagamento elevada.[3] Por isso, transferiram o comando da estação para o industrial Moisés Pimentel em 1959.[6][10] A emissora manteve sua atuação crítica na política, quando apoiaram a posse do vice-presidente João Goulart, em 1961, e ideais progressistas da época.[11] Foi a partir deste momento que a emissora começou a ser cercada por militares.[12] No mesmo ano, quando recebeu uma informação de que um grupo de extrema direita planejava invadir a emissora e destruir os transmissores, a direção da Dragão do Mar decidiu ligar uma corrente de alta tensão nas cercas de arame farpado que cercavam sua sede. O ataque pode ser evitado, no entanto, um militar do Exército permanecia na emissora lendo previamente as notícias que seriam lidas no ar e proibia as informações que pudessem afetar os propósitos militares.[12] A Rádio Dragão do Mar também serviu, nesta época, de abrigo para manifestantes estudantis que eram perseguidos pela polícia.[12]
Em 1962, a cúpula diretiva da emissora foi eleita em cargos políticos.[3] Pimentel foi eleito deputado federal pelo Partido Social Trabalhista (PST) e estava iniciando a instalação da futura TV Dragão do Mar, adquirindo equipamentos e apresentando para a mídia local.[13] No entanto, Pimentel acaba por ter as concessões da TV e rádio cassadas pelos militares em 17 de abril, devido ao Golpe de Estado que ocorreu no período.[14][5] A Rádio Dragão do Mar já havia sido fechada por volta da meia-noite do dia 1.[12] O estúdio da emissora foi cercado por militares, que estava na coordenação de Nazareno Albuquerque e técnica de Orlando Braga.[12] Pimentel e Blanchard Girão, este último que também teve seu cargo de deputado estadual cassado, foram presos, bem como os demais profissionais e locutores da emissora.[3][10][11]
Após meses fora do ar, a Rádio Dragão do Mar retorna ao ar sob o comando do militar reformado Almir de Mesquita, mas sem as características que a popularizaram nos anos anteriores, passando a atender aos interesses do governo.[5][11] O militar tinha ligações com Moisés Pimentel e queria fazer com que a emissora voltasse a ser um instrumento útil para a sociedade.[12] A reabertura marcou a mudança de sede, que passou a ser entre as avenidas Antônio Sales e Virgílio Távora.[12] Foi adquirida pela família do político César Cals[10] em 1985, tendo como diretor presidente Sérgio Cals, se transferindo para a Rua 25 de Março. A nova administração implantou um modelo popular, com programas informativos e musicais, mantendo espaço para atrações religiosas. Mesmo com as mudanças, a emissora continuou realizando festividades no mês de março. Em 2005, em Sessão Solene na Assembleia Legislativa do Ceará, comemorou seus 45 anos.[12]
Em agosto de 2008, a emissora foi vendida para a Comunidade Católica Shalom. A Shalom, que havia entrado no dial com o arrendamento da Rádio Assunção Cearense em 2000, deixou a emissora em maio de 2006 e estava negociando com a administração da Rádio Dragão do Mar a sua compra.[12] Nesse meio tempo, esteve operando na frequência FM 102.9 MHz, da Fundação José Possidônio Peixoto (que até então transmitia a Rádio Canção Nova).[15] A programação foi encerrada em 30 de setembro de 2008, sendo inaugurada como Rádio Shalom no dia seguinte.[7] Todos os funcionários que atuavam na emissora foram demitidos[12][16] e contratos comerciais que ainda estavam em vigência foram cancelados.[17] A venda da emissora pegou a mídia local de surpresa, pois a informação foi tornada pública quando a emissora não fez a cobertura das eleições daquele ano, segundo o jornal O Estado, além do fato da rádio ter completado 50 anos. Locutores da emissora migraram com seus programas para outras rádios AM de Fortaleza.[18] Naquele momento, a programação da Rádio Shalom era composta somente por músicas religiosas.[19] Durante o período de transição, o Sindicato dos Radialistas Profissionais do Estado do Ceará afirmou que iria investigar a negociação de venda com a Anatel.[20]
Sob a administração do padre Antônio Furtado, a Rádio Shalom continuou carregando o nome Dragão do Mar e preservou sua data de inauguração.[1] Também deixou as instalações da Rua 25 de Março, que foram vendidas,[18] passando a ser sediada na Rua Maria Tomásia, na Aldeota. A emissora patrocina eventos ligados à Comunidade Católica Shalom, como o Festival Halleluya e Evangelizar é Preciso. Atualmente é geradora da Rede Shalom de Rádios, composta pela Rádio Boa Nova e, inicialmente, pela Rádio Shalom Iracema do Cariri, que havia firmado parceria com a Shalom em dezembro de 2015,[21] além de um pool com outras 13 rádios parceiras.[22] A Rádio Iracema do Cariri deixou a rede em junho de 2017.
Notas
Referências
- ↑ a b «Rádio Shalom 690 AM Dragão do Mar completa 56 anos no ar». O Povo. 25 de março de 2014. Consultado em 14 de março de 2017
- ↑ https://sistemas.anatel.gov.br/se/public/view/b/form.php?id=6107f6184ccc0&state=FM-C2
- ↑ a b c d e Fátima Garcia (17 de março de 2011). «Rádio Dragão do Mar». Fortaleza em Fotos. Consultado em 26 de março de 2017
- ↑ João Figueiredo (8 de novembro de 1954). «DECRETO Nº 90.427, DE 8 DE NOVEMBRO DE 1984.». Presidência da República - Casa Civil. Consultado em 25 de março de 2017.
Entidade: RÁDIOS E JORNAIS DO CEARÁ S/A. [...] Ato de Outorga: Decreto nº 42.675, de 20 de novembro de 1957
- ↑ a b c d e Cláudio Ribeiro; Demitri Túlio; Landry Pedrosa; Thiago Cafardo (11 de maio de 2008). «Peixoto de Alencar: "... O Ceará escuta"». O Povo. Consultado em 26 de março de 2017
- ↑ a b c d e f g h i j Leila Nobre (8 de maio de 2010). «Rádio Dragão do Mar». Fortaleza Nobre. Consultado em 25 de março de 2017
- ↑ a b c PINHEIRO, A.; LIMA, N.; MARQUES, P. (2010). «Panorama do Rádio em Fortaleza» (PDF). Fortaleza. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação: 1-15. Consultado em 30 de julho de 2016
- ↑ Geraldo da Silva Nobre (2006). Introdução a história do jornalismo cearense. [S.l.]: Editorial Cearense. 153 páginas. 8575632213
- ↑ «Morre, em Fortaleza, o radialista Peixoto de Alencar». O Estado. 26 de setembro de 2016. Consultado em 26 de março de 2017
- ↑ a b c d Cláudio Ribeiro; Demitri Túlio; Landry Pedrosa; Thiago Cafardo (11 de maio de 2008). «A Dragão do Mar e a política». O Povo. Consultado em 26 de março de 2017
- ↑ a b c «Ondas revolucionárias». Diário do Nordeste. 16 de maio de 2005. Consultado em 26 de março de 2017
- ↑ a b c d e f g h i j VERAS, C.; CAVALCANTE, J.; SANTIAGO, T.; OLIVEIRA, A.; HONÓRIO, E. (2009). «Tempos de Turbulência na Rádio Dragão do Mar» (PDF). Fortaleza. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação: 1-15. Consultado em 26 de março de 2017
- ↑ SOUZA, B. M. R. (2008). «Verdes mares: a ideologia da sereia». São Paulo: Cenários da Comunicação: 31-38. Consultado em 20 de março de 2016
- ↑ DE FARIAS, Airton (2012). História do Ceará 7 ed. Fortaleza: Armazém da Cultura. ISBN 9788584920174
- ↑ «Ai, mãezinha!!». O Povo. 20 de maio de 2006. Consultado em 17 de outubro de 2021.
Ocupando espaços na frequência 102.9, onde paraíso da Rede Católica Canção Nova, a Comunidade Católica Shalom, que encerrou contrato com a Rádio Assunção no último dia 11.
- ↑ «1º Ano na Cidade». O Estado. 1 de dezembro de 2009. Consultado em 26 de março de 2017
- ↑ «Gravidade da desconfiança». O Estado. 13 de outubro de 2008. Consultado em 26 de março de 2017
- ↑ a b «Novo Fórum em Caucaia». O Estado. 23 de julho de 2009. Consultado em 26 de março de 2017
- ↑ «Dragão do Mar calada». O Estado. 6 de outubro de 2008. Consultado em 26 de março de 2017
- ↑ «Metas de Washington». O Estado. 13 de outubro de 2008. Consultado em 26 de março de 2017
- ↑ «Biblioteca democrática». O Povo. 15 de novembro de 2015. Consultado em 14 de dezembro de 2016.
Detentora do controle da Rádio Dragão do Mar de Fortaleza, a Comunidade Shalom acaba de expandir suas ações na área para o Interior. Assumiu o comando da Rádio Iracema AM, no Cariri.
- ↑ Vanderlúcio Souza (21 de abril de 2016). «Rede Shalom de Rádios fecha parceria com mais uma emissora». O Povo. Consultado em 26 de março de 2017
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Girão, Blanchard (2005). Só as armas calaram a Dragão. Fortaleza: ABC Editora. ISBN 8575361597