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Todos os objetos reunidos ali têm como princípio o fato de terem sido retirados de seu contexto.
Desde então, dois pontos de vista concorrentes são possíveis. De acordo com o primeiro, o museu é
por excelência o lugar de advento da Arte enquanto tal, separada de seus pretextos, libertada de suas
sujeições. Para o segundo, e pela mesma razão, é um “depósito de despojos”. Por um lado, o museu
facilita o acesso das obras a um status estético que as exalta. Por outro, as reduz a um destino igual-
mente estético, mas, desta vez, concebido como um estado letárgico.
A colocação em museu foi descrita e denunciada frequentemente como uma desvitalização do
simbólico, e a musealização progressiva dos objetos de uso como outros tantos escândalos sucessi-
vos. Ainda seria preciso perguntar sobre a razão do “escândalo”. Para que haja escândalo, é necessá-
rio que tenha havido atentado ao sagrado. Diante de cada crítica escandalizada dirigida ao museu,
seria interessante desvendar que valor foi previamente sacralizado. A Religião? A Arte? A singulari-
dade absoluta da obra? A Revolta? A Vida autêntica? A integridade do Contexto original? Estranha
inversão de perspectiva. Porque, simultaneamente, a crítica mais comum contra o museu apresenta
-o como sendo, ele próprio, um órgão de sacralização. O museu, por retirar as obras de sua origem, é
realmente “o lugar simbólico onde o trabalho de abstração assume seu caráter mais violento e mais
ultrajante”. Porém, esse trabalho de abstração e esse efeito de alienação operam em toda parte. É a
ação do tempo, conjugada com nossa ilusão da presença mantida e da arte conservada.
(Adaptado de: GALARD, Jean. Beleza Exorbitante. São Paulo, Fap.-Unifesp, 2012, p. 68-71)
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