Direito Agrário - Aula 1

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DIREITO AGRÁRIO

AULA 1
Tamires Lima
INTRODUÇÃO
 No primeiro período do desenvolvimento
histórico, o homem se encontrava integrado
à natureza, sentido-se parte dela, tendo na
coleta de frutos a base da sua subsistência.
 Num segundo momento, organizado em tribos,
visando a sua proteção e sobrevivência, o
homem passou a sentir a necessidade de
normas reguladoras da vida em grupos e,
consequentemente, em relação ao uso dos bens,
em especial a terra.
MOISÉS

Escritos históricos referentes a Moisés


(Bíblia), sobre a terra prometida, indicam
a existência de regras relacionadas com o
adequado cultivo e aproveitamento da
terra. O Decálogo de Moisés, relacionado
à terra, com regras para as 12 tribos.
CÓDIGO DE HAMURABI
O Código de Hamurabi, do povo babilônico,
que data de 1.690 AC, pode ser considerado o
1º código agrário da humanidade. Dos 280
parágrafos (artigos), 65 eram dedicados a
questões agrárias, como o cultivo, a distribuição
e a conservação da terra, além de regras de
proteção a agricultores e pastores, e a proteção
do produtor diante de situações de intempéries
(no caso de perda da lavoura, o agricultor não
pagava juros no ano respectivo e não pagava o
credor naquele ano).
 Além disso, o referido código traz as
primeiras normas de que se tem
notícia na história, correlatas a
normas ainda hoje existentes, em
relação à posse, usucapião, penhor e
indenização, locação, seguro.
LEI DAS XII TÁBUAS

Lei das XII Tábuas (450 AC) – Esta norma histórica


foi resultante da luta entre patrícios e plebeus.
Também continha regras de conteúdo agrário,
entre as quais a proteção ao possuidor e a
usucapião. Assim, diversos povos da antigüidade
(hebreus, judeus e romanos) também tinham regras de
combate à concentração da terra. Reis romanos foram
mortos por tentarem a reforma agrária. No império
romano = lei licínia, dos irmãos Gracco; Júlio César
garantiu terra para cidadãos pobres e veteranos de
guerra. Tibério Gracco, através da Lex Semprônia, em
133 a C, fixou regras sobre reforma agrária.
CIVILIZAÇÃO INCA
Civilização Inca ( América espanhola). Trata-se
de uma civilização que foi praticamente dizimada
com o processo de ocupação europeu,
ignorando e destruindo técnicas avançadas de
cultivo da terra, entre as quais a irrigação, a
conservação e o uso do solo apenas dentro do
necessário, num profundo respeito à terra,
mesmo porque esta era considerada sagrada e o
trabalho era em comum.
MARCOS HISTÓRICOS
 Na história mais recente, as experiências são bastante
diversificadas no que diz respeito à distribuição e uso da
terra, e com diferentes concepções sobre a sua função
social.
 Na Argentina e no Uruguai foram aprovados códigos
agrários ainda no final do século XIX. No século XX,
multiplicaram-se as experiências de reforma agrária pelo
mundo afora, mesmo que com concepções totalmente
diferenciadas.
 Na Europa o modelo predominante é de pequena
empresa rural, com forte presença do cooperativismo.
Modelo dos EUA e o modelo cubano, com perspectivas
bem diferentes.
NO BRASIL
 A origem do Direito Agrário Brasileiro está na primeira
legislação sobre terras, a legislação das sesmarias.
 Trata-se de legislação de Portugal aplicada no Brasil
Colônia. A origem da legislação de Sesmarias data de
1.375, quando, em Portugal, visava corrigir as distorções
no uso das terras, forçando os proprietários a trabalhar
a terra, tendo em vista a falta de alimentos na época.
 Assim, as terras não aproveitadas seriam confiscadas. A
lei Régia de Dom Fernando, portanto, tentava reverter o
quadro de êxodo rural existente na época. O objetivo,
como dito, era o aumento da produção, o
aproveitamento das terras pelos proprietários.
 No Brasil, a utilização da mesma legislação
teve um objetivo bem diferente. Visava a
ocupação dos imensos espaços vazios,
sendo suporte para a colonização. Esta lei
determinava a colonização, a moradia
habitual e cultura permanente, o
estabelecimento de limites e a cobrança
de impostos.
TRATADO DE TORDESILHAS
O Tratado de Tordesilhas ( 07/06/1494) é
outra referência histórica importante para
a formação territorial do Brasil. Este
tratado, homologado pelo Papa, dividia
entre Portugal e Espanha, o direito sobre
as terras que fossem descobertas,
garantindo a Portugal as terras à direita
de uma linha imaginária definida a 370
léguas das ilhas de Cabo Verde.
1º PRIVILEGIADO
 O território brasileiro, no processo de
colonização, foi loteado e, por concessões
feitas pela Coroa Portuguesa, entregue em
grandes áreas para os colonizadores,
visando principalmente o povoamento e a
defesa, sendo Martim Afonso de Souza o
1º, em 1531, recebendo área de 100
léguas de terras, ou seja 660 Km, medidas
na costa marítima, sem limites para o
interior.
DISTRIBUÇÃO DE TERRAS
A distribuição de terras, por sesmarias,
vigorou no Brasil até 1822, amparado nas
ordenações Afonsinas (1.494), Manuelinas
(1.512) e Filipinas (1.603) com a prática
de entrega de extensas áreas, a pessoas
privilegiadas e, muitas vezes sem
condições ou interesse em explorar a
terra, o que deu origem ao processo de
latifundização da terra no Brasil.
OBRIGAÇÃO DE CULTIVAR AS
TERRAS

Ainda assim, o sistema garantiu a


povoação do interior do Brasil. Além disso,
o sesmeiro tinha a obrigação de cultivar a
terra, delimitá-la e pagar impostos sobre a
área possuída. Na prática, porém, isto não
se confirmou.
INDEPENDÊNCIA
Em 1.822, com a independência, deu-se o
fim da distribuição de terras por
Sesmarias. Entre 1822 e 1850 (“posses”),
tivemos um período de maior vazio legal
referente à propriedade, uso e posse da
terra, onde se multiplicaram as posses de
fato sobre áreas não pertencentes a
sesmeiros, de forma indiscriminada e
desorganizada sem qualquer controle, seja
de pequenas ou grandes áreas de terras.
LEI DE TERRAS
 Em 1850 surge a Lei de Terras (Lei 601), tendo como
principais objetivos: proibir o domínio sobre as terras
devolutas, a não ser pela compra e venda; garantir
títulos aos detentores de sesmarias não confirmadas,
garantir títulos aos detentores de terras por concessão
feita no regime anterior; transformar a posse mansa e
pacífica anterior à lei na aquisição do domínio. O registro
das terras passou a ser efetuado no Vigário ou Registro
Paroquial, tendo valor até os dias atuais como prova da
posse e não como título de domínio. A partir daí a
aquisição da terra se fazia por compra e registro. Pela
mesma lei foi instituída a ação discriminatória (processo
de separação de terras públicas e particulares, que
existe até os dias atuais).

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