Homicídio Simples

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Homicídio simples

O artigo 122º prevê um crime de dano, de acordo com


aquela distinção tradicional entre crimes de dano e
crimes de perigo, na medida em que só se consuma se
se der a efectiva lesão do bem jurídico.

Caso não haja a morte da vitima, pode haver crime de


homicídio mas tentado. Esta configuração do homicídio
não está contudo prevista numa norma expressa mas
resulta da conjugação dos artigos 21º, 22º e 122º do CP.
Homicídio simples

É um crime material porque a sua


consumação depende da verificação de um
evento espácio-temporalmente distinto da
acção. Esse evento é igualmente a morte da
vítima.
Homicídio por omissão
• Como já foi aqui referido o crime de homicídio pode
ser cometido por omissão e pode sê-lo nos termos
gerais do artigo 8º do CP vigente.

• A equiparação da omissão à acção nos crimes de


resultado, depende, segundo o CP de não haver
outra intenção do legislador e depende de haver a tal
posição de garante, ou seja, sobre o omitente deve
recair um dever pessoal de evitar o resultado tipico.
Dever de garante

• Este dever existe, como bem se recordam, de


acordo com a teoria das fontes quando uma
norma jurídica o estabelece expressamente.

• Como sucede em relação ao poder paternal,


quando falamos do dever do pai salvar o filho.
Dever de garante

• Também pode promanar de uma relação


contratual, como sucede quando falamos do
dever de uma educadora infantil salvar uma
criança que está sob a sua guarda.
Dever de garante
• E existe finalmente, de acordo com a doutrina
dominante, quando estamos em presença de
uma situação de ingerência, ou seja, quando a
situação de perigo foi criada pelo próprio
agente, o que sucede por exemplo quando
alguém convida uma criança para ir a pesca e
a criança está a afogar-se por ter caído na
água, em que quem o levou a pesca tem uma
posição de garante relativamente à criança.
Dever de garante

• Sucede também quando um alpinista convida


um amigo inexperiente a fazer uma escalada,
se esse amigo se encontra numa situação de
perigo, o alpinista tem o dever de lhe salvar a
vida. Resumidamente, a posição de garante
pode advir de lei, de contrato ou ingerência.
Vexata quaestio
• Há quem afirme que também a posição de
garante existe nas chamadas situações de
monopólio, ou seja, nas situações em que
uma e apenas uma pessoa tem a possibilidade
de promover a salvação do bem jurídico. É a
tal situação em que um criança esta a afogar-
se numa praia deserta onde se encopntra
apenas um adulto.
Vexata quaestio

• O que se discute é se, numa situação dessas, o


único adulto presente, o único que pode
evitar a morte da criança, tem o dever de a
evitar respondendo pelo crime de homicídio
se não o fizer.
Vexata quaestio

• Há quem afirme que sim, que nessas situações


há a posição de garante mas francamente,
suponho que não, tendo em conta que a
posição de garante não pode ser obra do
acaso.
Vexata quaestio

• Na verdade esta situação tem um


merecimento diferente daquele em que o pai
não salva o filho, que a educadora de infância
não salva a criança que sob a sua guarda ou
mesmo do adulto que levou a criança para a
pesca, por sua iniciativa e em situação de
perigo pura e simplesmente não a salva.
Vexata quaestio
• Esta situação merece censura penal?

• Sem dúvida. Mas noutra sede que não a do


crime de homicídio. Eu penso que numa
situação como a descrita, o agente apenas
terá cometido o crime omissivo próprio ou
puro de omissão de auxílio.
Homicídio

• Para além de ser um crime de dano, em


atenção ao bem jurídico tutelado, e de
resultado, em consideração ao objecto da
acção, o crime de homicídio é um crime de
forma livre, ou seja, é um crime que pode ser
cometido por qualquer meio.
Homicídio

• O legislador penal não definiu o meio de


cometimento do homicídio do homicídio nem
o modo de execução do homicídio. Pode ser
cometido através de arma de fogo, de veneno,
ou através de qualquer outro meio adequado
à provovar a morte.
Homicídio

• Finalmente quanto ao círculo de autores, o


crime de homicídio é um crime comum, isto é
pode ser cometido por qualquer pessoa, não
requerendo a lei penal que o agente do crime
esteja dotado de certas qualidades ou
relações especiais.
Homicídio

• Aquelas qualidades ou relações especiais a


que respeita o artigo 28º do CP e que
permitem qualificar um crime como
específico. Por exemplo o crime de corrupção
passiva é um crime específico porque só pode
ser cometido por funcionário.
Homicídio qualificado

• A seguir ao crime de homicídio simples, o


legislador penal previu um crime de homicídio
qualificado nos artigos 123º e 124º. As
alterações nesta matéria em relação ao código
de 1886 foram significativas porque o CP de
1886 previa como crimes autónomos vários
crimes de homicídio.
Homicídio qualificado

• Assim, previa o crime de envenenamento,


infanticídio e parricídio como crimes
autónomos, a que correspondia uma pena
máxima de 25 anos de prisão.
Homicídio qualificado

• Portanto, o novo CP viria a por um lado,


condensar em duas normas todas as hipóteses
de qualificação do homicídio e por outro lado,
situar a moldura penal em 15 a 25 anos (pena
máxima), qualificação essa, em função dos
meios utilizados e da qualidade da vítima.
Homicídio qualificado

• O legislador caboverdiano optou por não utilizar a técnica dos


exemplos padrão.

• Esta técnica consiste na consagração de um tipo de culpa, ou


num misto de ilicitude e culpa, descrito com recurso a uma
cláusula geral extensiva que pode ser revelado por circunstâncias
enumeradas exemplificadamente e que se traduzem num
aumento de ilicitude do facto ou de culpa do agente).

• Oferece a possibilidade de se realizar uma maior justiça no caso


concreto.
Homicídio qualificado

• Ponderou também o facto de esta técnica


oferecer desvantagens decorrentes do facto
de se conceder ao juiz uma ampla faculdade
de apreciação de circunstâncias e sua
valoração, sem se esquecer das dúvidas que
surgem, um pouco por toda a parte, do ponto
de vista da conformidade desta técnica com o
princípio de matriz constitucional da
legalidade.
Homicídio qualificado

• É assim que o novo CP, entre a máxima


segurança, subjacente a um modelo de
aplicação automática de um certo número de
circunstâncias qualificativas, determinadas
com precisão e a possibilidade de uma maior
justiça no caso concreto, talvez tenha optado
por ficar mais próximo da primeira exigência.
Homicídio qualificado

• No artigo 124.°, a agravação pelas circunstâncias do


parentesco (ascendente ou descendente), da particular
vulnerabilidade da vítima ou natureza das funções por
ela exercidas fica condicionada pela verificação, em
concreto, de um acentuado grau de ilicitude do facto
e/ou de culpa do agente, o que, neste ponto, faz
aproximar a técnica utilizada à dos códigos português ou
suíço, com a diferença, no primeiro caso, de a
enumeração das circunstâncias ser taxativa no Código
Penal, e, face ao segundo caso, não se contentar com
uma mera cláusula geral.
Homicídio qualificado

• No fundo, o Código Penal diferenciando as


situações de agravação em razão da utilização
de certos meios ou de uma particular e
censurável motivação do agente e as de
agressão em atenção à qualidade da vítima,
ficou quase a meio caminho entre os dois
tipos de modelos aqui muito genericamente
definidos.
Homicídio qualificado

• Isso porque se entendeu que, no primeiro grupo de


casos muito mais dificilmente seria de conceber que
a verificação das circunstâncias(por exemplo, matar
com tortura, com acto de crueldade para fazer
aumentar o sofrimento da vítima, por ódio racial,
religioso ou político, por avidez, pelo prazer de
matar, mediante recompensa, entre outras) não
trouxesse consigo um claro maior grau de ilicitude
(particularmente de desvalor da acção) e /ou de
culpa.
Emprego de veneno
• Como é sabido, antes o CP de 1886 punia
enquanto crime autónomo, o envenamento,
como ainda faz o CP francês, mas este crime
suscitava graves problemas de doutrinais e
jurisprudenciais de interpretação e de aplicação
e de dogmática, mais concretamente, quanto a
questão de saber se tratava de um crime
formal, material ou mesmo de concurso
aparente com o homicídio.
Emprego de veneno

• Assim, as razões determinantes da


especialidade do envenamento face ao
homicídio ou mesmo ap crime de ofensas à
integridade física já não susistem mais,
nomeadamente no que toca à possibilidade
particularmente forte de o crime não ser
descoberto
Emprego de veneno
• Suprimido o crime de envenamento que
constava do artigo 146º do CP de 1886, ficou
apenas as disposições que prevêm a
qualificação do crime de homicídio em função
do uso do veneno.
• É por isso que o actual legislador considerou
que a utilização do veneno deveria situar-se no
mesmo nível que a utilização de qualquer meio
insidioso.
Emprego de veneno
Esta qualificação deriva da circunstância de os
meios utilizados tornarem especialmente
difícil a defesa da vítimaou arrastarem consigo
o perigo de lesão de uma série indeterminada
de bens jurídicos.
Meio insidioso

• Será todo o meio cuja forma de actuação


sobre a vítima assuma características análogas
à do veneno – do ponto de vista pois do seu
carácter enganador, subreptício, dissimulado
ou aculto.
Acto de crueldade para aumentar o
sofrimento da vítima

• Cabe aqui uma forma de actuação causadora


da morte em que o sofrimento físico ou
psíquico infligido, pelo ac to de matar ou pelos
actos que o antecedem, ultrapasse
sensivelmente, pela sua intensidade ou
duração, a medida necessária para causar a
morte.

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