sÃ_ntese Ortónimo Marta 2023

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EDUCAÇÃO LITERÁRIA

Poesia do ortónimo
O fingimento artístico
1. Para Pessoa Ortónimo, quando é
que existe fingimento artístico?

Para Pessoa ortónimo, a poesia é um ato


de fingimento.
O poeta parte da realidade, mas
distancia-se dela graças à dialética entre a
razão (pensar) e sensibilidade (sentir), para
elaborar intelectualmente a obra de arte.
1. Existe dor real e dor fingida no
ato de criação?
O poema apresenta um sentimento
“fingido”, pois a dor real (sentida) continua no
sujeito que, por meio da escrita, tenta uma
representação mental.
Essa dor real pode servir de matéria-prima
para a poesia, mas jamais poderá sobrepor-se à
razão. Assim, só poderá ser “utilizada” se a
situação incómoda já tiver sido resolvida.
1. Como é que se atinge a
excelência literária?

O verdadeiro poeta, o poeta de


excelência, será aquele que conseguir
despersonalizar-se e colocar-se na pele de
outras entidades. Será uma espécie de “ator”
que tem a capacidade de transmitir ao leitor
algo simulado.
1. No fingimento artístico, qual a
função do leitor?
E a emoção do leitor? “Sinta quem lê.” O
leitor não é capaz de sentir as emoções do
poeta (nem a vivida nem a imaginada); a
emoção que o poeta exprime artisticamente é
um estímulo que provoca no leitor novos
estados de alma, dependentes da sua
interpretação daquilo que lê e das suas
vivências.
1. Quais as metáforas que explicam o
fingimento artístico?
A metáfora das “calhas”, relacionadas à
“razão”, e do “comboio”, associado ao “coração”,
explicam que, nesta teoria, o mais importante é o
“pensamento”, pelo que são as “calhas” quem
define por onde o “comboio” (“coração”) pode
andar, quais os caminhos a trilhar. Além disso, é um
“comboio de corda”, o que permite regular a sua
intensidade. Apesar disso, ambos são dependentes.
1. Quais os poemas estudados do
fingimento artístico?

“Autopsicografia”;
“Isto”.
2. O que significa intelectualizar ou
racionalizar uma emoção, no
contexto da poesia de Fernando
Pessoa?
Intelectualizar uma emoção ou
sentimento significa pensar a partir daquilo
que se sentiu, mas procedendo a alterações
da perspetiva após reflexão.
3. Qual é o fundamento da teoria do
fingimento poético explicitado no
poema “Autopsicografia”?
No processo de criação poética, o sujeito
intelectualiza a “dor sentida”, registando, no
poema, a “dor fingida”. Por sua vez, os leitores
não têm acesso nem à “dor sentida” nem à
“dor fingida”, apenas à “dor lida”. Esta tese é o
fundamento da teoria do fingimento poético.
A dor de pensar
1. Em que consiste a dor de pensar
presente em poemas ortónimos?

Fernando Pessoa ortónimo sente-se


condenado a ser lúcido, a ter de pensar.
Gostava, muitas vezes, de ter a inconsciência
das coisas, dos animais (como o “gato”) ou de
seres ignorantes, como uma “pobre ceifeira.”
1. Em que consiste a dor de pensar
presente em poemas ortónimos?

O ortónimo é obcecado pelo pensamento, o


que lhe causa um aprofunda e verdadeira “dor
de pensar”.
Nesse sentido, a razão está na origem da sua
incapacidade de sentir intuitivamente, como
quem descobre o mundo sem preconceitos.
Impedido de ser feliz, devido à lucidez, procura
ter uma consciência inconsciente.
1. Em que consiste a dor de pensar
presente em poemas ortónimos?

Não podendo ser “inconscientemente


consciente” nem “conscientemente
inconsciente” e não querendo abdicar do
conhecimento, não lhe resta alternativa senão
aceitar que a sua vida ficará marcada, para
sempre, pelo desalento e pela infelicidade.
2. O que origina a dor de pensar?

A dor de pensar resulta da obsessão do


sujeito pela racionalização, pela análise, pela
abstração.
3. Como tenta o sujeito ultrapassar
a dor de pensar?

O sujeito tenta ultrapassar a dor de


pensar desejando ser inconsciente e apenas
sentir, tal como faz a ceifeira, que é “talvez”
feliz, por ser pouco lúcida da infelicidade da
sua vida.
4. Que características do sujeito
podemos inferir perante a aspiração
expressa em alguns poemas de
desejar ser inconsciente?
A partir da manifestação do desejo do
sujeito de ser inconsciente podemos inferir
que o eu se debate entre a inconsciência e a
consciência, entre o sentir e o pensar, numa
tentativa de ultrapassar a infelicidade e
angústia originadas pelo pensar.
5. Quais são os poemas que
constituem uma reflexão sobre a dor
de pensar?
Os poemas “Ela canta, pobre ceifeira” e
“Gato que brincas na rua” são poemas que
apresentam o desejo do sujeito de ser
inconsciente para poder atingir a felicidade.
Sonho e realidade
1. Como se concretiza a oposição
sonho/realidade na poesia ortónima?

Para o sujeito a presentificação da


realidade através do sonho torna-a possível
de alcançar e permite ao eu aspirar a atingir a
felicidade.
2. Viver uma experiência sonhada é
sempre um momento de felicidade
para o sujeito?
As imagens sonhadas são uma forma de
experienciar a ilusão de felicidade muito
diferente da amargura da realidade. Esta
consciência da oposição entre sonho e
realidade torna, no entanto, esse momento
de felicidade numa ocasião de insatisfação.
O sonho é sempre uma ilusão e a felicidade
procurada é quase sempre desilusão.
3. Qual é o poema que constitui
uma reflexão sobre fragmentação do
“eu”?
No poema “Não sei quantas almas tenho”, o
sujeito poético assume-se como uma espécie de
palco por onde desfilam diversas personagens.
Incapaz de se manter dentro dos limites de si
próprio, o sujeito poético procura observar o seu
“eu”, ou seja, conhecer-se a si próprio, o que leva à
fragmentação e à consciência de que não sabe
quem é nem o que ambiciona.
3. Qual é o poema que constitui
uma reflexão sobre a oposição entre
o sonho e a realidade?
Não reconhece os seus próprios poemas
como sendo seus, sente-se espetador de
outras personalidades que o habitam e que
mandam mais do que ele. Isto tudo leva-o ao
tédio existencial, à autoanálise e à desilusão
perante a sua vida.
Nostalgia da Infância
4. O ortónimo sente nostalgia da
infância?

Em Fernando Pessoa ortónimo, a infância é


entendida como um tempo mítico do bem,
da felicidade e da inconsciência. Nela
permanecem sempre vivos a família e os
lugares, a segurança e o aconchego,
entretanto perdidos pelo sujeito poético.
4. O ortónimo sente nostalgia da
infância?

A consciência de que todo esse bem é


irrecuperável, fá-lo sentir-se obsessivamente
nostálgico da infância, um tempo perdido que
serve sobretudo para acentuar a negatividade
do presente. O profundo desencanto e a
angústia acompanham o sentido da
brevidade da vida e da passagem dos dias.
4. O ortónimo sente nostalgia da
infância?
Ao mesmo tempo que gostava de ter a
infância das crianças que brincam, sente a
saudade de uma ternura que lhe passou ao
lado. Busca múltiplas emoções e aspira a
sonhos impossíveis, mas acaba esmagado
pela realidade, percebendo que só as
crianças poderão ser felizes porque, para
elas, tudo é uma possibilidade.
4. O ortónimo sente nostalgia da
infância?
Já no seu caso, mesmo que regredisse ao
passado, fá-lo-ia levando na bagagem saberes e
experiências, que lhe impossibilitariam a
inconsciência e a felicidade.
4. A nostalgia da infância do
ortónimo confirma-se porque ele foi
feliz nessa época?
Não, o ortónimo fala de uma “felicidade que não
teve”, mas a infância remete para o futuro, para a
inconsciência, para a alegria, mesmo que
efémera. Assim, apesar de toda a realidade, basta
ouvir o “sino” da sua aldeia, um “piano” ou as
“crianças” a brincar para se sentir menos infeliz e
para recordar momentos que, apesar de não
terem sido perfeitos, foram os menos maus da
sua vida.

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