O que é o AUTISMO

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 8

O que é o AUTISMO?

O Transtorno do Espectro do Autismo é uma condição do


neurodesenvolvimento, de início precoce, no qual as características nucleares são os
déficits persistentes na comunicação e interação social associado à padrões
comportamentais e de atividades restritos e repetitivos, que causam prejuízos funcionais
nas mais diversas áreas da vida.

A identificação e tratamento precoces são determinantes para o melhor prognóstico e


qualidade de vida, assim, essas diferenças podem existir desde o nascimento e serem
óbvias para todos; ou podem ser mais sutis e tornarem‐se mais visíveis ao longo do
desenvolvimento.

Sendo assim, torna-se necessário capacitar cuidadores e profissionais uma vez que é
possível minimizar comportamentos-problema (interferentes) e promover a aquisição,
manutenção e generalização de habilidades objetivando uma vida mais funcional e
independente possível.

1
Diagnóstico
Critérios diagnósticos para o TEA segundo o DSM-V (APA, 2013).

A) Déficits persistentes na comunicação social e na interação social manifestada em


todas as maneiras seguintes, actualmente ou por história prévia.
- Déficits na reciprocidade emocional
-Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para a
interação social;
-Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando,
por exemplo, em dificuldades em ajustar o comportamento para se adequar a
contextos sociais diversos, dificuldades em compartilhar brincadeiras
imaginativas ou em fazer amigos, ausência de interesse por pares;

B) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou actividades


manifestados por pelo menos dois dos seguintes, actualmente ou por história prévia:

-Movimentos motores, uso de objectos ou falas estereotipados ou repetitivos;


- Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível á rotinas ou padrões
ritualizados de comportamento verbal ou não verbal.
-Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco
- Hiper ou hiporreatividade á estímulos sensoriais ou interesse incomum por
aspectos sensoriais do ambiente;

C) Os sintomas devem estar presentes precocemente no período de desenvolvimento


(mas, podem não se tronar plenamente manifestos até que as demandas excedam as
capacidades limitadas ou podem ser mascaradas por estratégias aprendidas mais tarde
na vida).

D) Os sintomas causam prejuízos significativos no funcionamento social, profissional


ou em outras áreas importantes da vida do individuo no presente;

E) Essas características não são mais bem explicadas por deficiência intelectual
(Transtorno do Desenvolvimento Intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento.

2
Níveis de suporte (DSM-5, APA, 2013)
• Nível 1 – bom funcionamento com apoio. Na ausência de apoio, déficits na
comunicação e interação social assim como padrões comportamentais que causam
prejuízos notáveis. As pessoas que se encontram no espectro do autismo nível 1 não
apresentam atrasos cognitivos/intelectuais e de aquisição de fala significativos.

• Nível 2 – exige apoio substancial, porém há prejuízos sociais aparentes mesmo na


presença de apoio (funcionamento mediano).

• Nível 3 – exige apoio muito substancial com graves prejuízos em seu funcionamento.
Déficits graves nas habilidades de comunicação social vocal e não vocal. As pessoas
que se encontram no espectro do autismo nível 3 ou severo estão associadas geralmente
à deficiência intelectual e incapacidades nas habilidades/atividades de vida diária.

3
Causas do TEA
Estudos recentes têm demonstrado que o TEA é um transtorno majoritariamente
genético, multigênico, multifatorial e aditivo, com herdabilidade em torno de 81%; 18 a
20% causa genética somática (não hereditária) e o restante, fatores ambientais (Bai et
al., 2019)

Em relação aos fatores ambientais, os riscos são baixos em termos relativos


(trabalhos ainda inconsistentes, com limitações metodológicas) (Ng et al., 2017).

Fatores de risco ambientais:

• idade paterna acima de 45 anos é fator de risco ambiental relevante. (9% mais chance
de ter um filho com TEA do que um homem de 25 anos (Taylor et al., 2019);

• utilização de ácido valpróico durante a gestação;

• síndrome metabólica materna (sobrepeso, Diabetes gestacional);

• intercorrências gestacionais (infecções, doenças autoimunes);

• curto intervalo entre as gestações (menor que 12 meses);

 irmãos com TEA;

• baixo peso ao nascer;

• prematuridade;

• hipóxia neonatal.

Genética do TEA Gêmeos:

80% univitelinos e 40% para dizigóticos (Folstein & Rutter, 1977). O risco de uma
mesma família ter um segundo filho autista é aproximadamente 20%, sendo:

•26% se for menino;

•11% se for menina;

•32% para bebês com mais de um irmão mais velho no espectro (Autism Speaks; Mind
Institute).

•Se o primogênito for menina e o segundo filho for menino, as chances são de 16,7%;

•Quando os dois forem meninos, as chances são de 12,9%;

•Caso o primogênito for menino e o segundo filho for menina, as chances são de 4,2%;

•Se as duas crianças forem meninas, as chances são de 7,6% (Harvard).

4
Condições comorbidas ao TEA
As comorbidades somam prejuízos se não houver intervenção apropriada. Elas
constituem um risco aumentado para indivíduos com TEA devido a particularidades do
espectro – como dificuldades em discriminar o ambiente, déficits em habilidades sociais
e comunicativas, rigidez comportamental, alterações sensoriais, entre outras – que
impactam em como experienciam o ambiente ao longo da vida.

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

• 81% (Ayres et al., 2018).

• TEA e TDAH – 84% recebem mais 1 diagnóstico comórbido

• Pode atrasar o diagnóstico em aproximadamente 3 a 5 ano.

• Diagnósticos de TEA com mais de 6 anos de idade.

• Desafios maiores em relação à disfunções executivas e habilidades sociais

Transtornos Depressivos

• 23 a 37% • 50% dos indivíduos com TEA terão ao menos 1evento depressivo.

• ½ indivíduos com TEA e depressão – diagnóstico após evento depressivo.

• Isolamento social, aumento das demandas sociais e maior compreensão dos seus
desafios (no espectro nível 1 de suporte) são fatores de risco para depressão e suicídio.

Suicídio é uma das principais causas de morte prematura em autistas.

• 66% ideação suicida e 35% tentaram suicídio.

• 11-14% suicídio consumado

Transtornos Ansiosos

• 27 a 42%

• Inaptidão social, evitação de interações, comportamentos ritualísticos, déficits de


comunicação, dificuldade em demonstrar empatia e reciprocidade emocional compõe
características comuns entre os transtornos de ansiedade e o TEA. As próprias
características do espectro do autismo podem ser consideradas fatores de risco para o
desenvolvimento de transtornos ansiosos como dificuldades em prever ações, interpretar
pessoas e o ambiente; dificuldade nos relacionamentos interpessoais, inabilidade social;
rigidez comportamental e dificuldades comunicativas.

5
Distúrbios do sono

• 60-86% - 2-3x maior do que em crianças e adolescentes com desenvolvimento típico

• Genéticas- diferenças organizacionais, maturacionais de circuitos cerebrais; ciclo circadiano.

• Melatonina- níveis mais baixos de melatonina, receptores ou um metabólito principal da


melatonina (6 sulfatoximelatonina urinária).

• Alterações sensoriais- Hiper/hiporresponsividade - dificuldade em bloquear ruídos,


sensações que perturbam o descanso. Outras comorbidades como epilepsia e ansiedade.

Comportamentos disruptivos no TEA

• Comportamentos autolesivos:

64,6%; heteroagressivos: 40,8%. Devido à déficits na comunicação o indivíduo com TEA


controla seu ambiente muitas vezes utilizando-se da emissão de comportamentos disruptivos,
a partir do momento em que esses comportamentos são reforçados, o que permite obter
atenção, itens e estimulações preferidas; fugir ou se esquivar de estímulos aversivos ou ainda
por função automática

Os comportamentos disruptivos passam a ser uma maneira eficiente de comunicar-se


funcionalmente, mas com prejuízos significativos:

(1) são barreiras de aprendizagem;

(2) interferem no desempenho das habilidades da vida diária;

(3) podem aumentar o isolamento social

(4) impactam negativamente na qualidade de vida do indivíduo e de sua família.

6
Tratamento
A análise comportamental aplicada (ACA) é uma abordagem terapêutica em que as
crianças aprendem habilidades cognitivas, sociais ou comportamentais específicas de
maneira gradual. Pequenas melhorias são reforçadas e progressivamente fomentadas
para melhorar, mudar ou desenvolver comportamentos específicos em crianças com
TEA.
Esses comportamentos incluem habilidades sociais, habilidades de linguagem e
comunicação, leitura e habilidades acadêmicas, bem como habilidades aprendidas
como habilidades de autocuidado (p. ex., tomar banho, higiene), habilidades de vida
diária, pontualidade e competência profissional. Também utiliza-se essa terapia para
ajudar as crianças a minimizar comportamentos (p. ex., agressão) que podem interferir
em seu progresso. Adapta-se a terapia de análise comportamental aplicada para
atender às necessidades de cada criança; em geral, a terapia é projetada e
supervisionada por profissionais certificados em análise comportamental.

A terapia da fala e linguagem deve começar cedo e utilizar uma variedade de


métodos, incluindo sinais, troca de fotos e dispositivos de comunicação aprimorada
como aqueles que geram fala com base em sinais que a criança seleciona em um tablet
ou dispositivo portátil, bem como fala.

Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais planejam e implementam estratégias para


ajudar as crianças a compensarem déficits específicos da função motora e
processamento sensorial.

Tratamento medicamentoso pode ajudar a aliviar os sintomas. Há evidências de que


fármacos antipsicóticos atípicos (p. ex., Risperidona, aripiprazol) ajudam a aliviar
problemas comportamentais, como comportamentos ritualísticos, auto prejudiciais e
agressivos. Outros fármacos são às vezes utilizados para controlar sintomas
específicos, incluindo inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) para
comportamentos ritualísticos, estabilizadores de humor (p. ex., valproato) para
comportamentos intempestivos e de autolesão e estimulantes e outros fármacos para
transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) para desatenção,
impulsividade e hiperatividade.

Intervenções dietéticas, incluindo alguns suplementos vitamínicos e uma dieta livre de


glúten e sem caseína, não são úteis o suficiente para que possam ser recomendadas;
mas muitas famílias optam por usá-las, levando à necessidade de monitorar
insuficiências e excessos alimentares.

7
Sugestões
Após falarmos sobre os aspectos comportamentais do
transtorno do Espectro do Autismo suas causas eis aqui
algumas sugestões que achamos importantes:

Você também pode gostar