Fundo Amazônia
Tipo | Fundo de investimento não reembolsável |
Fundação | 2008 |
Propósito | Preservação e restauração ambiental e combate ao desmatamento em regiões tropicais |
Área de influência | América Latina |
Sítio oficial | https://www.fundoamazonia.gov.br/pt/home/ |
O Fundo Amazônia[1] foi criado em 1º de agosto de 2008 com o Decreto Nº 6.527.[2][3] Seu objetivo é atrair doações para
investimentos em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e uso sustentável da floresta amazônica. Adicionalmente, o fundo apoia o desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do desmatamento no restante do Brasil e em outros países tropicais.[4]
O fundo é utilizado em diversas áreas, entre elas a gestão de florestas públicas e áreas protegidas, controle, monitoramento e fiscalização ambiental, manejo florestal sustentável, atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da floresta, zoneamento ecológico e econômico, ordenamento e regularização fundiária, conservação e uso sustentável da biodiversidade e recuperação de áreas desmatadas. Os projetos apoiados pelo fundo devem estar alinhados às políticas públicas aplicáveis e às diretrizes e critérios, além de demonstrar sua contribuição direta ou indireta para a redução do desmatamento e da degradação florestal. As ações previstas nos projetos devem ser coerentes com o objetivo proposto, com o orçamento e com o cronograma de sua execução.[5] A elegibilidade para acesso ao Fundo Amazônia é determinada com base no cumprimento de diversos planos e critérios, entre eles o PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal), a ENREDD+ (Estratégia Nacional para REDD+), os planos estaduais de prevenção e combate ao desmatamento e as Políticas Operacionais do BNDES. Os projetos elegíveis para financiamento devem contribuir direta ou indiretamente para a redução do desmatamento na Amazônia. Vários tipos de entidades podem submeter projetos para financiamento, incluindo órgãos da administração pública, ONGs, empresas privadas, cooperativas e instituições de pesquisa.[6]
Até 2018, o fundo recebeu R$ 3,4 bilhões em doações, sendo a maior parte vinda da Noruega, seguida pela Alemanha e Petrobras.[7] Desde 2023, vários países anunciaram contribuições ao fundo ou interesse em contribuir, incluindo Alemanha, Noruega, Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Dinamarca, França, Espanha, Japão e outros.
Em 2024, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atingiu a marca de R$ 882 milhões em aprovações de projetos do Fundo Amazônia este ano. O valor é superior ao recorde anterior, alcançado em 2023, de R$ 553 milhões.[8]
História
[editar | editar código-fonte]O Fundo Amazônia, criado em 2008 e operacional desde 2009, foi criado principalmente para incentivar o Brasil e outros países em desenvolvimento com florestas tropicais a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a degradação florestal. A iniciativa foi proposta pelo Brasil durante a 12ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) em Nairóbi, Quênia, em 2008. O estabelecimento do fundo ocorreu depois do compromisso do Brasil de reduzir significativamente o desmatamento no bioma Amazônia na próxima década.[9]
Desde sua criação, o Fundo apoiou mais de 100 projetos relacionados à gestão de florestas públicas e áreas protegidas, controle ambiental, monitoramento e fiscalização, manejo florestal sustentável, atividades econômicas criadas com uso sustentável da vegetação, zoneamento ecológico e econômico, arranjo territorial e regulamentação agrícola, preservação e sustentabilidade, exploração da biodiversidade e recuperação de áreas desmatadas.[10]
Em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles propôs alterações na estrutura do Fundo Amazônia, citando irregularidades em sua gestão. Ele sugeriu que os recursos do fundo deveriam ser usados para compensar as desapropriações de terras em áreas de conservação dentro da floresta amazônica.[11] Instituições do terceiro setor,[12] juntamente com a Alemanha e a Noruega, se opuseram a essas mudanças.[13] Eles argumentaram que as auditorias não identificaram nenhuma irregularidade na gestão do fundo ou no monitoramento dos impactos do desmatamento. Eles declararam que 'aumentar a eficiência, o impacto e a transparência do fundo' deveria ser buscado 'dentro da estrutura de governança existente'.[13]
Também em 2019, a ministra do meio ambiente alemã, Svenja Schulze, anunciou que, devido ao aumento do desmatamento na região amazônica e às preocupações com o governo Jair Bolsonaro,[14] a Alemanha suspenderia os investimentos de R$ 155 milhões no Fundo Amazônia.[15] Em 15 de agosto de 2019, a Noruega decidiu suspender o repasse de R$ 133 milhões para o Fundo Amazônia.[16]
Um dia após a posse de Luis Inácio "Lula" da Silva, a Noruega anunciou que retomaria o financiamento do Fundo Amazônia.[17] Em 2023, vários países anunciaram contribuições ao fundo ou interesse em contribuir, incluindo Alemanha, Noruega, Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Dinamarca, França, Espanha e outros. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, demonstrou a intenção de investir 50 milhões de dólares no fundo para promover "questões climáticas e combate ao desmatamento" sem compromisso com o garimpo legal(previsto na constituição do país) e o desenvolvimento da região em benefício dos Ianomâmis.[18]
Um levantamento do portal de noticias G1 aponta que o fundo investiu apenas 11% dos R$ 643 milhões que recebeu em 2024, o equivalente a R$ 73 milhões investidos. Em nota, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disse que doações ao fundo não necessariamente são empenhadas no mesmo ano, visto que os projetos precisam ser aprovados para, só então, receberem o repasse.[19]
Governança
[editar | editar código-fonte]O Fundo Amazônia contava com um Comitê Orientador - COFA, com a atribuição de determinar suas diretrizes e acompanhar os resultados obtidos; e com um Comitê Técnico - CTFA, nomeado pelo Ministério do Meio Ambiente, cujo papel era atestar as emissões oriundas de desmatamentos na Amazônia.
O Decreto nº 9.759, de 11 de abril de 2019, promoveu a extinção de diversos colegiados da administração pública federal, inclusive o COFA e o CTFA. Em 1º de janeiro de 2023, a estrutura anterior foi reativada.[20]
A partir da instituição da Comissão Nacional para REDD+ (CONAREDD+), responsável pela implementação da Estratégia Nacional para Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa Provenientes do Desmatamento e da Degradação Florestal, Conservação dos Estoques de Carbono Florestal, Manejo Sustentável de Florestas e Aumento de Estoques de Carbono Florestal (ENREDD+), uma nova instância de governança do tema foi criada. Dentro dela, o Fundo Amazônia já foi designado elegível para acesso a pagamentos por resultados da Redução de Emissões provenientes do Desmatamento e da Degradação Florestal (REDD+) alcançados pelo país e reconhecidos pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Desmatamento da Floresta Amazônica
- The Great Global Warming Swindle
- Beyond Citizen Kane
- Greta Thunberg
- Desenvolvimentismo
Referências
- ↑ «Home». www.fundoamazonia.gov.br. Consultado em 2 de julho de 2021
- ↑ «Quase 60% dos recursos do Fundo Amazônia são destinados a instituições do governo». G1. Consultado em 18 de julho de 2019
- ↑ «Ministro do Meio Ambiente e embaixadores admitem hipótese de extinção do Fundo Amazônia». G1. 3 de julho de 2019. Consultado em 18 de julho de 2019
- ↑ «O que é o Fundo Amazônia? Como ele funciona?». BNDES. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Publicações». www.fundoamazonia.gov.br. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Amazon Fund - Climate Funds Update» (em inglês). 14 de novembro de 2018. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Fundo Amazônia: Entenda o que é e de onde vem a verba utilizada». Migalhas. 3 de novembro de 2022. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Com R$ 882 milhões, Fundo Amazônia atinge recorde histórico de aprovações este ano». BNDES. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ Documento de Projeto do Fundo Amazônia (PDF). [S.l.]: BNDES
- ↑ «Home». www.fundoamazonia.gov.br. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Governo estuda usar Fundo Amazônia para indenizar desapropriações de terra». G1. 25 de maio de 2019. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Ministro do Meio Ambiente e embaixadores admitem hipótese de extinção do Fundo Amazônia». G1. 3 de julho de 2019. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ a b «Alemanha e Noruega rejeitam mudanças no Fundo Amazônia – DW – 11/06/2019». dw.com. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Desmatamento em áreas protegidas da Amazônia aumenta em maio, diz Inpe». G1. 23 de maio de 2019. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Ministério alemão diz que vai suspender investimento de R$ 155 milhões na Amazônia». G1. 10 de agosto de 2019. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Noruega suspende repasses de R$ 133 milhões para o Fundo Amazônia». G1. 16 de agosto de 2019. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «O Fundo Amazônia é reativado». Norgesportalen. 2 de janeiro de 2023. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Agenda ambiental deve estar no centro das discussões sobre investimentos entre Brasil e EUA». G1. 26 de fevereiro de 2023. Consultado em 26 de fevereiro de 2023
- ↑ «Fundo Amazônia recebeu R$ 643 milhões em 2024, mas apenas 11% foram repassados para projetos». G1. 10 de outubro de 2024. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Governança». www.fundoamazonia.gov.br. Consultado em 7 de novembro de 2024