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Padre António

Vieira

Os índios tratavam-no por


Payassu ( Pai Grande)
SERMÃO DE
SANTO ANTÓNIO
AOS PEIXES

Pregado em S. Luís do Maranhão, em 1654,


três dias antes de embarcar ocultamente
para o Reino para tentar salvar os índios.
Não confundir:
Padre António Vieira ( SÉC XVII)
Santo António (SÉC XII/XIII)
Porquê
um
sermão?
SERMÃO : ARTE DA ELOQUÊNCIA
O SERMÃO É UMA
ALEGORIA.
A alegoria é uma figura de linguagem caracterizada
como sendo um conjunto simbólico criado para transmitir
um segundo sentido além do sentido literal das palavras.
Entra-se assim no campo da linguagem simbólica,
conotativa, figurativa.

«A uma sucessão de comparações e


metáforas chama-se alegoria.»
EXEMPLOS DE ALEGORIA

PROVÉRBIOS:
gato escaldado de água fria tem medo…

FÁBULAS com fins morais e educativos: Fábula dos sete vimes

PARÁBOLAS DA BÍBLIA:
"Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma, não deixa as noventa e
nove no campo e vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la? E quando a encontra,
coloca-a alegremente nos ombros e vai para casa. Ao chegar, reúne seus amigos e
vizinhos e diz: 'Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida'. Eu digo que, da
mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por
noventa e nove justos que não precisam arrepender-se.
Lucas 15:4-7
"O Reino dos céus é ainda como uma rede que é lançada ao mar e apanha toda sorte de
peixes. Quando está cheia, os pescadores a puxam para a praia. Então assentam-se e
juntam os peixes bons em cestos, mas jogam fora os ruins. Assim acontecerá no fim
desta era. Os anjos virão, separarão os perversos dos justos e lançarão aqueles na
fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes".
Mateus 13:47-50
representação de uma ideia abstrata
através de outras formas,
podendo estas ser humanas,
animais ou objetos.

Uma mulher
vendada com uma
balança e uma
espada representa
a justiça.
ALEGORIA(s) DO SERMÃO
• O SAL • OS PEIXES
ESTRUTURA

Louvor

Conclusão do sermão: apelo / incitamento à mudança de


atitudes
OS PEIXES SÃO A GRANDE ALEGORIA QUE ESTÁ POR DETRÁS DE TODO O SERMÃO:

Os peixes são uma metáfora dos Homens: o


pregador finge falar aos peixes, quando, na
verdade, se dirige aos Homens.
As virtudes dos Os defeitos dos
peixes são, por peixes são
contraste, diretamente
metáforas dos metáforas dos
defeitos dos defeitos dos
Homens. Homens.
A obra começa com um conceito predicável

O que é um conceito predicável?

É uma expressão retirada das Sagradas Escrituras que, de


forma alegórica, encerra uma determinada verdade que
vai servir de mote ao sermão.
Conceito predicável do Sermão
diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores:

“Vos estis sal terrae”


S. Mateus, capítulo V, versículo 13
COMPARAÇÃO ENTRE A FUNÇÃO DO SAL E A DO PREGADOR
Vós sois o sal da terra

Pregadores Mensagem dos Homens


evangélica
(doutrina)

SERVEM Da
Para Sociedade
impedir a
corrupção

ALEGORIA DO SAL
1º CAPÍTULO

EXÓRDIO
1º CAPÍTULO
COMPREENSÃO / EXPRESSÃO
Exercícios pág.31

1.Indica o referente de “Vós” (linha 6)


O referente de “Vós” é os pregadores, pois Vieira inicia o seu sermão com
um conceito predicável (expressão bíblica), retomando uma expressão
proferida por Cristo quando este se dirigia aos pregadores, relembrando-os
que estes são o sal da terra.

2. Identifica o conceito predicável e explicita o seu caráter metafórico.


O conceito predicável é: «Vós sois o sal da terra.» A metáfora do sal diz
respeito ao facto de o sal na época ser usado para conservar os alimentos,
não os deixando deteriorar. Assim, também os pregadores deveriam
conservar as almas («terra») e preservá-las da corrupção. Deste modo,
realça-se o papel dos pregadores a quem cabe eliminar os pecados da terra,
divulgando os valores morais e preservar o bem, impedindo a sua
deterioração.
3.Atenta no primeiro parágrafo. Indica o paralelismo aí estabelecido,
referindo a sua intencionalidade.

Os pregadores: Os ouvintes:
-não pregam a verdadeira -não querem receber a doutrina
doutrina -preferem imitar o que os pregadores fazem
-dizem uma coisa e fazem outra e não fazer o que dizem
-pregam-se a si e não a Cristo -servem os seus apetites em vez de
servirem Cristo
Denuncia os pregadores ao serviço da
Denuncia os vícios dos homens que
vaidade com sermões pomposos e falsa
não seguem a doutrina: a corrupção
virtude: não agem de acordo com aquilo
da sociedade humana.
que pregam“com a vida prega ao contrário”
O paralelismo é feito entre as ações do «sal» e da «terra». A intenção é contrapô-
las e apurar a verdadeira causa da corrupção na terra. Assim para cada um vai
apontar três razões, sempre de forma alternada e simétrica, usando
sistematicamente a conjunção “ou”, denunciando, deste modo, que há culpas
tanto da parte dos pregadores como dos homens em geral.
Que se há-de Que se há-de
fazer a este fazer a esta
sal? terra?

“Se o sal perder a


substancia e a virtude, e o “Santo António(…) deixa as praças,
pregador faltar à doutrina e vai-se às praias, deixa a terra, vai-
ao exemplo, o que se lhe se ao mar, e começa a dizer a altas
há-de fazer é lançá-lo fora vozes: “Já que me não querem
como um inútil, para que ouvir os homens, ouçam-me os
peixes!”
seja pisado por todos.”
Segundo Stº António
Segundo as palavras de Cristo

Este paralelismo mantém-se ao longo do capítulo, quando apuradas as causas da


corrupção, o pregador lança mais duas interrogações, às quais responde
simetricamente com a solução apresentada por individualidades reconhecidas.
4. Expõe, de forma sintética, o poder argumentativo conferido ao
sermão, através das citações, nomeadamente as presentes no 1º
parágrafo

As citações servem o propósito de conferir autenticidade e autoridade às


palavras do pregador: os seus argumentos são validados por serem
suportados por textos sagrados, neste caso as próprias palavras de
Cristo. Consegue assim que o seu discurso seja mais convincente e
persuasivo.

5.Relaciona o comportamento de Padre António Vieira com o de Santo


António (quarto e quinto parágrafos).

Vieira vai seguir o exemplo de Santo António – já que os homens do


Maranhão não o ouvem, vai mudar de púlpito e dirigir-se aos peixes, tal
como fez Santo António visto que, em dia de celebração deste santo,
melhor que pregar acerca dele é pregar como ele, tal como faz questão
de referir «Mas há muitos dias que tenho metido no pensamento que nas
festas dos Santos é melhor pregar como eles, que pregar deles»).
6. Indica a classe e subclasse a que pertence a primeira palavra do último
parágrafo e refere o seu contributo para a progressão do texto.

Trata-se de um pronome demonstrativo; com “isto”, resume toda a


argumentação apresentada para agora anunciar a sua intenção de
pregar aos peixes e continuar o seu sermão com base na alegoria dos
peixes.

7.Identifica a invocação que é feita no final e explicita a sua intencionalidade.

A invocação é feita a Maria que “quer dizer Domina maris: "Senhora do mar“.
A intenção é pedir auxílio para que a sua inspiração seja adequada à matéria
e público tão pouco usual. Dado que se vai dirigir aos peixes, a invocação é
feita à «Senhora do mar».

8. Este capítulo inicia um sermão. Comprova esta evidência, apresentando


duas marcas deste género.
Consideram-se marcas deste género o facto de partir-se de uma verdade da
doutrina de Cristo / conceito predicável («Vós sois o sal da terra»), que se
pretende provar; para além disso, é apresentado por um orador com um fim
didático: mudar os comportamentos dos homens.
QUESTÃO AULA:
1. Refere o que levou o
Padre António Vieira a
pregar aos peixes,
imitando Stº António.
1. O que levou o Padre António Vieira a pregar
aos peixes foi o facto de verificar que a
sociedade em geral estava corrupta, não
seguindo e até repudiando os ensinamentos
da doutrina cristã. Tendo ele sempre pregado
o bem de forma sólida e verdadeira, verifica
que os seus sermões não têm tido o efeito
que ele deseja: emendar os vícios dos
Homens. Por isso, visto ser dia de Santo
António, resolve pregar como ele aos peixes,
em vez de recordar esse santo.
Discurso de Martin Luther King

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