O documento discute vários aspectos do crime de homicídio no direito penal cabo-verdiano. Aborda (1) homicídio simples e tentado, (2) homicídio por omissão, (3) dever de garante, (4) homicídio qualificado e (5) emprego de veneno como meio de qualificação do crime de homicídio.
O documento discute vários aspectos do crime de homicídio no direito penal cabo-verdiano. Aborda (1) homicídio simples e tentado, (2) homicídio por omissão, (3) dever de garante, (4) homicídio qualificado e (5) emprego de veneno como meio de qualificação do crime de homicídio.
O documento discute vários aspectos do crime de homicídio no direito penal cabo-verdiano. Aborda (1) homicídio simples e tentado, (2) homicídio por omissão, (3) dever de garante, (4) homicídio qualificado e (5) emprego de veneno como meio de qualificação do crime de homicídio.
O documento discute vários aspectos do crime de homicídio no direito penal cabo-verdiano. Aborda (1) homicídio simples e tentado, (2) homicídio por omissão, (3) dever de garante, (4) homicídio qualificado e (5) emprego de veneno como meio de qualificação do crime de homicídio.
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Homicídio simples
O artigo 122º prevê um crime de dano, de acordo com
aquela distinção tradicional entre crimes de dano e crimes de perigo, na medida em que só se consuma se se der a efectiva lesão do bem jurídico.
Caso não haja a morte da vitima, pode haver crime de
homicídio mas tentado. Esta configuração do homicídio não está contudo prevista numa norma expressa mas resulta da conjugação dos artigos 21º, 22º e 122º do CP. Homicídio simples
É um crime material porque a sua
consumação depende da verificação de um evento espácio-temporalmente distinto da acção. Esse evento é igualmente a morte da vítima. Homicídio por omissão • Como já foi aqui referido o crime de homicídio pode ser cometido por omissão e pode sê-lo nos termos gerais do artigo 8º do CP vigente.
• A equiparação da omissão à acção nos crimes de
resultado, depende, segundo o CP de não haver outra intenção do legislador e depende de haver a tal posição de garante, ou seja, sobre o omitente deve recair um dever pessoal de evitar o resultado tipico. Dever de garante
• Este dever existe, como bem se recordam, de
acordo com a teoria das fontes quando uma norma jurídica o estabelece expressamente.
• Como sucede em relação ao poder paternal,
quando falamos do dever do pai salvar o filho. Dever de garante
• Também pode promanar de uma relação
contratual, como sucede quando falamos do dever de uma educadora infantil salvar uma criança que está sob a sua guarda. Dever de garante • E existe finalmente, de acordo com a doutrina dominante, quando estamos em presença de uma situação de ingerência, ou seja, quando a situação de perigo foi criada pelo próprio agente, o que sucede por exemplo quando alguém convida uma criança para ir a pesca e a criança está a afogar-se por ter caído na água, em que quem o levou a pesca tem uma posição de garante relativamente à criança. Dever de garante
• Sucede também quando um alpinista convida
um amigo inexperiente a fazer uma escalada, se esse amigo se encontra numa situação de perigo, o alpinista tem o dever de lhe salvar a vida. Resumidamente, a posição de garante pode advir de lei, de contrato ou ingerência. Vexata quaestio • Há quem afirme que também a posição de garante existe nas chamadas situações de monopólio, ou seja, nas situações em que uma e apenas uma pessoa tem a possibilidade de promover a salvação do bem jurídico. É a tal situação em que um criança esta a afogar- se numa praia deserta onde se encopntra apenas um adulto. Vexata quaestio
• O que se discute é se, numa situação dessas, o
único adulto presente, o único que pode evitar a morte da criança, tem o dever de a evitar respondendo pelo crime de homicídio se não o fizer. Vexata quaestio
• Há quem afirme que sim, que nessas situações
há a posição de garante mas francamente, suponho que não, tendo em conta que a posição de garante não pode ser obra do acaso. Vexata quaestio
• Na verdade esta situação tem um
merecimento diferente daquele em que o pai não salva o filho, que a educadora de infância não salva a criança que sob a sua guarda ou mesmo do adulto que levou a criança para a pesca, por sua iniciativa e em situação de perigo pura e simplesmente não a salva. Vexata quaestio • Esta situação merece censura penal?
• Sem dúvida. Mas noutra sede que não a do
crime de homicídio. Eu penso que numa situação como a descrita, o agente apenas terá cometido o crime omissivo próprio ou puro de omissão de auxílio. Homicídio
• Para além de ser um crime de dano, em
atenção ao bem jurídico tutelado, e de resultado, em consideração ao objecto da acção, o crime de homicídio é um crime de forma livre, ou seja, é um crime que pode ser cometido por qualquer meio. Homicídio
• O legislador penal não definiu o meio de
cometimento do homicídio do homicídio nem o modo de execução do homicídio. Pode ser cometido através de arma de fogo, de veneno, ou através de qualquer outro meio adequado à provovar a morte. Homicídio
• Finalmente quanto ao círculo de autores, o
crime de homicídio é um crime comum, isto é pode ser cometido por qualquer pessoa, não requerendo a lei penal que o agente do crime esteja dotado de certas qualidades ou relações especiais. Homicídio
• Aquelas qualidades ou relações especiais a
que respeita o artigo 28º do CP e que permitem qualificar um crime como específico. Por exemplo o crime de corrupção passiva é um crime específico porque só pode ser cometido por funcionário. Homicídio qualificado
• A seguir ao crime de homicídio simples, o
legislador penal previu um crime de homicídio qualificado nos artigos 123º e 124º. As alterações nesta matéria em relação ao código de 1886 foram significativas porque o CP de 1886 previa como crimes autónomos vários crimes de homicídio. Homicídio qualificado
• Assim, previa o crime de envenenamento,
infanticídio e parricídio como crimes autónomos, a que correspondia uma pena máxima de 25 anos de prisão. Homicídio qualificado
• Portanto, o novo CP viria a por um lado,
condensar em duas normas todas as hipóteses de qualificação do homicídio e por outro lado, situar a moldura penal em 15 a 25 anos (pena máxima), qualificação essa, em função dos meios utilizados e da qualidade da vítima. Homicídio qualificado
• O legislador caboverdiano optou por não utilizar a técnica dos
exemplos padrão.
• Esta técnica consiste na consagração de um tipo de culpa, ou
num misto de ilicitude e culpa, descrito com recurso a uma cláusula geral extensiva que pode ser revelado por circunstâncias enumeradas exemplificadamente e que se traduzem num aumento de ilicitude do facto ou de culpa do agente).
• Oferece a possibilidade de se realizar uma maior justiça no caso
concreto. Homicídio qualificado
• Ponderou também o facto de esta técnica
oferecer desvantagens decorrentes do facto de se conceder ao juiz uma ampla faculdade de apreciação de circunstâncias e sua valoração, sem se esquecer das dúvidas que surgem, um pouco por toda a parte, do ponto de vista da conformidade desta técnica com o princípio de matriz constitucional da legalidade. Homicídio qualificado
• É assim que o novo CP, entre a máxima
segurança, subjacente a um modelo de aplicação automática de um certo número de circunstâncias qualificativas, determinadas com precisão e a possibilidade de uma maior justiça no caso concreto, talvez tenha optado por ficar mais próximo da primeira exigência. Homicídio qualificado
• No artigo 124.°, a agravação pelas circunstâncias do
parentesco (ascendente ou descendente), da particular vulnerabilidade da vítima ou natureza das funções por ela exercidas fica condicionada pela verificação, em concreto, de um acentuado grau de ilicitude do facto e/ou de culpa do agente, o que, neste ponto, faz aproximar a técnica utilizada à dos códigos português ou suíço, com a diferença, no primeiro caso, de a enumeração das circunstâncias ser taxativa no Código Penal, e, face ao segundo caso, não se contentar com uma mera cláusula geral. Homicídio qualificado
• No fundo, o Código Penal diferenciando as
situações de agravação em razão da utilização de certos meios ou de uma particular e censurável motivação do agente e as de agressão em atenção à qualidade da vítima, ficou quase a meio caminho entre os dois tipos de modelos aqui muito genericamente definidos. Homicídio qualificado
• Isso porque se entendeu que, no primeiro grupo de
casos muito mais dificilmente seria de conceber que a verificação das circunstâncias(por exemplo, matar com tortura, com acto de crueldade para fazer aumentar o sofrimento da vítima, por ódio racial, religioso ou político, por avidez, pelo prazer de matar, mediante recompensa, entre outras) não trouxesse consigo um claro maior grau de ilicitude (particularmente de desvalor da acção) e /ou de culpa. Emprego de veneno • Como é sabido, antes o CP de 1886 punia enquanto crime autónomo, o envenamento, como ainda faz o CP francês, mas este crime suscitava graves problemas de doutrinais e jurisprudenciais de interpretação e de aplicação e de dogmática, mais concretamente, quanto a questão de saber se tratava de um crime formal, material ou mesmo de concurso aparente com o homicídio. Emprego de veneno
• Assim, as razões determinantes da
especialidade do envenamento face ao homicídio ou mesmo ap crime de ofensas à integridade física já não susistem mais, nomeadamente no que toca à possibilidade particularmente forte de o crime não ser descoberto Emprego de veneno • Suprimido o crime de envenamento que constava do artigo 146º do CP de 1886, ficou apenas as disposições que prevêm a qualificação do crime de homicídio em função do uso do veneno. • É por isso que o actual legislador considerou que a utilização do veneno deveria situar-se no mesmo nível que a utilização de qualquer meio insidioso. Emprego de veneno Esta qualificação deriva da circunstância de os meios utilizados tornarem especialmente difícil a defesa da vítimaou arrastarem consigo o perigo de lesão de uma série indeterminada de bens jurídicos. Meio insidioso
• Será todo o meio cuja forma de actuação
sobre a vítima assuma características análogas à do veneno – do ponto de vista pois do seu carácter enganador, subreptício, dissimulado ou aculto. Acto de crueldade para aumentar o sofrimento da vítima
• Cabe aqui uma forma de actuação causadora
da morte em que o sofrimento físico ou psíquico infligido, pelo ac to de matar ou pelos actos que o antecedem, ultrapasse sensivelmente, pela sua intensidade ou duração, a medida necessária para causar a morte.