Penhor, Hipoteca e Anticrese
Penhor, Hipoteca e Anticrese
Penhor, Hipoteca e Anticrese
DA ANTICRESE
DO PENHOR
DA HIPOTECA
• O mais relevante direito real de garantia tratado no CC de 2002 é o
direito real de hipoteca que até hoje demonstra sua atualidade e
importância.
• A hipoteca é considerada superior tecnicamente aos outros dois
direitos reais de garantia porque não retira a posse da coisa do
devedor.
• Tal como ocorre com os outros dois direitos reais de garantia, o
direito real de hipoteca tem sua existência condicionada à presença
de direito de crédito que, portanto, lhe é principal.
• Aspectos gerais - A hipoteca sempre foi considerada de natureza civil
(art. 809, do CC de 1916), ainda que se tratasse de direito real de
garantia relativamente aos créditos de Direito Comercial. No CC de
2002, diante do transplante de vários temas tradicionalmente
considerados de Direito Comercial para o seu corpo, deixou de haver
necessidade de repetir o mesmo preceito contido no Código de 1916.
PRINCÍPIOS
a) o princípio da especialização, ou seja, no negócio jurídico constitutivo da hipoteca é
fundamental que seja fixado o total da dívida com todos as suas especificidades, bem como seja
individualizada a coisa dada em garantia (daí não ser admitida a hipoteca geral e a hipoteca
ilimitada);
b) o princípio da publicidade, segundo o qual a hipoteca precisar ser registrada no Cartório
imobiliário (CC, art. 1.492).
• Para fins de prioridade entre as várias hipotecas relativamente ao mesmo bem, é fundamental
identificar a data da inscrição – a denominada prenotação (CC, art. 1.493).
ESPÉCIES
• Quanto às espécies de hipoteca, o primeiro critério de
classificação leva em conta a origem ou causa determinante da
hipoteca. Assim, são enunciadas as seguintes hipotecas:
a) hipoteca convencional;
b) hipoteca legal;
c) hipoteca judicial.
• O credor anticrético tem direito à percepção dos frutos, não tendo, no entanto, poder de levar o
imóvel à alienação judicial. Terá a administração dos bens dados em anticrese e, assim, auferir os
frutos e utilidades da coisa, devendo apresentar balanço anual de sua administração (CC, art.
1.507, caput). O credor anticrético tem os seguintes direitos:
a) possuir o bem dado em garantia;
b) perceber-lhe os frutos e rendimentos;
c) retê-lo em seu poder até que a dívida seja integralmente paga (direito de retenção);
d) vindicar seus direitos contra o terceiro adquirente e outros credores quirografários e reais
posteriores (CC, art. 1.509).
• O único título de constituição da anticrese é o contrato celebrado por escritura pública, não
havendo hipótese de anticrese legal. O modo de constituição é o registro do contrato no Cartório
imobiliário.
EXTINÇÃO
• O pagamento da dívida extingue a anticrese,
como também ocorre semelhantemente com
os demais direitos reais de garantia. Há,
contudo, modo peculiar de extinção do direito
real de anticrese que é a remição do bem.
DO PENHOR
• Cuida-se de instituto que até hoje recebe especial e peculiar tratamento, principalmente nos
dias atuais em razão do desenvolvimento de atividades econômicas e sociais no campo científico
e tecnológico, permitindo o aproveitamento econômico das invenções de bens móveis.
• O penhor vem atualmente tratado no art. 1.431 e seguintes, do CC de 2002. O credor
pignoratício é o credor da obrigação principal. O devedor pignoratício pode tanto ser o sujeito
passivo da obrigação principal, ou um terceiro que ofereça a garantia, ou seja, deve ser o
proprietário da coisa dada em penhor, eis que poderá haver alienação judicial da coisa. Pode
também se tornar devedor pignoratício o terceiro que adquira o bem, em razão da característica
da seqüela.
• Aspectos gerais - O penhor é o direito real de garantia sobre coisa móvel alheia, cuja posse é
transferida ao credor que, desse modo fica com a faculdade de promover sua alienação judicial
e, preferir, no pagamento, a outros credores (CC, art. 1.431).
• Credor pignoratício é o credor da obrigação principal que é garantida pelo penhor.
• O devedor pignoratício é o sujeito passivo da obrigação principal ou terceiro que ofereça a
garantia, sendo que em ambos os casos o devedor pignoratício é o proprietário da coisa
empenhada, com livre disposição dela.
• Não há como confundir o penhor e a penhora. O penhor é direito real de garantia e, por isso,
instituto de direito material; a penhora é ato judicial praticado no curso de execução judicial que
pode recair sobre qualquer bem do patrimônio do executado, salvo as hipóteses legais e, por
isso, é instituto de direito processual.
CARACTERÍSTICAS
• O penhor somente se constitui no pressuposto da existência de um direito de
crédito, daí sua função ser a de garantia, determinando-se sua natureza
acessória. O principal objetivo do penhor é proporcionar maior segurança ao
credor da dívida principal diante da probabilidade mais clara de que a obrigação
seja cumprida.
• O direito de penhor é indivisível (o pagamento parcial não libera o bem
proporcionalmente, ainda que o penhor incida sobre várias coisas distintas) e
acessório (o penhor depende necessariamente da relação jurídica obrigacional).
Além disso, a coisa empenhada não pode ser dada em garantia a mais de uma
pessoa, eis que, como regra, a tradição e a posse pelo credor são requisitos
essenciais relativamente ao penhor.
• Podem ser objeto de penhor:
a) coisas móveis;
b) direitos;
c) créditos, incluindo as culturas, mercadorias, máquinas e aparelhos utilizados na
indústria, que podem ser objeto de penhor especial.
CONSTITUIÇÃO E EFEITOS
• Quanto à constituição do direito real de penhor, é obrigatório que haja a
formação do título por instrumento particular ou público. Em se tratando de
penhor comum, o título deverá ser registrado no Cartório de Títulos e
Documentos (CC, art. 1.432, parte final; Lei n° 6.015/73, art. 127, II); de
penhor de direito, também no Cartório de Títulos e Documentos (CC, art.
1.452; Lei n° 6.015/73, art. 127, III). Caso seja penhor rural, industrial ou
mercantil, o título deverá ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis
(CC, arts. 1.438 e 1.448, entre outros; Lei n° 6.015/73, art. 167, I, 4 e 15).
• Há um conjunto de direitos e obrigações do credor e do devedor pignoratícios
que, no âmbito do CC de 2002, foi melhor sistematizado do que no CC de
1916. Orlando Gomes menciona que são quatro tipos de pretensões
originadas desde a constituição do penhor:
a) pretensões de caráter pessoal derivadas do título pignoratício;
b) pretensões erga omnes derivadas da relação real de penhor;
c) direitos e obrigações que constituem efeito indireto do penhor;
d) pretensões de caráter processual.
CONSTITUIÇÃO E EFEITOS
• Espécies - A respeito das espécies de penhor, a principal classificação existente distingue
o penhor legal (por determinação da lei) do penhor convencional (em decorrência do
contrato).
• Contudo, além do penhor comum (ou tradicional), a lei regulamenta os casos de penhor
especial com objetivo de fomentar a produção agrícola, industrial e comercial, facilitando
a concessão de créditos bancários. As modalidades de penhor especial são o penhor
rural, o penhor industrial e mercantil, o penhor de direitos e títulos de crédito e o penhor
de veículos.
• O penhor não recai apenas em coisas, mas também em direitos (bens incorpóreos).
• Cuida-se de construção teórica que foi encampada no Direito pátrio. O penhor de direitos
tradicionalmente foi admitido na legislação brasileira, inicialmente apenas a título de
caução de títulos de crédito para, mais adiante, abranger qualquer espécie de direito,
incluindo marcas e patentes, direitos autorais. O penhor de direitos pode ser subdividido
em:
a) penhor de direitos de crédito:
a.1) penhor de crédito ordinário (penhor de crédito stricto sensu);
a.2) penhor de títulos de crédito;
b) penhor de ações, patentes e direitos autorais.
EXTINÇÃO
• Por se tratar de direito acessório, o penhor tem sua existência
condicionada à existência do direito ao qual está vinculado.
Extinta a obrigação, extingue-se o penhor (CC, art. 1.436, I). O
acessório segue o principal, consoante o princípio da gravitação
jurídica.
• São, também, modos de extinção do penhor:
a) o perecimento do bem empenhado (por sua destruição, sua
falta);
b) a renúncia do credor à garantia real;
c) a excussão ou alienação forçada da coisa (CC, art. 1.436, II a V).
• A extinção do penhor produzirá efeitos após a averbação do
cancelamento do registro (CC, art. 1.437).