Exegese

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Exegese

RIBEIRO, Rafael S. Exegese Bblica.

ETIMOLOGIA DA PALAVRA
A palavra exegese vem do Grego
exgese, de ek + agomai. ek (fora) agomai (conduzir);
conduzir fora, fazer aparecer. A
exegese o trabalho pelo qual o
exegeta faz aparecer o sentido de
um texto. Exegese, portanto, um
trabalho sobre textos; mas, nem
todo trabalho sobre textos
constitui exegese.

A eisegese o termo contrrio,


totalmente antagnico exegese.
Se na exegese o analista deriva do
texto as suas verdades mais
implcitas, na eisegese introduz no
texto pensamentos que o texto
no contm. A eisegese
completamente indesejvel ao
honesto estudioso da Bblia
Sagrada.

RAMOS DA EXEGESE
A Exegese pode ser jurdica,
quando interpreta as leis; pode
ser literria, quando usada na
interpretao de uma obra
literria profana; pode ser
sociolgica, quando interpreta o
fenmeno social e sagrada ou
bblica, quando usada na
interpretao da Escritura.

TAREFA DO EXEGETA
, pois, tarefa do exegeta lanar
mo de todos os recursos da
exegese para investigar de forma,
cientfica e minuciosa o texto das
Sagradas Escrituras para da tirar
a genuna verdade, o genuno
leite espiritual (IPd 2.2).

Qual , pois, o carter distintivo da exegese?


1. De acordo com a definio etimolgica entende-se que a exegese consiste num comentrio,
ou numa explicao para esclarecer textos ou passagens obscuras dos escritos antigos.

2. Devemos observar a diferena entre o sermo e a exegese; entre a homiltica e a prtica


exegtica. O sermo a locuo, a pregao ou krigma, ao passo, que a exegese deve ser a base
ou alicerce dessa pregao. na exegese que o locutor vai encontrar o subsdio para sua prdica.

3. A exegese se torna necessria, principalmente, quando se trata de texto obscuro ou de difcil


entendimento. O pregador deve pregar, tambm sobre esses textos. Isso no quer dizer que
impossvel ou desnecessrio fazer exegese de testos de fcil compreenso, visto que exegese revela
certas nuances do texto que uma leitura comum no podem revelar.

Relao da exegese com outras


cincias:
Todo exegeta haver de buscar
subsdio em muitas outras
cincias, tendo como propsito
elucidar os problemas de textos
em questo. Tais cincias lhe
fornecero luzes importantes
interpretao textual. Apenas,
relacionaremos algumas cincias
que podero ser teis na feitura
exegtica:

excelncia da Exegese, pois, ela a torna


necessria, no h exegese se no
houver aspirao hermenutica. O
produto final da exegese o que se
denomina hermenutica propriamente
dita. Ela tem sido definida como:
Cincia ou Teoria da Interpretao. Ela
nos conduzir interpretao correta
dos tipos, figuras, smbolos, bem como
das situaes sociais, culturais,
religiosas, polticas, etc. dos tempos
bblicos. A Exegese a ferramenta, a
Hermenutica a prtica, ou seja, a
Hermenutica o produto da ao do
ferramental exegtico sobre o texto.
Todo hermeneuta deve partir da

2. Gramtica:
O pensamento do texto expresso por palavras, da a sua relao com a gramtica. Deve o intrprete
das Escrituras conhecer as gramticas das lnguas originais e, deve ter tambm certo domnio da
verncula.

3. Lgica:
A lgica a cincia do correto
pensar. O exegeta precisa ter
pensamentos bem ordenados e
lgicos. A Bblia apresenta a
lgica de Deus para o
homem, nela nada em sem
propsito, tudo tem um sentido
real e lgico, mesmo quando
revestido de um tom espiritual ou,
mesmo, miraculoso.

4. Geografia Bblica:
a geografia que estuda a
topografia da Palestina e de todo
o mundo bblico; cidades,
habitantes, plancies, montanhas,
rios mares e desertos e regies
em redor, bem como, a sua
numismtica, produtos agrcolas,
minerais, etc. necessrio este
conhecimento para se interpretar
bem certos textos.

5. Histria:
Conhecer as relaes entre o povo escolhido e as naes vizinhas, especialmente as grandes monarquias como: Egito,
Assria, Caldia, Babilnia, Mdia, Prsia, Grcia, Macednia e Roma. necessrio, especialmente, conhecer a histria
e cultura dos hebreus, como por exemplo: seus usos e costumes, suas instituies civis, seus ritos e cerimnias
religiosas, etc.

6. Cronologia:
A cronologia bblica abrange questes difceis e complicadas. Seu conhecimento
necessrio para uma boa interpretao.

7. Lnguas originais:
necessrio conhecimento das lnguas originais (hebraico, aramaico e grego), para uma correta exegese. Um domnio
fundamental seria a capacidade ler e um conhecimento geral das gramticas; levando-se em conta o uso de
ferramentas voltadas para o uso acadmico da Bblia, como as bblia on-line, como, por exemplo, a Bible Workes,
Logos Bible, Sword de Lord, Davar, etc.

8. Arqueologia:
A arqueologia bblica
importantssima, principalmente,
a partir do sculo XVIII, quando
descobertas importantes no
campo da arqueologia vm incidir
luz sobre o texto bblico,
principalmente, sobre o texto
vetero-testamentrio, como por
exemplo, os MM (Manuscritos do
Mar Morto).

Outras cincias mais recentes


tambm so importantes para a
exegese: psicologia, sociologia,
antropologia, lingstica...

PASSO A PASSO NA EXEGESE


1. Escolha do Texto:
Por uma questo obvia, esse deve ser o primeiro passo, pois, a feitura exegtica pressupe a existncia de um texto
bblico. possvel se fazer exegese de qualquer texto, mas, a exegese pressupe que o texto deva apresentar alguma
dificuldade. s vezes, esta dificuldade no aparente na verso, mas, no texto original sim.

2. Delimitao da pericope (=cortar em volta):


A delimitao da pericope se mediante o estabelecimento do contexto prximo anterior e prximo
posterior, isolando-se assim a pericope completa a ser estudada. Deve-se observar o contedo do texto,
verificando-se: o incio e fim do assunto tratado na pericope.

3. Sitz im leben (= pano de fundo):


O como nomeamos o levantamento da situao textual, seu pano de fundo histrico,
poltico, social e religioso.

4. Autoria:
preciso apresentar o autor e todas as nuances possveis que envolvam a sua
personagem. Aspectos, idade, situao cvel, moral, religiosa, formao cultural, etc.

5. Datao:
Diz respeito poca, no basta dizer o ano, mas todas as circunstncias que
envolviam o profeta no seu contexto.

6. Destinatrios:
importante estabelecer os destinatrios do escrito alvo. No basta apenas dizer a
quem, mas, descrever o indivduo ou indivduos ou povo a quem se dirige.

7. Razo ou motivo:
preciso levantar o motivo ou motivos que levaram o autor a escrever. Tais motivos podem possuir
vrias nuances, como: do ponto de vista do destinatrio, do ponto de vista da situao circundante, do
ponto de vista do prprio autor.

8. Mtrica do texto:
Em caso de textos poticos, onde o texto em lngua original no apresenta uma mtrica, interessante
se fazer a metrifica do texto em anlise. Isso, alm de melhorar a viso do exegeta sobre o texto, d
elegncia e estilo ao trabalho.

9. Anlise morfolgica do texto:


A analise gramatical muito importante, preciso observar a fora de cada palavra do texto, a
entram os conhecimentos gramaticais das lnguas hebraica e grega para uma boa anlise do texto.

10. Traduo do texto:


O exegeta deve traduzir o texto diretamente do texto em lngua original, para evitar os
erros das verses TRADUTORE TRAITORE (O tradutor trado Lutero).

11. Anlise lexicogrfica do texto:


preciso observar os diversos usos dos termos (polissemia) bem como a sua semiologia (estudo dos
radicais ou smbolos de uma palavra). Nesse momento busca-se a melhor traduo dos termos em seu
contexto.

12. Anlise da estrutura literria do


texto:
Essa a anlise que nos permite
conhecer toda a estrutura do texto,
seja, lingstica, histrica, estilstica,
social, poltica, teolgica e analgica.
tambm uma maneira de separar,
estruturalmente o texto, destacando os
aspectos particulares do texto. Nessa
anlise, possvel: determinar a
estrutura do texto, observando, seu
estilo literrio, e conhecer, por
exemplo: seus paralelismos: histricos,
snteses, antteses, sinonmias, figuras
de linguagem, etc.

13. Esboo do texto:


no esboo que o exegeta vai traar as lies do texto, derivando do texto o seu ensino central e
perifrico. Seria levantar os pensamentos latentes no texto. Esse deve ser o tom sermnico tocando a
exegese, visto e fim da exegese o krigma.

14. Comentrio do texto:


O comentrio j a exegese em sua forma final, ou seja, a exegese propriamente dita. O exegeta deve tecer os seguintes comentrios
sobre texto:
a) Filolgico
D o sentido de cada palavra do texto para isso necessrio o estudo da sintaxe.

b) Hermenutico:
Procura interpretar o texto dentro do seu contexto poltico, social, histrico, literrio,
etc. A hermenutica busca o verdadeiro sentido do texto.

c) Teolgico
D interpretao ou sentido teolgico-doutrinrio do texto.
d) Prtico
D as lies de ordem prtica do texto. Seria a contextualizao da mensagem. A exegese no aspecto prtico: Trazer o l e o ento
para o aqui e agora.

Erros a Serem Evitado na Exegese


1. O Dogmatismo:
Tem por fim encerrar o pensamento acerca de um assunto ou doutrina. Ele faz a sua afirmao sem deixar espao para
outro pensamento. O Catolicismo Romano, bem como grande parte das denominaes evanglicas pe seus dogmas
acima da Verdade Escriturstica.

2. O Ceticismo:
Cega porque procura negar tudo aquilo que no for logicamente comprovado. A Bblia no um
livro de lgica, histria ou qualquer outra cincia, mas, O Compndio da f.
J, Jonas, Daniel as pragas do Egito, a travessia do Mar Vermelho (Mar de Juncos) seriam apenas
fico da literatura religiosa por no serem explicados pela cincia?

3. Alegorismo:
A interpretao alegrica da Escritura pode se verificar perigosa. A Bblia contm
alegorias, mas, l-la sempre sob o prisma alegrico pode levar m compreenso e
at ao absurdo.

4. Literalismo:
O literalismo extremamente
perigoso, pois, h muitos textos
cujo sentido mesmo figurado,
nesse caso, se faz necessrio
interpretar o tipo, smbolo ou
figura. Os textos poticos, por
exemplo, contm muita lngua
figurada um interpretao literal
plena se torna difcil.

QUALIDADES DO EXEGETA
1. Fidelidade ao texto:
O exegeta deve determinar e desenvolver o verdadeiro sentido do texto, sem acrescentar ou tirar cousa alguma. No
pode harmonizar o texto com o seu pensamento, mas, deve submeter-se ao texto para dele extrair as mesmas idias
que o escritor quis exprimir.

2. Imaginao:
Nos textos descritivos e histricos o exegeta deve procurar mentalizar um quadro vivo das
cenas descritas. Em textos poticos deve imaginar as circunstncias emocionais do autor, etc.

3. Bom senso:
Esta qualidade vem completar a
anterior. O Bom senso chumbo
nas asas da imaginao. A
exegese deve ser a expresso da
realidade no especulao
alegrica, imaginativa ou
fantasiosa.

4. Amor a Verdade:
O Exegeta deve aproximar-se do texto
sem pensamentos preconcebido. No
deve ser iludido por seus preconceitos,
dogmas, paradigmas ou relaes
partidrias. Sua mente deve ser uma
tabula rasa (Luck).
Nossa finalidade buscar a Verdade.
Deus no ter por inocente o que altera
a Verdade com seus preconceitos.
Temos que ver o que a Palavra diz, no
o que queria dizer. Por que se o
escritor disse o que no queria dizer,
por que no disse o que queria dizer?

5. Simpatia Para com a Verdade:


uma inclinao, uma tendncia para com a Verdade. No apenas uma
curiosidade intelectual, mas uma atitude moral. uma procura da Verdade para uso na vida pessoal. Quando
achamos a Verdade, mas no a aceitamos, no temos simpatia para com ela. Deve haver harmonia entre o nosso
esprito e a Verdade Revelada. Uma mente arejada est pronta a aceitar as mudanas que a Verdade impe sem
apelao.

6. Espiritualidade
Lutero dizia S entende as
clogas (=poesia pastoril) de
Virglio quem j viveu como
pastor.
Do mesmo modo s entende a
Bblia que tem espiritualidade.

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