Gender Trouble
Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity | |
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Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade | |
Autor(es) | Judith Butler |
Idioma | inglês |
País | Estados Unidos |
Assunto | Filosofia, teoria feminista, teoria queer |
Editora | Routledge |
Lançamento | 1990 |
Páginas | 272 |
Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity ou Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade, no Brasil e em Portugal, é um livro de teoria feminista de 1990 da filósofa estadunidense Judith Butler. Esta obra teve grande impacto nos estudos e nos movimentos feministas e LGBTQIA+ e teve grande popularidade fora dos círculos acadêmicos tradicionais. As ideias de Butler sobre gênero passaram a ser vistas como fundamentais para esses ramos de estudo, inclusive sendo considerado o livro que fundou a teoria queer.[1][2]
Conteúdo
[editar | editar código-fonte]Gender Trouble é centrado em uma teoria crítica que questionava a hipótese básica principal das teorias feministas da época: a de que existe uma identidade pré-definida de mulher e essa identidade é o sujeito principal do feminismo. Butler provocou os conceitos de gênero em perguntas como: o que é ser homem e o que é ser mulher?; o que faz um homem ser homem e o que faz de uma mulher uma mulher?. Ela também desmonta a distinção entre gênero/sexo na qual as teorias vigentes se baseavam, onde o gênero era visto como construção social, mas o sexo como um dado naturalmente adquirido, para desmontar a naturalização do feminino como algo frágil ou submisso. Butler argumentou que não é a biologia, mas a cultura determina a identidade de um sujeito, de maneira que o sexo não determina o gênero de uma pessoa mas sim a sociedade quando atribui uma relação entre um e outro.[3][4]
Gênero portanto é trabalhado por Butler ao longo do livro sob o conceito de performatividade, que relaciona a maneira como experienciamos gênero semelhante a uma performance.[1]
A obra dialoga com a filosofia feminista de Simone de Beauvoir, Monique Wittig e Luce Irigaray, além de Friedrich Nietzsche, Jaques Derrida e Michel Foucault.
História de publicação
[editar | editar código-fonte]Gender Trouble foi publicado pela primeira vez nos Estados Unidos pela Routledge em 1990, tendo segunda edição no mesmo ano, e reedição em 2006 pela Routledge Classics.[1]
No Brasil, ele foi o primeiro livro de Butler publicado no país, em 2003 pela editora Civilização Brasileira. Sua publicação foi iniciativa do psicanalista Joel Birman, coordenador da coleção “Sujeito e História” em que o livro foi editado, impulsionando um significativo diálogo com a teoria psicanalítica.[4][5]
Em Portugal, foi publicado pela primeira vez em 2017 pela editora Orfeu Negro.[6]
Recepção
[editar | editar código-fonte]Gender Trouble foi objeto de recensão por Shane Phelan em Women & Politics.[7] O trabalho gozou de ampla popularidade fora dos círculos académicos tradicionais, inspirando até um fanzine intelectual, Judy! [8] Judith Butler, no prefácio à segunda edição do livro, escreve que ficou surpreendida com a audiência do seu livro e com o prestígio que ganhou como texto fundador da teoria queer.[1] Anthony Elliott escreve que, com a publicação de Gender Trouble, Butler colocou-se na vanguarda do feminismo, dos estudos femininos, dos estudos lésbicos e gays e da teoria queer. De acordo com Elliott, a ideia central exposta em Gender Trouble, de que o "género é uma espécie de performance improvisada, uma forma de teatralidade que constitui um sentido de identidade", passou a ser vista como "fundacional para o projeto da teoria queer e para o avanço das práticas sexuais dissidentes durante os anos 1990." [9]
Em 23 de novembro de 2018, o dramaturgo Jordan Tannahill leu Gender Trouble na íntegra no exterior do Parlamento Húngaro, em protesto contra a decisão do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, de revogar o credenciamento e o financiamento de programas de estudos de género no país.[10][11]
Crítica
[editar | editar código-fonte]Veja a página de Judith Butler para as críticas a Gender Trouble de Susan Bordo (gênero como linguagem; evasão do corpo); Martha Nussbaum (elitismo; agência pré-cultural; justiça social); Nancy Fraser (idioma de auto-distanciamento); Alice Schwarzer (jogos intelectuais).
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d Butler, Judith (2007). Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. [S.l.]: Routledge. ISBN 978-0-415-38955-6
- ↑ «Mulheres na Filosofia - Judith Butler». Site da UNICAMP. Consultado em 30 de novembro de 2021
- ↑ Rodrigues, Carla (abril de 2005). «Butler e a desconstrução do gênero». Revista Estudos Feministas: 179–183. ISSN 0104-026X. doi:10.1590/S0104-026X2005000100012. Consultado em 30 de novembro de 2021
- ↑ a b «Problemas de gênero». Grupo Editorial Record. Consultado em 30 de novembro de 2021
- ↑ «Duas vezes Judith Butler no Brasil, por Carla Rodrigues / Blog do IMS». Blog do IMS. 30 de outubro de 2017. Consultado em 29 de novembro de 2021
- ↑ Orfeu Negro. «Problemas de Género: Feminismo e Subversão da Identidade». Consultado em 16 de abril de 2021
- ↑ Phelan, Shane (1992). «Forms of Desire: Sexual Orientation and the Social Constructionist Controversy/Gender Trouble: Feminism and she Subversion of Identity/The Social Construction of Lesbianism». Journal of Women, Politics & Policy. 12: 73–78
- ↑ MacFarquhar, Larissa, "Putting the Camp Back into Campus," Lingua Franca (September/October 1993); see also Judith Butler, "Decamping," Lingua Franca (November–December 1993).
- ↑ Elliott, Anthony (2002). Psychoanalytic Theory: An Introduction. [S.l.]: Palgrave. ISBN 0-333-91912-2
- ↑ "No problem: a Canadian writer protested against the abolition of gender studies at Parliament". Merce, November 24, 2018.
- ↑ "On a Friday for seven hours, a Canadian writer in Parliament was reading one of the most well-known books of gender studies". 444, November 24, 2018.