O documento descreve a história da educação especial desde a Idade Média até o século XX. Na Idade Média, as pessoas com deficiência eram segregadas e consideradas deformadas mentalmente. No século XVI, médicos como Paracelso e Cardano passaram a considerar a deficiência um problema médico. No século XVII, instituições religiosas começaram a oferecer assistência. Jean Itard, no século XIX, iniciou o atendimento sistematizado de deficientes mentais. Maria Montessori e outros contribuíram para o desenvolvimento de mé
O documento descreve a história da educação especial desde a Idade Média até o século XX. Na Idade Média, as pessoas com deficiência eram segregadas e consideradas deformadas mentalmente. No século XVI, médicos como Paracelso e Cardano passaram a considerar a deficiência um problema médico. No século XVII, instituições religiosas começaram a oferecer assistência. Jean Itard, no século XIX, iniciou o atendimento sistematizado de deficientes mentais. Maria Montessori e outros contribuíram para o desenvolvimento de mé
O documento descreve a história da educação especial desde a Idade Média até o século XX. Na Idade Média, as pessoas com deficiência eram segregadas e consideradas deformadas mentalmente. No século XVI, médicos como Paracelso e Cardano passaram a considerar a deficiência um problema médico. No século XVII, instituições religiosas começaram a oferecer assistência. Jean Itard, no século XIX, iniciou o atendimento sistematizado de deficientes mentais. Maria Montessori e outros contribuíram para o desenvolvimento de mé
O documento descreve a história da educação especial desde a Idade Média até o século XX. Na Idade Média, as pessoas com deficiência eram segregadas e consideradas deformadas mentalmente. No século XVI, médicos como Paracelso e Cardano passaram a considerar a deficiência um problema médico. No século XVII, instituições religiosas começaram a oferecer assistência. Jean Itard, no século XIX, iniciou o atendimento sistematizado de deficientes mentais. Maria Montessori e outros contribuíram para o desenvolvimento de mé
Baixe no formato PPTX, PDF, TXT ou leia online no Scribd
Fazer download em pptx, pdf ou txt
Você está na página 1de 31
PSICOLOGIA DAS
NECESSIDADES ESPECIAIS Prof. Anna Cristhina Gonçalves Monteiro A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA HISTÓRIA: DA IDADE MÉDIA ATÉ O SÉCULO XX
A Idade Média é considerada a “Idade das Trevas”. Esse período se
caracterizou pela falta de conhecimento sobre as doenças e suas causas; pela falta de informação; pela falta de educação; pelo medo do desconhecido; pelo uso de significados religiosos e sobrenaturais para explicar as deformidades físicas e os comprometimentos mentais e sensoriais. Essa atmosfera de ignorância e de superstição levou a segregação das pessoas com algum tipo de deficiência, generalizando-se o conceito de que um corpo deficiente abrigava também uma mente deformada. A teologia de Lutero concebeu o deficiente de forma igualmente primária e tendenciosa – “afogá-lo” ou “orar por ele” eram consideradas como práticas eficazes e morais. Esse era o modelo de visão medieval do problema. No século XVI, os médicos Paracelso e Cardano começaram a defender a ideia de que os portadores de deficiência mental eram um problema médico e que isso acontecia por uma fatalidade hereditária ou congênita, passando a chamá-los de cretinos, idiotas ou amentes, não acreditando que pudessem ser educados ou recuperados. Segundo eles, caberia aos médicos, e não ao clero, a decisão sobre a vida e o destino dessas pessoas. Para o médico e alquimista Paracelso, em sua obra entitulada "Sobre as doenças que privam o homem da razão" escrita em 1526, retrata pela primeira vez, uma autoridade reconhecida da medicina fazendo a consideração médica de um problema que, até então, era tratado como teológico e moral. Jerônimo Cardano, por outro lado, unindo o misticismo, a magia, a astrologia e a cabala, acreditava em poderes especiais e forças cósmicas como sendo os responsáveis pelos comportamentos tidos como inadequados. Quase cem anos depois, no século XVII, as instituições religiosas começaram a oferecer assistência aos deficientes, como foi o caso das organizações IRMÃS DE CARIDADE e SÃO VICENTE DE PAULO. Antes, elas usavam o confinamento como forma de cuidado. Mais ou menos na mesma época, por volta de 1650, em Londres, THOMAS WILLIS descreveu, pela primeira vez, a anatomia do cérebro humano e afirmou que a idiotia e outras deficiências eram produto de alterações na estrutura do cérebro. Esse evento deu início a uma mudança na visão sobre os distúrbios apresentados pelos deficientes mentais. A abordagem deixou de ser ética e humanitária, até mesmo fanático-religiosa, dando lugar aos argumentos científicos. Os preceitos religiosos e morais foram modificados também quando John Locke, com sua obra Essay (1690), revolucionou definitivamente as doutrinas então vigentes sobre a mente humana e suas funções. Com a visão naturalista da atividade intelectual, a mente foi entendida como uma página em branco, sem qualquer letra, sem qualquer ideia – uma tábula rasa. Caberia à experiência e, portanto, ao ensino suprir as carências. A Teoria do Conhecimento e Aprendizagem, de Locke, influenciou o pensamento educacional de Rousseau e de Condillac que, posteriormente, deu origem ao primeiro programa sistemático de EE elaborado por Jean Itard, em 1800. A concepção de Locke influenciou também as concepções pedagógicas de PESTALLOZZI e FROEBEL. Por volta de 1800, Itard, trabalhando em um asilo de surdos e mudos, dedicou-se ao estudo da gagueira, educação oral e audição. Ainda no começo do século XIX, Itard iniciou o atendimento aos débeis ou deficientes mentais, utilizando métodos sistematizados. Nessa época, também se destacaram os pioneiros CHARLES M. EPPÉE e VALENTIN HAÜY. O primeiro, ligado à educação de surdos-mudos – como eram chamados os surdos naquela época – e o segundo, ao ensino de cegos. Ele também inventou o método de sinais, destinado a complementar o alfabeto manual e a designar muitos objetos que não podiam ser percebidos pelos sentidos. Os trabalhos do abade Eppée e a grande projeção de suas obras influenciaram muitas pessoas, entre elas o inglês Thomas Braidwood e o alemão Samuel Hernecke. Em 1818, ESQUIROL diferencia demência (doença mental) e amência (deficiência mental). Nas palavras dele, o primeiro é louco, o segundo é idiota. É com Esquirol que a idiotia deixa de ser considerada uma doença e o critério para avaliá-la passa a ser o rendimento educacional. O campo médico, em consequência, perde a palavra final no que diz respeito à deficiência mental, abrindo as portas dessa nova área de estudo ao pedagogo. Outra contribuição importante de Esquirol foi o fato de ele chamar a atenção para as carências ou acidentes pré ou perinatais nos casos da idiotia, deixando de lado a noção de que as causas fossem, em sua maioria, hereditárias. Esquirol estabeleceu claramente a diferença entre a idiotia (definida como ausência de desenvolvimento intelectual desde a infância e devido a carências infantis ou condições pré e perinatais), a confusão mental (entendida como condição passageira e de incidência mais ou menos geral) e a loucura (caracterizada como perda irreversível da razão e suas funções). Mais tarde, BELHOMME (1824) definiu e ordenou os tipos de classificação da defi ciência mental. Ele a dividiu em duas categorias: idiotia e imbecilidade. A primeira, em dois graus, e a segunda, em três. Essas classificações mostraram a possibilidade de se educar os deficientes mentais, de acordo com os graus de comprometimento. A partir dessa informação, começaram a surgir instituições, métodos e recursos especiais para a educação dos deficientes mentais. O primeiro especialista em deficiência mental e ensino para esses defi cientes foi EDOUARD SEGUIN, discípulo de Itard e com formação médica e pedagógica. Ele reconheceu a importância do treino sensório-motor para o desenvolvimento dos deficientes mentais. Também sistematizou a metodologia do ensino especial na obra Traitment Moral, publicada em francês, em 1846, na cidade de Londres. Propôs, ainda, uma teoria psicogenética e afirmou que, qualquer que fosse o gênero da deficiência, o indivíduo poderia ser educado. Os progressos do deficiente dependeriam de três aspectos: o grau de comprometimento de suas funções orgânicas, o quanto de inteligência que o deficiente apresentava e a habilidade na aplicação do método. Os primeiros movimentos pelo atendimento aos deficientes aconteceram na Europa, e mais tarde expandiram-se para os Estados Unidos, o Canadá e depois para outros países, inclusive o Brasil. Em 1866, foi publicada a obra Observations on Ethnic Classifi cation of Idiots, em Londres, de Langdon Down. Esta obra tornou célebre o seu autor por descrever a síndrome de Down, que era chamada de mongolismo. Essa referência era devida à grande semelhança existente entre as pessoas que tinham a síndrome e as da raça mongólica. A médica italiana MARIA MONTESSORI foi outra importante educadora que muito contribuiu para a EE. Ela aprimorou os métodos de Itard e Seguin e desenvolveu um programa de treinamento para crianças deficientes mentais nos internatos de Roma. Suas técnicas foram levadas para diversos países da Europa e Ásia. A médica italiana MARIA MONTESSORI foi outra importante educadora que muito contribuiu para a EE. Ela aprimorou os métodos de Itard e Seguin e desenvolveu um programa de treinamento para crianças deficientes mentais nos internatos de Roma. Suas técnicas foram levadas para diversos países da Europa e Ásia. Montessori, assim como Pestalozzi, criou sistemas pedagógicos eficazes para a infância em geral, baseando seus métodos em crianças intelectualmente deficientes e, posteriormente, estendendo esses métodos às crianças normais. Para Montessori, o método não deve limitar-se às formas de ensinar repertórios educacionais, mas deve alcançar a pessoa do educando, seus níveis de aspirações, seus valores e sua autoestima. Essa foi uma das suas maiores contribuições para o entendimento da deficiência mental. A importância de Seguin era tão grande para Montessori que ela conseguiu concluir, após muito estudo, que o sucesso da obra dele estava na preparação do educador. Este deveria ser atraente, com voz agradável e sedutora. Deveria cuidar de seus gestos e de sua pessoa para poder conquistar as crianças, como um artista pronto para entrar em cena. Essa era a chave secreta do êxito pedagógico. Montessori era convicta de que o educador deveria se colocar no mesmo nível dos alunos, pois agindo de outra forma não conseguiria educá-los. Assim, o professor deveria despertar na alma infantil o homem que está ali, definindo dez regras de educação adequadas tanto para as crianças normais em idade pré- escolar, como para crianças treináveis em idade escolar, isto é, aquelas que têm deficiência mental moderada. As regras de educação definidas por Montessori são: 1. As crianças são diferentes dos adultos e necessitam ser tratadas de modo diferente. 2. A aprendizagem vem de dentro e é espontânea, a criança deve estar interessada numa atividade para se sentir motivada. 3. As crianças têm necessidade de ambiente infantil que possibilite brincar livremente, jogar e manusear materiais coloridos. 4. As crianças amam a ordem. 5. As crianças devem ter liberdade de escolha, por isso necessitam de material sufi ciente para que possam passar de uma atividade para a outra, conforme o índice de interesse e de atenção o exijam. 6. As crianças amam o silêncio. 7. As crianças preferem trabalhar a brincar. 8. As crianças amam a repetição. 9. As crianças têm senso de dignidade pessoal; assim, não podemos esperar que façam exatamente o que mandamos. 10. As crianças utilizam o meio que as cerca para se aperfeiçoar, enquanto os adultos usam-se a si mesmos para aperfeiçoar seu meio. A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA AMÉRICA Cinqüenta anos depois que Valentin Haüy havia fundado a primeira escola para crianças cegas, instalou-se nos Estados Unidos, em 1829, o primeiro internato para cegos, em Massachusetts. Este instituto começou a funcionar com apenas seis alunos em 1832. O período de 1817 a 1850 foi muito benéfico para a educação das crianças deficientes. Muitas escolas para cegos, surdos e deficientes mentais apareceram. Para os deficientes físicos, os programas surgiram décadas mais tarde. O modelo europeu de escolas residenciais teve forte influência nos Estados Unidos no período de 1850 a 1920, com o crescente aumento de escolas para deficientes. No final do século XIX, no entanto, as escolas residenciais deixam de ser consideradas como instituições apropriadas para a educação do deficiente mental. Elas passam a ser vistas como instituições para crianças e adultos sem possibilidade de educação. Os programas de externato começam, por esse motivo, a ser desenvolvidos. Por volta dos anos 1900, a educação dos deficientes era muito mais um problema pedagógico que médico. Por iniciativa do pai de uma criança com paralisia cerebral, em 1940, o jornal Times, de Nova York, publicou um anúncio que levou à criação de uma organização para essas crianças. Nesta organização, os pais levantavam fundos para os centros de treinamento e pesquisa, estimulando as iniciativas do governo no sentido de criar uma legislação que proporcionasse os recursos necessários às demandas. Por volta de 1950, a exemplo do que aconteceu com a Associação dos Paralisados Cerebrais, os pais de crianças com desenvolvimento mental retardado, excluídas da escola devido a leis que dificultavam o seu ingresso ou permanência, organizaram- se e criaram a National Association For Retarded Children (NAR). Essa organização exerceu grande influência em vários países e, no Brasil, foi a inspiração para a criação das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAEs. A trajetória da Educação Especial da Idade Média até os dias de hoje mostra que, apesar do desconhecimento e do preconceito, iniciativas isoladas de estudiosos, que acreditaram na potencialidade do indivíduo deficiente como uma pessoa com direitos e singularidades que precisava ser educada, favoreceram as conquistas nesse campo.