Queimados

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FISIOTERAPIA E

AREABILITAÇÃO
NOPACIENTE
QUEIMADO
TUTORA: ÉRICA MARTINEZ
Queimaduras

Queimaduras são lesões dos tecidos orgânicos em decorrência de trauma de origem térmica
resultante da exposição a:

Chamas,
Líquidos quentes,
Superfícies quentes,
Frio,
Susbstâncias químicas,
Radiação,
Atrito ou fricção.
Queimaduras
Causas:

Objetos quentes (brasa, vapores quentes, água, sólidos superaquecidos)


Substâncias químicas (ácidos)
UVA, eletricidade
Queimaduras

EPIDEMIOLOGIA
Queimaduras no Brasil:
1.000.000 incidentes por ano, 30% crianças
2.500 irão a óbito

 Homens
20-39 anos, independente do sexo
45% das lesões são domiciliares
Crianças: escaldadura
Adultos: álcool
Queimaduras

ETIOLOGIA

Térmica – 90% dos casos

Elétrica – 5 a 8%

Química – 2 a 3%
CLASSFICAÇÃO DAS
QUEIMADURAS

Leves
1º grau, qualquer extensão
2º grau, menor que 10%
3º grau, menor que 2%

Moderada
 2º grau, entre 10% e 20%
 3º grau, entre 3% e 5%

Graves
2º grau, acima 20%
 3º grau, acima de 10%
Cálculo da superfície corporal queimada
REGRA DOS NOVE
 É uma ferramenta que fornece a
estratificação da lesão e triagem.
Todo paciente com lesões de 2º ou 3º grau
devem ser avaliados em relação ao percentual
da área corporal atingida, de acordo com o
diagrama.
Quanto maior a extensão das queimaduras,
maiores os riscos de complicações e morte.
Classificação queimadura quanto a
profundidade
1° grau

2° grau

3° grau
Queimadura de 1° grau (superficial)

Acomete somente a derme


Vermelhidão local
Edema
Dor
Não se formam bolhas e a pele não se desprende.
Podem deixar a pele um pouco escura no ínicio
Cicatização de 2 à 5 dias.
Sol e água aquecida
Queimadura de 2° grau

Dor intensa
Compromete epiderme e parte da derme
(preserva anexos cutâneos)
Flictenas (bolhas)
Inflamáveis, líquidos e superfícies aquecidas
Queimadura de 3° grau

Compromete toda a derme (destruição dos anexos


cutâneos)
Aspecto couriáceo, seca,
Vasos visíveis
Esbranquiçada,
Carbonizada
Indolor
Eletricidade, químicos, inflamáveis, contato
prolongado
Indicação de internação
Queimadura superficial de espessura parcial (segundo grau acima de 15% S.C.Q, exceto face,
mãos, períneo e pés adulto e 10% na criança).

Queimadura de espessura integral, mais de 3% S.Q.C


Queimaduras graves

ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS

Crescimento de bactérias patogênicas


Supressão de função imune
Libração de agentes vasoativos
Alterações vasculares (edema e trombose)
Perda da capacidade de controlar temperatura corporal
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS

Aumento da permeabilidade capilar


Choque hipovolêmico
Hiperventilação e aumento do consumo de O2
Aumento do metabolismo
Diminuição da filtração glomerular
Fisiologia cicatricial
REPARO TECIDUAL
NORMALMENTE SE DESCREVEM TRÊS FASES NESTE PROCESSO:

1. Fase inflamatória aguda:


Inicia imediatamente após a agressão até o 3° dia
Aumento da tensão intravascular e Aumento da permeabilidade vascular
Leucócitos, macrófagos (ajudam na limpeza e produzem mediadores que estimulam a cicatrização)
Não deve ser manuseado, pois não há força tensil
Leve espessamento da derme
Fisiologia cicatricial

2. Fase proliferativa:

Compreende do 4° ao 10° dia após o trauma


Formação de tecido de granulação (angiogênese)
Limpeza dos tecidos necróticos
Rede de fibrina com proliferação de fibroblastos
Inicio da força tensil
Fisiologia cicatricial

3. Fase de maturação e remodelamento (fase crônica ):

Período do 10° a0 30° dia após o trauma, podendo se estender por até 18 meses.
Fechamento da ferida
Diminuição das células inflamatórias
Rede vascular se normaliza
Produção de colágeno se estabiliza e diminui ( síntese de colágeno ocorre no 21° dia e o retorno
da pele ao aspecto norma no 26° dia)
Presença de força tensil
Cicatrização

A cicatrização envolve uma série de


modificações orgânicas que ocorrem após uma
lesão tecidual, tendo por finalidade a
reconstrução do tecido agredido.

Cicatriz – Reparação tissular complexa e


imperfeita, pois os tecidos destruídos não são
restaurados, mas substituídos por um tecido
não tão bem diferenciado que contrai e
aproxima as bordas da ferida.
Fatores que interferem na cicatrização
Nutrição inadequada
Tecido necrótico
Bactérias
Interferencia de suprimento sanquineo
Doenças sistêmicas
Fatores psicológicos
Hábitos de vida
CICATRIZAÇÃO PATOLÓGICA
Formação de cicatrizes Hipertróficas e
contraturas cicatriciais.

O processo de cicatrização das queimaduras


predispõe à formação de cicatrizes
hipertróficas e contraturas, como é
caracterizado pelo importante aumento na
vascularização de fibroblastos,
miofibroblastos, deposição de colágeno,
material intersticial e edema.
Intensidade e a duração da vascularidade parecem influenciar a formação da cicatriz
hipertrófica.

Cicatrizes que perdem seu aspecto avermelhado dentro de dois a três meses. Tem um baixo
potencial para se tornarem hipertróficas.

Cicatriz que permanece altamente vascularizada ao final do segundo mês. Continua cicatrizando
e se torna progressiva, endurecida e hipertrófica.
Cicatrizes hipertróficas que mostram evidências de maturação, primeiro perdem seu aspecto
avermelhado e se tornam macias e planas.

Para que isso ocorra eficazmente é necessário a aplicação de compressão a um nível que exceda
a pressão capilar, isto é, 25mmHg, diminuindo significativamente a intensidade da cicatrização.
CICATRIZES HIPERTRÓFICAS

Características:

É limitada à lesão
Dolorosas
Pruriginosas
Esteticamente inaceitáveis
CICATRIZ RETRÁTIL

Características

Aparece nas primeiras semanas


Podem evoluir durante 6 a 10 meses na ausência de
tratamento
Tensão constante e permanente
Qualidade da pele
Zonas anatômicas com potencial retrátil
As retrações podem ter repercussões funcionais
Aparecem preferencialmente nas lesões de espessura
parcial e profunda
FASES PAR CURA DAS LESÕES TÉRMICAS

1. Eliminação dos tecidos desvitalizados

2. Regeneração dos tecidos vascular e conjuntivo

3. Epitelização

4. Retração (aproximação das bordas)


Auto enxertia de pele em queimaduras
Transferencia de pele de um local a outro no mesmo organismo

Áreas doadoras:
Coxas
Abdomen
Regiões glúteas
Face posterior do tronco
Auto enxertia de pele em queimaduras

Fatores que influenciam a integração do enxerto


Vascularização do leito

Condições para realização do enxerto


Área livre de tecido necrótico
Ausência de infecção

Indicação para enxertia


Queimaduras de 3° grau, sobretudo áreas extensas
Tratamento
Intervenção cirúrgica

Principais problemas da enxertia:


Coloração alterada
Perda do enxerto por trauma
Edema
Infecções
TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO
“Há pouco tempo a fisioterapia só poderia iniciar sua abordagem terapêutica após a alta
hospitalar. Hoje apresenta grande alteração, iniciando já na fase aguda da lesão térmica e
permanecendo até aproximadamente dois anos após a alta hospitalar, ambulatorialmente”.

Gomes et al, 2000

Principal objetivo é prevenir a perda de movimentos e minimizar as deformidades anatômica,


reduzir perda de massa e Força muscular.
Fisioterapia em queimados
ABORDAGEM HOSPITALAR

Reduzir o peridodo de internação


Prevenir complicações pulmonares
Controlar o edema
Manter e restaurar ADM e FM
Minimizar formação de cicatriz hipertrófica
Posicionamento do leito
Calhas de abdução MMSS 90°
Deambulação
RECURSOS

FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA
POSICIONAMENTO
MASSOTERAPIA
CINESIOTERAPIA
RECURSOS ELETRO-FOTO-TÉRMICOS
FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA

THB

Terapia de expansão

Reeducaçao da função respiratória

Prevenção de deformidades
ABORDAGEM HOSPITALAR

Cinesioterapia

Mobilização

Imobilização (órteses)
DEFORMIDADES TORÁCICAS COMUNS

Encouraçamento
Retração unilateral do trono associado a
escoliose
Retração anterior do tronco associado a cifose
Formas mistas
FISIOTERAPIA POSTURAL

Órteses:

Colete gessado com ombros abduzidos + rot.


Externa
Imobilizador em 8 para clávicula
Posicionamento preventivo
ABORDAGEM AMBULATORIAL

Controlar o edema (DLM)


Manter e restaurar ADM e FM, manter função cardiovascular - Cinesioterapia
Abordagem fisioterapêutica nas cicatrizes
Massoterapia (Massagem transversa profunda: rompe aderências e promove aumento da
maleabilidade tecidual),
Vacuoterapia, laser e US
ELETROTERMOFOTOTERAPIA

Correntes de media frequencia ( hipertrofia muscular – Corrente russa e aussie)


Ultrassom – formação de tecido de granulação
Crioterapia – redução de edema e bolhas, analgesia, auxilia na cicatrização e alongamento do
tec. conjuntivo (tardia)
Ultravioleta – bactericida
FISIOTERAPIA POSTURAL

Exercicios:

Equilibrio, coordenação e propriocepção

Relaxamento de áreas contraídas e


fortalecimento de áreas enfraquecidas
(alongamento e Fortalecimento muscular).
Cinesioterapia

Objetivos:
Manter ou recuperar ADM
Reduzir edema
Melhorar circulação no local atigingido
Manter e recuperar movimentos funcionais
Proporcionar alinhamento das fibras cicatriciais
Manter ou recuperar trofismo muscular
Promover retorno mais rápido as AVDS
Evitar sequelas e auxiliar no tratamento de sequelas instaladas
Abordagem fisioterapêutica nas cicatrizes

Incentivo ao uso de malha compressiva


Cuidados com a pele
Hidratação
Manipulaçao lateral à cicatriz, digito pressão
( compressão, fricção e deslocamento, rolamento e
pinçamento).
U.S continuo (remodelação)
Vacuoterapia (redução de aderência e fibrose)
Laserterpia (reparo tecidual)
Caso clínico
Paciente WHSB, sexo feminino, 7 anos, natural de Anápolis-Goiás, residente em Goianápolis-
Goiás, apresenta 66% de SCQ com seqüela de queimadura de espessura parcial e total em face,
orelhas, MMSS e MMII, nádegas, tendo como agente causal da lesão o álcool/fogo.

O acidente ocorreu no dia 11-10-2000, por volta de 19:00 horas em seu domicílio na cidade de
Goianápolis-Goiás. A criança foi levada imediatamente ao Hospital de Queimaduras de Anápolis
procedendo a internação e primeiro atendimento em caráter de urgência.

Nesta primeira avaliação a paciente apresentava lesões oclusivas com hiperemia marcante em
face e em região póstero-superior de orelha esquerda e lobo inferior da orelha direita; em
MMSS; em região glútea inferior direita e esquerda. Além disso se constatou presença de
curativo oclusivo em MMII.
DIANTE DESTE QUADRO OS OBJETIVOS DE TRATAMENTO, PRIMEIRAMENTE TRAÇADOS SE
BASEIAM EM:
Evitar progressão da restrição de movimentos em região oral;
Recuperar amplitude de movimento de ATM;
Dessensibilizar cicatrizes;
Garantir vascularização adequada no processo cicatricial;
Manter amplitude de movimento de cada sistema osteomioarticular intactos;
Manter movimentos funcionais;
Evitar posturas antálgicas;
Prevenir evolução de cicatrizes hipertróficas e retráteis;
Promover recreação e adaptação da paciente à terapia.
Tendo em vista tais objetivos o tratamento fisioterapêutico eleito se baseou em:

Massoterapia em regiões completamente cicatrizadas (primeiramente face e MMSS),


Exercícios de mímica facial,
Uso de órtese bucal para garantir a amplitude dos movimentos da boca,
Uso de malha compressiva indicada pelo próprio hospital,
Uso de silicone e órteses compressivas a fim de auxiliar na pressão exercida sobre a cicatriz.

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