Apetite sexual excessivo
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Hipersexualidade | |
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O Comportamento Sexual Compulsivo afeta entre 3% a 6% da população, predominantemente homens, e costuma ter início no final da adolescência ou no início da terceira década.[1] | |
Especialidade | psicologia médica, psicoterapia, psiquiatria, sexologia |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | F52.7 |
CID-9 | 302.89 |
Leia o aviso médico |
Apetite sexual excessivo,[2] hipersexualidade, desejo sexual hiperativo (DSH), ou ninfomania (em mulheres) e satiríase (em homens) é um transtorno sexual caracterizado por um nível elevado de desejo e atividade sexual a ponto de causar prejuízos na vida do indivíduo. Trata-se de um tipo de vício com sintomas compulsivos, obsessivos e impulsivos, e seu tratamento é similar ao de outros tipos de dependências. A prevalência está em torno de 5%, sendo mais comum em homens, porém a dificuldade dos participantes em assumirem o problema por questões morais e sociais indicam que a frequência deve ser maior.[1]
A hipersexualidade pode ser uma condição primária ou o sintoma de outra doença ou condição médica, por exemplo, síndrome de Klüver-Bucy ou transtorno bipolar. A hipersexualidade também pode se apresentar como um efeito colateral de medicamentos, como medicamentos usados para tratar a doença de Parkinson, ou se apresentar através da administração de hormônios como testosterona e estrogênio durante uma terapia hormonal. Os clínicos ainda não chegaram a um consenso sobre a melhor maneira de descrever a hipersexualidade como uma condição primária,[3][4][5] ou para determinar a adequação de descrever tais comportamentos e impulsos como uma patologia separada.
Vários autores não reconhecem tal patologia[6] e, em vez disso, afirmam que a condição reflete apenas uma antipatia cultural pelo comportamento sexual excepcional.[7][8]
Características
[editar | editar código-fonte]Só é classificado como transtorno psicológico quando o comportamento e desejo sexual elevados prejudicam significativamente suas atividades diárias e relacionamentos afetivos. Alguns autores classificam a ninfomania e a satiríase como um tipo de compulsão.[9] Mas atualmente é melhor classificada como um vício, pois o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) estão relacionados a atividades desagradáveis a que o indivíduo não consegue resistir e parar de pensar. Já o vício está associado a uma atividade prazerosa e dificuldade em conter impulsos. É possível também que compulsão sexual e vício sexual sejam tratados como transtornos distintos de acordo com seus sintomas.[10]
Popularmente, acredita-se que a pessoa com hipersexualidade deseja ter atos sexuais com diversos parceiros e obtém grande prazer em todos eles, mas não necessariamente é o que ocorre. Uma pessoa considerada ninfomaníaca pode não conseguir satisfazer seus desejos sexuais e, por isso, sentir a necessidade de ter vários atos sexuais seguidos, na tentativa de alcançar um orgasmo. O ato sexual pode ser seguido por culpa e arrependimento, o que não impede novos impulsos para outro ato, assim como nas compulsões alimentares.[11]
Pesquisas brasileiras indicaram que a média de orgasmos é de 3 por semana entre os homens. Com base nesse dado estimou-se que mais de 7 orgasmos por semana ou mais de 15-25 horas vendo pornografia podem ser um sintoma de hipersexualidade. Os próprios portadores geralmente relatam sentirem preocupados e desconfortáveis com o excesso de desejo sexual e que seu tempo poderia ser melhor gasto em outras atividades mais satisfatórias e produtivas.[1]
Tipos
[editar | editar código-fonte]Segundo Coleman (1992) existem cinco tipos de Transtorno Sexual Hiperativo[12]:
- Sexo compulsivo e múltiplos parceiros;
- Fixação compulsiva na obtenção de um parceiro inatingível;
- Masturbação compulsiva, mesmo sem vontade ou com dor;
- Compulsão por múltiplos relacionamentos afetivos ou;
- Sexo compulsivo com um único parceiro.
O abuso de pornografia virtual, sexo por telefone e formas anônimas de sexo também podem ser usados para classificar subtipos de hipersexualidade. O abuso de objetos sexuais, a ponto de causar lesões repetidas vezes, também pode ser classificado como uma adicção sexual.
Diagnóstico
[editar | editar código-fonte]Existem diversas propostas médicas para diagnosticar a hipersexualidade, dentre elas uma das mais aceitas pelos psiquiatras é:[carece de fontes]
- A existência de fantasias sexualmente excitantes recorrentes e intensas, impulsos ou comportamentos sexuais que persistam durante um período de pelo menos seis meses e se encaixem na definição de parafilias.
- As fantasias, impulsos ou comportamentos sexuais causam desconforto ou comprometimento clinicamente significativo na área social, ocupacional ou outras áreas importantes.
- Os sintomas não encontram causa em outros transtornos, como por exemplo, no episódio maníaco.
- Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (abuso de droga ou medicamento) ou à afecção clínica geral.
Diagnóstico diferencial
[editar | editar código-fonte]É um dos sintomas da fase maníaca do distúrbio bipolar. Nesta fase, o pensamento acelerado, delírio de grandiosidade, impulsividade e euforia podem gerar um grande aumento no número de relações sexuais, frequentemente sem preservativo e com múltiplos parceiros. Semanas depois na fase depressiva é comum que o paciente se arrependa e sinta vergonha e culpa por seus excessos e irresponsabilidade. Doença de Pick, lesões cerebrais, sífilis e demências também podem causar um aumento na sexualidade, impulsividade e obsessão sexual além de outros comportamentos socialmente inadequados similares.[13]
Está fortemente associado com outras adicções como alcoolismo, drogadicção, jogo patológico e compulsão alimentar. Também pode estar associado a transtornos de ansiedade, distúrbios do humor, transtorno de personalidade ou a outra disfunção sexual. Não deve ser classificada quando a hipersexualidade for causada por drogas (como metanfetaminas) ou medicamentos.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Ninfomania deriva das palavras gregas "nýmfi" (νύμφη): "ninfa" e "manía" (μανία): "loucura", "fúria", "ódio". Na mitologia grega, ninfas e sátiros eram espíritos da natureza famosos por sua beleza e sexualidade exacerbada. Diversas ninfas ficaram famosas ao se envolverem ou serem abusadas por deuses, dando à luz famosos heróis.[14]
Tratamento
[editar | editar código-fonte]Terapia cognitivo-comportamental ensina o paciente a controlar seus impulsos e a manter relacionamentos sexualmente saudáveis e satisfatórios não necessariamente diminuindo a frequência sexual (por exemplo pode focalizar em ensinar a pessoa a restringir seu número de parceiros sexuais, melhorar a qualidade do ato e sempre usar preservativos). Pode também ser voltada para o desenvolvimento de habilidades para lidar melhor com a ansiedade, desconforto e carência afetiva ou de assertividade (saber dizer "não" gentilmente).[15]
Antidepressivos que regulam a serotonina (ISRS) podem ajudar a diminuir a libido, a ansiedade, os pensamentos obsessivos e aumentar o autocontrole e bom humor. Psicoterapia de casal e psicoterapia de grupo especialmente voltada para adicção sexual também tem demonstrado bons resultados.[9][16] Participação em terapias em grupos baseadas em 12 passos podem ser eficientes para o tratamento dessa adicção.[17]
Cultura popular
[editar | editar código-fonte]- A ninfomania é retratada no filme Ninfomaníaca, de Lars Von Trier. Nele, Joe, a personagem principal, conta a sua história e como conviveu com a doença desde a tenra infância.
- No filme Shame, de Steve McQueen, Michael Fassbender interpreta um satiríaco que se sente envergonhado com a própria condição.
- Na sitcom brasileira Toma Lá, Dá Cá, a personagem Copélia é apresentada como ninfomaníaca e uma compulsiva sexual e, ao longo do seriado, ela se envolve em várias situações devido à sua hipersexualidade, além de contar sobre suas muitas aventuras sexuais, geralmente, histórias absurdas envolvendo seus amantes.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=168
- ↑ Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) em língua portuguesa
- ↑ Stein, DJ (2008). Classificação dos transtornos hipersexuais: modelos compulsivo, impulsivo e viciante. Clínicas Psiquiátricas da América do Norte, 31, 587-592.
- ↑ Bancroft, J., & Vukadinovic, Z. (2004). Sexual addiction, sexual compulsivity, sexual impulsivity or what? Toward a theoretical model Arquivado em 2014-12-05 no Wayback Machine. Journal of Sex Research, 41, 225–234.
- ↑ «Sexual Compulsion vs. Sexual Addiction: The Debate Continues» (PDF). SIECUS Report. 14. Consultado em 25 de janeiro de 2019. Arquivado do original (PDF) em 9 de agosto de 2017
- ↑ Levine, SB (2010). O que é vício sexual? Journal of Sex & Marital Therapy, 36, 261-275.
- ↑ «The Myth of Sexual Compulsivity». Journal of Sex Research. 25. doi:10.1080/00224498809551467. Consultado em 25 de janeiro de 2019. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2014
- ↑ Rinehart, NJ, & McCabe, MP (1997). Hipersexualidade: Psicopatologia ou variante normal da sexualidade? Terapia Sexual e Conjugal, 12, 45-60.
- ↑ a b http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?10
- ↑ Barth, R. J., & Kinder, B. N. (1987). The mislabeling of sexual impulsivity. Journal of Sex & Marital Therapy, 13, 15-23.
- ↑ «Mundo Estranho - O que provoca a ninfomania?». Consultado em 3 de fevereiro de 2009. Arquivado do original em 3 de fevereiro de 2009
- ↑ Coleman, E. - Is your patient suffering from compulsive sexual behavior? Psychiatr Annals 22:320-325, 1992.
- ↑ Cummings, J. L.. Dementia: A clinical approach (2nd ed). Boston: Butterworth-Heinemann.
- ↑ Lawson, John Cuthbert (1910). Modern Greek Folklore and Ancient Greek Religion (1st ed.). Cambridge: Cambridge University Press. pp. 131.
- ↑ Meg S. Kaplan; Richard B. Krueger, "Diagnosis, assessment, and treatment of hypersexuality" , The Journal of Sex Research, March-June 2010
- ↑ Kafka, M. P. (2007). Paraphilia-related disorders: The evalution and treatment of nonparaphilic hypersexuality. In S. R. Leiblum (Ed.), Principles and practice of sex therapy (4th ed.) (pp. 442-476). New York: Guilford.
- ↑ Echeburúa, Enrique (2012). «¿Existe realmente la adicción al sexo?». adicciones. adicciones. 24 (4): 281-286. Consultado em 3 de dezembro de 2024