Eva Sopher
Eva Sopher | |
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Nascimento | 18 de junho de 1923 Frankfurt, Alemanha |
Morte | 7 de fevereiro de 2018 (94 anos) Porto Alegre, Brasil |
Nacionalidade | brasileira (desde 1950) |
Ocupação | Empreendedora cultural, servidora pública aposentada |
Eva Sopher (Frankfurt am Main, 18 de junho de 1923 - Porto Alegre, 7 de fevereiro de 2018) foi uma empreendedora cultural teuto-brasileira. Tornou-se conhecida por seu trabalho bem-sucedido para a recuperação do Theatro São Pedro, um dos marcos mais importantes da cidade de Porto Alegre, após um longo período de decadência.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascimento e migração para o Brasil
[editar | editar código-fonte]Nascida Eva Margarete Plaut em Frankfurt am Main, Eva teve berço em uma família de origem judaica. Em 1936, aos treze anos de idade, emigra para o Brasil em razão da perseguição nazista.[1]
Ligou-se ao grupo Pro Arte de Theodor Heuberger, no Rio de Janeiro, e depois se fixou em São Paulo, onde estudou arte, desenho e escultura no Instituto Mackenzie.
Em 1950, ela adquiriu nacionalidade brasileira e, em 1960, transferiu-se para Porto Alegre, já estando casada com Wolfgang Klaus Sopher, também imigrante alemão.[2]
Vida em Porto Alegre
[editar | editar código-fonte]Em Porto Alegre, Eva reativou o Pro Arte a pedido de Heuberger, organizando concertos, espetáculos de teatro e apresentações de grandes orquestras ao longo de mais de duas décadas. Durante sua atuação, trouxe a cidade artistas como Jean-Pierre Rampal, Pierre Fournier, Narciso Yepes, Mauricio Kagel, o grupo I Musici, a Orquestra de Câmara de Jean François Paillard, Sir John Barbirolli e a Orquestra Hallé, a Orquestra de Câmara de Moscou e a aclamada Orquestra Sinfônica de Israel em 1972, regida pelo renomado maestro Zubin Mehta. Sua casa se tornou um ponto de reunião de intelectuais gaúchos.
Direção do Teatro São Pedro
[editar | editar código-fonte]Em 1975 assumiu a direção do Theatro São Pedro, para gerenciar as obras de sua restauração. Durante o processo, foi criada a Fundação Theatro São Pedro, possibilitando a arrecadação de empresas privadas para o desenvolvimento das obras e finalização do projeto.
Com a criação da fundação, em 18 de março de 1982, Eva foi nomeada presidente da instituição pelo Governador do Estado, posto que iria ocupar até o final de sua vida.[3][4][5]
Em 1984, o teatro foi finalmente reaberto, tornando-se uma das casas de espetáculo de melhor estrutura no Brasil, sendo reconhecida por atores que trazem peças do Rio de Janeiro e São Paulo para a capital gaúcha.[4]
Intimamente ligada ao teatro, Eva estava sempre presente em noites de apresentação, recepcionando os espectadores na porta da plateia. Sua atuação também angariou admiração de artistas e demais pessoas ligadas às artes. Não raro, eram dedicadas palavras de carinho a "Dona Eva", ao final dos espetáculos.[1]
Em 1991 há uma tentativa de afastá-la da liderança da instituição, o que mobilizou uma legião de admiradores, comandada pela Cia. de Ópera Seca, de Gerald Thomas, com a atriz Bete Coelho à frente. De mãos dadas, representantes da Cultura formaram uma corrente ao redor do teatro para protestar contra o afastamento.[1]
Em 2003 são iniciadas as obras do ambicioso projeto Multipalco, um complexo cultural anexo ao teatro com diversas instalações incluindo uma concha acústica, um novo teatro, um teatro-oficina, salas de ensaio, restaurante e estacionamento. A previsão de inauguração seria em 2006, mas as dificuldades de captação de verba e entraves burocráticos atrasaram a obra que em 2018 ainda não estava pronta. Partes do projeto foram inauguradas aos poucos, com o estacionamento, as salas administrativas e de oficinas, o restaurante e a Sala da Música em funcionamento.[1]
Conhecida pela comunidade gaúcha como a "Guardiã do Theatro São Pedro", Eva contou no prefácio do catálogo “Theatro São Pedro: 150 anos – Porto Alegre”, sobre seu amor pela instituição:
“Eu amo o Theatro São Pedro. Amo este espaço cênico. Foi amor à primeira vista, apesar da condição precária em que o vi pela primeira vez, em 1960. Em 1975, quando fui convidada para coordenar sua restauração, primeiramente recusei – estava demasiado envolvida com outros projetos culturais. Mas meu esposo Wolf convenceu-me com o alerta de que eles então certamente demoliriam o São Pedro, assim como haviam feito com o teatro do outro lado da rua. Neste ponto eu aceitei a tarefa de adotar aquele ‘templo secular’ como parte de minha vida.”[6]
Últimos dias
[editar | editar código-fonte]Em setembro de 2016, Dona Eva é internada após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), deixando-a com a saúde frágil, o que leva ao seu afastamento das atividades da Fundação Teatro São Pedro. [6]
Em 7 de fevereiro de 2018, Eva é conduzida ao Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre, onde vem a falecer, depois de uma crise respiratória.[1]
Homenagens e legado
[editar | editar código-fonte]Elogiada pelo Jornal do Comércio como "uma das mais emblemáticas personalidades da cultura no Rio Grande do Sul",[2] Eva Sopher foi homenageada diversas vezes por seu trabalho cultural, destacando-se o recebimento da Medalha do Mérito Farroupilha, a maior honra concedida pelo Legislativo gaúcho,[7] o prêmio Personalidade Top Ser Humano 2008 da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional Rio Grande do Sul, uma das premiações mais cobiçadas do país na área de Recursos Humanos,[8] o Diploma Bertha Lutz do Senado do Brasil, que homenageia "mulheres que tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher e questões do gênero",[9] o Prêmio Joaquim Felizardo, da Prefeitura de Porto Alegre, destacando sua carreira como mecenas da cultura,[10] os títulos de Personalidade do Ano de Porto Alegre e Cidadã Honorária do Estado do Rio Grande do Sul, a Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha (Primeira Classe), a Ordem das Artes e das Letras da França e o Prêmio Preservação da Memória do Brasil.[3] Também foi patrona do festival Porto Alegre em Cena de 2006.[11]
Em 2015 recebeu a Medalha Goethe (Goethe-Medaille) do Instituto Goethe na Alemanha pelo seu trabalho como presidente do Theatro São Pedro onde, segundo a justificativa do prêmio, "deu uma contribuição fundamental para a paisagem cultural de Porto Alegre com seu engajamento apaixonado pelas artes performáticas", e criou "um local de encontro internacional para artistas de todos os estilos".[12]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e «Eva Sopher, guardiã do Theatro São Pedro, morre aos 94 anos». GaúchaZH. 7 de fevereiro de 2018. Consultado em 17 de fevereiro de 2018
- ↑ a b "Eva Sopher morre em Porto Alegre aos 94 anos". Jornal do Comércio, 07/02/2018
- ↑ a b "Morre Eva Sopher, presidente da Fundação Theatro São Pedro". Correio do Povo, 07/02/2018
- ↑ a b «Em foco: Eva Sopher». Jornal do Comércio. 85 (177). Porto Alegre. 8 de fevereiro de 2018. p. 28
- ↑ Fundação Theatro São Pedro. «História - Theatro São Paulo». Consultado em 17 de fevereiro de 2018
- ↑ a b «Morre dona Eva Sopher, guardiã do Theatro São Pedro». Rádio Guaíba. 7 de fevereiro de 2018. Consultado em 17 de fevereiro de 2018
- ↑ Gama Neto, Hélio. "Aos 80 anos, Eva Sopher recebe honraria máxima do Parlamento gaúcho". Agência de Notícias da Assembléia Legislativa do RS, 18/06/2003
- ↑ "Eva Sopher é escolhida Personalidade Top Ser Humano 2008 da ABRH-RS". Sala de Imprensa da Associação Brasileira de Recursos Humanos - ABRH-RS, 02/09/2008
- ↑ "Mais de 50 mulheres já receberam o Diploma Bertha Lutz". Senado Notícias
- ↑ "VI Prêmio Joaquim Felizardo destacou carreiras dedicadas a cultura na cidade". Prefeitura de Porto Alegre, 2012
- ↑ "12º Porto Alegre em Cena homenageia Eva Sopher". Coordenação de Comunicação Social da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 10/9/2009
- ↑ "Eva Sopher". Goethe-Institut
- Nascidos em 1923
- Mortos em 2018
- Alemães expatriados no Brasil
- Naturais de Frankfurt am Main
- Judeus brasileiros naturalizados
- Brasileiros de ascendência alemã
- Prêmio Açorianos
- Agraciadas com o Diploma Bertha Lutz
- Agraciados com a Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha
- Ordem das Artes e Letras
- Agraciados com a Ordem do Mérito Cultural
- Música de Porto Alegre
- Teatro do Rio Grande do Sul