Processo de Inventario
Processo de Inventario
Processo de Inventario
CONSELHO REGIONAL DE LISBOA CONSELHO REGIONAL DOS AÇORES CONSELHO REGIONAL DE COIMBRA
Q&A
processo de
INVENTÁRIO
oradoras
Carla Câmara
Juiza Desembargadora no
Tribunal da Relação de Lisboa
Helena Ferreira
Advogada e Formadora
CONFERÊNCIA
GRATUITA
oradoras destinatários
Carla Câmara Advogados
Juiza Desembargadora no Tribunal da Relação
de Lisboa Advogados Estagiários
(a nível nacional)
Helena Ferreira
Advogada e Formadora
workshop on-line
processo de
INVENTÁRIO
29.OUT | 15h00
[email protected] conselho-regional-de-lisboa-da-ordem-dos-advogados facebook.com/cdloa crlisboa.org . www.oa.pt/crl
workshop on-line
PROCESSO DE
INVENTÁRIO
Veja no Youtube
https://www.youtube.com/watch?v=Pagfy7ioH7M
3
Q&A | Processo de Inventário
diplomas*
DECRETO-LEI N.º 47344
Diário do Governo n.º 274/1966, Série I de 1966-11-25
Código Civil
https://dre.pt/legislacao-consolidada/-/lc/34509075/view
* A presente compilação não pretende ser exaustiva e não prescinde a consulta destes e de outros textos
legais publicados em Diário da República, disponíveis em https://dre.pt.
4
LEI N.º 117/2019
Diário da República n.º 176/2019, Série I de 2019-09-13
5
Aspetos inovatórios e pontos sensíveis
do processo de inventário - no
primeiro ano da sua vigência
Rita Lobo Xavier ©
1. Pontos sensíveis
▪ Por óbito
▪ Por divórcio
3. Aspetos inovatórios
casal
1. Aspetos inovatórios
hereditária
Duas Fases
→ dos articulados (eventual audiência prévia) aos
despachos {de saneamento, de determinação dos bens a
partilhar, de forma à partilha*} [=preparação da conferência
de interessados]
➢ Audiência prévia, diligências instrutórias relativas aos incidentes declarativos (art.
1109.º)
➢ Despacho de saneamento, despacho de determinação dos bens a partilhar e
despacho que define a forma da partilha e despacho que marca a conferência de
Rita Lobo Xavier ©
2. Pontos sensíveis
• A finalidade do inventário divisório: o património
coletivo e a sua natureza jurídica; a contitularidade de
direitos; o direito dos contitulares a que a sua quota
seja preenchida com bens
• A questão do acordo quanto à composição dos
quinhões e a intervenção do juiz; a articulação com o
Rita Lobo Xavier ©
reconhecida.
• No atual regime, volta a exigir-se a unanimidade
• Não estava em causa nem o direito ao preenchimento da quota com
bens, nem à composição igualitária do quinhão
➢ Cfr. arts. 1117.º, n.º2, b); 1116.º, n.º1-3; 1121.º;
• Virtualidades e complementaridade do IN
• Desafios da remissão geral para o regime do processo
de IJ
• Coerência e simplificação do PJ
• Desafios da concentração/ preclusão
• Desafios da autocomposição/quinhões
igualitários/unanimidade
• A «partilha» parcial
Rita Lobo Xavier ©
questões**
https://www.youtube.com/watch?v=Pagfy7ioH7M
Questão 1
“O art.º 45.º do RJPI aprovado pela Lei n.º 23/2013, de 5 de março, impõe ao
cabeça de casal a prestação de contas do cabeçalato até ao 15.º dia que
antecede a data da conferência preparatória. Quid juris se o cabeça de
casal não apresentar essas contas? Poderá o Notário, oficiosamente ou a
requerimento de um interessado, notificá-lo para as apresentar? E se ele não
o fizer?”
Resposta
02:05:55 a 02:09:58
https://www.youtube.com/watch?v=Pagfy7ioH7M&t=7s#t=02h05m
55s
** Na presente compilação transcrevem-se, sem revisão, as questões colocadas pelos advogados aos
oradores relativamente a cada temática.
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ANEXOS
ACÓRDÃOS
19
28/10/2020 Acórdão do Tribunal da Relação de Évora
Recorrente:
Adília ..........
Recorrido:
José ..........
Vem o presente recurso de apelação, interposto do despacho proferido nos autos de inventário para
separação de meações e que remeteu as partes para os meios comuns, para se determinar o valor das
benfeitorias relativas à construção pelo casal, de um prédio urbano, no terreno pertencente apenas a
um dos ex-conjuges.
*
Apresentou alegações que rematou com as seguintes
Conclusões:
1- Em processo de Inventário se uma das partes discordar da relação de bens, e apresentar prova
testemunhal, não pode o Juiz, sem produção de tal prova, remeter, de imediato, os interessados para os
meios comuns, a fim de aí discutirem a titularidade dos bens, não só porque antes da produção de
prova ser temerário considerar que a questão não pode ser decidida no inventário, mas também porque
a regra é que tal questão deve ser conhecida em tal processo, exprimindo, o remeter as partes para os
meios comuns, excepção a tal regra.
2- Ora bem, a complexidade da matéria de facto a que se reportam os artigos 1335.°, n.º 1 e 1336.°, n.º
2, ambos do CPC, só obriga à remessa dos interessados para os meios comuns processuais quando
haja necessidade de ter lugar a produção de provas que o processo de inventário não comporte.
3- Devem resolver-se no processo de inventário todas as questões de facto que dependam de prova
documental e aquelas cuja indagação se possa fazer com provas que, embora de outra espécie, se
coadunem com a índole sumária da prova a produzir no processo de inventário, não sendo licito
www.dgsi.pt/jtre.nsf/134973db04f39bf2802579bf005f080b/975298b339a84eed80257de10056f6a8?OpenDocument 1/3
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remeter os interessados para os meios comuns senão nas questões cuja complexidade é evidente e que
só através desses meios possam ser decididas.
4- Sendo os cônjuges casados em regime de comunhão de adquiridos e tendo o casal construído uma
casa em terreno que pertencia ao marido, depois do casamento, tendo a edificação um valor superior
ao terreno, a casa constitui um bem comum.
5- Deve, todavia, o proprietário do terreno (marido) ser compensado pelo valor actual do terreno.
6- Consignou-se nas Actas de Tentativa de Conciliação relativas às 1.a e 2.a Conferências de divórcio
em ponto 2.° que: «Relativamente a bens comuns existe uma construção cuja propriedade é
controversa, sendo objecto de uma acção que corre termos no Tribunal Judicial de Vila Real de Santo
António justamente para se definir se se trata de um bem comum do casal ou de um bem pessoal.»
7- Essa acção, que demorou cerca de 13 anos, foi decidida favoravelmente a favor da apelante, como
consta das certidões da sentença proferida pelo Tribunal Judicial de Vila Real de Santo António e
confirmada pelos Acórdãos do Tribunal da Relação de Évora e do Supremo Tribunal de Justiça juntas
ao requerimento inicial.
8- Assim sendo, essa questão estará ultrapassada, tanto mais, que o prédio se encontra registado em
nome do cabeça de casal, José .......... casado com a aqui apelante, Adília .......... Pereira no regime da
comunhão de adquiridos (vide descrição e inscrição predial n.o 282/19861117 que o cabeça de casal
juntou aos autos conjuntamente com a sua relação de bens).
9- Mesmo recorrendo à posição clássica seguida pelo direito comum baseada primodialmente - no que
concerne à caracterização da construção feita em terreno que não pertence ou não pertence
exclusivamente a quem nele constrói - na distinção entre os institutos de acessão imobiliária e das
benfeitorias, só poderia, face à prova documental junta aos autos, considerar-se a referida construção
do prédio como benfeitoria útil, chegando à mesma conclusão de que o referido prédio deverá ser
sempre considerado bem comum, por força da aplicação do disposto no art. 1773. 0, n.O 2, ex vi art.
1699.°, n.o 1, a!. d) do CPC.
10- Foi violado por erro de interpretação, o disposto no artigo 1336.°, n. 2 do CPC.
Nestes termos e nos melhores de Direito aplicável, a suprir doutamente por V. Exas., deve o presente
recurso merecer provimento e por via dele ser revogada a douta decisão que deverá ser substituída por
outra em que ordene o prosseguimento dos autos com produção de prova»
*
Contra-alegou o recorrido pedindo a confirmação de despacho e a improcedência da apelação.
*
[1]
Na perspectiva da delimitação pelo recorrente , os recursos têm como âmbito as questões suscitadas
pelos recorrentes nas conclusões das alegações (art.ºs 685-A e 684º, n.º 3 do Cód. Proc. Civil)[2], salvo
as questões de conhecimento oficioso (n.º 2 in fine do art.º 660º do Cód. Proc. Civil).
Das conclusões acabadas de transcrever, decorre que a questão a decidir é meramente jurídica e
consiste em saber se era lícito à sr.ª juíza remeter as partes para os meios comuns, depois de ter
admitido a produção de prova para a decisão do incidente e sem que a mesma tivesse sido produzida.
O fundamento invocado pelo tribunal para não decidir o incidente é uma alegada complexidade da
matéria de facto. Sinceramente não se vislumbra onde possa estar essa complexidade e o tribunal
também não a especifica. Ao invés a questão de facto e a questão jurídica não é especialmente
complexa e já tem sido discutida e decidida nos tribunais superiores designadamente por este tribunal
e este colectivo, como pode ver-se no Ac. de 25/03/10, proferido no proc. nº 454/05.9TBFAR.E1 e
disponível in http://www.dgsi.pt/jtre... E menos compreensível é a decisão recorrida, quando se
verifica que ela foi tomada sem ter sido produzida a prova testemunhal apresentada, admitida e
agendada.
O processo tem por objecto a partilha de um único prédio, discutindo-se se o mesmo é comum do
casal, se próprio do recorrido e se há créditos a favor de algum, consoante for a decisão sobre a
titularidade do bem. A decisão destas questões não envolve grande complexidade e se não for possível
dirimi-las só com a prova testemunhal, sempre o tribunal, oficiosamente pode ordenar a realização das
perícias que se revelem necessárias, tanto mais que não está em causa a partilha de outros bens.
Concluindo
Deste modo e sem necessidade de mais considerações, acorda-se na procedência da apelação, revoga-
se o despacho recorrido e ordena-se o prosseguimento dos autos, para produção da prova e
julgamento, conforme for de direito.
Custas pelo recorrido.
Registe e notifique.
Évora, em 9 de Junho de 2011.
www.dgsi.pt/jtre.nsf/134973db04f39bf2802579bf005f080b/975298b339a84eed80257de10056f6a8?OpenDocument 2/3
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--------------------------------------------------
(Bernardo Domingos – Relator)
---------------------------------------------------
(Silva Rato – 1º Adjunto)
---------------------------------------------------
(Sérgio Abrantes Mendes – 2º Adjunto
__________________________________________________
[1] O âmbito do recurso é triplamente delimitado. Primeiro é delimitado pelo objecto da acção e pelos
eventuais casos julgados formados na 1.ª instância recorrida. Segundo é delimitado objectivamente
pela parte dispositiva da sentença que for desfavorável ao recorrente (art.º 684º, n.º 2 2ª parte do Cód.
Proc. Civil) ou pelo fundamento ou facto em que a parte vencedora decaiu (art.º 684º-A, n.ºs 1 e 2 do
Cód. Proc. Civil). Terceiro o âmbito do recurso pode ser limitado pelo recorrente. Vd. Sobre esta
matéria Miguel Teixeira de Sousa, Estudos Sobre o Novo Processo Civil, Lex, Lisboa –1997, págs.
460-461. Sobre isto, cfr. ainda, v. g., Fernando Amâncio Ferreira, Manual dos Recursos, Liv.
Almedina, Coimbra – 2000, págs. 103 e segs.
[2] Vd. J. A. Reis, Cód. Proc. Civil Anot., Vol. V, pág. 56.
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Relatório:
*
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Concluiu que a ora cabeça de casal não é quem deve exercer o cargo,
deverão ser excluídas as verbas 2 e 3 da relação de bens e,
subsidiariamente, deve ser relacionado o valor de 50.000,00 € como
encargo da herança a título de benfeitorias e deve a cabeça de casal
ser condenada como litigante de má fé.
A requerente do inventário e OS responderam à oposição.
Mantiveram que, sendo a interessada BR a mais velha deve ser ela a
cabeça de casal; referiram que a mulher do interessado OS havia,
entretanto, falecido e identificaram os seus herdeiros; reafirmaram
que os prédios relacionados integravam a herança da inventariada e
declararam que não ocorrera a pretendida doação (além de que se
ocorresse corresponderia a uma ofensa da legítima dos restantes
herdeiros legitimários); mencionaram desconhecer a realidade das
obras efectuadas e que não se trata de dívidas da herança, pelo que
não devem ser relacionadas.
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Entende Lopes do Rego ([4]) que «ao contrário do que ocorre com as
questões prévias “essenciais”, a que alude o art. 1335º, a insuficiência
de elementos para dirimir incidentalmente as reclamações deduzidas
em sede de relacionamento dos bens nunca conduz à suspensão do
processo», aplicando-se no caso de remessa para os meios comuns o
disposto no nº 2 do art. 1350. Este diz expressamente que quando o
juiz, dada a complexidade da matéria de facto se abstém de decidir e
remete os interessados para os meios comuns «não são incluídos no
inventário os bens cuja falta se acusou e permanecem relacionados
aqueles cuja exclusão se requereu».
O que está aqui em causa é a definição dos bens que fazem parte da
herança a partilhar o que tem natureza diversa daquelas outras, nada
tendo a ver com a admissibilidade do inventário e não tangendo com
a definição dos direitos dos interessados no inventário, quer no que
respeita à titularidade dos seus direitos quer no que respeita à
definição da sua quota.
*
V–Face ao exposto, acordam os Juízes desta Relação em julgar
parcialmente procedente a apelação, alterando a decisão recorrida:
sendo, embora, os interessados remetidos para os meios comuns no
que concerne às verbas n.º 2 e 3 da relação de bens, não é
determinada a suspensão da instância.
Custas da apelação pelos apelantes na proporção de metade.
*
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futuros dos cônjuges que não sejam excetuados por lei, sendo que, atento o
caso concreto, apenas se excetuam bens doados, ainda que por conta da
legítima, no caso de conterem cláusula de incomunicabilidade (artigo
1733°, n.º 1, al. a) do Código Civil), o que não se verifica no caso em
apreço, uma vez que a escritura de doação datada de 13.03.1996 não faz a
tanto qualquer referência.
Afirma o artigo 1790.º do Código Civil, na redacção introduzida pela Lei
n.º 61/2008, de 31.10, que em caso de divórcio, nenhum dos cônjuges pode
na partilha receber mais do que receberia se o casamento tivesse sido
celebrado segundo o regime da comunhão de adquiridos.
A este propósito, refere o Acórdão do Tribunal da Relação do Porto datado
de 06.02.2014, disponível in www.dgsi.pt que “O artigo 1790.º do Código
Civil, na redacção da Lei n.º 61/2008, de 31 de Outubro, não altera o
regime de bens a que se encontra sujeito o casamento celebrado, pelo que
a partilha continua a fazer-se tratando como bens comuns aqueles que de
acordo com esse regime o são.
Para efectuar a partilha aplicando essa disposição, uma vez apurado o
valor que corresponde ao quinhão (meação) de cada um dos cônjuges nos
bens comuns a partilhar, tem de se comparar esse valor com aquele que
resultaria da sua partilha como se o regime de bens fosse a comunhão de
adquiridos; para o efeito simula-se a partilha de acordo com este regime de
bens, separando os bens que de acordo com esse regime seriam próprios e
encontrando a hipotética quota (meação) de cada um dos cônjuges nos
bens que mesmo nesse regime seriam comuns; finalmente, comparando os
valores apurados na partilha segundo o regime efectivo e na partilha
segundo o regime hipotético, caso aquele valor exceda este, deverá ser
reduzido a este valor, aumentando correspondentemente a quota do outro
cônjuge, procedendo-se então ao preenchimento dos quinhões.”
Segundo o Projecto de Lei n.º 509/X - Alterações ao Regime Jurídico do
Divórcio - Exposição de Motivos, 10 de Abril de 2008, p. 14, mencionado
no Acórdão do Tribunal da Relação do Porto datado de 26.05.2015,
disponível in www.dgsi.pt, “o legislador justificou esta alteração tendo em
vista obstar “que o divórcio se torne num meio para adquirir bens, para
além da justa partilha do que se adquiriu com o esforço comum na
constância do matrimónio, e que resulta da partilha segundo a comunhão
de adquiridos. Afirma-se o princípio de que o cônjuge que contribui
manifestamente mais do que era devido para os encargos da vida familiar
adquire um crédito de compensação que deve ser satisfeito no momento da
partilha”.
Por outras palavras, não obstante a consideração como bem comum da
verba n.º 53, a partilha não deixará de ser ponderada atendendo à diferença
entre o regime da comunhão geral e de adquiridos, pelo que nenhum dos
cônjuges poderá receber mais do que receberia se o casamento tivesse sido
celebrado na comunhão de adquiridos.
www.dgsi.pt/jtrc.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/f4ba202ff7308e9a802580a6003cbb3e?OpenDocument&Highlight=0,782%2F16.8T8PBL.C1 6/9
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urbano por um rústico, um móvel por imóvel ou, dentro de cada uma
destas categorias, quando tenha sido descrito como de três andares
um prédio de um andar único, ou uma quinta por um terreno de
centeeiro, ou vícios ocultos da coisa ou falta de conteúdo ou extensão.
VI - Estes erros (na descrição ou na qualificação) operam por si
mesmos, isto é, não/se torna necessário alegar e provar quaisquer
outros requisitos para, com base neles, peticionar a emenda,
porquanto viciam gravemente o objectivo que a partilha se propõe
alcançar (...).
VII - Já não assim nos demais erros de facto (v. g. estar o requerente
na ignorância da extensão, natureza e características e valor (...) dos
bens inventariados), erros que recaem sobre a qualidade dos mesmos
bens (...) e assim sujeitos à regra do art. 1386º-1, in fine. Nesse caso
torna-se mister alegar e provar os requisitos gerais e especiais desse
erro, nos precisos termos dos arts 247º e seguintes do Código Civil.
VIII - A rectificação possível de erro de escrita de que enferme uma
decisão (seja um despacho, uma sentença ou um acórdão), à sombra
do disposto no citado artº 667º, nº 1, depende da circunstância de esse
erro resultar de lapso manifesto, que se evidencie com absoluta
clareza do contexto da declaração ou das circunstâncias em que a
declaração é feita.
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em julgado; e, consequentemente,
b) Seja ordenado o cancelamento da alteração da inscrição matricial de
26/5/2014 na Autoridade Tributária e Aduaneira e do registo de
aquisição efetuado sob a apresentação ... de 1/8/2014 na Conservatória
do Registo Predial de ..., ambos relativos ao prédio inscrito na matriz
predial urbana da freguesia de ..., sob o artigo n.º ... e descrito sob o n.º
...; e,
c) Seja excluído dos bens a partilhar o prédio relacionado sob a verba n.º
31 da relação de bens de fls. 103 e seguintes, emendada a partilha
refazendo-se o respetivo mapa, elaborando-se novo sorteio e proferindo-
se nova sentença homologatória; ou, caso assim se não entenda,
d) Seja alterado o valor de tal verba n.º 31 para 42.480,00€,
correspondente ao seu valor patrimonial tributário, alterando-se em
conformidade o mapa de partilha, elaborando-se novo sorteio e
proferindo-se nova sentença homologatória.».
2) - A Ré, contestando, para além de se ter defendido por impugnação,
veio invocar:
- A excepção de caso julgado, porquanto a pretensão ora deduzida pelo
Autor ofende o caso julgado da sentença homologatória da partilha,
proferida em 06/01/2014 e transitada em julgado em 10/02/2014;
- A caducidade da propositura da presente acção, por há muito ter
decorrido o ano previsto na norma do art. 1387º, n.º 1, do CPC, na
versão aplicável, já que, defende, tendo o ora Autor tido conhecimento e
consequentemente notificado da partilha constante do mapa, das
operações de sorteio e do trânsito em julgado da sentença homologatória
da mesma, que ocorreu em 10/02/2014, teria até 10/02/2015 para
intentar a presente acção, só o tendo feito em 24/11/2015.
Concluiu pugnando pela procedência das excepções e pela sua
absolvição do pedido.
3) - Em 15/02/2016 foi proferido saneador-sentença, em cuja parte
dispositiva se consignou:
«[…] Nos termos e com os fundamentos expostos, julga-se procedente a
presente ação e, em consequência:
a) Declara-se a ineficácia do despacho de fls 129 e todo o processado
posterior no processo ... por ofensa da sentença de 21/1/2013, transitada
em julgado; e, consequentemente,
b) Determina-se se remeta certidão desta sentença à Autoridade
Tributária e Aduaneira e à Conservatória do Registo Predial de ..., para
efeitos de aí ser ordenado o cancelamento da alteração da inscrição
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28)
Nos termos da descrição da referida verba 30 da inicial relação de bens,
no apenso B), o prédio em questão tinha “ 117 m2 de superfície coberta e
um valor de 7.144,06€”.
29)
Na mencionada ação de reivindicação, o mesmo prédio é descrito como
tendo afinal 180 m2 de área coberta e um valor de 42.480,00€.”
30)
O atual valor patrimonial tributário do prédio que veio a constituir
objeto da verba n.º 31 (após reclamação) - 42.480,00€ - já tinha sido
atribuído pela Autoridade Tributária em 9/1/2013, ou seja, ainda antes
da última relação de bens apresentada pela R. M..., do despacho que não
excluiu o bem imóvel da partilha e de todas as operações de partilha
subsequentes.
31)
R. M... procedeu ao registo do predito imóvel em seu nome, usando como
título os seguintes documentos do dito inventário: auto de compromisso
de honra e declarações de cabeça de casal (fls. 14 e 15), relação de bens
(fls. 103 a 108), mapa de partilha (fls. 132 a 134), auto de sorteio (fls.
142 e 143) e sentença homologatória (fls. 146), omitindo perante a
Conservatória do Registo Predial (e em momento prévio também perante
a Autoridade Tributária) a sentença de remessa para os meios comuns
referida supra.
32)
O aqui A. A... foi citado para esta ação em 11/2/2015.
33)
Na referida ação, este foi o único bem partilhado que a aqui R. M...
reivindicou.
34)
O aqui A. A... contestou, por exceção e impugnação, e reconveio,
aproveitando aquela ação para requerer a apreciação da propriedade do
imóvel, pretendendo, assim, posteriormente, com a respetiva sentença,
proceder a uma nova partilha, em substituição da anteriormente feita.
35)
A M... replicou, escudando-se na exceção de caso julgado.
36)
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da prova.
Aliás, relativamente a factos sujeitos a prova documental ou
específica, as declarações não têm valor sem a apresentação dos
respetivos documentos ou títulos, vg. testamentos, convenções
antenupciais, escrituras de doação, estados de demência ou
ausência, etc. – cfr. Lopes Cardoso, Partilhas Judiciais, 3ª ed.
vol.1º, p.301 e sgs. e Ac. da Relação de Coimbra de 26.04.89,
BMJ, 386º,523 e Ac. da Relação de Lisboa de 16.01.2007,
dgsi.pt,p.7964/2006-1.
Todavia, se o opoente não se limitar a impugnar tais declarações,
mas invocar matéria nova que possa impedir, modificar ou
extinguir o direito invocado pelo autor/requerente, defendendo-se,
assim, por exceção, impende sobre o mesmo alegar e provar o
que afirma – artº 571º do CPC e 342º nº 2 do CC.
5.1.2.
O caso vertente é paradigmático no sentido da subversão destes
princípios e do iter processual, supra referidos, com postergação
da racionalização que eles pretendem incutir e da tendencial
preclusão deles dimanante.
Na verdade, e em síntese, parece que toda a problemática do
acervo a partilhar – maxime, e no que para o caso interessa, no
atinente aos bens , direitos e dívidas que agora estão em causa
nesta instância recursiva - ao invés de ser dilucidada e fixada no
tempo ante audiência preparatória, foi, na sua essencialidade
relevante, colocada já após tal audiência.
E colocada em requerimentos e contra requerimentos sucessivos,
ao longo dos meses, sem que os interessados tenham,
minimamente, cumprido a limitação de articulados e os prazos da
instância, meramente incidental, repete-se, da reclamação da
relação de bens, e, valha a verdade, sem que a Srª Notária tenha
posto cobro a tal prolixidade.
E com a agravante de os interessados, maxime, na economia do
recurso, o ora recorrente, lavrarem em algumas contradições.
Efetivamente, apresentada pela cabeça de casal inicialmente
nomeada, G (...) , cônjuge do de cujus, a respetiva relação de
bens, na qual não constavam, vg. a dívida ao (…), o ora
recorrente dela não reclamou.
Quem reclamou foi a interessada M (…) a qual, para além do
mais, acusou a falta de relacionação de tal dívida.
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5.1.3.1.
Quanto ao bem da al. a) e como emerge do já supra referido, ele
não pode ser atendido.
Ele foi excluído da relação de bens por todos os interessados,
incluindo o recorrente.
Pelo que não poderia ele advogar, logo a seguir e quase em ato
contínuo, e em venire contra factum proprium, a sua inclusão na
relação de bens.
O argumento de que foi excluído como direito de propriedade e
agora é incluído como direito de crédito, por artificioso, não colhe.
O que releva é a essência e consistência económica e jurídico
material.
Ora nesta vertente, o bem imóvel é o mesmo: um armazém, com
certas caraterísticas físico materiais.
Por outro lado, a consequência jurídico-prática do cumprimento do
contrato promessa é a realização do contrato prometido, e, assim,
a entrada na esfera jurídica da herança da propriedade do bem.
Propriedade esta que os interessados já anuíram que não lhe
pertencia.
Seria, passe o plebeísmo, querer fazer entrar pela janela o que
não se conseguiu fazer entrar pela porta.
Ademais, impugnada a existência de tal crédito oriundo do
invocado contrato promessa, cumpria ao cabeça de casal provar a
existência e validade do mesmo.
Ora estando nós perante um contrato promessa de compra e
venda, a sua validade apenas emergiria se fosse celebrado por
escrito – artº 410º nº2 do CC .
Pelo que a invocação de mero contrato verbal queda insuficiente
para provar e validar o direito invocado.
5.1.3.2.
No atinente à dívida a herdeiros de G (…), no valor de 10.000,00€.
Aqui assiste razão ao recorrente.
Na verdade, e como se viu, esta dívida, foi aprovada por todos os
interessados na conferência preparatória.
Assim sendo, tal dívida «considera(m)-se reconhecida(s),
devendo o seu pagamento ser ordenado por decisão do notário.» -
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5.1.3.5.
Finalmente o valor de 907,43 euros.
A Srº Notária entendeu remeter para os meios comuns quanto a
esta verba.
Mas, em função do que se dirá na questão seguinte, esta matéria
não assume complexidade bastante para tal.
Urge, pois, decidir, perante a prova apresentada e o direito
aplicável.
Assim e no que tange às verbas de 219,02 e 198,10 euros elas
não podem ser consideradas pois que tendo, alegadamente, sido
pagas pelo recorrente em 23.07.2015, ele não as reclamou até à
data da realização da audiência preparatória – 01.10.2015 -, e
esta, como se viu, constitui prazo final preclusivo para a sua
reclamação – artº 32º nº5 do RJPI.
Quanto à despesa de 203,20 euros pela limpeza dos terrenos, ela
também não pode ser considerada pois que do documento junto
pelo interessado não dimana que ela tenha sido feita em terrenos
pertencentes à herança.
Já as restantes quantias impetradas, elas são concedíveis pois
que dos documentos apresentados emerge, com a suficiência
exigível e ainda dentro da margem de álea em direito probatório
permitida, que foram feitas por causa da herança.
O alegado pela interessada M (...) no sentido de que as despesas
não devem ser consideradas pois que foram pagas com dinheiro
da herança não releva: trata-se de argumentação de cariz
excetivo, a qual, assim, tinha de ser provada pela alegante, o que
não fez.
Assiste, pois, ao recorrente, jus ao crédito de 287,11 euros.
5.2.
Segunda questão.
O critério legal vai no sentido de que, por princípio, no processo de
inventário devem ser decididas todas as questões, de facto e de
direito, de que a partilha dependa.
Porém, a natureza e finalidade do inventário não se compadecem
com indagações profundas e morosas, pelo que a decisão das
questões relevantes para a partilha, apenas nele pode/deve ser
prolatada se tais questões não se assumirem, factual e/ou
juridicamente, vastas e/ou complexas.
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Assim:
« O juiz, para remeter os interessados para os meios comuns, no
processo de inventario, não e obrigado a produzir todas as provas
oferecidas, mas tem de ter no processo elementos bastantes para
reconhecer que a questão posta exige mais larga, variada e
cuidada indagação do que a sumaria instrução do inventario.» -
Ac. do STJ de 09.05.1978, p. 067220
«Em processo de inventário o juiz deverá remeter os interessados
para os meios comuns ante a falta de prova, no incidente, dos
factos alegados sobre questão controvertida - doações feitas por
pessoa falecida -, se for de admitir que nos meios comuns tais
factos poderão ser mais largamente investigados. - Ac. do STJ
de 24.10.1996, p. 96B544
«podendo os simuladores arguir a nulidade do negócio simulado e
estando vedada a prova testemunhal quando a simulação seja
invocada pelos simuladores em relação a negócios celebrados
através de documentos autênticos na parte em que este têm força
probatória plena, a prova a efectuar, mesmo só por documentos,
não se compagina com a índole sumária da indagação no
processo sumário.» - Ac. do STJ de 16.12.1999, p. 99B995
«Em processo de inventário, as questões relativas à relação de
bens que demandem outras provas, além da documental, só
devem ser objecto de decisão definitiva quando for possível a
formulação de um juízo, com elevado grau de certeza, sobre a
existência ou inexistência desses bens.
II- Na ausência dessa prova, devem os interessados ser remetidos
para o processo comum ou deve ser ressalvado o direito às
acções competentes.» - Ac. do STJ de 11.01.2000, p. 99A1014,
todos in dgsi.pt.
Ora se este entendimento já se assumia como pacífico na
legislação anterior, perante a atual, ele deve ser perspetivado, por
maioria de razão, mais abrangentemente.
Na verdade, atribuindo a lei aos Srs. Notários o poder/dever de
apreciar e decidir, em primeira instância, nomeadamente quanto à
composição da relação de bens e no mais que pode influir na
partilha, e considerando, sem desprimor, que eles, pelo menos
em tese, não se encontram tão bem apetrechados, como o juiz,
para, juridicamente, escalpelizarem e decidirem certas questões
de direito mais intrincadas, deve a apreciação destas ser
conferida ao juiz do tribunal comum.
No caso vertente assim é.
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Fonte Ramos
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15/12/2020 Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa
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II – FACTOS PROVADOS.
Os indicados no RELATÓRIO supra.
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IV - DECISÃO:
Pelo exposto, acordam os Juízes desta Relação em julgar
procedente a apelação e, em consequência, revogar a decisão
recorrida, devendo os autos serem remetidos ao Cartório Notarial,
cabendo às partes interessadas tomar a iniciativa de instaurar
acção judicial autónoma onde serão discutidas as questões
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15/12/2020 Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa
jurídicas em causa.
Custas pela apelada, atenta a oposição que apresentou.
(Conceição Saavedra).
(Cristina Coelho).
____________________________________________________
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*
Na análise da questão, são especialmente relevantes os seguintes artigos
da Lei nº 23/2013 (Regime Jurídico do Processo de Inventário):
Artigo 3.º (Competência do cartório notarial e do tribunal), seu nº 7:
Compete ao tribunal da comarca do cartório notarial onde o processo foi
apresentado praticar os atos que, nos termos da presente lei, sejam da
competência do juiz.
Artigo 16.º (Remessa do processo para os meios comuns):
1 - O notário determina a suspensão da tramitação do processo sempre
que, na pendência do inventário, se suscitem questões que, atenta a sua
natureza ou a complexidade da matéria de facto e de direito, não devam
ser decididas no processo de inventário, remetendo as partes para os
meios judiciais comuns até que ocorra decisão definitiva, para o que
identifica as questões controvertidas, justificando fundamentadamente a
sua complexidade.
2 - O notário pode ainda ordenar suspensão do processo de inventário,
designadamente quando estiver pendente causa prejudicial em que se
debata alguma das questões a que se refere o número anterior, aplicando-
se o disposto no n.º 6 do artigo 12.º
3 - A remessa para os meios judiciais comuns prevista no n.º 1 pode ter
lugar a requerimento de qualquer interessado.
4 - Da decisão do notário que indeferir o pedido de remessa das partes
para os meios judiciais comuns cabe recurso para o tribunal competente,
no prazo de 15 dias a partir da notificação da decisão, o qual deve incluir
a alegação do recorrente.
5 - O recurso previsto no número anterior sobe imediatamente e tem
efeito suspensivo, aplicando-se o regime da responsabilidade por
litigância de má-fé previsto no Código de Processo Civil.
6 - O notário pode autorizar, a requerimento das partes principais, o
prosseguimento do inventário com vista à partilha, sujeita a posterior
alteração, em conformidade com o que vier a ser decidido, quando:
a) Ocorra demora injustificada na propositura ou julgamento da causa
prejudicial;
b) A viabilidade da causa prejudicial se afigure reduzida; ou
c) Os inconvenientes no diferimento da partilha superem os que derivam
da sua realização como provisória.
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28/10/2020 Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra
competente.
Quanto à segunda decisão do Notário em causa (manter a verba do
passivo), a Autora ainda poderá questioná-la junto dos tribunais.
Estas salvaguardas legais são suficientes e proporcionadas ao invocado
direito de acesso aos tribunais.
Assim, em concreto, em face do pedido no recurso, importa concluir que
o conjunto normativo do artigo 16º da Lei nº 23/2013 não é
inconstitucional, quando interpretada no sentido de condicionar a
apreciação pelos tribunais, de questões que se suscitem no processo de
Inventário, que corre seus termos em cartório notarial, a prévia decisão
notarial.
Decisão.
Julga-se o recurso improcedente e mantém-se a decisão recorrida.
Custas pela Recorrente.
Coimbra, 2018-11-13
Fernando Monteiro ( Relator )
António Carvalho Martins
Carlos Moreira
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28/10/2020 Acórdão do Tribunal da Relação de Évora
I – Relatório
1. (…), viúva, residente na Estrada (…), nº 20, Casal dos (…), (…), instaurou contra
(…), residente na Estrada (…), nº 20, Casal (…), (…), ação declarativa com processo
comum.
Alegou, em síntese, que A. e a R. são filhas de (…) e (…), ambos falecidos e que estes
doaram, a cada uma das filhas, prédios mistos, mas a R foi significativamente
beneficiada em relação à A., uma vez que os donatários constituíram uma reserva de
usufruto do prédio que lhe doaram e oneraram a doação com o encargo de tratar dos
doadores, seus pais, na saúde e na doença e suprir as despesas necessárias com a sua
alimentação e saúde o que esta observou, durante mais de dez anos e até à morte de
ambos.
A R. instaurou processo de inventário para partilha dos bens deixados por morte de
seus pais, o qual corre termos no cartório Notarial de Torres Novas a cargo da Drª
Marta Susana da Silva Cruz, as interessadas partilharam, por acordo, os bens móveis,
já chegaram a acordo quanto à partilha de dois prédios rústicos, mas quanto aos
prédios recebidos por doação a R. pretende receber tornas da A. argumentando que
prédio doado à A. tem um valor superior ao valor do prédio que ela R. recebeu em
doação e a A. considera que, no seu caso, as tornas não são devidas.
Concluiu pedindo, entre outras declarações, a dispensa da redução da liberalidade por
inoficiosidade.
Contestou a R. excecionando a incompetência do tribunal em razão da matéria, por se
encontrar em curso processo de inventário para partilha dos bens dos pais da A. e R.
e, entre eles, dos prédios doados, em que são interessadas a A. e a R., meio processual
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28/10/2020 Acórdão do Tribunal da Relação de Évora
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28/10/2020 Acórdão do Tribunal da Relação de Évora
III. Fundamentação.
1. Factos
Relevam os factos constantes no relatório supra, designadamente, que se encontra a
correr processo de inventário, no cartório Notarial de Torres Novas a cargo da Drª
Marta Susana da Silva Cruz, para partilha dos bens deixados por morte de (…) e (…),
em que são interessadas a A. e a R.
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28/10/2020 Acórdão do Tribunal da Relação de Évora
2. Direito
2.1. Se a dispensa de redução de liberalidades inoficiosas é uma questão conexa com o inventário
A ação destina-se a declarar que a R. não tem direito a reduzir a doação que os seus
falecidos pais fizeram a favor da A., sua irmã, no pressuposto – não caraterizado –
que tal doação ofende a legítima daquela.
Dizemos não caraterizado, porquanto as liberalidades dizem-se inoficiosas quando
ofendem a legítima dos herdeiros legitimários (artº 2168º do CC), esta é calculada por
referência ao valor dos bens existentes no património do autor da sucessão à data da
sua morte, ao valor dos bens doados, às despesas sujeitas a colação e às dividas da
herança (artº 2162º, nº 1, do CC) e nada disto vem alegado na petição inicial.
Este aspeto é, aliás, essencial para compreender a ligação ou conexão da pretensão da
A. – dispensa de redução de liberalidades inoficiosas – ao processo de inventário, uma vez
que, sem ele, ou seja, declarado, em tese, ou em abstrato, como a A. parece entender, é
suscetível de ocasionar pronúncia inútil e se a lei proíbe a prática de atos inúteis no
processo (artº 137º do CPC), por maioria de razão proíbe a tramitação de processos
inúteis.
A utilidade do processo, ou seja, o direito da autora a que corresponde uma ação adequada a
fazê-lo reconhecer em, juízo (artº 2º, nº 2, do CPC) parte do pressuposto que a liberalidade
que os seus pais lhe fizeram em vida é redutível por inoficiosidade e isto, porque se o
não for, isto é, se a doação que beneficiou a A. não ofender a legítima da R., sua irmã,
a doação não é, à partida, redutível e é tão só isto que se pretende ver declarado; a
inutilidade consistira precisamente em declarar não redutível por inoficiosidade uma
doação que ab initio nunca o foi. Por isto que o direito da A. não surge em abstrato,
surge em concreto depois de verificado que a doação de que é donatária ofende a
legítima da sua irmã.
Considerandos que não têm o propósito de reconhecer ou não razão à A., nem o de
verificar se a petição reúne as condições necessárias a este conhecimento, mas tão só
de evidenciar que o direito a que a A. se arroga não prescinde do cálculo da legítima da
R., sua irmã, o cálculo desta, por sua vez, exige que se conheçam os valores dos bens
existentes no património dos autores da sucessão à data da sua morte, o valor dos
bens doados, as despesas sujeitas a colação e as dividas, ou seja, para se afirmar o
direito que a A. pretende ver declarado é necessário conhecer todos os elementos de
facto próprios do processo de inventário.
“A redução, como a revogação, pressupõem a estimação rigorosa dos bens do autor da herança, a
determinação exata da sua quota disponível, o apuramento da ofensa das legítimas, e todos estes
dados só [são] suscetíveis de serem captados através dos termos que são próprios do inventário em si
mesmo” [Lopes Cardoso, Partilhas Judiciais, vol. 1º, 4ª ed., pág. 142].
Em resposta a esta primeira questão dir-se-á, pois, que a dispensa de redução de
liberalidades inoficiosas é uma questão conexa com o inventário.
2.1. Se estando a correr um processo de inventário, os aí interessados podem propor ações comuns
destinadas a resolver questões conexas com o inventário em curso
Segundo o artº 3º, nºs 1 e 4, do regime jurídico do processo de inventário, aprovado
pela Lei n.º 23/2013, de 5/3, ao caso aplicável[2], “[c]ompete aos cartórios notariais sediados
no município do lugar da abertura da sucessão efetuar o processamento dos atos e termos do processo
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de inventário e da habilitação de uma pessoa como sucessora por morte de outra” e “[a]o notário
compete dirigir todas as diligências do processo de inventário e da habilitação de uma pessoa como
sucessora por morte de outra, sem prejuízo dos casos em que os interessados são remetidos para os
meios judiciais comuns”.
De acordo com os nºs 1 a 4 do artº 16º da mesma lei, os interessados são remetidos
para os meios comuns, a seu requerimento ou por iniciativa do notário (i) sempre que,
na pendência do inventário, se suscitem questões que, atenta a sua natureza ou a complexidade da
matéria de facto e de direito, não devam ser decididas no processo de inventário e no caso de estar
pendente causa prejudicial em que se debata alguma das referida questões e o notário
pode ainda (ii) ordenar suspensão do processo de inventário.
Da decisão do notário que indeferir o pedido de remessa das partes para os meios
judiciais comuns, cabe recurso para o tribunal.
Assim e em resposta a esta segunda questão diremos que estando a correr um
processo de inventário, os aí interessados podem propor ações comuns destinadas a
resolver questões conexas com o inventário em curso quando o notário o determinar, seja
por iniciativa própria, seja por iniciativa dos interessados.
Improcede o recurso.
3. Custas
Vencida no recurso, incumbe ao Apelante pagar as custas (artºs 527º, nºs 1 e 2, do
CPC).
Sumário (da responsabilidade do relator – artº 663º, nº 7, do CPC):
(…)
IV. Dispositivo:
Delibera-se, pelo exposto, na improcedência do recurso, em confirmar a decisão
recorrida na parte em que absolve a R. da instância.
Custas a cargo da Apelante.
Évora, 4/6/2020
Francisco Matos
José Tomé de Carvalho
Mário Branco Coelho
__________________________________________________
[1] Amâncio Ferreira, Manual dos Recursos em Processo Civil, pág. 157.
[2] A Lei n.º 23/2013, de 5/3 foi revogada pelo artº 10º da Lei n.º 117/2019, de 13/9,
mas continua a aplicar-se aos processos de inventário pendentes nos cartórios
notariais, em 1/1/2020 que não sejam remetidos ao tribunal nos termos do disposto
nos artigos 11.º a 13.º (artºs 11º e 15º).
[3] Alberto dos Reis, Comentário ao Código de Processo Civil, vol. 1, 2ª ed., pág. 104.
[4] Ob. cit., pág. 366.
[5] Processo 90/17.7T8PTG.E1, disponível em www.dgsi.pt.
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Processo de Inventário
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