Monio Viegas I de Ribadouro
Monio Viegas I de Ribadouro | |
---|---|
Rico-homem/Senhor | |
Senhor de Ribadouro | |
Reinado | ?-1022 |
Sucessor(a) | Egas Moniz I |
Nascimento | c. 950? |
Morte | 1022 |
Vila Boa do Bispo, Marco de Canaveses, Porto, Portugal | |
Sepultado em | Mosteiro de Vila Boa do Bispo, Vila Boa do Bispo, Marco de Canaveses, Porto, Portugal |
Nome completo | Monio Viegas de Ribadouro |
Cônjuge | ? |
Descendência | Egas Moniz I, senhor de Ribadouro Garcia Moniz Gomes Moniz Godo Moniz Fromarico Moniz |
Dinastia | Ribadouro (fundador) |
Pai | Egas (Moniz?) |
Mãe | ? |
Religião | Catolicismo romano |
Monio Viegas (por vezes grafado Munio), cognominado o Gasco[1] (c. 950? - 1022, Vila Boa do Bispo) foi um nobre portugalense dos séculos X e XI. Este Gascão terá sido dos primeiros, com o auxílio dos seus irmãos, a dar início à restauração de Portugal contra os Mouros, sendo considerado o "herói da reconquista do Ribadouro ocidental"[2].
A origem da sua família
[editar | editar código-fonte]Notícias antigas relatam que em 999, num ano de mudança no reino de Leão, uma vez em que se dá a morte de Bermudo II e a ascensão do conde Mendo Gonçalves de Portucale à regência do pequeno Afonso V, teriam ocorrido na foz do Douro um desembarque de Cristãos, comandados por Monio Viegas, o suposto fundador da estirpe ribaduriense (ou gascã) que seria oriundo da Gasconha.[3] Esta informação pode ser crível, mas na doação que o filho de Monio, Garcia, faz em 1068 ao rei da Galiza, se refira a bens que herdara dos avós. Desta forma, os supostos pais do “fundador da Gasconha” já tinham domínio no Ribadouro, e assim Monio não conquistou tal domínio, mas herdou-o. Não podia advir da Gasconha, pois era natural de Portugal, provavelmente de um lugar português chamado Gasconha (ou Casconha, no atual concelho de Paredes)[4].
Biografia
[editar | editar código-fonte]Na realidade, o seu patronímico, Viegas já aponta para uma paternidade portuguesa, já que seria filho de D. Egas (provavelmente Moniz, dada a frequência do nome na família) e de D. Dordia[4], podendo haver a hipótese (da qual existem poucas certezas) de ser inclusive neto de Monio Guterres e Elvira Arias, e assim sobrinho de Gonçalo Moniz, Conde de Coimbra.
Sabe-se que possuiu bens nos atuais concelhos de Marco de Canaveses, Baião, Cinfães, Castelo de Paiva, Penafiel e Arouca, onde se sabe que, pelo menos em algumas, dispunha de autoridade como vigário do Rei de Leão[4].
A fundação de mosteiros
[editar | editar código-fonte]Pouco antes de 1008 terá doado a seu filho Garcia a vila de Travanca,[desambiguação necessária] sem obrigação de a repartir com o seu irmão Egas, mas com a de edificar um mosteiro[4], que terá fundado nesse ano de 1008.[5]
Não foi seu filho o único que fundou um mosteiro, pois, talvez depois de 1010, terá fundado, juntamente com seu irmão, o futuro bispo do Porto D. Sisnando[6], o Mosteiro de Vila Boa do Bispo. Perto do mosteiro teria inclusive derrotado uma hoste muçulmana, mediante promessa.
O território onde pousava o Mosteiro apresentava condições favoráveis à vida monástica, uma vez que era acidentado e por isso pouco frequentado por peregrinos e outros viajantes. Fora recentemente arroteado e repovoado por uma população que se acabaria por enraizar fortemente àquela terra[7]. Nos séculos seguintes, o Mosteiro e o próprio lugar estaria ligado a vários descendentes de Monio, com propriedades em Vila Boa do Bispo ou no território da atual freguesia. Existe também notícia de vários membros da família que doaram bens a este mosteiro[4].
Morte e posteridade
[editar | editar código-fonte]Desconhece-se como terá morrido, e nada descarta ter mesmo falecido em batalha. A data mais provável da sua morte será 1022, pois, sendo sepultado no mosteiro que fundou, descobriu-se mais tarde existia nesse lugar um túmulo com uma inscrição que o identificava e apontava aquele ano como a data da sua morte[4].
Casamento e descendência
[editar | editar código-fonte]Não se conhece o nome da sua esposa, mas os linhagistas apontam-lhe Velida Trutesendes, algo que seria fisicamente impossível, uma vez que esta só está atestada a partir do final do séc. XI[4]. Monio teria tido a seguinte descendência:
- Egas Moniz de Ribadouro[6], senhor de Ribadouro e casado com Toda Ermiges, filha de Ermígio Aboazar e de Vivili Turtezendes.
- Garcia Moniz de Ribadouro[6], fundador do Mosteiro de Travanca.
- Gomes Moniz de Ribadouro[6]
- Godo Moniz de Ribadouro[6]
- Fromarico Moniz de Ribadouro[6]
Referências
- ↑ Mattoso 1994.
- ↑ Fernandes 1960.
- ↑ Portugal primitivo medievo. [S.l.]: A. de Almeida Fernandes, Tarouca (Viseu, Portugal). Câmara Municipal, Santa Casa da Misericórdia do Porto
- ↑ a b c d e f g GEPB 1935-57.
- ↑ Historia antiga e moderna da sempre leal e antiquíssima de Amarante. [S.l.: s.n.]
- ↑ a b c d e f Mosteiro de Travanca - Moninho Viegas, o Gasco
- ↑ Mosteiro de Vila Boa do Bispo - História
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira - 50 vols. , Vários, Editorial Enciclopédia, Lisboa.
- Fernandes, A. de Almeida (1960). A ação das linhagens no repovoamento. Porto: [s.n.]
- Mattoso, José (1994). A Nobreza Medieval Portuguesa - A Família e o Poder. Lisboa: Editorial Estampa. ISBN 972-33-0993-9