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Estação Ferroviária de Olhão

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Olhão
Estação Ferroviária de Olhão
a estação de Olhão, em 2010
Identificação: 73106 OLH (Olhão)[1]
Denominação: Estação de Olhão
Administração: Infraestruturas de Portugal (sul)[2]
Classificação: E (estação)[1]
Tipologia: C [2]
Linha(s): Linha do Algarve (PK 349+951)
Altitude: 10 m (a.n.m)
Coordenadas: 37°1′49.01″N × 7°50′23.42″W

(=+37.03028;−7.83984)

Mapa

(mais mapas: 37° 01′ 49,01″ N, 7° 50′ 23,42″ O; IGeoE)
Município: OlhãoOlhão
Serviços:
Estação anterior Comboios de Portugal Comboios de Portugal Estação seguinte
Fuseta-A
V.Real S.Ant
  R   Bom João
Faro

Conexões:
Ligação a autocarros
Ligação a autocarros
62 63 66 67 68 69 101 102
Serviço de táxis
Serviço de táxis
OLH
Equipamentos: Bilheteiras e/ou máquinas de venda de bilhetes Lavabos Bar ou cafetaria Acesso para pessoas de mobilidade reduzida Posto de informações Sala de espera Telefones públicos
Endereço:
  • Av. Combatentes da Grande Guerra, s/n
    PT-8700-440 Olhão
  • Rua da Estação, s/n
    PT-8700-366 Olhão
Inauguração: 15 de maio de 1904 (há 120 anos)
Website:
 Nota: Para outras interfaces ferroviárias com nomes semelhantes ou relacionados, veja Estação Ferroviária de Oiã ou Apeadeiro de Tralhão.

A Estação Ferroviária de Olhão é uma interface da Linha do Algarve, que serve a localidade de Olhão, no Distrito de Faro, em Portugal.

Pormenor da estação de Olhão, em 2009.

Caracterização

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Vista geral da estação de Olhão, em 2009.

Localização e acessos

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Esta interface situa-se junto à Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, na localidade de Olhão.[3]

Infraestrutura

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Esta interface apresenta duas vias de circulação, identificadas como I, II, e III, com comprimentos entre 134 e 185 m e acessíveis por plataforma de 110 m de comprimento e 685 mm de altura, não incluindo qualquer via secundária.[2] O edifício de passageiros situa-se do lado norte da via (lado direito do sentido ascendente, a Vila Real de Santo António).[4][5]

Em dados de 2023, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo regional tipicamente com treze circulações diárias de Faro a Vila Real de Santo António e doze no sentido oposto.[6]

Ver artigo principal: História da Linha do Algarve

A primeira tentativa para construir um caminho de ferro no Algarve foi feita na década de 1870, tendo um alvará de 2 de Dezembro de 1878 autorizado a Companhia Portuguesa de Caminhos de Ferro do Sul a construir uma linha de Lagos a Vila Real de Santo António, passando perto de Olhão, onde teria uma estação.[7] No entanto, esta concessão foi anulada por uma portaria de 19 de Dezembro de 1893.[7]

Planeamento e construção

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Nos finais do século XIX, foram retomados os esforços para dotar o Algarve de uma rede ferroviária, através da continuação do Caminho de Ferro do Sul, de forma a facilitar os transportes tanto dentro da região como com outras zonas do país, especialmente Lisboa.[8] Em 1898, o engenheiro Pedro Inácio Lopes escolheu um local para a futura gare de Olhão, num ponto a Noroeste daquela vila, com um ramal para o cais de pesca.[9] Em Março desse ano, o Conselho Superior de Obras Públicas aprovou o projecto para o troço de Olhão a Faro, embora tenha ordenado que fosse estudada uma alteração ao traçado, de forma a aproximar a estação do cais da vila.[10] Em Abril de 1899, a autarquia de Olhão já tinha enviado uma representação ao Ministro das Obras Públicas, para pedir uma alteração ao traçado da via férrea, de forma a aproximá-la tanto quanto possível da costa, por motivos estéticos e para facilitar o transporte do pescado por caminho de ferro, no entanto, esta modificação aumentaria os custos porque faria a linha passar por várias propriedades importantes e por uma avenida em construção.[11]

Uma portaria de 21 de Novembro de 1902 aprovou o plano definitivo para a construção do segundo lanço da ligação ferroviária entre Faro e Vila Real de Santo António, estando incluída uma estação de segunda classe na localidade de Olhão, uma via férrea entre a estação e o cais da localidade, para o transporte de pescado, e uma plataforma rotativa na estação para acesso de vagonetas.[12][13]

Porém, pouco tempo após a aprovação do projecto, a Câmara Municipal de Olhão reclamou da localização da gare ferroviária, tendo sugerido um novo local a Norte da vila, a cerca de 500 m de distância do sítio original, e que se encontrava entre as Estradas Municipais 9 e 53.[9] A autarquia apontou várias razões de ordem estética, e argumentou que o novo local oferecia melhores acessos.[9] Em Dezembro desse ano, a autarquia enviou duas representações aos escritórios da Companhia dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, para defender a nova localização.[14] Esta questão dividiu a população da vila, com alguns habitantes do lado da autarquia, e outros a defender a localização original.[15]

A Direcção do Sul e Sueste chegou à conclusão que os custos de construção seriam idênticos em ambos os locais, e que nenhum oferecia maiores benefícios, em termos técnicos, sobre o outro; no entanto, o Conselho de Administração esteve contra a alteração do local da estação.[9] Esta questão foi discutida na sessão de 1902-1903 das Câmaras Legislativas, que teve lugar nos inícios de 1903.[16] Para resolver este problema, o governo ordenou a criação de uma comissão, por uma portaria de 7 de Fevereiro de 1903, no sentido de estudar as reclamações da autarquia e da população, e propor o local mais conveniente para os interesses locais e regionais.[15] A comissão reuniu-se no dia 11, tendo resolvido, por maioria, aceitar a solução da Câmara Municipal,[9] pelo que, em 12 de Fevereiro, o estado ordenou que a estação fosse construída no novo local.[15]

No dia 14 de Setembro do mesmo ano, teve lugar a arrematação para a empreitada da construção dos muros de vedação.[17]

Jardim público de Olhão em 1920, com a gare ferroviária ao fundo.

Inauguração

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A estação foi inaugurada a 15 de Maio de 1904, na presença de grande multidão.[18] Nesta época, a área onde se situava a estação ficava nos limites da vila, mas longe dos núcleos comerciais e industriais.[18] Em Agosto de 1904, previa-se para breve a abertura do troço seguinte, até à Fuzeta.[19] Com efeito, foi inaugurado em 1 de Setembro desse ano.[18]

Transição para a C.P.

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Em 1927, os Caminhos de Ferro do Estado foram integrados na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que iniciou um programa de remodelação da via e das gares nas antigas redes do Minho e Douro e do Sul e Sueste.[20] Em 1933, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou obras de melhoramento das comunicações telefónicas, entre as estações de Olhão e Vila Real de Santo António.[21] No ano seguinte, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses executou grandes obras de reparação nesta estação.[22]

Plataforma na estação, em 1988.

Movimento de mercadorias e passageiros

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A partir do princípio da Primeira Grande Guerra, verifica-se uma redução no volume de mercadorias recebidas; em geral, reduzem-se as expedições de peixe nesta região, mas aumentam-se as de polvo.[23] Na segunda metade do século XX, verificou-se um aumento no movimento de mercadorias desta estação, em detrimento de Vila Real de Santo António.[24]

As principais mercadorias expedidas foram peixe congelado ou salgado em caixas de madeira, para todo o país,[25] especialmente Lisboa e a região Norte.[26] O peixe era levado desde os armazéns da vila até à estação em carros de mula, sendo depois transportado em comboios de mercadorias especiais.[26]

Em regime de pequenos volumes em grande velocidade, as principais expedições foram hortaliças e frutas (principalmente para Vila Nova de Gaia) (especialmente citrinos, na Primavera e no Outono, polvo (no Outono), azeite em embalagens e farinha e óleo de peixe (para Setúbal e Lisboa).[27] As principais mercadorias recebidas foram adubos, carvão e metais vários, vindos de Vila Real de Santo António, palha, materiais de construção (especialmente cimento), papel (vindo de Cacia) (principalmente no Outono), trigo de semente, batatas, óleos vegetais, arroz e cartão.[27]

Em termos de passageiros, esta foi uma das principais estações no Algarve, em movimento de veraneantes.[27] Nas deslocações regulares, verificou-se um elevado tráfego de passageiros entre esta estação e Faro, Fuzeta-Moncarapacho, Tavira e Monte Gordo.[27]

Praça em frente da estação, em 2012.

Entre Fevereiro e Maio de 2009, esta estação sofreu várias obras de remodelação e manutenção, por parte da Rede Ferroviária Nacional.[28]

Vista da estação à noite, em 2009.

Em Setembro de 2008, dois jovens foram capturados pela polícia nesta estação, suspeitos de um assalto na Estação Ferroviária de Boliqueime.[29]

Em 2007, a estação incluía três vias de circulação, tendo cada uma 275 m de extensão, e três plataformas, com 114, 100 e 65 m de comprimento.[30] Em Janeiro de 2011, já se tinham verificado modificações nas vias, passando as duas primeiras linhas a ter 253 m de comprimento, e a terceira, 190 m; as plataformas também foram alteradas, passando a apresentar 114 a 65 m de comprimento, e 30 e 20 cm de altura[31] — valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[2]

Em 2010, a estação ferroviária de Olhão continuava a ser uma das principais em termos de movimento de passageiros, no Sotavento Algarvio.[32]

No dia 7 de Novembro de 2011, a Rede Ferroviária Nacional emitiu o Anúncio de procedimento n.º 5428/2011, que se refere a um contrato para várias obras no interior das estações de Olhão e da Fuseta; as intervenções incluem a substituição de travessas de madeira por betão, troca de carris defeituosos, reparação das passadeiras de madeira, e comutar os equipamentos de mudança de via.[33]

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. a b c Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
  3. «Olhão - Linha do Algarve». Infraestruturas de Portugal. Consultado em 14 de Fevereiro de 2012 
  4. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  5. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  6. Horário dos Comboios : Vila Real de S. António ⇄ Lagos («horário em vigor desde 2022.12.11»). Esta informação refere-se aos dias úteis.
  7. a b «Há 40 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1198). 16 de Novembro de 1937. p. 541-542. Consultado em 21 de Setembro de 2016 
  8. TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1683). p. 76-78. Consultado em 18 de Abril de 2019 
  9. a b c d e «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (364). 16 de Fevereiro de 1903. p. 58-59. Consultado em 1 de Setembro de 2012 
  10. «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 50 (1206). 16 de Março de 1938. p. 154. Consultado em 21 de Setembro de 2016 
  11. «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 62 (1472). 16 de Abril de 1949. p. 283. Consultado em 21 de Setembro de 2016 
  12. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (358). 16 de Novembro de 1902. p. 346-347. Consultado em 14 de Fevereiro de 2012 
  13. «Olhão à Fuzeta» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (359). 1 de Dezembro de 1902. p. 366. Consultado em 14 de Fevereiro de 2012 
  14. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (361). 1 de Janeiro de 1903. p. 10-11. Consultado em 14 de Fevereiro de 2012 
  15. a b c «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (364). 16 de Fevereiro de 1903. p. 51-52. Consultado em 1 de Setembro de 2012 
  16. SIMÕES, J. de Oliveira (16 de Maio de 1903). «As vias ferreas no parlamento» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (370). p. 160-161. Consultado em 1 de Setembro de 2012 
  17. «Arrematações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (379). 1 de Outubro de 1903. p. 338-339. Consultado em 3 de Agosto de 2012 
  18. a b c MARQUES, p. 391
  19. «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1228). 16 de Fevereiro de 1939. p. 135-138. Consultado em 21 de Setembro de 2016 
  20. «Rêde do Sul e Sueste» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1127). 1 de Dezembro de 1934. p. 593-594. Consultado em 21 de Setembro de 2016 
  21. «Direcção Geral de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1102). 16 de Novembro de 1933. p. 601-602. Consultado em 1 de Setembro de 2012 
  22. «O que se fez nos Caminhos de Ferro Portugueses, durante o ano de 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1130). 16 de Janeiro de 1935. p. 50-51. Consultado em 21 de Setembro de 2016 
  23. CAVACO, p. 438
  24. CAVACO, p. 357
  25. CAVACO, p. 251
  26. a b VALAGÃO et al 2018:176
  27. a b c d CAVACO, p. 436-438
  28. «Directório da Rede 2009». Rede Ferroviária Nacional. 3 de Abril de 2008. p. 103 
  29. LINO, Mário (2 de Setembro de 2008). «Apanhados jovens que assaltaram turista alemão». Expresso. Consultado em 14 de Fevereiro de 2012 
  30. «Directório da Rede 2007 - 1.ª Adenda». Rede Ferroviária Nacional. 26 de Junho de 2007. p. 75-87 
  31. «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85 
  32. ANTUNES, Filipe (19 de Janeiro de 2010). «Futuro da linha ferroviária do Algarve está nas mãos de Lisboa». Barlavento. Consultado em 14 de Fevereiro de 2012 [ligação inativa] 
  33. PORTUGAL. Anúncio de procedimento n.º 5428/2011, de 7 de Novembro de 2011. Rede Ferroviária Nacional - REFER, E. P.. Publicado no Diário da República n.º 213, Série II, de 7 de Novembro de 2011
  • CAVACO, Carminda (1976). O Algarve Oriental: As Vilas, O Campo e o Mar. II. Faro: Gabinete de Planeamento da Região do Algarve. 492 páginas 
  • MARQUES, Maria; et al. (1999). O Algarve da Antiguidade aos Nossos Dias: Elementos para a sua História. Lisboa: Edições Colibri. 750 páginas. ISBN 972-772-064-1 
  • VALAGÃO, Maria; BRAZ, Nídia; CÉLIO, Vasco (2018). Vidas e Vozes do Mar e do Peixe 1.ª ed. Lisboa: Tinta-da-China. ISBN 978-989-671-461-1 
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Ligações externas

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