Saltar para o conteúdo

Igreja Católica na Tunísia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
IgrejaCatólica

Tunísia
Igreja Católica na Tunísia
Catedral de São Vicente de Paulo, na Tunísia.
Ano 2010[1]
População total 10.480.000
Cristãos 20.000 (<0,01%)
Católicos 20.000 (<0,01%)
Paróquias 10[2]
Presbíteros 29[2]
Religiosos 32[2]
Religiosas 79[2]
Presidente da Conferência Episcopal Paul Desfarges[3]
Núncio apostólico Kurian Mathew Vayalunkal[4]
Códice TN

A Igreja Católica na Tunísia é parte da Igreja Católica universal, em comunhão com a liderança espiritual do Papa, em Roma, e da Santa Sé.[5] Apesar de hoje ser um país predominantemente muçulmano,[1] a Tunísia tem uma rica história cristã desde os tempos da cidade de Cartago. Nesta mesma cidade, viveram três dos mais influentes pais da igreja: Tertuliano (160–230 d.C.), Cipriano (210–258 d.C.) e Agostinho (354–430 d.C.).[6] Hoje em dia a maioria dos cristãos tunisianos prefere esconder sua fé, devido às hostilidades e à pressão que enfrentam da sociedade em geral. Isso torna perigoso compartilhar a fé com colegas, vizinhos, amigos ou até mesmo com os familiares. Há a dificuldade da comunidade se reunir para os serviços religiosos, como as Missas. Qualquer exposição pode implicar em represálias, pelo fato de serem monitorados pelos serviços de segurança do governo.[6]

Igreja primitiva

[editar | editar código-fonte]

O atual território da Tunísia é parte do que era Cartago, cidade no Golfo de Túnis, localizada a 20 km da atual capital tunisiana, Túnis.[7] A cidade foi conquistada pela República Romana em 146 a.C., como parte da África Proconsular. Não é possível provar se a Igreja africana tem origem apostólica.[8] O cristianismo chegou a Cartago por volta do ano 150, trazido de Roma e do Oriente, e floresceu rapidamente (mais de 20 basílicas conhecidas); mas sofria repetidamente com a perseguição e as heresias. Os atos dos 12 mártires escilitanos (m. 17 de julho de 180) são o documento cristão mais antigo do norte da África.[7] Em 197, Tertuliano passou a apoiar e divulgar a penetração do cristianismo em todas as classes da sociedade, o que indica que a evangelização havia começado há algum tempo. Em 202, ocorreu uma perseguição promovida por Décio, além de outra perseguição entre 211 e 212, e posteriormente, o mais severo de seu governo, entre 249 e 250. Houve muitos martírios nesse período.[8]

Agostinho de Hipona discutindo com os donatistas, por Charles-André van Loo
Vista aérea de 1950 das ruínas da Basílica de São Cipriano, em Cartago

Um fato marcante é o grande número de bispos na região, condição explicada pelo fato de que pequenas dioceses eram habituais. No ano 225, havia pelo menos 70 bispos na África Proconsular e na Numídia; por volta de 411, havia 470 bispos e o número havia aumentado para quase 600 em 430. A única sé metropolitana para todas essas dioceses era Cartago.[8] O primeiro bispo conhecido de Cartago, Agripino, presidiu mais de 70 bispos em um concílio (c. 220) que declarou inválido o batismo administrado por hereges. O maior bispo de Cartago, o mártir São Cipriano, de cujo episcopado (248–258) data a primazia eclesiástica de Cartago na África. Seu trabalho caritativo era focado em pessoas vítimas da fome e da peste, convocou vários sínodos, dentre eles um concílio de 87 bispos em que foi defendida a prática tradicional africana de "rebatismo", sendo abandonada após o Concílio de Arles (314).[7] O imperador Galiano restabeleceu a paz na Igreja, mas esta foi interrompida pela perseguição de Diocleciano em 295, que começou no exército com o martírio do jovem Maximiliano de Tébessa. Quando a perseguição se generalizou em 303, os martírios chegaram a dezenas de homens e mulheres.[8]

Heresias e chegada do islã

[editar | editar código-fonte]

Os donatistas, com seus bispos, causaram muitos problemas à Igreja Católica cartaginesa de 311 até a época de Santo Agostinho, que estudou em Cartago e tornou-se ali um defensor do maniqueísmo.[7] O donatismo foi criado pelo bispo cismático Donato em 355 e se espalhou rapidamente. Apesar da perseguição do imperador Constantino, foi condenado primeiro por uma sentença eclesiástica romana em 313 e depois pelo concílio de Arles em 314. Optato de Milevi e Santo Agostinho descreveram detalhes dos horrores perpetrados pelos donatistas, especialmente as circuncisões contra padres e monges católicos. A seita aumentou tão rapidamente que 270 bispos compareceram a um conselho donatista de 336. Após a morte de Donato, ele foi sucedido por Parmeniano, que não apenas exibia atividades da organização, mas também escreveu obras anticatólicas. Os donatistas se dividiram em várias seitas, contra as quais Agostinho se posicionou fortemente. O imperador Honório ajudou a causa católica e, em 411, realizando uma reunião em Cartago, com a presença de 286 bispos católicos e 284 donatistas. Bispos de ambos os lados foram autorizados a apresentar seus pontos de vista. O imperador ordenou que os cismáticos retornassem à Igreja Católica, ameaçando os desobedientes com confisco, punição corporal e deportação. Em 412, Santo Agostinho admitiu a sabedoria da intervenção do Estado contra as atividades destrutivas dos donatistas e as circuncisões. O cisma foi muito enfraquecido. No entanto, até mesmo o Papa Gregório I reclamou no século VI que o erro ainda não havia sido completamente erradicado na África.[8]

A partir de 411, surgiu em Cartago o pelagianismo,.[7] uma heresia que dizia que não era necessário o auxílio da graça de Deus para que o homem realizasse atos de virtude[9] Nesse mesmo ano, um concílio quebrou a força do donatismo. O pelagianismo foi condenado em um outro concílio, do ano 418, e que contou com mais de 200 bispos sob o comando do bispo Aurélio (391–429), e compilando um códice de cânones da Igreja Africana; os cânones do concílio sobre o pecado original, a graça e a necessidade da oração mostram a influência de Santo Agostinho, amigo íntimo e colaborador de Aurélio. Após a morte de Aurélio, houve a ascensão de doutrinas que punham em xeque à ortodoxia da doutrina católica, que deram força aos saques de vândalos arianos em Cartago (439) e em Roma (455), e quase acabaram com a primazia eclesiástica de Cartago em uma perseguição que teve poucas tréguas. Santo Agostinho dedicou uma série de obras brilhantes em refutação ao donatismo, e depois ao pelagianismo. Com a colaboração de Celéstio, Pelágio negou o pecado original e alegou que o homem podia realizar boas ações e evitar o pecado sem a graça interna. Ambos chegaram a Cartago em 410, mas Pelágio partiu para a Palestina. Paulino de Milão atacou fortemente os erros de Celéstio e, ao recusar-se a fazer uma retratação, este foi excomungado pelo concílio de Cartago em 411. Agostinho viu a rejeição fundamental do cristianismo implícita na heresia e trouxe à tona as obras que lhe renderam o título de Doutor da graça. Os papas Inocêncio I e Zósimo deram razão ao santo, condenando a heresia pelagiana.[8]

De 439 a 454, a sé episcopal ficou vazia, até que Genserico, rei vândalo, instituiu um bispo ariano. A liturgia era celebrada em língua vernácula, em oposição à liturgia de Cartago, a qual era quase idêntica à de Roma. O bispo Deográcias (454–457), conhecido por sua caridade para com cativos do Saque de Roma, foi sucedido após 24 anos por Eugênio, que também foi feito bispo e conhecido por sua caridade. O bispo Eugênio foi condenado a trabalhos forçados pelos vândalos entre os anos 484 e 487 e depois exilado em Albi, na França (496), onde veio a morrer, no ano 505. Não houve sucessor até 523. Embora Justiniano reconstruísse as igrejas e protegesse a ortodoxia, Cartago declinou sob o domínio bizantino. Após a morte de Justiniano, 565, os bispos que comandaram a sé de cartaginesa não puderam impedir os abusos das autoridades e os católicos se voltaram para a Sé de Roma, que interveio na crise. O concílio de 646 condenou o monotelismo, trazido por refugiados cristãos da conquista árabe da Síria e do Egito, e foi o último evento conhecido da Igreja em Cartago antes da conquista árabe. Após o ano 698, a Igreja sobreviveu, mesmo com um status inferior.[7]

Pós-conquista muçulmana

[editar | editar código-fonte]
Reino da Sicília (em verde) em 1154, o que representa a extensão da conquista normanda na Itália

Em 990, Cartago teve seu bispo eleito, e o enviou a Roma para consagração. Os papas escreveram aos bispos e à Igreja de Cartago por diversas ocasiões, como nos anos 1053, 1073 e 1076, bem como aos governantes locais do norte da África em preocupação aos cristãos de lá. Após a conquista normanda da Sicília (1061–1091) e a conquista almóada do norte da África, o cristianismo quase desapareceu em Cartago. A partir do século XIII, a Europa procurou recuperar o norte da África cristão. São Luís IX da França morreu sitiando Túnis, em 1270, que substituiu Cartago em importância. Os sacerdotes e religiosos trinitários e mercedários resgatavam escravos cristãos traficados na região. Franciscanos e dominicanos continuaram o trabalho missionário. A Congregação para a Propagação da Fé enviou os capuchinhos em 1624 e os vicentinos em 1645 para a África cartaginesa. Em 1741, Cartago se tornou um vicariato apostólico. Uma capela foi construída e dedicada a São Luís IX em Cartago em 1839. Já em 1875 os padres brancos também chegaram a Cartago, a fim de levar o evangelho aos muçulmanos. Sob o protetorado francês, Cartago foi novamente considerada sé metropolitana sem sufragâneas em 1884 e primaz da África (1893) sob o comando do cardeal Charles Lavigerie.[7]

O movimento monástico foi introduzido na África em sua forma cenobítica por Santo Agostinho em 388 depois de seu retorno da Itália. Anteriormente, monges e virgens individuais, incluindo irmãs donatistas, existiam na África, mas não há registros de mosteiros anteriores a 388. Agostinho propagou o movimento, como convertido, sacerdote e bispo, vivendo com um grupo de ascetas. Sua irmã tornou-se superior de um convento de freiras em Hipona, e o mosteiro de Agostinho forneceu dez bispos para outras igrejas, que transplantaram a vida monástica para suas novas dioceses.[8]

Mesmo durante o período em que os vândalos governaram a África, entre 429 e 534, o monasticismo floresceu em círculos religiosos e leigos. Um testemunho disso é a vida de São Fulgêncio de Ruspe, que seguiu os moldes de Agostinho. Em 439, Cartago é invadida pelos bárbaros Durante o reinado vândalo, a Igreja primitiva voltou a ser duramente perseguida: somando todo o norte da África, o número de bispos católicos foi reduzido de 164 para três. As tentativas de reconciliação não foram bem sucedidas, e quinhentos clérigos de Cartago foram açoitados e exilados, cerca de 5.000 católicos, incluindo muitos clérigos, foram exilados entre os selvagens mauros, além da tentativa de destruir a vida monástica africana, ordenando que todos os mosteiros de homens e mulheres, juntamente com seus habitantes, fossem dados aos mauros. Sua morte pôs fim à perseguição e o rei Guntamundo permitiu que os bispos exilados retornassem em 494. O rei Trasamundo conduziu a perseguição mais dura: nenhum bispo podia ser eleito e, quando esse decreto foi violado em Bizacena, 120 bispos foram exilados na Sardenha, de onde retornaram somente após sua morte, quando o rei Hilderico concedeu um período de paz para a Igreja. O último rei, Gelimero, foi conquistado pelo exército de Justiniano I, sob a liderança de Belisário, em 534.[8]

Império Bizantino

[editar | editar código-fonte]
São Máximo, o confessor

Sob o domínio bizantino, parte do antigo esplendor da Igreja retornou; teólogos famosos como Fulgêncio Ferrando. Os bispos cartagineses se envolveram em um grande atrito com Justiniano devido a disputas do texto do Sínodo de Constantinopla de 543, episódio que ficou conhecido como Controvérsia dos Três Capítulos, e que levou à excomunhão do Papa Vigílio. Monges e bispos africanos foram exilados por sua oposição.[8]

A ocupação bizantina, no entanto, não trouxe uma paz duradoura para a África. Os mauros infligiram muitas derrotas aos bizantinas e muitos cristãos, incluindo 70 monges, que, com seu abade, Donato, fugiram para a Espanha por volta do ano 570. Entretanto, muitos mauros se converteram ao cristianismo. No século VII, os imperadores bizantinos favoreceram o monotelismo — uma heresia rejeitada pelos monges africanos sob os ensinamentos de Máximo, o Confessor. Em 638, o imperador Heráclio, com sua Éctese, impôs o monotelismo em toda a Igreja, e a maioria dos africanos se recusou a assinar o documento e em 645 se revoltou contra seu sucessor Constante II.[8]

As divergências entre o clero africano facilitou o caminho para as invasões árabes, que começaram com um primeiro ataque em 643. Os árabes renderam Cartago em 698 e tomaram a última fortaleza bizantina em Septem, em 709. Os maometanos gradualmente provocaram a extinção do cristianismo, primeiro por uma rápida conversão do volátil dos mauros, depois por um processo de desgaste, reduzindo o número de bispados para três em toda a África no papado de Gregório VII. O cristianismo ainda conseguiu sobreviver no território até o século XI,[6] enquanto que sua presença havia desaparecido por completo no século XIII.[8] Somente no século XIX a fé católica voltaria a surgir no país, quando muitos franceses e outros cristãos expatriados foram para o país.[6]

Desaparecimento

[editar | editar código-fonte]

De modo que a presença cristã desapareceu por completo no século XIII, o papel da Igreja Católica permaneceu estático e discreto pelos séculos seguintes. O Papa Gregório XVI transformou a Prefeitura Apostólica de Túnis em vicariato apostólico em 1843. Em 1881, a Tunísia tornou-se um protetorado francês, e nesse mesmo ano, o arcebispo, depois transformado em cardeal, Charles Lavigerie, de Argel, foi nomeado vigário apostólico. Três anos depois, enquanto mantinha a Sé de Argel, Monsenhor Lavigerie também se tornou arcebispo de Cartago e primaz da África. Grande parte da energia do cardeal Lavigerie durante os últimos oito anos de sua vida foi dedicada à restauração da antiga Sé de Cartago. Além de suprir as necessidades espirituais dos 50.000 europeus que moram na Tunísia, Lavigerie abriu o Colégio de St. Louis para a população muçulmana, confiando-o aos padres brancos.[8] O testemunho católico romano cresceu consideravelmente e um arcebispo de Cartago foi nomeado em 1884.[6]

Independência

[editar | editar código-fonte]
Foto de Túnis em 20 de março de 1956 — dia da independência da Tunísia

A região declarou sua independência da França em 20 de março de 1956, fazendo com que boa parte dos europeus residentes na Tunísia retornassem a seus países de origem, por medo de represálias.[10] Com isso, a vida pública da igreja se tornou mais restrita; os expatriados podiam frequentar as missas sem muita dificuldade, mas os tunisianos que se converteram do islamismo à fé cristã enfrentavam grande oposição.[6] As relações com a metrópole se deterioraram ainda mais no final da década de 1950, resultado de conflitos entre tropas tunisianas e francesas ao longo da fronteira com a Argélia e do bombardeio retaliatório de uma vila tunisiana por aviões militares franceses. A disputa durou até outubro de 1963. Na maior parte, os católicos que permaneceram na Tunísia após a independência viviam nas cidades, fazendo com que as paróquias rurais caíssem em desuso. O número de padres diminuiu proporcionalmente, sendo que parte dos remanescentes eram os padres brancos, cujo centro de estudos árabes (em francês: Institut des Belles Lettres Arabes) era muito apreciado pelos intelectuais muçulmanos por seu espírito penetrante de um conhecimento profundo, amigável e desinteressado do país.[10]

Um acordo de 10 de julho de 1964, concluído entre a Santa Sé e o governo de Habib Bourguiba, alterou radicalmente a situação da Igreja na Tunísia. A Arquidiocese de Cartago foi suprimida e substituída pela Prelatura de Túnis, que foi elevada a diocese em 1995. Apenas sete igrejas, das quais duas localizadas em Túnis, continuaram sendo propriedade da nova prelatura; mais de cem outras, muitas das quais ficaram vacantes, foram entregues, sem compensação, ao estado tunisiano, que as converteu em usos civis. A Catedral de Cartago foi transformada em museu. Somente institutos educacionais e de enfermagem administrados pela Igreja, incluindo o hospital em Túnis, foram autorizados a continuar suas atividades. A constituição declarava o Islã como a religião do Estado, embora a Igreja Católica recebesse um status especial devido ao seu reconhecimento formal pelo governo.[10]

Enquanto o fundamentalismo islâmico começou a ganhar posição na Tunísia no início da década de 1990, o governo respondeu reprimindo todos os militantes muçulmanos.[10]

Igreja de São José, em Houmt Souk

Em 2000, havia 13 paróquias em Túnis, atendidas por 15 sacerdotes seculares e 20 religiosos. A Igreja possuía cinco igrejas e sete centros culturais. Os religiosos incluíam menos de dez irmãos e 175 irmãs, que administravam as oito escolas primárias e cinco secundárias católicas do país, a maioria de seus estudantes muçulmanos. A Igreja na Tunísia incentiva seus fiéis a viver entre a maioria muçulmana em um espírito de serviço desinteressado, dando sua contribuição para criar uma qualidade de vida segura para todos os tunisianos.[10]

A nível da família, os convertidos do islã para o cristianismo geralmente não recebem apoio de seus entes. Há casos de convertidos sendo trancados em casa pela própria família; deixar o islã não é apenas visto como uma traição religiosa, mas como uma traição à família. Enquanto isso, a nível social, militantes islâmicos têm ganhado força, e espalham o medo por todo o país. Convertidos são detidos e interrogados pelas autoridades sobre suas atividades e por portarem literatura cristã; além disso, donos de lojas convertidos são forçados a encerrar seus negócios ou têm suas lojas vandalizadas. E por fim, a nível político, os partidos islâmicos ainda são influentes. Movimentos islâmicos aliados ao crime organizado criam inquietação na sociedade tunisiana e contribuem para o aumento dos já altos níveis de medo entre os cristãos.[6]

Vandalismo a igrejas, casas e comércios de cristãos tem aumentando no país. Um jornalista que investigou a situação dos cristãos tunisianos com profundidade afirmou:[6]

Eles enfrentam discriminação e ameaças que muitas vezes são obscuras e parecem escondidas para o público. Isso afeta a vida cotidiana. Devido a sua identidade cristã, muitos vivem insegurança no emprego, abandono da família, amigos e até cônjuges; eles são vítimas de abuso verbal, mental e físico, e não são dadas oportunidades iguais, sob a lei, para se identificar como cristãos e se casar com quem quiserem.
 
Jornalista que acompanhou a rotina de cristãos tunisianos[6].

Entre 2010 e 2011, todo o mundo árabe foi sacudido por grandes protestos, que, dentre outras pautas, clamavam por mais democracia, e ficaram conhecidos por Primavera Árabe. Tais protestos se iniciaram justamente na Tunísia, e serviram de inspiração para outros países, após ocorrer a derrubada do então presidente tunisiano, Zine el-Abidine Ben Ali, que ocupava o cargo desde 1987. Essa foi a chamada Revolução de Jasmim.[11][12] Uma nova constiuição foi promulgada em 2014, e esta estabelecia o compromisso do povo tunisino "com os ensinamentos do Islão", e tal fé como a religião do Estado. Ainda assim, os católicos a consideram um progresso, já que garante as liberdades religiosa e de consciência, incluindo conversões religiosas, como as que ocorrem do Islã para o Cristianismo, o que seria inconcebível em muitos países islâmicos. Há uma pressão social e oficial cada vez maior a favor de um Islamismo mais conservador, em especial nas pequenas cidades e nas zonas rurais. Apesar de não se registrarem ataques terroristas na Tunísia desde 2015, o histórico cemitério cristão de Sfax foi profanado em fevereiro de 2017.[5]

O acordo de 1964 entre o governo e a Santa Sé ainda permanece em vigor, porém uma fonte anônima deu um entrevista à Fundação ACN, e afirmou que "[O acordo] dá-nos certeza legal, mas também traz restrições. Segundo este modus vivendi, não somos autorizados a fazer expressões públicas da fé católica, como por exemplo procissões ou algo semelhante. No geral, este acordo proíbe qualquer forma de proselitismo". Há Vários indícios que sugerem o governo da Tunísia estaria disposto a dar mais poder aos grupos minoritários, incluindo os não muçulmanos. O Presidente Béji Caïd Essebsi desejava revogar um decreto de 1973 que proíbe as mulheres tunisianas muçulmanas de casarem com homens não muçulmanos. Segundo ele, este é "um obstáculo à liberdade de escolha do cônjuge".[5]

Ainda que haja o crescimento do radicalismo no país, as tensões têm se mantido baixas entre os cristãos em geral e os muçulmanos. O vigário geral da Arquidiocese de Túnis, padre Nicolas Lhernould, deu uma entrevista à Aleteia no dia 31 de janeiro de 2016, e afirmou que no Natal recentemente comemorado, no fim de 2015, "as igrejas estavam repletas", mesmo com um atentado ocorrido no centro da capital, algumas semanas antes. "Muitos amigos tunisianos [presume-se que fossem muçulmanos] vieram por curiosidade, para ver como festejamos o Natal". A Igreja afirma que há obras de caridade desenvolvidas em cooperação com associações muçulmanas, e que nas dez escolas administradas por ela no país, a maioria dos alunos são muçulmanos.[13]

Muitos muçulmanos nos procuraram nas igrejas para pedir perdão. Se essa atitude parece estranha ao ocidente, na Tunísia não o é; a hospitalidade é algo sagrado para o tunisiano – quando se hospeda alguém, assume-se perante Deus a responsabilidade pelo bem-estar daquele hóspede.
 
Padre Nicolas Lhernould, vigário geral da Arquidiocese de Túnis[13].

No dia 9 de fevereiro de 2020, o padre Lhernould foi consagrado bispo na catedral de Túnis, sendo transferido para a Diocese de Constantine, na Argélia. A cerimônia foi realizada com grande pompa por quinze bispos e sessenta padres (vindos também da Argélia e Marrocos), reunindo centenas de fiéis. A grande participação popular deve-se ao fato de que a última ordenação episcopal na Tunísia ocorreu em 1962, seis anos após a independência do país, e realizou-se na catedral de Cartago, que foi profanada e tornou-se um local cultural.[14]

Organização territorial

[editar | editar código-fonte]
A Arquidiocese de Túnis engloba todo o território tunisiano

O catolicismo está presente no país com uma única circunscrição, a Arquidiocese de Túnis. Porém, pela sua rica história de presença cristã na Antiguidade, a Tunísia já teve diversas dioceses, que hoje são chamadas de sés titulares, ou seja, que estão extintas na prática, mas que ainda possuem seu título.[2][15]

Sés titulares

[editar | editar código-fonte]

Pela sua rica história de presença cristã na Antiguidade, a Tunísia já teve diversas dioceses, que hoje são chamadas de sés titulares, ou seja, que estão extintas na prática, mas que ainda possuem seu título. Todas estão listadas abaixo:[2]

  1. Arquidiocese de Cartago
  • 343 sés titulares:
  1. Abaradira
  2. Ábaros
  3. Abir Germaniciana
  4. Abir Maior
  5. Abida
  6. Abitinas
  7. Ábora
  8. Absa Sala
  9. Abtugnos
  10. Abziros
  11. Ácola
  12. África
  13. Afufênia
  14. Agbia
  15. Agar
  16. Agersel
  17. Altiburo
  18. Amedara
  19. Amudarsa
  20. Ancusa
  21. Ápisa Maior
  22. Aptuca
  23. Águas Albas em Bizacena
  24. Águas em Bizacena
  25. Águas em Proconsular
  26. Águas Novas em Proconsular
  27. Águas Régias
  28. Arados
  29. Assuras
  30. Aurusuliana
  31. Ausafa
  32. Dusana
  33. Ausuaga
  34. Autentos
  35. Auzegera
  36. Avensa
  37. Aviocala
  38. Avissa
  39. Avita Biba
  40. Bahana
  41. Bararo
  42. Basilínoplis
  43. Bassiana
  44. Bavagaliana
  45. Belalos
  46. Bencena
  47. Benevento
  48. Benefa
  49. Bilta
  50. Bísica
  51. Bládia
  52. Bonusta
  53. Boseta
  54. Bossa
  55. Botriana
  56. Buleliana
  57. Bula
  58. Bula Régia
  59. Bulna
  60. Bure
  61. Burunos
  62. Buslacena
  63. Cabarsussos
  64. Ceciros
  65. Canápio
  66. Capsa
  67. Carcábia
  68. Cariana
  69. Carpos
  70. Cebarades
  71. Céfala
  72. Celas em Proconsular
  73. Cenas
  74. Cenculiana
  75. Cérbalos
  76. Cercina
  77. Cusira
  78. Cibaliana
  79. Cilíbia
  80. Cílio
  81. Cincaros
  82. Císsita
  83. Clípia
  84. Crepédula
  85. Crésima
  86. Cúbda
  87. Cúfruta
  88. Cúlusos
  89. Cúrubis
  90. Decoriana
  91. Dices
  92. Dionisiana
  93. Druas
  94. Drusiliana
  95. Dura
  96. Edisciana
  97. Egnácia
  98. Eguga
  99. Elefantária em Proconsular
  100. Élias
  101. Escebaciana
  102. Febiana
  103. Férados Maior
  104. Férados Menor
  105. Fílaca
  106. Fissiana
  107. Foraciana
  108. Forontoniana
  109. Furnos Maior
  110. Furnos Menor
  111. Gaguaros
  112. Garriana
  113. Gêmelas em Bizacena
  114. Germaniciana
  115. Girba
  116. Gísipa
  117. Giufos
  118. Giufos Salária
  119. Gor
  120. Graciana
  121. Gubaliana
  122. Gumos em Bizacena
  123. Gumos em Proconsular
  124. Gunela
  125. Gurza
  126. Hadrumeto
  127. Hermiana
  128. Hierpiniana
  129. Hilta
  130. Hipo Diarrito
  131. Hirina
  132. Hórrea Célia
  133. Horta
  134. Jubalciana
  135. Junca em Bizacena
  136. Lacubaza
  137. Lápda
  138. Lares
  139. Leptímino
  140. Libertina
  141. Limisa
  142. Luperciana
  143. Macon
  144. Macriana Maior
  145. Macriana Menor
  146. Mactaris
  147. Madarsuma
  148. Maraguia
  149. Marazanas
  150. Marazanas Régias
  151. Marceliana
  152. Masclianas
  153. Matara em Proconsular
  154. Materiana
  155. Maciana
  156. Maximiana em Bizacena
  157. Máxula Prates
  158. Medelos
  159. Mediana
  160. Megalópolis em Proconsular
  161. Melzos
  162. Membressa
  163. Menefessos
  164. Mibiarca
  165. Midica
  166. Mididos
  167. Migirpa
  168. Mimiana
  169. Missua
  170. Mizigos
  171. Mozotcoros
  172. Mulos
  173. Munaciana
  174. Mustos
  175. Múcia
  176. Muzuca em Bizacena
  177. Muzuca em Proconsular
  178. Nara
  179. Naragara
  180. Naciona
  181. Neápolis em Proconsular
  182. Nepte
  183. Nova
  184. Nunlulos
  185. Oba
  186. Octaba
  187. Octábia
  188. Pária em Proconsolar
  189. Pederodiana
  190. Pértusa
  191. Pia
  192. Písita
  193. Precausa
  194. Presídio
  195. Pupiana
  196. Pupos
  197. Púcia em Bizacena
  198. Questoriana
  199. Rucuma
  200. Rufiniana
  201. Ruspe
  202. Rusuca
  203. Saia Maior
  204. Sassura
  205. Escílio
  206. Sebarga
  207. Segermes
  208. Selenselas
  209. Selendeta
  210. Semina
  211. Senta
  212. Septimunícia
  213. Serra
  214. Severiana
  215. Sica Venéria
  216. Sicena
  217. Siciliba
  218. Simidica
  219. Simingos
  220. Siminina
  221. Simitu
  222. Sina
  223. Sinuara
  224. Suas
  225. Súcuba
  226. Sufes
  227. Sufétula
  228. Suliana
  229. Sulecto
  230. Silulos
  231. Sutunurca
  232. Tabalta
  233. Tábora
  234. Tácia Montana
  235. Tádua
  236. Tagarata
  237. Tagárbala
  238. Tagária
  239. Tagase
  240. Talaptula
  241. Tamaluma
  242. Tamata
  243. Tamazenos
  244. Tambeas
  245. Tanudaia
  246. Taparura
  247. Taraqua
  248. Tarasa em Bizacena
  249. Teglata em Proconsular
  250. Tela
  251. Temuniana
  252. Tepelta
  253. Tetcos
  254. Tabraca
  255. Tagamuta
  256. Tala
  257. Tapso
  258. Tasbalta
  259. Telepte
  260. Tenas
  261. Têudalis
  262. Teuzos
  263. Tíbaris
  264. Tibica
  265. Tibiuca
  266. Tiges
  267. Tignica
  268. Tímida
  269. Tímida Régia
  270. Tisíduo
  271. Tizica
  272. Tuburbo Maior
  273. Tuburbo Menor
  274. Tubúrnica
  275. Tubúrsico-Bure
  276. Tuca Terebentina
  277. Tucabora
  278. Tuga
  279. Tunigaba
  280. Tunudruma
  281. Tunusuda
  282. Tisdro
  283. Tígias
  284. Tigima
  285. Tíguala
  286. Tinisa em Proconsular
  287. Tisilos
  288. Títulos em Proconsular
  289. Trisipa
  290. Trofimiana
  291. Tubernuca
  292. Tubulbaca
  293. Tubiza
  294. Tulana
  295. Túnis
  296. Tununa
  297. Túrris em Bizacena
  298. Túrris em Proconsular
  299. Túrris Tamâlenos
  300. Turrisblanda
  301. Turuzos
  302. Tusuro
  303. Úcula
  304. Uquos Maior
  305. Ucres
  306. Ululos
  307. Unizibira
  308. Upena
  309. Urusos
  310. Úsula
  311. Utina
  312. Útica
  313. Útima
  314. Utimira
  315. Uzalis
  316. Uziparos
  317. Uzita
  318. Vaga
  319. Valentiniana
  320. Vális
  321. Vartana
  322. Vassinassa
  323. Vazaros
  324. Vazaros-Dida
  325. Vazos-Sarra
  326. Vegesela em Bizacena
  327. Vertara
  328. Vibiana
  329. Victoriana
  330. Vico de Atério
  331. Vico de Augusto
  332. Vico Túrris
  333. Vilamagna em Proconsular
  334. Vina
  335. Vinda
  336. Vita
  337. Volos
  338. Zama Maior
  339. Zama Menor
  340. Zarna
  341. Zela
  342. Zica
  343. Zuros

Conferência Episcopal

[editar | editar código-fonte]

A reunião dos bispos tunisianos, além dos bispos da Argélia, Líbia, Marrocos e Saara Ocidental forma a Conferência Episcopal Regional do Norte da África, que foi criada em 1966.[3]

Nunciatura Apostólica

[editar | editar código-fonte]

A Nunciatura Apostólica da Tunísia foi criada em 1972.[4]

Visitas papais

[editar | editar código-fonte]

O país foi visitado pelo Papa São João Paulo II no dia 14 de abril de 1996.[16][17] Em seu discurso às autoridades políticas e religiosas, ele afirmou sobre a Igreja Católica tunisiana:[18]

Devo confessar que me emocionei ao vir para este país que evoca páginas gloriosas da história do cristianismo. Quem poderia esquecer os nomes de Cipriano, Tertuliano e Agostinho? Lembrei-me deles nesta manhã, orando com a comunidade cristã. Mas como não mencionar também, com admiração, a contribuição da civilização árabe e o papel de seus pensadores, especialmente na transmissão das ciências, ou também os escritos do grande filósofo tunisiano ibne Caldune, pioneiro no campo da reflexão histórica e sociológico?
 
Papa São João Paulo II em discurso a autoridades tunisianas[18].

Referências

  1. a b «Tunisia». Pew Forum. Consultado em 30 de abril de 2020 
  2. a b c d e f «Catholic Dioceses in Tunisia». GCatholic. Consultado em 30 de abril de 2020 
  3. a b «Conférence Episcopale Régionale du Nord de l'Afrique». GCatholic. Consultado em 30 de abril de 2020 
  4. a b «Apostolic Nunciature - Tunisia». GCatholic. Consultado em 30 de abril de 2020 
  5. a b c «Tunísia». Fundação ACN. Consultado em 30 de abril de 2020 
  6. a b c d e f g h i «Tunísia». Portas Abertas. Consultado em 6 de maio de 2020 
  7. a b c d e f g «Carthage». Encyclopedia. Consultado em 8 de maio de 2020 
  8. a b c d e f g h i j k l «NORTH AFRICA, EARLY CHURCH IN». Encyclopedia.com. Consultado em 14 de maio de 2020 
  9. Padre Paulo Ricardo (12 de setembro de 2013). «O que é o pelagianismo?». Padre Paulo Ricardo. Consultado em 11 de maio de 2020 
  10. a b c d e «TUNISIA, THE CATHOLIC CHURCH IN». Encyclopedia.com. Consultado em 17 de maio de 2020 
  11. Acil Tabbara (9 de março de 2011). «Revolução de Jasmim ganha adeptos no mundo árabe». Exame. Consultado em 17 de maio de 2020 
  12. «Ex-presidente da Tunísia Ben Ali morre na Arábia Saudita». G1. 19 de setembro de 2019. Consultado em 17 de maio de 2020 
  13. a b Marinella Bandini (31 de janeiro de 2016). «Tunísia: o coração da Igreja no ritmo do povo». Aleteia. Consultado em 17 de maio de 2020 
  14. «Centenas de fiéis celebram primeira ordenação de um bispo católico na Tunísia em 60 anos». Diário do Minho. 9 de fevereiro de 2020. Consultado em 17 de maio de 2020 
  15. «Catholic Dioceses in Tunisia». Catholic-Hierarchy. Consultado em 30 de abril de 2020 
  16. «Special Celebrations in a.d. 1996». GCatholic. Consultado em 30 de abril de 2020 
  17. «Viagem Apostólica à Tunísia». Vatican.va. Consultado em 30 de abril de 2020 
  18. a b Papa São João Paulo II (14 de abril de 1996). «Discurso do Santo Padre João Paulo II ao Presidente da República e aos representantes do mundo político, cultural e religioso». Vatican.va. Consultado em 30 de abril de 2020 
  19. «Santo Aurélio». Canção Nova. Consultado em 1 de maio de 2020 
  20. «Santos Armogastes e Saturo». Editora Cléofas. 29 de março de 2020. Consultado em 2 de maio de 2020 
  21. a b c d e f g Domenico Ambrasi (1 de fevereiro de 2001). «Santi Dionisia, Dativa, Leonzia, Terzo, Emiliano, Bonifacio, Maiorico e Servo Martiri». Santi e beati. Consultado em 2 de maio de 2020 
  22. «Cecilio, Santo». Catholic.net. 1 de fevereiro de 2020. Consultado em 2 de maio de 2020 
  23. «St. Cucuphas». Catholic.org. Consultado em 2 de maio de 2020 
  24. a b c d e f g «Saints and Blesseds of Tunisia». GCatholic. Consultado em 4 de maio de 2020 
  25. «AFRICAN SAINTS: ST DEOGRATIAS OF CARTHAGE». The Mouthh of a Labyrinth. Consultado em 2 de maio de 2020 
  26. «30 de Julho: Santos Silas, Silvano, Crescêncio, Epêneto e Andrônico, apóstolos dos 70 (séc. I)». Ecclesia. 1 de julho de 2018. Consultado em 2 de maio de 2020 
  27. «Santo do dia: Santo Eugênio e Santo Henrique 13/07». Rede Século 21. Consultado em 2 de maio de 2020 
  28. «Saint Felix of Hadrumetum». CatholicSaints.Info. 19 de fevereiro de 2017. Consultado em 4 de maio de 2020 
  29. «Saint Felix of Thibiuca». CatholicSaints.Info. 19 de fevereiro de 2017. Consultado em 4 de maio de 2020 
  30. «São Fulgêncio – bispo». Paulus. Consultado em 1 de maio de 2020 
  31. «San Gaudioso di Abitine». Santi e Beati. Consultado em 4 de maio de 2020 
  32. «Santa Júlia». Arquidiocese de São Paulo. 22 de maio de 2019. Consultado em 4 de maio de 2020 
  33. «HISTÓRIA DE SÃO MARCELINO DE CARTAGO». Cruz Terra Santa. Consultado em 4 de maio de 2020 
  34. «Santi Saturnino e compagni - Martiri di Abitene». Santi e Beati. Consultado em 4 de maio de 2020 
  35. O conteúdo deste artigo incorpora material da Enciclopédia Católica de 1913, que se encontra no domínio público.
  36. Felipe Padilla Cardona (24 de agosto de 2019). «Los Mártires de Útica». Diocese de Ciudad Obregon. Consultado em 4 de maio de 2020 
  37. Antonio Francisco de Zafra (1674). Martirologio de Roma. [S.l.: s.n.] 480 páginas 
  38. «St. Restituta». Catholic.org. Consultado em 4 de maio de 2020 
  39. «St. Valerian of Abbenza». Catholic.org. Consultado em 4 de maio de 2020