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A Bagaceira: diferenças entre revisões

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'''A Bagaceira''' é um romance do escritor [[José Américo de Almeida]] publicado em [[1928]]. É considerado o marco inicial do [[romance]] [[Regionalismo | regionalista]] do [[Modernismo]] brasileiro.
'''''A Bagaceira''''' é um romance do escritor [[brasil]]eiro [[José Américo de Almeida]] publicado em [[1928]]. Junto com ''[[Macunaíma]]'', é considerado o marco inicial do [[Romance de 30|romance regionalista]] do [[Modernismo]] brasileiro.<ref>{{citar livro|autor=Laurence Hallewell|título=History of Brazilian book publishing, with particular reference to the publishing of literature|editora=EdUSP|ano=2005|páginas=809|id=ISBN 9788531408779}}</ref><ref>{{citar livro|url=https://ia903401.us.archive.org/7/items/livrainosdomal2020/Alfredo%20Bosi%20-%20Hist%C3%B3ria%20Concisa%20da%20Literatura%20Brasileira.pdf|título=História concisa da literatura brasileira.|ultimo=BOSI|primeiro=Alfredo|editora=Cultrix|ano=1994|local=São Paulo|página=155|isbn=978-85-316-0189-7}}</ref>


== Enredo ==
== Enredo ==
O enredo baseia-se no êxodo da [[seca]] no ano de [[1898]].
O enredo baseia-se no êxodo da [[seca]] no ano de [[1898]]:


"(...) ''Uma ressurreição de cemitérios antigos - esqueletos redivivos, com o aspecto e o fedor das covas podres''.(...)".
{{Quote|(...) Uma ressurreição de cemitérios antigos esqueletos redivivos, com o aspecto e o fedor das covas podres (...)}}


O enredo central gira em torno de um triângulo amoroso entre Soledade, Lúcio e Dagoberto. Soledade, menina sertaneja, uma retirante da seca, chega ao engenho de Dagoberto, pai de Lúcio, acompanhada de vários retirantes: Valentim, seu pai, Pirunga, seu irmão de criação e outros que fugiam da seca. Lúcio e Soledade acabam se apaixonando. A relação entre ambos ganha ares dramáticos no momento em que Dagoberto, o dono da fazenda, violenta Soledade e faz dela sua amante.
O tema central gira em torno de um triângulo amoroso entre Soledade, Lúcio e Dagoberto. Soledade, menina [[Sertão nordestino|sertaneja]], uma [[Seca na Região Nordeste do Brasil|retirante da seca]], chega ao engenho de Dagoberto, pai de Lúcio, acompanhada de vários retirantes: Valentim, seu pai, Pirunga, seu irmão de criação, e outros que fugiam do castigo da seca. Lúcio e Soledade acabam se apaixonando. A relação entre ambos ganha ares dramáticos no momento em que Dagoberto, o dono da fazenda, violenta Soledade e faz dela sua amante.


Uma das frases mais célebres do livro é sobre a fome que assola a população regional:
Essa história trágica de amor serve ao autor, político paraibano, puramente como pretexto para que denuncie a questão social no seu estado e no Nordeste, em especial, o aspecto da seca e da necessidade da população. É feita também uma análise da vida dos retirantes que surgem nas bagaceiras dos engenhos, quando ocorrem as estiagens, não sendo bem vistos pelos brejeiros (trabalhadores permanentes dos engenhos).


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O Professor [[Joel Pontes]], da [[UFP]], em crítica publicada no Pequeno Dicionário da Literatura Brasileira, diz que o "romance foi publicado na hora certa e fez séria oposição ao cosmopolitismo dos modernistas da fase inicial". Ainda segundo o professor, A Bagaceira foi importante base para as obras de [[Graciliano Ramos]], [[José Lins do Rego]] e [[Rachel de Queiroz]]. O professor continua, afirmando que personagens como Dagoberto, Pirunga e Soledade retornam mais bem caracterizados nas obras posteriores dos escritores citados, deixando claro, contudo, que o romance tecnicamente não inova a prosa nordestina, pois ainda é um romance de tese. Isso pode ser percebido no capítulo "O Julgamento", que é típico dos romances do século XIX e também presente em "[[Os Sertões]]", de [[Euclides da Cunha]].


Essa história trágica de amor serve ao autor, político [[paraiba]]no, puramente como pretexto para que denuncie a questão social no seu estado e no [[Nordeste]], em especial, o aspecto da seca e da necessidade da população. É feita também uma análise da vida dos [[retirante]]s que surgem nas bagaceiras dos engenhos,{{nota de rodapé|Segundo o dicionário Caldas Aulete: “Lugar próximo dos engenhos de açúcar onde se amontoa o bagaço da cana”.}} quando ocorrem as estiagens, não sendo bem vistos pelos brejeiros (trabalhadores permanentes dos engenhos).
O ponto de destaque do romance é o aspecto sociológico e a poetização de cenas e sentimentos, sendo que estes dois detalhes por si sós já colocam o romance como uma obra importante da literatura brasileira em todos os tempos.


==Personagens==
Com a publicação de A bagaceira, em 1928, José Américo de Almeida inicia o chamado Ciclo Regionalista Nordestino, mais tarde desenvolvido por outros nordestinos que também se tornaram famosos.
* Valentim – pai de Soledade
* Manuel Broca – brejeiro
* Soledade – amada, mulher fatal de Lúcio
* Dagoberto – velho, viúvo, pai de Lúcio
* Lúcio – moço apaixonado por Soledade
* Mãe de Lúcio e mulher de Dagoberto
* Pirunga – carrapato com ciúmes
* Carlota – mulher fatal que marcara nefandamente o Nordeste
* Milonga – mãe preta

==Importância==
Ao se referir ao livro, o Professor Joel Pontes, da [[Universidade Fernando Pessoa]], em crítica publicada no Pequeno Dicionário da Literatura Brasileira, disse:

{{Quote|O romance foi publicado na hora certa e fez séria oposição ao cosmopolitismo dos modernistas da fase inicial.}}

Segundo Pontes, ''A Bagaceira'' foi importante base para as obras de [[Graciliano Ramos]], [[José Lins do Rego]] e [[Rachel de Queiroz]]. Para ele, personagens como Dagoberto, Pirunga e Soledade retornam mais bem caracterizados nas obras posteriores dos escritores citados, deixando claro, contudo, que o romance tecnicamente não inova a [[prosa]] nordestina, pois ainda é um romance de tese. Isso pode ser percebido no capítulo “O Julgamento”, que é típico dos romances do [[século XIX]] e também presente em ''[[Os Sertões]]'', de [[Euclides da Cunha]]. O ponto de destaque do romance é o aspecto sociológico e a poetização de cenas e sentimentos, sendo que estes dois detalhes por si sós já colocam o romance como uma obra importante da [[literatura brasileira]] em todos os tempos.

Com a publicação de ''A Bagaceira'', em 1928, José Américo de Almeida inicia o chamado "Ciclo Regionalista Nordestino", mais tarde desenvolvido por outros nordestinos que também se tornaram famosos como [[Rachel de Queiroz]]. Este exerceu forte influência no [[Neorrealismo]] português.<ref>{{citar livro|autor=|título=Revista Colóquio – Letras nº 9|editora=Fundação Calouste Gulbenkian|ano=1972|páginas=|id=}}</ref>

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Edição atual tal como às 17h19min de 10 de maio de 2024

A Bagaceira
A Bagaceira
Autor(es) José Américo de Almeida
Idioma Português
País  Brasil
Editora José Olympio
Lançamento 1928

A Bagaceira é um romance do escritor brasileiro José Américo de Almeida publicado em 1928. Junto com Macunaíma, é considerado o marco inicial do romance regionalista do Modernismo brasileiro.[1][2]

O enredo baseia-se no êxodo da seca no ano de 1898:

(...) Uma ressurreição de cemitérios antigos — esqueletos redivivos —, com o aspecto e o fedor das covas podres (...)

O tema central gira em torno de um triângulo amoroso entre Soledade, Lúcio e Dagoberto. Soledade, menina sertaneja, uma retirante da seca, chega ao engenho de Dagoberto, pai de Lúcio, acompanhada de vários retirantes: Valentim, seu pai, Pirunga, seu irmão de criação, e outros que fugiam do castigo da seca. Lúcio e Soledade acabam se apaixonando. A relação entre ambos ganha ares dramáticos no momento em que Dagoberto, o dono da fazenda, violenta Soledade e faz dela sua amante.

Uma das frases mais célebres do livro é sobre a fome que assola a população regional:

Há uma miséria maior do que morrer de fome num deserto: é não ter o que comer na terra de Canaã.[3]
— José Américo de Almeida, A Bagaceira

Essa história trágica de amor serve ao autor, político paraibano, puramente como pretexto para que denuncie a questão social no seu estado e no Nordeste, em especial, o aspecto da seca e da necessidade da população. É feita também uma análise da vida dos retirantes que surgem nas bagaceiras dos engenhos,[nota 1] quando ocorrem as estiagens, não sendo bem vistos pelos brejeiros (trabalhadores permanentes dos engenhos).

  • Valentim – pai de Soledade
  • Manuel Broca – brejeiro
  • Soledade – amada, mulher fatal de Lúcio
  • Dagoberto – velho, viúvo, pai de Lúcio
  • Lúcio – moço apaixonado por Soledade
  • Mãe de Lúcio e mulher de Dagoberto
  • Pirunga – carrapato com ciúmes
  • Carlota – mulher fatal que marcara nefandamente o Nordeste
  • Milonga – mãe preta

Ao se referir ao livro, o Professor Joel Pontes, da Universidade Fernando Pessoa, em crítica publicada no Pequeno Dicionário da Literatura Brasileira, disse:

O romance foi publicado na hora certa e fez séria oposição ao cosmopolitismo dos modernistas da fase inicial.

Segundo Pontes, A Bagaceira foi importante base para as obras de Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Rachel de Queiroz. Para ele, personagens como Dagoberto, Pirunga e Soledade retornam mais bem caracterizados nas obras posteriores dos escritores citados, deixando claro, contudo, que o romance tecnicamente não inova a prosa nordestina, pois ainda é um romance de tese. Isso pode ser percebido no capítulo “O Julgamento”, que é típico dos romances do século XIX e também presente em Os Sertões, de Euclides da Cunha. O ponto de destaque do romance é o aspecto sociológico e a poetização de cenas e sentimentos, sendo que estes dois detalhes por si sós já colocam o romance como uma obra importante da literatura brasileira em todos os tempos.

Com a publicação de A Bagaceira, em 1928, José Américo de Almeida inicia o chamado "Ciclo Regionalista Nordestino", mais tarde desenvolvido por outros nordestinos que também se tornaram famosos como Rachel de Queiroz. Este exerceu forte influência no Neorrealismo português.[4]

Notas

  1. Segundo o dicionário Caldas Aulete: “Lugar próximo dos engenhos de açúcar onde se amontoa o bagaço da cana”.

Referências

  1. Laurence Hallewell (2005). History of Brazilian book publishing, with particular reference to the publishing of literature. [S.l.]: EdUSP. 809 páginas. ISBN 9788531408779 
  2. BOSI, Alfredo (1994). História concisa da literatura brasileira. (PDF). São Paulo: Cultrix. p. 155. ISBN 978-85-316-0189-7 
  3. FILHO, Eduardo Vargas de Macedo Soares (2016). Como pensam os humanos – Frases Célebres. [S.l.]: LEUD 
  4. Revista Colóquio – Letras nº 9. [S.l.]: Fundação Calouste Gulbenkian. 1972 


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