Completo Hinduismo

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INTRODUÇÃO

Falar da filosofia hindu recorremos ao pensamento filosófico associado ao


hinduísmo. O presente trabalho é um trabalho elaborado pelo terceiro grupo, da matéria
Seminário I. O tema tratado neste trabalho é a Filosofia do Hinduísmo. O tema foi
proposto pelo docente, com o objetivo, para que compreendamos e aprofundemos a
filosofia oriental ou os pensamento orientai. Falar da filosofia oriental é falar sobre o
modo de viver e de pensar dos povos orientais. Os pensamentos orientais sempre tem a
relação com o divino. Por isso sempre lida com os temas como auto-realização,
purificação da vida, meditação e etc. Entre os diferentes pensamentos orientais, o
Hinduísmo é um dos mais importantes que influenciou mais o pensamento oriental até
todo o mundo. Por isso, vale a pena tratarmos esse tema para compreendermos melhor.
O objetivo da elaboração deste trabalho é, para que compreendamos a e
aprofundemos melhor a filosofia do hinduísmo. Além de conhecer a sua filosofia
podemos saber a história do seu nascimento, os seus deuses e as suas doutrinas.
O trabalho é categorizado por três capítulos. No primeiro capítulo vamos
elaborar sobre a história do nascimento do Hinduísmo, os deuses e as escrituras sagradas
do hinduísmo. No segundo capítulo elaboramos sobre a filosofia do hinduísmo, isto é a
visão filosófica das seis escolas ortodoxas ou āstika sobre a cosmologia, a formação do
mundo material e também de Deus. Além disso tratamos também no capítulo segundo
sobre, a doutrina de Samsara, Karma, também Dharma e Moksha e assim também dos
quatro caminhos de liberação ou Yoga. No último capítulo tratamos sobre alguns
pensamentos hindus que têm a relação com o pensamento timorense, onde vamos tratar
da concepção de Deus e da imortalidade da alma e também do valor do ensinamento de
Atman e Brahman no Hinduímo ao respeito da vida e de não-violência.
O método utilizado neste trabalho é o método dedutivo. A elaboração é
certamente feita por meio de uma pesquisa bibliográfica na biblioteca e assim também
no internet, pelo acesso aos artigos e livros disponibilizados, pois temos menos das
fontes necessárias nas bibliotecas.

1
CAPÍTULO I

O CONTEXTO HISTÓRICO DA RELIGIÃO DO HINDUÍSMO

1.1. A HISTÓRIA DO SURGIMENTO DA RELIGIÃO DO HINDUÍSMO

O hinduísmo é uma das maiores e mais antigas religiões do mundo. Essa tradição
religiosa teve início com a antiga cultura védica por volta de 3.000 a C. Considerada
uma das religiões mais antiga da humanidade, o hinduísmo tem sua origem na pré-
história e remonta à Índia antiga. Porém é no período pre clássico (1500-550a. C.), idade
do ferro da Índia que os vedas serão escritos pelos invasores arianos instituindo um
conjunto uniforme de crenças e formando o hinduísmo védico onde se cultuava os
Deuses tribais. É importante lembrar que o hinduísmo foi o caminho escolhido pelos
indianos para a liberdade no século XIX quando Mahatma Gandhi conduziu-os pela via
pacífica à independência política. Quando ele foi advogado e político indiano, fundador
da índia independente, Gandhi recebeu o título de “Mahatma” palavra que vem do
sânscrito e que significa “a grande alma”.1 O hinduísmo não há um fundador como em
outras religiões. A partir disso, as divindades (que podem chegar a milhoões) fazem
parte da vida cotidiana. Mesmo existindo templos o culto é realizado normalmente nos
lares, onde existem altares para os deuses favoritos.2

Portanto Ravi Shankar (13 de maio de 1956) é um lider espiritual indiano ele é
frequentemente chamado apenas pelo título honorífico “sri sri, Guruji ou Gurudev”.
Atualmente a religião é a terceira maior do mundo ficando atrás apenas do cristianismo e
do islamismo. Por isso, a nossa parte queríamos chamar dos adeptos de Sanatana de
Dharma, 3que significa eterna lei em sânscrito, o hinduísmo agrupa crenças filosóficas
de vida , tradições culturais e valores. Na India o hinduísmo é a principal religião,
chegando a 80% da população.

1
PRASAD, Ramananda, O bhagavad Gita a canção de Deus, Tradução textos Sri Swami saraswaiti, 2
edição Março de 2005, editado por sociedade internacional Gitã do Brasil, Brasil, 2002-2005, p. 309.
2
Ibid., p. 323.
3
Ibid., p. 341.

2
A crença hindu abrange todo o universo indiano, inferindo em sua forma de
organização social e política. Portanto religião hinduísmo surgiu a partir das tradições
védicas por volta de 3.000 a C. As escrituras sagradas dos vedas vêm dos povos arianos
que habitaram a região do atual Irã. Os escritos dos vedas estabeleceram um conjunto
de crenças que originaram o hinduísmo védico no qual havia o culto aos deuses das
tribos.

Posteriormente no momento considerado como segunda fase do hinduísmo ou


hinduísmo Bramânico passou a se ocultar deuses Brahma, Vishnu e Shiva. O simbolo do
hinduísmo é o Om ou Aum formando por tres letras em sânscrito que são o som de om ou
au, usado nas meditações e mantras. Após o surgimento do islamismo e do cristianismo,
apareceu uma nova vertente do hinduísmo; o Hinduísmo Híbrido, que foi assim
denominado por receber influência de outras religiões. A palavra Hinduísmo vem do
vocábulo persa hindu, nome do rio indo. A partir do final do século, o termovpassou a
ser usada para se referir ao conjunto de crenças que abarca a maioria das tradições
religiosas, espirituais e culturais da Índia.4 O termo Hindu também implicava em um
identificar geográfico étnico ou cultural para as pessoas que viviam no subcontinente
indiano ao redor ou além do rio Sindhu (indo). Por volta do século XVI d. C., o termo
comecou a se refletir aos residentes do subcontinente que não eram turcos ou
muçulmanos.

O termo persa entrou na Índia pelo Sultanato de Déli e apareceu nos textos do sul
da índia bem como da Caxemira a partir de 1323 d, C., e a partir daí é cada vez mais
utilizado especialmente durante o período da índia britânica. Desde o fim do século
XVIII a palavra passou a ser usada no ocidente como um termo que abrange a maioria
das religiões, espirituais e culturais do subcontiente com a exceção do siquismo,
budismo e jainismo que são religiões distintas.5
4
DIAS, Fabiano, Religião Hinduísmo, educação de Brasil, disponivel em http://www.educamaisbrasil.-
com.br. Postado por Fabiano dias em 04/12/2018 e atualizado pela última vez em 21 de julho de 2020.
Acesso em 18.13. htl.
5
GROSSO, Mato, Participe da religião do wikiconcurso wiki loves, edição 3, Publicado em 13 de abril e
julho, São Paulo, Brasil, disponível em http://www,hinduísmo wikipedia, 13;45 htl.

3
1.2. COMO NASCE O HINDUÍSMO

Portanto tendo sua origem remontada ao ano de 1500 a C., a religião hinduísta
foi estabelecida pelos invasores ariano da India. Os textos védicos antigos descreviam
um universo cercada de água. No período dos arianos ou árias (homens) a explicação de
suas divisões sociais era encontrada nos vedas: da cabeça do Deus primordial saíram os
guerreiros das pernas os produtores e dos pés os servos. O mundo comforme a
concepção desta época foi formado a partir da organização, por força divina de um caos
preexistente. No sistema hinduísta atual há uma série de ramificações que gerara crenças
praticas divrsas características. O hinduísmo tem a sua ênfase no que seria o modo
correto do viver (dharma). Os ocultos hinduístas são realizados tanto em templos e
congregações quanto podem ser domésticos. A cerimónia mais comumente realizada é
relativa à oração (puja). A palavra “Om” representa a vibração que transcende o início o
meio e o fim de todas as coisas vinculado-se desta maneira à imagem da própria
divindade. Os códigos sagrados do hinduísmo são: os vedas, consistindo em escrituras
que incluem canções, hinos dizeres e ensinamento; o Smriti escrituras tradicionais que
incluem o Ramayana, o Mahabarata, e o Bhagavadgita.

O hinduísmo e a religião atuamente predominante na Índia (pouco mais de


oitenta por cento da população).6 O hinduísmo existem milhares de deuses e deusas. Mas
os sábios afirmam que todos eles são apenas diferentes formas de um mesmo e único
Deus. Dos vários deuses, tres se destacam: Brahma o criador (não confundir com
Brahman), Vishnu o preservador e Shiva o destruidor. “Atualmente na Índia existem
cerca de 1 bilhão de hinduistaa a maior parte deles na Índia e no Nepal. Mas
Bangladesh, Srilanka, Paquistão, Malasia Ilhas Maurício, Fiji, Suriname, Guiana,

6
GUIA, Robson, Hinduísmo, chepkassoff chaves/Radhanath das, e-mail: [email protected].,16;46
htl.

4
Trinidad e Tobago, Reino unido, Canada e estados unidos também representatividade de
seguidores da religião”.7

1.3. A CONCEPÇÃO DE DEUS E DEUSES NO HINDUÍSMO

O hinduísmo é um sistema diversificado de pensamento, com crenças que


abrangem o monoteísmo, politeísmo, panenteísmo, panteísmo, monismo e ateísmo, e o
seu conceito de Deus é complexo, e está vinculado a cada uma das suas tradições e
filosofias. Por vezes é tido como uma religião henoteísta, isto é, que envolve a devoção a
um único deus, embora aceite a existência de outros, porém o termo é visto, da mesma
maneira que os outros, como uma generalização excessiva. O hinduísmo tem dezenas e
dezenas deuses. Entre esses deuses os mais venerados ou os que têm imenso significado
são como “Brahma, o Criador; Shiva, o Destruidor; e Vishnu, o Preservador, mediador
dos dois primeiros”8. Estes são chamados de Trimurti hindu ou Trindade do hinduísmo.
Para compreender esses três deuses é preciso tratar primeiramente sobre Brahman, e
depois tratar também sobre Krishna.

1.3.1. Brahman

Brahman: uma palavra neutral, em sâncrito, pode ser contemplado como


princípio divino não personalizado, sem atriburos; não é masculino nem femenino.
Brahman é o Absoluto, o Espírito Divino e Infinito, e que é a origem e raiz de toda a
consciência que evolui neste mundo. Segundo o dicionário de Monier-Williams,
Brahman significa, nos textos vêdicos mais antigos, crescimento, expansão, evolução,
desenvolvimento, aumento ou expansão do espírito da alma. Depois a palavra passou a
significar a sílaba sagrada Om, o conhecimento religioso ou spiritual, o espírito
impessoal autoexistente.9 Brahman não é um deva; é um anterior e mais fundamental do
7
SOUSA, Rainer Gonçalves, Hinduísmo, disponível em http://www.historiadomundo.com.br/religioes/-
hinduismo.htm, Acesso em 10 Abril, 2024, às 21 h.
8
AUGUSTO MACHADO DE CAMPOS NETO, Antonio, O Hinduísmo, O Direito Hindu, O Direito
Indiano, “Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo” 104 (2009) 71-111.
9
Cfr, WILLIAMS-Monier, Sankrit-English dictionary, Oxford: Clarendon Press, 1979.

5
que qualquer um deles. Todo o universo provém de Brahman e retorna a ele, ao final de
um lungo período; e os devas surgem e depois se dissolvem em Brahman. Brahman não
é uma divindade providencial que cuide do universo ou dos seres humanos e a quem
devam ser feitas orações e pedidos. Ele não tem qualquer aspecto antromórfico. Não
existem imagens de Brahman, não há templos para ele, não existem representações
icnográficas de qualquer tipo para Brahman. Não existe nenhuma religião propriamente
dita na qual Brahman seja o objeto do culto.

Brahman não pode ser compreendido através de nosso pensamento, que é


adequado apenas para compreender os seres criados. Brahman é impensável, é
inconcebível, é incompreencível, está muito além das palavras e dos conceitos, sendo
mais fácil explicar o que ele não é do que dizer o que é. No entanto ele pode ser
caracterizado por três atributos principais: é uma realidade (Sat); é uma consciência
(Cit); e é uma felicidade completa (Ananda).

1.3.2. Krishna

Krishna significa negro ou escuro, em sâncrito. Krishna é um deus personificado


do hinduísmo, representante das manifestações de Deus Supremo no mundo, segundo a
tradição hindu. Seu nome também significa verdade absoluta, para os hindus. Segundo
os hindus, Krishna é o oitavo avatar de Vishnu, ou seja, é considerado um Deus, a
Suprema Personalidade.10 Narra o Bagavad Gita que Krishna é idêntico a Suprema
Personalidade de Deus. Por isso Krishna se chama de Bhagavān. Bhagavān é a última
palavra no que se refere à Verdade Absoluta. A Verdade Absoluta é percebida em três
fases de entendimento, a saber, Brahman, ou o espírito onipenetrante impessoal.11

1.3.3. Os trimurti ou Trindade hinduista: Brahma, Shiva e Vishnu

10
Cfr,BIANCHINI, Fávia, O Estudo da Religião da Grande Deusa nas Escrituras Indianas e o Canto I do
Devi Gita, “dissetação”, Universidade Federal da Paraíba, Brasil, 2013, p. 201.
11
Cfr, BAGAVAD GITA, Bagavad Gita, disponível em
https://www.gitasociety.com/publicatios2-/childrengita-balinese.pdf . Acesso em 16 Abril, 2024, às 21 h.

6
Brahma: Brahma é um Deus da religião hindu, considerado o criador do universo,
dos deuses e do conhecimento. Brahma é representado com quatro cabeças e quatro
braços aparece sentado em um cisne. Brahma nascido de uma flor de lótus que floresceu
no umbigo de Vishnu.12

Shiva: Shiva é o deus da destruição e da reconstrução, é considerado o criador da


yoga. Shiva é representado por uma figura masculina, normalmente sentado na posição
de lotus (com as pernas cruzadas), tradicional posição de ioga. Na testa a figura
mitológica do deus Shiva tem um terceiro olho, que é conhecido por olho de Shiva, que
simboliza a inteligência e o fogo destrutivo da renovação. Sobre a cabeça da Shiva há
um lua crescente, que significa a renovação constante da natureza.

Vishnu: Vishnu é responsável pela ordem e sustentação do universo. Vishnu é


representado com quatro braços, e cada um deles segurando um objeto diferente: uma
concha, um disco de energia, uma flor de lotus e um cajado. A concha, chamada
Pantchdjanya, contém os cinco elementos da criação: “ar, fogo, água, terra e éter.” 13
Quando é soprada, emite o som que originou todo o universo, o Om. O disco ou roda de
energia de Vishnu, chamado de Sudarshana, simboliza o controle sobre os seis
sentimentos e serve como arma para derrotar qualquer demônio. O lótus de Vishnum
chamado de Padma, é o símbolo da pureza e representa a verdade po trás da ilusão. O
cajado de Vishnu, chamado de Kaumodaki, representa a força da qual toda a força física
e mental do universo são derivadas. Vishnu tem diversos avatares, que poder ter forma
humana, animal ou híbrica.

Atman: o atman, do sâncrito significa o Deus interior, foi traduzida sempre por Eu. 14
O atman presente em todas as criaturas. Por isso na teoria de samsara diz que o atman
que presente no homem pode reencarna num animal ou numa planta devido ao seu

12
Cfr, AUGUSTO MACHADO DE CAMPOS NETO, Antonio, Op. cit., p. 74.
13
Ibid., p. 76.
14
Cfr, UPANISADES, disponível em https://gita-society.com/wp-content/uploads/pdf/108upanishads.pdf.
Acesso em 16 Abril, 2024, às 22 h.

7
Karma. O atman na religião Católica Podemos dizer a alma, mas é diferente porque o
atman presente em todos os seres pelo que a alma humana cristã não.

1.4. AS ESCRITURAS

Os textos sagrados do hindu se dividem em duas classes diferentes que são: Shruti e
Smriti.15

1. Shurti : Shruti (lit: "aquilo que é ouvido") refere-se primordialmente aos Vedas,
que compõem o mais antigo registro das escrituras hindus.

Vedas: Os Vedas são os textos mais antigos do hinduísmo, e também influenciaram


o budismo, o jainismo e o siquismo. Os Vedas contêm hinos, encantamentos e rituais da
Índia antiga. Existem quatro Vedas: Rig Veda, Sama Veda, Yajur Veda, Atarvaveda. O
Rig Veda é o primeiro e mais importante deles. Cada Veda se divide em quatro partes: a
primeira, o Veda propriamente dito, é o Saṃhitā, que contém mantras sagrados. As
outras três partes formam um conjunto em três camadas de comentários,
costumeiramente em prosa, tidos como feitos numa data um pouco posterior ao Saṃhitā.
São os Brâmanas (Brāhmaṇas), Āraṇyakas e os Upanixades. As primeiras duas partes
foram chamadas posteriormente de Karmakāṇḍa (parte ritualística), enquanto as últimas
duas formam a Jñānakāṇḍa (parte do conhecimento). Embora os Vedas tenham como
foco os rituais, os Upanixades se concentram numa abordagem espiritual e em
ensinamentos filosóficos, discutindo Brâman e a reencarnação.16

Upanixades: Os Upanixades são denominados Vedanta, porque eles contêm uma


exposição da essência espiritual dos Vedas. Entretanto é importante observar que os
Upanixades são textos e Vedanta é uma filosofia. A palavra Upanishad significa "sentar-
15
Cfr, ESCRITURAS, Hinduísmo, as escrituras do hinduísmo, disponível em
https://shaivam.org-/hinduism-a-perspective/holy-book-of-hinduism-portuguese/, Acesso em 23 Abril
2024, às 16 h.
16
Cfr, Ibid.,

8
se próximo ou perto", pois os estudantes costumavam sentar-se no solo, próximos a seus
mestres. Os Upanixades organizaram mais precisamente a doutrina védica de auto-
realização, ioga, e meditação, karma e reencarnação, que eram veladas no simbolismo da
antiga religião de mistérios. 17

2. Smritis: Textos hindus além dos shrutis são chamados coletivamente de smritis
("memória"). Os mais célebres dentre os smritis são os poemas épicos, que
consistem do Maabárata (Mahābhārata) e do Ramáiana (Rāmāyaṇa). O
Bagavadguitá (Bhagavad Gītā), parte integral do Mahabárata, e um dos mais
populares textos sacros do hinduísmo, contém ensinamentos filosóficos de
Krishna, uma encarnação de Vishnu, narradas ao príncipe Arjuna às vésperas de
uma grande guerra. O Bhagavad Gītā, narrado por Krishna, é descrito como a
essência dos Vedas.18

Ramayana e Mahabarata: O Ramayana e o Mahabarata são os livros épicos


nacionais da Índia. São provavelmente os poemas mais longos escritos em todo o
mundo. A obra conta a história de um príncipe, Rama de Ayodhya, cuja esposa Sita é
abduzida pelo demônio Rāvana, rei de Lanka. O Mahabarata é atribuído ao sábio Vyasa,
e foi escrito no período entre 540 e 300 a.C.. A obra, que conta a lenda dos báratas, uma
das tribos arianas, discute o tri-varga ou as três metas da vida humana: kama ou desfrute
sensorial, artha ou desenvolvimento econômico e darma a religiosidade mundana que
se resume em códigos de conduta moral e ritual. O Ramayana é atribuído ao poeta
Valmiki, e foi escrito no século I, apesar de ser baseado em tradições orais que datam de
seis ou sete séculos antes de Cristo.19

As três metas da vida são chamadas também de Purusharthas. Segundo os hindus, os


homens são muitas vezes atraídos por kama e artha, mas depois se convertam e seguiam
o darma para assim poderem alcançar a mocsa ou Liberdade.20

17
Cfr, UPANISADES, loc.cit.,
18
Cfr, ESCRITURAS, Hinduísmo, as escrituras do hinduísmo, Loc.cit.,
19
Cfr, Ibid.,

9
Bhagavad Gita: A Bhagavad Gita (Bagavadguitá em português) é considerado parte
do Maabárata (escrito em 400 a.C. ou 300 a.C., é um texto central do hinduísmo, um
diálogo filosófico entre o deus Krishna e o guerreiro Arjuna. Este é um dos mais
populares e acessíveis textos do hinduísmo, e é de essencial importância para a religião.
O Gita discute altruísmo, dever, devoção, meditação, integrando diferentes partes da
filosofia hindu.21

20
GABRIEL, Roger, Purushartha: The Aims of Human Life, 5, 2019, disponível em http://chopra.com/-
blogs/meditation/purusharta-the-4-aims-of-human-life. Acesso em 23 Abril 2024, às 18 h.
21
Cfr, BAGAVAD GITA, Bagavad Gita, Loc.cit.,

10
CAPÍTULO II
A FILOSOFIA DO HINDU

2.1. ESCOLAS DO HINDUÍSMO

Falar da filosofia de Hindu se refere ao pensamento filosófico associado ao


Hinduísmo. A filosofia hindu divide-se em seis escolas ortodoxas ou āstika em sâncrito.
Chama-se ortodoxas porque aceitam os Vedas como as supremas escrituras reveladas. A
filosofia Indiana é tipicamente dividida em duas linhas principais que são: Astika, isto é,
ortodoxa ou teísta; e Nastika, isto é, não ortodoxa ou ateísta, pois não aceitam a
autoridade dos Vedas. Na tradição Indiana, qualquer Sistema de pensamento que não
fundamentado nos Vedas, mesmo que inclua a crença em Deus e deuses, é considerado
ateu, nastika. As filosofias consideradas nastikas são como Budista, Janista e Carvaka e
o Astika como do Hinduísmo. As seis escolas ortodoxas ou āstika são as seguintes:
Nyaya, Vaisheshika, Yoga, Samkhya, Purva Mimamsa e Vedanta. Entre esses, o Nyaya e
Vaisheshika formam um grupo, os Yoga e Samkhya num grupo pois têm muitos pontos
tratados em comum e o Purva Mimamsa e Vedanta porque são relacionado entre si.

Nyaya trata sobre o método lógico, por isso também chamado de Sistema indiano
de lógica. Segundo este, têm quatro caminhos para o conhecimento: “ a percepção
(pratyaksha), inferência (anumana), analogia (upamana) e testemunha credível
(sabda)”22. É também uma escola conhecida por seu silogismo de cinco partes. Ela
afirma que existem dezesseis Padarthas ou categorias, e que conhecendo-nas pode-se
atingir o objetivo final da liberação. Os dezesseis Padarthas são “pramana, prameya,
samshaya, prayojana, drishtanta, siddhanata, avayava, tarka, nirnaya, vada, jalpa,
vitanda, hetvabhasa, chala, jati e nigraha-sthana”.23 A maioria dessas categorias está
relacionada à lógica e ao debate. Nyaya foi proposto por Gautama Muni ou no outro
texto o nome se escreve de Aksapada Gautama, que é conhecido como Aksapada.

22
SEN K. M, Hinduism, The World Oldest Faith, Pinguin Books, Australia, 1961, p. 78.
23
HINDUÍSMO, Hinduísmo Definição, disponível em
https://nucleoshantishala.com.br/content/uploads-/2020/06/HINDU%C3%8DSMO-Radhanatha-Das.pdf .
Acesso em 05 Abril 2024, às 09 h.

11
Vaisheshika se interessada mais na cosmologia. Segundo essa o objeto material é
formado pelos quatro princípios atómicos que são, “terra, água, fogo e ar” 24. Continuou
que, as substâncias do mundo não são todos materiais. Existem portanto nove
substâncias, incluindo os quatro que são materiais como acima mencionados e os não
materiais são como, “espaço, tempo, éter (akasa), mente e alma”25. Este sistema foi
desenvolvido pelo sábio Kanada. Ele ensinou que existem sete padarthas ou entidades
ontológicas e que entendê-las leva à auto-realização. Kanada também postulou que o
mundo é feito de
átomos (paramanu). Os sete padarthas são dravya(substância), guna (qualidade), karma
(movimento), samanya (generalidade), vishesha (especialidade), samavaya (inerência)
e abhava (não existência).26

Samkhya é a escola ou Sistema fundado por Kapila Muni. Este aceita dois
princípios básicos ou tattvas do universo que são: prakriti ou matéria primordial,
e purusha ou ser consciente individual. O purusha, também chamado de atma, é
imutável, eterno e consciente por sua própria natureza. Prakriti é inerte e sofre
modificações enquanto está associado a um Purusha. A outra contribuição
importantíssima de Samkhya para Hindu é a doutrina de Triguna, ou as três qualidades
da natureza. Esses são as três qualidades: “Sattva (luz, pureza, harmonia), Rajas
(energia, paixão) e Tamas (inércia, escuridão)”27. Estes três qualidades se atuam
diferentemente na evolução. Sattva é responsável para a manifestação e evolução de
Prakriti. Rajas causa toda a actividade e Tamas é responsável pela inércia. A evolução
se faz por vários estados. A primeira modificação de prakriti é chamada Mahat ou a
inteligência cósmica. Este Mahat evolui para Ahankara ou ego. Ahankara dá origem à
mente, cinco sentidos cognitivos, cinco sentidos das ações, cinco tanmatras ou

24
SEN K. M, Op. cit., p. 79.
25
Ibid.,
26
Cfr, SANTOS RIBEIRO DE OLIVEIRA, Miriam, Identidade e Religião na Índia Britânica, “artigo” in
REVER 01 (2014) 152-178, p. 169.
27
Ibid.,

12
elementos sutis que por sua vez evoluem para akasha ou espaço, vayu ou gases, tejas ou
calor e luz, jalamou líquidos e prithvi ou objetos sólidos.28

Yoga é o sistema fundado por Hiranygarbha e posteriormente sistematizado e


propagado pelo sábio Patanjali. Ele define yoga como a cessação de todas as
modificações mentais. Na prática, esse sistema consiste no exercício da mente e do
corpo, como meditação, para alcançar a Liberdade. Diferentemente do Samkhya, que
segundo este a Liberdade é somente alcançada pelo conhecimento. O sistema do ioga é
geralmente considerado como tendo surgido a partir da filosofia Samkhya. Entretanto o
yoga referido aqui, é especialmente o Raja Yoga, ou união através da meditação.

Purva Mimamsa. Este sistema foi propagado pelo sábio Jaimini, um discípulo de
Veda Vyasa. Purva Mimamsa estabeleceu as bases para a formulação de regras de
interpretação dos Vedas. O principal questionamento da Purva Mimamsa se refere à
natureza das lei naturais (ou darma). Segundo esta linha de pensamento, a natureza do
darma não é acessível à razão ou observação, e deve ser inferida a partir da autoridade
da revelação contida nos Vedas. Esta escola diz que a essência dos Vedas é o Dharma.
Dharma significa os mandamentos encontrados nos Vedas e que estão principalmente na
forma de yajnas. Pela execução do dharma a pessoa ganhará méritos que a levará ao céu
após a sua morte. A pessoa viverá feliz no céu sem enfrentar nenhuma miséria. Se
alguém não segue o dharma ou os deveres prescritos, então incorre em pecado e, como
consequência, sofrerá nos infernos.

Uttara Mimamsa ou Vedanta. O Vedanta foi ensinado por Veda Vyasa, o


compilador dos Vedas. Ele refuta a conclusão de Purva Mimamsa e afirma que o
ensinamento essencial dos Vedas é realizar Brahman, a Verdade Absoluta, e não
o dharma na forma de injunções. O pensamento Vedanta dividiu-se em duas partes que
são: puro monismo : Advaita Vedânta e dualismo: Dvaita.29

28
Cfr. SEN K. M, Hinduism, Op. cit., p.76.
29
Cfr, LAUDAU DE CARVALHO, Matheus, Tradições religiosas, filosofias e história: uma introdução
ao Hinduísmo por Hillary Rodriges, “artigo” Revista dos Alunos do Programa de Pós-graduação em
Ciência da Religião- UFJF 2 (2018) 99-107.

13
De acordo com a escola Advaita-vedânta, a Verdade Absoluta ou Brahman é sem
forma e desprovida de quaisquer atributos. É eterna e consciente. Brahman é a única
realidade. O mundo fenomenal é uma ilusão e é percebido em decorrência da ignorância
sobre Brahman. Os seres individuais não são diferentes de Brahman.

Têm ainda duas escolas chamadas de Ramanujas e Madhva entre os ramos de


Vedanta, que as vezes também chamadas de dualistas. Ramanuja (1040 - 1137) foi o
principal proponente do conceito de Sriman Narayana como Brahman o supremo. Ele
ensinou que a realidade última possui três aspectos: Ishvara (Vixnu), cit ("alma") e acit
("matéria"). Vixnu é a única realidade independente, enquanto alma e material são
dependentes de Deus para sua existência. Devido a esta qualificação da realidade última,
o sistema de Ramanuja é conhecido como não dualístico.30

Madhva (1199 - 1278) identificou deus com Vixnu, mas a sua visão da realidade
era puramente dualista, pois ele compreendeu uma diferenciação fundamental entre o
Deus supremo e a alma individual, e o sistema consequentemente foi denominado
Dvaita (dualístico) Vedanta.31

2.2. AS CRENÇAS DO HINDUÍSMO

Falar de crenças do Hinduísmo referimo-nos a estas duas doutrina mais comuns


que são: Samsara e Karma. Ao longo deste vamos tratar também sobre os conceitos
importantes como darma, isto é os deveres morais, e moksha, que é a libertação. E
finalmente tratamos sobre os caminhos da liberação ou caminhos para chegar a moksha e
sair do ciclo da reencarnação ou samsara.32

2.2.1. Samsara

O ciclo de ação, reação, nascimento, morte e renascimento é um contínuo,


chamado de samsara em sâncrito. A noção de reencarnação e carma é uma premissa
forte do pensamento hindu. O Bagavadguitá afirma que: “Assim como uma pessoa veste
30
Cfr, Ibid.,
31
Cfr, SANTOS RIBEIRO DE OLIVEIRA, Miriam, Op. cit., p. 172.
32
Cfr, Cfr,BIANCHINI, Fávia, O Estudo da Religião, Op.cit., p. 203.

14
roupas novas e joga fora as roupas antigas e rasgadas, uma alma encarnada entra em
novos corpos materiais, abandonando os antigos”. 33 A reencarnação é a consequência
das ações que fazemos na vida anterior, ou melhor dizer que a doutrina de reencarnação
está completamente ligada com a doutrina de karma. Os hindus creêm que o atman ou o
ser não morre, mas depois da morte do corpo o atman reencarna no outro ser vivo, que
pode ser humano ou sub-humano para esgotar o karma muito mau. Neste caso, a
reencarnação é uma coisa má para os hindus. Por isso, o objetivo da vida para os hindus
é sair deste ciclo da reencarnação e alcançar a mocsa ou Liberdade.34

Por outro lado, a reencarnação é também como uma oportunidade de fazer


progresso espiritual. A reencarnação dá a uma pessoa a oportunidade de gradualmente
evoluir espiritualmente através das várias experiências valiosas que ele adquire em suas
diferentes encarnações. Eventualmente ele atinge a meta de seu progresso espiritual
através da realização de Deus. Após a realização de Deus ele transcenderá todos os
desejos, pois para ele não falta mais nada. Ele transcende as correntes dos repetidos
nascimentos e mortes. Assim alcança a mocsa ou Liberdade.35

2.2.2. Karma

O Hinduísmo acredita na doutrina de causa e efeito, que em sâncrito se chama


Karmavāda ou doutrina de Karma. A palavra Karma em si se significa acção. Algumas
vezes essa palavra é também usada com o significado de efeito da acção. 36 Segundo a
doutrina de Karma, todas as acções que se fazem têm suas próprias consequências, e
essa se depende da acção que se faz. Se a acção for boa produzirá também bons frutos

33
Cfr, BAGAVAD GITA, Bagavad Gita, Loc.cit.,
34
Cfr, WAHID, Annsa; SYAH, Yoshy Hendra Hardiya, Konsep Samsara dalam Agama Buddha dan
Hindu, “artigo” Jorna Iman dan Spiritualitas 3 (2023) 385-392.
35
Cfr, Ibid.,
36
Cfr, ATISHA, Irmão, A Doutrina do Karma, tradução de Nair Lacerda, Editora Pensamento, São Paulo,
Brasil, 1980, p. 11.

15
ou levará boa consequência; e se a acção for má poduzirá maus frutos ou má
consequência. Os efeitos da acção são geralmente chamados de Karmaphala em
sâncrito. Os frutos das boas acções trazem prazer e felicidade para aqueles que as fazem,
enquanto os frutos das más acções causam sofrimento e dor para aqueles que as fazem.
Uma das causas de karma que é a reencarnação. 37 Por isso, aos hindus para alcançar a
mocsa é preciso melhorar as ações ou o karma, e assim libertar-se do samsara.

Relacionando com essa doutrina, para o Hinduísmo, Deus não é responsável pelo
prazer e dor de suas criaturas. São as criaturas que são responsáveis por sua própria
felicidade ou sofrimento. Eles sofrem ou gozam devido às consequênicias de suas
próprias acções, sejam boas ou más. Por essa razão, para o Hinduísmo, Deus é
Karmaphaladata- aquele que dá os frutos da acção. Ele é o dispensador definitivo da
justiça. Ele se certifica de que todos ebtenham seu próprio karmaphala, e de ninguém
mais.

2.2.3. Dharma

Dharma são os deveres morais que um indivíduo ou melhor um hindu precisa de


cumprir para ter uma vida plena e alegre. Assim se chama também da ética hindu. Diz o
Bagavad Gita “É muito melhor cumprir os próprios deveres prescritos, embora com
defeito, do que executar com perfeição os deveres alheios. A destruição durante o
cumprimento do próprio dever é melhor do que ocupar-se nos deveres alheios, pois
seguir o caminho dos outros é perigoso.”38

2.2.4. Mocsa

Mocsa em sâncrito Moksha significa libertação, ou melhor dizer libertação do


samasara. O objetivo da vida para os hindus é libertar-se do samsara ou alcançar o
mocsa. Têm assim os caminhos que podem levar à libertação.

2.2.4.1. Os caminhos da liberação ou Ioga

37
Cfr, Ibid.,
38
Cfr, BAGAVAD GITA, Bagavad Gita, Loc.cit.,

16
Qualquer que seja a maneira na qual o hindu defina a meta de sua vida, existem
diversos métodos (yôgas) que os sábios ensinaram para se atingir aquela meta. Textos
dedicados ao ioga incluem o Bagavadgitá (Bhagavad Gita), os Ioga Sutras, o Hatha
Yoga Pradipika, a Gheranda Samhita, entre outros, e, como sua base filosófico-histórica,
os Upanixades. Os caminhos que um indivíduo pode seguir para atingir a meta espiritual
da vida (moksha) incluem, entre outros: “Bacti-Ioga (caminho do amor e da devoção);
Carma-Ioga (o caminho da acção correta); Raja-Ioga (o caminho da meditação e união
real); Jnana-Ioga (o caminho da sabedoria)”.39

Bacti-Ioga: Krishna ressalta que esse caminho de devoção a Deus e a crença nele é o
melhor, mais seguro e mais fácil de todos. Se qualquer pessoa, independentemente de
sexo ou classe social, dedica-se a Deus e age abnegadamente, ele alcançará a liberação
pela graça de Deus.40 Para dedicar-se mais plenamente o inimigo mais grande que
precisa lutar contra é o ego.

Carma-Ioga: Segundo o hinduísmo o homem é serve apenas como o instrumento


de Krisna. Toda a ação é de Krisna e da natureza. Como narra no Bagavad Gita, Krisna
encoraja Arjuna a fazer Guerra mesmo Arjuna não tem coragem, pois a ação não é de
Arjuna mas é de Krisna e Arjuna serve apenas como instrumento. “Deve-se realizar o
trabalho como um sacrifício a Deus; caso contrário, o trabalho produz cativeiro neste
mundo material.”41

Raja-Ioga: Para praticar esta yoga, é necessário dirigir-se a um lugar isolado e


sagrado, fazer um assento de grama coberto com um pano. O yogi deve então sentar-se
nele e praticar yoga para purificar o coração, controlando a mente, os sentidos e as
atividades e fixando a mente num único ponto. Deve manter a coluna, pescoço e cabeça
eretos e deve olhar fixamente para a ponta do nariz. Assim, com a mente plácida e

39
VIVEKANANDA, Swami, Quatro Yogas de Auto-Realização, disponível em
https://www.slideshare.net-/slideshow/4caminhos-da-yoga/56505511, Acesso em 12 Abril, 2024, às 8 h.
40
Cfr, Ibid.,
41
Cfr, BAGAVAD GITA, Bagavad Gita, Loc.cit.,

17
subjugada, sem medo, livre por completo da vida sexual, deve meditar em Mim dentro
do coração e Me ver como a meta última da vida.42

Jnana-Ioga: Segundo este caminho se diz que, a ignorância do homem que o


amarra ao ciclo da reencarnação. Por essa razão, o conhecimento espiritual será um
caminho para a liberação da implacável roda da transmigração. Neste mundo não há
nada tão sublime e puro como o conhecimento transcendental. Um homem fiel que se
dedica ao conhecimento transcendental e que subjuga os sentidos está qualificado para
conseguir este conhecimento, e, tendo-o alcançado, obtém rapidamente a paz espiritual
suprema.43

2.2.4.2. Diferentes ideias sobre Moksha (Advaita Vedanta e Dvaita vedanta)

Há diferenças visões sobre Moksha entre escolas monismo (Advaita Vedanta) e


dualista (Dvaita Vedanta ). O Advaita Vedanta, por exemplo, sustenta que após alcançar
o moksha um atman não mais identifica a si próprio como um indivíduo, mas sim como
sendo idêntico a Brâman em todos os aspectos. Os seguidores das escolas Dvaita
(dualísticas) se identificam como parte de Brâman, e, após atingir o moksha, esperam
passar a eternidade num loka (céu), na companhia de sua forma escolhida de Ishvara.
Assim, diz-se os seguidores do Dvaita desejam provar o açúcar, enquanto os seguidores
do Advaita querem se tornar açúcar.44

CAPÍTULO III

A PRÁTICA DO ENSINAMENTO HINDUISTA RELACIONANDO AO


ENSINAMENTOS TIMORENSES

3.1. O ENSINAMENTO DE BRAHMAN E ATMAN AO RESPEITO DA VIDA

Como acima tratado sobre Braman, isto é o Deus Supremo Absoluto e impessoal,
e Atman que é o eu ou a alma universal, aqui Podemos destacar o valor desta concepção

42
Cfr, VIVEKANANDA, Swami, Quatro Yogas de Auto-Realização, Loc.cit.,
43
Cfr, BAGAVAD GITA, Bagavad Gita, Loc.cit.,
44
Cfr, LAUDAU DE CARVALHO, Matheus, Op.cit., p. 102.

18
ao respeito da vida humana. Os hindus creêm que o Atman ou a alma universal existe
em todas as coisas ou todos os seres, isto é homens, animais e plantas. Além disso diz
que, o atman depois de ter esgotado o carma ou depois de ser libertado do ciclo da
reencarnação vai ao Brahman como a visão dos dualistas (Dvaita) ou se tornar indêntico
ao Brahman como a visão do monismo (Advaita). Com esta concepção do Advaita, a
indentificação do Atman com Brahman, os Upanishads afirmam que, “tudo é Brahman”.
Podemos assim dizer que não há nenhuma distinção entre nós.

A implicação desta ideia é a que temos de respeitar-nos uns aos outros, porque
em nosso eu mais profundo, somos divinos. Todos os seres vivos são divinos em seus
eus mais profundos. Segundo a concepção hinduísta este eu divino que está em nós pode
ser oculto ou coberto pelo “ódio, inveja, medo e outras coisas negativas.” 45 Mas, ele está
lá, no entanto, e ele é o nosso verdadeiro e eterno Eu. Este conceito está no coração de
grande parte da tradição não-violência e repeita da vida no hinduísmo, e está se espalhou
por todo o mundo em outros sistemas de pensamento.

Por exemplo, o Dr. Martin Luther King, Jr. estudou os ensinamentos de Gandhi,
o Famoso líder hindu, e aprendeu o conceito de Atman é Brahman. Dr. King incorporou
em sua teologia cristã e usou-o como uma ideia central em sua teoria da não-violência, a
resistência passiva no movimento americano pelos direitos civis. A razão é uma só,
porque tem em todos os seres vivos, sobre tudo no homem o Atman que é Brahman, o
Deus Supremo Absoluto.46

3.2. A CONCEPÇÃO DE DEUS EM TIMOR LESTE: O INCONCEBÍVEL

Depois de ter tratado sobre a concepção de Deus no Hinduísmo, podemos agora


destacar sobre a concepção de Deus em Timor-Leste, sobretudo no tempo antes que o
povo foi cristianizado. Relacionado com a concepção do hindu sobre Brahman, o
Absoluto que é impessoal e inconcebível, podemos agora ver como os timorenses falam

45
TODAS AS RELIGIÕES, Atman e Brahman, (2013), disponível em https://todasreligiões.wordpress.-
com/2013/12/26/atman-e-brahman/, Acesso em 15 Abril 2024, às 18 h.
46
Cfr, Ibid.,

19
de Deus. A concepção do povo antes de ser cristianizado chegou apenas na coisas
sagradas como uma-lulik, fatuk-lulik, foho-lulik,e etc. o que mais deste é inconcebível e
até que não se pode definir e nomear porque é mais sagrado. Com essa razão muitas
pedras grandes e as montanhas são consideradas sagradas.

Os timorenses quando pediram algo para o divino apenas por meio de uma-lulik,
fatuk-lulik e foho-lulik. Muitos disseram de que eles tiveram o objetivo de pedir para o
mais alto, ou para Aquele que é mais sagrado, mas porque a linguagem humana não
pode defini-lo, então, pediram só por meio dos que a linguagem pode definir. Com essa
razão para obter graças, ou matak-malirin, deve ir pedir pela uma-lulik, ou beber das
nascentes que consideradas sagradas.

Esta concepção ainda está no pensamento dos muitos, e muitos ainda praticam
como o culto de receber matak-malirin ou graças na uma-lulik, mesmo já foram
cristianizados. Por isso que muitos recorreram a uma-lulik para obter as graças, até que
muitos têm medo de não ir a fazer o culto em uma-lulik do que não ir a Igreja para a
missa.

3.2.1. A Imortalidade da Alma

Os hindus afirmam que o Atman, que é a alma universal não morre quando o
corpo morre. O Atman reencarna no outro corpo para esgotar o karma se a vida passada
não foi bem vivida, para que finalmente pode libertar-se do ciclo da reencarnação e
alcançar a libertação onde vai ao Brahman e se torna indêntico com Brahman. Os
timorenses têm também a concepção de que a alma não morre, desde antes da
colonização portuguesa onde os povos não conheciam ainda a religião cristã. Com essa
razão os timorenses valorizam tanto o dia dos defuntos que celebram mundialmente no
dia dois de Novembro.

Antigamente, quando rezavam, recitavam os nomes dos familiares defuntos,


sobre tudo os bisavôs, tata ou bein, para abençoar os filhos ou para concerder aos filhos
as graças e matak-malirin. Ou talvez para acompanhar os que ainda estão vivos neste

20
mundo, nos serviços, estudos, etc. Todos estes factos nos mostram que os timorenses
antigamente, antes da colonização e da evangelização da fé cristã já tinham fé na
imortalidade da alma. Estes talvez creiam que os que já morreram já estão muito pertos
com O mais Sagrado, neste caso Deus.

21
CONCLUSÃO

A religião Hinduísmo é uma das grandes religiões do mundo. o seu nascimento


ou surgimento é muito diferente o da outra religião, pois este não tem nenhum fundador.
O pensamento filosófico do hinduísmo tem uma grande influência para o pensamento
oriental e para todo o mundo.

os pensamentos mais influênciados e mais conhecidos são as crenças ou a


doutrina de Samsara e Karma. Talvez muitos não estejam de acordo com esta doutrina,
mas o valor que podemos tirar é que esta doutrina nos ensina a viver de maneira certa
neste mundo. quer creiamos quer não na consequência da ação que fazemos, o que
preciso é viver bem segundo as normas e leis gerais que leva o bem para si e para os
outros.

Os hindus creêm na imortalidade de alma, isto é o Atman. O Atman não morre e


quando libertar-se do Samsara vai ao Brahman, isto é o ser Supremo Absoluto e se
tornar idêntico com o Brahman. Por esta razão para os hindus o objetivo da vida não está
neste mundo mas é para além deste mundo. Isto não nos ensina a desvalorizar a vida
neste mundo mas a viver e gozar de maneira certa e que a nossa vida não seja muito
materialista, pois está em nós a forma divina.

O Atman é a alma universal. O Atman ésta presente em todos os seres vivos,


plantas, animais e homens. O Atman é Brahman. O Atman está presente em todos
homens, então, somos todos divinos. A implicação desta ideia é que nós somos iguais, e
temos de respeitar a nossa própria vida e a vida dos outros. Este é o ensinamento tão
valioso que podemos tirar do hinduísmo perante a vida de hoje que cheia de ódio,
guerra, suicídio, homicídio e mais outros problemas relacionados a desvalorização da
vida.

Esperamos que tiremos alguns ensinamentos valiosos do hinduísmo para a nossa


vida. Mesmo não tenhamos fé na vida para além deste mundo, pelo menos o nosso
objetivo da vida é viver bem esta vida neste mundo.

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