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PESCA
SUSTENTÁVEL
PESCA SUSTENTÁVEL
18
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Cadernos de Educação Ambiental
PESCA
SUSTENTÁVEL
1ª Reimpressão
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10 CAdERNOS dE EduCAçãO AMBIENtAL PESCA SUSTENTÁVEL
1. Pescando certo
“O mar é a extensão do território brasileiro. Abriga florestas e animais,
possivelmente em maior quantidade e diversidade que na área continen-
tal. O acesso da sociedade ao conhecimento sobre o bioma marinho cons-
titui uma condição fundamental para que os cidadãos compreendam a
necessidade de protegê-lo e se mobilizem nesse sentido.”
(Fonte: GREENPEACE. À deriva - Um panorama dos mares brasileiros.
Leandra Gonçalves (org.) – São Paulo: 2008.)
Foto: Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Picinguaba – Ubatuba – SP. SMA.
12773 miolo.indd 13
2 16/9/2014 20:53:26
14 CAdERNOS dE EduCAçãO AMBIENtAL PESCA SUSTENTÁVEL
2. aMBIente MarInHo
BIodIversIdade: conceItos e rIquezas das
áreas costeIras e MarInHas
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Saindo dos estuários para o fundo das baías, sacos e enseadas estão
outros grupos de animais. Além dos mexilhões, dos berbigões e dos lingua-
dos com seus olhos de um lado só, encontram-se os camarões e siris que
se alimentam de animais mortos no leito marinho e colaboram, assim, para
limpeza e reciclagem de nutrientes das águas costeiras.
Apesar dos camarões adultos serem encontrados a certa distância da cos-
ta, é nas áreas de mangue que eles passam a primeira fase de vida. E atrás
destes moluscos e crustáceos, em busca de alimento, vêm a corvina, a pescada,
o baiacu, a maria-luisa, o peixe-espada, a manjuba, o bagre e o linguado.
Nas águas do litoral há muito mais diversidade de vida, nadando contra
ou a favor da correnteza e das marés. Mais próximos da superfície estão as
algas, os pequenos invertebrados e os peixes como o peixe-espada e o baiacu.
Alguns metros abaixo, estão as lulas, os golfinhos e peixes como o bonito, o
badejo, entre outros, que migram do mar para o estuário e vice-versa.
Nestas áreas, é comum a observação de voos das gaivotas, os mergulhos
dos atobás e as investidas das fragatas desejando roubar o peixe de alguma
ave desatenta, além das tartarugas que sobem à superfície para respirar.
Foto: Lixo
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Pesquisadores colocam plaquinhas nas nadadeiras das tartarugas para po-
derem conhecer como elas se desenvolvem, por quais regiões costeiras ou
oceânicas elas nadaram, entre outras informações.
aves MarInHas
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Foto: Ping com anilha
Para ajudar a cuidar das aves marinhas presas nas redes, com ferimentos
ou mesmo sujas de óleo, é necessário chamar pessoas especializadas, como
os biólogos e veterinários da Aiuká (http://aiuka.com.br/), com sede
na Praia Grande (SP) pelos telefones: (13) 3302-6025 ou 3302 6026 ou
(13) 7808 0469. Este grupo de biólogos e veterinários, que são parceiros
do Projeto BioPesca, também presta apoio ao Projeto toninhas e ao tAMAR.
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– SP. Denis
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Foto: Ilhab
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3 16/9/2014 20:54:06
38 CAdERNOS dE EduCAçãO AMBIENtAL PESCA SUSTENTÁVEL
seu nível. Esses fatores têm grande potencial destrutivo para as populações
costeiras e para a fauna marinha, podendo causar, dentre outros impactos:
• danos ambientais e socioeconômicos nas zonas costeiras;
• intensificação de eventos climáticos extremos, como furacões e enchentes;
• perda de biodiversidade marinha. (...)
No período de 1961 a 2003, o nível do mar subiu, em média, 1,8 mm
por ano. Entre 1993 e 2003, a taxa acelerou-se, passando para 3,1 mm por
ano. Os motivos são o aumento no degelo das calotas polares e o aumento na
temperatura do oceano. Mantidos os atuais níveis de emissões atmosféricas
de gases causadores de efeito estufa (GEE), a situação tende a se agravar. O
nível médio do mar pode subir entre 30 cm e 80 cm, nos próximos 50 a 80
anos. As consequências seriam catastróficas. Milhões de pessoas sofreriam
com inundações em todo o mundo (...).”
anos varia entre 18 a 59 centímetros, chegando até a 1,4 metro com o degelo
da Groenlândia e da Antártica, até o final do século.
desta forma, esta população torna-se ameaçada e, dependendo da in-
tensidade e magnitude das áreas afetadas, o número de refugiados ambien-
tais pelos efeitos da elevação do nível do mar na costa brasileira incidirá sobre
o aumento da migração para as metrópoles do país, ocasionando problemas
relacionados à infraestrutura e economia.
No Brasil, a tendência do aumento do nível do mar afetará a zona cos-
teira do país, incluindo as áreas de mangue, que serão submersas e a intrusão
salina nos recursos de água doce, o que propiciará a extinção de inúmeras
espécies que se utilizam destes habitats para desenvolvimento e reprodução.
As projeções também indicam que, com o aumento das concentrações
atmosféricas de CO2, consequentemente, ocorrerá um aumento na acidifi-
cação do oceano, o que ao longo do século XXI reduzirá o pH da superfície
oceânica entre 0,14 e 0,35. (IPCCa, 2007)
Nos recifes de corais do Estado de São Paulo, ainda não há evidências cien-
tíficas que correlacionem o aquecimento global ao fenômeno de branqueamen-
to.1 Porém, na década de 90 observou-se a ocorrência do fenômeno associado
ao aumento da temperatura da água pelo El Niño. (MARENGO et al, 2007).
As mudanças na circulação atmosférica associadas às alterações na tem-
peratura das correntes marítimas contribuirão para o aumento da frequência e
intensidade de ressacas na costa brasileira. No litoral do Estado de São Paulo,
os processos erosivos apresentam-se de forma localizada, como resultado da
interação da posição geográfica, com a interação da dinâmica dos sistemas
costeiros internos à costa e pela intensidade das ondas geradas pelos sistemas
meteorológicos. Entretanto, com a variação climática, há maior vulnerabilidade
ao aumento da ocorrência destes processos devido às mudanças climáticas.
1 O branqueamento de corais ocorre quando as algas que compõem estes organismos são expe-
lidas em resposta a algum estresse, que pode ser causado por poluição, sedimentação ou ciclos
de aquecimento natural das águas oceânicas.
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em Cubatão
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– CETESB.
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ela – SP. Fausto
Foto: Ilhab
Vale do Ribeira
O Vale do Ribeira engloba os municípios de Apiaí, Barra do Chapéu,
Barra do turvo, Cajati, Eldorado, Iporanga, Itaóca, Itapirapuã Paulista, Itariri,
Jacupiranga, Juquiá, Juquitiba, Miracatu, Pariquera-Açu, Pedro de toledo,
Registro, Ribeira, São Lourenço da Serra, Sete Barras e tapiraí. Embora
tenha seus limites físicos distantes da orla marítima, influencia diretamente
os ecossistemas costeiros, principalmente a região estuarino-lagunar de
Iguape, Cananéia e Ilha Comprida, considerando sua bacia de drenagem
na vertente atlântica. destaca-se por apresentar o maior remanescente
contínuo de Mata Atlântica, sendo titulado, pela uNESCO, como Patrimônio
Natural da Humanidade, em 1999.
Baixada Santista
Abrange os municípios de Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Cubatão,
Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe. Caracteriza-se como uma região
metropolitana com impactos ambientais decorrentes da implantação do polo
industrial em Cubatão e pelo intenso e consolidado processo de ocupação
habitacional em áreas protegidas e/ou em áreas de risco.
Litoral Norte
O Litoral Norte abrange os municípios de São Sebastião, Ilhabela,
Caraguatatuba e ubatuba e caracteriza-se pela diversidade de recursos
B.
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Foto: Iris Po
20
localIzaÇÃo das áreas MarInHas ProtegIdas
Localização das áreas marinhas protegidas
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da Bocaina
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Pesca_FINAL.indd 26 9/21/09
Fonte: Pra
ia do Maru
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ananéia - SP.
SMA
A gestão das APAs Marinhas, desde sua instituição, por meio dos gestores
das unidades, suas respectivas equipes e Conselhos Gestores, já obteve
alguns resultados significativos e produziu avanços, antes mesmo do processo
participativo dos planos de manejo, que começaram em 2013.
Por meio das Câmaras técnicas e Grupos de trabalho, lidaram com temas
diversos, como pesca e seu ordenamento, educação ambiental e licenciamento
de empreendimentos portuários e de prospecção de petróleo.
A APA Marinha Litoral Centro, por exemplo, teve sucesso em propor a
exclusão de pesca no Setor Itaguaçu, no entorno do Parque Estadual Marinho
da Laje de Santos, medida importante para garantir os estoques pesqueiros
na região; ainda regulamentou a pesca com rede a partir das praias. A APA
Marinha Litoral Norte, por sua vez, realiza discussões sobre maricultura e cercos
flutuantes. A APA Marinha Litoral Sul busca com os pescadores estabelecer
novas regras para a pesca, com emprego de rede de emalhe, de modo a evitar
a captura acidental de animais, como as tartarugas marinhas e as toninhas.
Cada região apresenta suas particularidades. No Litoral Norte, o turismo
tem grande importância na economia, mas também novos empreendimentos
portuários, rodoviários e de exploração de petróleo offshore vêm ganhando
destaque. Na Baixada Santista, além do maior porto da América Latina, há
impactos gerados pela atividade industrial e pelo crescimento populacional. No
Litoral Sul, a pesca é atividade econômica muito relevante.
Em todo o litoral paulista, ações de ordenamento de pesca visam
proteger não somente os estoques pesqueiros, mas também o modo de vida
e cultura das comunidades tradicionais. Na equação do desenvolvimento
sustentável para essas áreas, o turismo responsável e a educação ambiental
são importantes fatores.
Saiba de todas as informações, legislação e atualizações re-
ferentes às APAs Marinhas e à Pesca Sustentável no site da Se-
cretaria do Meio Ambiente: www.ambiente.sp.gov.br e da Funda-
ção Florestal: http://fflorestal.sp.gov.br/unidades-de-conservacao/
apas-marinhas/
Conheça também o Mapa da Pesca Sustentável e Legislações de
Áreas de Restrição à Pesca:
O Mapa da Pesca Sustentável é uma ferramenta desenvolvida pelo Governo
do Estado de São Paulo para auxiliar pescadores e agentes de fiscalização na
correta condução de suas atividades. As áreas com restrição à pesca definidas
nas normas federais e estaduais vigentes são visualizadas no mapa, permitindo
ao interessado o conhecimento do local proibido para a atividade.
Para orientar os usuários, foi elaborado um manual: o “Manual prático
para a utilização do Mapa da Pesca Sustentável”, com um tutorial passo a
passo para a melhor utilização da ferramenta nos seus diversos formatos.
Para utilizar o mapa online ou fazer download dos arquivos, o usuário deverá
acessar o site: www.ambiente.sp.gov.br/mapadapesca
12773 miolo.indd 69
4 16/9/2014 20:54:54
70 CAdERNOS dE EduCAçãO AMBIENtAL PESCA SUSTENTÁVEL
onça.
ar T. Mend
Foto: Jocem
Porém, todos esses fatos e dados nos dão uma oportunidade para re-
fletir e tentar reverter essa situação de degradação; nos dão a oportunida-
de para agir em prol de uma mudança positiva na forma como interagimos
com o ambiente marinho e na maneira como utilizamos os recursos pro-
venientes dos mares e oceanos; nos dão a oportunidade de rever e pensar
em políticas públicas, programas e projetos na área, e em novas formas e
técnicas adequadas de pesca que preservem a vida marinha.
E quem melhor que os pescadores artesanais para apoiar as
iniciativas de preservação e conservação do ambiente marinho e dos
recursos pesqueiros?
O pescador artesanal, detentor de um conhecimento incomparável so-
bre o ambiente marinho e as espécies aquáticas; sobre a interferência das
fases da lua nas marés; sobre os ventos e as épocas dos peixes na pesca,
tem uma das profissões mais antigas do mundo; e esse ofício é, muitas
vezes, ensinado pelos familiares mais velhos (pais, avós) aos filhos. Ele
se diferencia dos demais pescadores por trabalhar nas proximidades da
sua moradia. A pesca artesanal é exercida pelo proprietário do meio
de produção, sozinho ou em parceria com familiares, vizinhos e membros
da comunidade. O pescador tem a necessidade de levar alimento para as
pessoas da sua comunidade e de sua própria família.
A atividade pesqueira artesanal, mesmo ameaçada de desaparecer,
devido ao excessivo número de grandes embarcações de pesca indus-
trial, que vêm reduzindo drasticamente os estoques pesqueiros; mesmo
ameaçada pelos preços baixos oferecidos pelos supermercados; pela es-
peculação imobiliária e pela expansão do turismo (fatos que têm levado
muitos pescadores a abandonarem seu ofício e até sua terra), tem sido
considerada grande aliada da conservação ambiental e da preservação
dos recursos do mar.
Os pescadores artesanais dependem da biodiversidade marinha da
sua região, por isso deveriam ajudar a protegê-la. Eles conhecem muito
bem o ciclo de vida dos peixes e de outros seres do mar, muitas vezes
melhor que alguns estudiosos da área, por isso poderiam apoiar iniciativas
de conservação dos recursos pesqueiros.
Os pescadores artesanais, com sua grande experiência de vida nesse
ofício, passado de geração em geração, além de serem grandes interessados
na melhoria e no aprimoramento da fiscalização contra a pesca ilegal em
Áreas Marinhas Protegidas e práticas predatórias, são as pessoas certas
para se envolver em atividades de monitoramento da biodiversidade,
de fiscalização das Áreas Marinhas Protegidas e de ecoturismo para o
desenvolvimento da sua comunidade.
Curiosidade
O Dia do Pescador é comemorado
em 29 de junho, que também
é dia de São Pedro Pescador.
nte.
aria do M eio Ambie
– SP. Secret
nchieta – Ubatuba
Foto: Ilha A
ESB.
Poffo – CET
Ilhabel a – SP. Iris
de pesca, em
Foto: Cerco
Curiosidade Caiçara
Você sabia que as comunidades caiçaras são formadas por
descendentes dos índios tupis-guaranis e portugueses, além dos
descendentes de escravos africanos?
“Os caiçaras apresentam uma forma de vida baseada em
atividades de agricultura itinerante, da pequena pesca, do ex-
trativismo vegetal e do artesanato. Essa cultura desenvolveu-se
principalmente nas áreas costeiras dos atuais Estados do Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraná e Norte de Santa Catarina. (...)”13, de
onde surgiram pratos típicos como o “azul marinho” e o peixe
cozido na folha de bananeira.
A cultura caiçara, com seu artesanato, com seus contos e ca-
sos e com sua culinária também merece ser melhor conhecida,
divulgada e preservada.
Pereira.
ise Scabin
s – SP. Den
Foto: Santo
4 Fonte: tradução livre do texto original da Organização das Nações unidas para a Agricultura e
Alimentação – FAO: Código de Conducta para la Pesca Responsable; 1995.
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haém – SP. Denise
Foto: Mar de Itan
Fonte: http://www.greenpeace.org/portugal/pt/O-que-fazemos/Campanha-dos-Oceanos-Mer-
cados-em-Portugal/que-significa-sustentavel/
Os critérios da Greenpeace para pesca sustentável são baseados no “Código de Conduta para
Pescarias Sustentáveis” da FAO. Em 2002, na Cimeira Mundial para o desenvolvimento Susten-
tável, governos de todo o mundo concordaram em implementar este Código de Conduta com
o objetivo de repor os estoques globais de peixe até 2015.
Campos.
o Pires de
Foto: Faust
O que se busca com essa lei é o ordenamento pesqueiro, que deve considerar
as peculiaridades e as necessidades dos pescadores artesanais, de subsistência
e da aquicultura familiar, visando garantir sua permanência e sua continuidade.
Ainda de acordo com o artigo 4°, da Lei 11.959, de 29 de junho de
2009, a atividade pesqueira compreende todos os processos de pesca,
explotação e exploração, cultivo, conservação, processamento, transporte,
comercialização e pesquisa dos recursos pesqueiros.
Já, a pesca artesanal, de acordo com essa mesma legislação, é a pes-
ca praticada diretamente por pescador profissional, de forma autônoma ou
em regime de economia familiar, com meios de produção próprios ou me-
diante contrato de parceria, desembarcado, podendo utilizar embarcações
de pequeno porte. Por outro lado, a pesca industrial é a pesca praticada
por pessoa física ou jurídica, que envolve pescadores profissionais, empre-
gados ou em regime de parceria por cotas-partes, utilizando embarcações
de pequeno, médio ou grande porte, com finalidade comercial.
A atividade pesqueira artesanal diz respeito aos trabalhos de confecção
e de reparos de artes e petrechos de pesca, os reparos realizados em embar-
cações de pequeno porte e o processamento do produto da pesca artesanal.
CAPÍTULO III
DA SUSTENTABILIDADE DO USO DOS RECURSOS
PESQUEIROS E DA ATIVIDADE DE PESCA
Seção II
Da Atividade Pesqueira
CAPÍTULO IV
DA PESCA
Seção I
Da Natureza da Pesca
I – comercial:
a) artesanal: quando praticada diretamente por pescador profissional,
de forma autônoma ou em regime de economia familiar, com meios de pro-
II – não comercial:
a) científica: quando praticada por pessoa física ou jurídica, com a fina-
lidade de pesquisa científica;
b) amadora: quando praticada por brasileiro ou estrangeiro, com equi-
pamentos ou petrechos previstos em legislação específica, tendo por finali-
dade o lazer ou o desporto;
c) de subsistência: quando praticada com fins de consumo doméstico
ou escambo sem fins de lucro e utilizando petrechos previstos em legislação
específica.
CAPÍTULO VI
DO ACESSO AOS RECURSOS PESQUEIROS
Art. 24. toda pessoa, física ou jurídica, que exerça atividade pesqueira
bem como a embarcação de pesca devem ser previamente inscritas no Re-
gistro Geral da Atividade Pesqueira - RGP, bem como no Cadastro técnico
Federal - CtF na forma da legislação específica.
Você sabe o que pode acontecer se os pescadores capturarem uma espécie de peixe ex-
cessivamente e sem respeitar
Você sabe oo período
que podedeacontecer
desova e desecrescimento dos filhotes,
os pescadores comouma
capturarem por
exemplo, a tainha? Esses pescadores não permitirão que essa espécie possa se reproduzir
espécie de peixe excessivamente e sem respeitar o período de desova e de
de forma que ela se mantenha em quantidade adequada para a continuidade da pesca.
crescimento dos filhotes, como por exemplo, a tainha? Esses pescadores
não
E se pescarem permitirão
peixes jovens,que essa
antes deespécie
estarempossa se reproduzir
prontos de forma queIsso
para se reproduzirem? elapo-
se
derá causar a diminuição do estoque pesqueiro dessa espécie. Veja o caso da pesca
mantenha em quantidade adequada para a continuidade da pesca.
indiscriminada das sardinhas: os animais que se alimentam delas ficarão sem comida
e as espécies de Epeixes
se pescarem peixes
que servem dejovens, antes
alimento parade estarem
elas prontos
tenderão para sepois
a aumentar, re-
perderão seuproduzirem?
predador natural.
Isso poderá causar a diminuição do estoque pesqueiro dessa espé-
cie. Veja o caso da pesca indiscriminada das sardinhas: os animais que
se alimentam delas ficarão sem comida e as espécies de peixes que
servem de alimento para elas tenderão a aumentar, pois perderão seu
predador natural.
CartilhaPesca_FINAL.indd 36 9/21/09 4:55:41 PM
Foto: Jocem
ar T. Mend
onça.
Muito boa Máximo de 500 em 80% Máximo de 400 em 80% Máximo de 50 em 80% ou
Própria ou mais tempo ou mais tempo mais tempo
Satisfatória Máximo de 1.000 em 80% Máximo de 800 em 80% Máximo de 100 em 80%
ou mais tempo ou mais tempo ou mais tempo
O lixo jogado nos córregos, nos rios e no mar, além de sujar as águas,
causa várias doenças às pessoas, aos animais marinhos e também preju-
dica a pesca. As tartarugas, por exemplo, e as aves marinhas, que comem
por engano os sacos plásticos, se asfixiam ou ficam aprisionadas neles e
acabam morrendo.
Os motores e as hélices dos barcos também são afetados pelos plásti-
cos flutuantes. Além disso, restos de redes ou mesmo redes perdidas, que
também se enroscam nos barcos, podem prender golfinhos e tartarugas,
que morrem afogados, pois eles necessitam subir à superfície para respirar.
Foto: Laje
de Santos.
SMA.
Foto: Man
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batão – SP
. Iris Poffo.
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Scabin Pereir
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Foto: Santo
Foto: Piscicultura em São Sebastião – Praia Grande - SP. Iris Poffo – CETESB.
Observações:
I. Os empreendimentos acima listados deverão cadastrar-se em
sistema eletrônico a ser disponibilizado pela Secretaria de Estado
de Agricultura e Abastecimento, conforme disposto na Resolução
Conjunta SMA/SAA/SJdC nº 02, de 14 de novembro de 2012.
– SP. SMA.
ia do Sul – Ubatuba
ieta – Trilha da Pra
Estadual da Ilha Anch
Foto: Parque
O meio ambiente é formado por elementos que não têm vida, como
a água, o ar, o solo e a energia; por elementos vivos, como a flora e a
fauna; e pela cultura humana, seus valores sociais, políticos, econômicos,
científicos, morais, religiosos, etc.
O meio ambiente oferece ao homem e a todo ser vivo as condições
necessárias para a sua sobrevivência. Por isso, é fundamental que o ser
humano tome consciência da importância de se respeitar e conservar a na-
tureza, preservar os recursos naturais e sensibilizar e incentivar as pessoas
quanto a isso, para que elas repensem e mudem seus hábitos cotidianos.
Cada pessoa pode dar sua contribuição para a melhoria, preservação,
conservação e recuperação da qualidade ambiental e dos recursos natu-
rais, adotando hábitos ecologicamente corretos no dia a dia.
todos podem e devem ser Educadores Ambientais. O Educador Am-
biental busca sensibilizar e conscientizar as pessoas quanto à questão
ambiental: como ele funciona, como as pessoas dependem dele para viver
e como as pessoas o afetam. Partindo desta ideia nasceu o Ecoturismo.
O Ecoturismo ou Turismo Ecológico é o turismo que promove
um maior contato do homem com a natureza, a fim de sensibilizá-lo e
conscientizá-lo a respeito da importância da preservação e conservação do
meio ambiente e dos recursos naturais, por meio de práticas sustentáveis e
mudanças de atitudes, que reflitam uma nova maneira de vivenciar e usu-
fruir as regiões rurais, as florestas, as áreas costeiras e outros ecossistemas
de maneira responsável, harmônica e respeitosa com a biodiversidade e o
patrimônio natural e cultural.
O Ecoturismo é definido pelo Ministério do turismo como “um seg-
mento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio
natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambientalista, por meio da interpretação do ambiente, promo-
vendo o bem- estar das populações.” (Fonte: Ministério do turismo)
O Ecoturismo também tem o objetivo de promover o desenvolvimento
e a proteção da região e de sua comunidade, mediante a distribuição dos
benefícios resultantes das atividades realizadas.
• Caso você não tenha uma sacola para acondicionar seu lixo, quando
estiver na praia, recolha suas latas e garrafas, papéis de sorvete, em-
balagens de sanduíche, biscoitos, etc., potes de filtro solar, pontas de
cigarro, lenços de papel e descarte na lixeira adequada mais próxima.
tudo que é jogado na areia termina no mar, e pode causar a morte de
animais e sérios danos ao ecossistema marinho.
• Se você estiver em um navio, barco ou em uma ilha, embale o lixo e
leve-o para as lixeiras no continente. Nunca jogue lixo no mar.
AZUL: papel/papelão
VERMELHO: plástico
VERDE: vidro
AMARELO: metal
MARROM: resíduos orgânicos
Foto: São V
icente – SP
. Denise Sc
abin Pereir
a.
Foto: PESM
- Picinguab
a – Ubatub
a. SMA.
s. Iris Poffo.
esportivas em Santo
dades náuticas e
Foto: Ativi
Foto: Santo
s e São Vic
ente. Denis
e Scabin Pe
reira.
Foto: Praia da Laje – Parque Estadual da Ilha do Cardoso – Cananéia – SP. SMA.
a.
Scabin Pereir
icente – SP. Denise
Foto: São V
Foto: Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Itutinga – Pilões – Trilha dos Caminhos do Mar –
Cubatão – SP. SMA.
u Prole: Filhotes.
ANEXO I
Medindo o peixe
* Em alguns casos específicos, adota-se outra forma de medir o peixe, que é sempre determinada em
norma específica.
Cabe observar que os Estados podem legislar sobre a pesca, tornando-se oportuna esta consulta aos
Estados onde se pretende realizar a pescaria.
Recorte Marinho
O Brasil possui cerca de 8.500km de linha de litoral e um
certo número de ilhas, totalizando 3,5 milhões de km2 de
ZEE e se estende desde o Cabo Orange (5º N) até o Chuí
(34º S), situando-se, na maior parte, nas regiões tropicais e
subtropicais (CNIO, 1998). Os ecossistemas dessas regiões
são caracterizados pela elevada diversidade de espécies e
baixa biomassa de cada estoque.
Brasil, não apenas das espécies continentais, como das marinhas e ainda de áreas
de transição. As informações abrangem tanto o período de defeso – ou seja, o
período em que a pesca é proibida – como também as instruções normativas
que deram origem à proteção das espécies. também são indicados os estados, as
regiões ou as localidades onde o defeso deve ser observado. As espécies de peixes,
crustáceos e moluscos contempladas pelo defeso são mencionadas pelo seu nome
popular e científico.”
ARTES DE PESCA
Artesanal
A pesca artesanal tem características bastante diversificadas, tanto
em relação aos diferentes habitats explorados, quanto aos estoques
pesqueiros e às técnicas de pesca utilizadas. um fator adicional de
complexidade nesta categoria de pesca são os diferentes tipos de
usuários, com diferentes estratégias e conhecimentos de pesca, bem
como diferentes comportamentos sobre os locais e espécies frente
aos recursos e ao ambiente. Mais recentemente, a pesca artesanal foi
ampliada não sendo empregada apenas para questões de subsistência
(por grupos familiares e/ou pequenas comunidades), mas também, e em
maior escala, vem sendo praticada por embarcações de pequeno e médio
porte com objetivos comerciais. Com base, portanto, na complexidade
das pescarias, apresenta-se a seguir as principais artes de pescas
artesanais que ocorrem nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, área de
atuação do Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros das
Regiões Sudeste e Sul do Brasil – CEPSuL. (Fonte: Gamba, Manoel da
Rocha. Itajaí-SC, 1994):
Arrasto
Aparelho com Anzol • Arrasto duplo
• Caniço • Arrasto de praia
• Corrico ou linha de corso • Arrasto de parelha
• Espinhel fixo de fundo • Arrasto simples
• Espinhel de superfície • Bernunça
• Linha de fundo e linha de mão • Gerival
• Zangarilho • Picaré
Armadilha Emalhe
• Aviãozinho • Rede de emalhe de fundo
• Cerco flutuante • Rede de emalhe de superfície
• Cerco fixo (curral) • Rede de espera-fina
• Covo, Manzuá e Pote • Rede de volta/bate-bate
• Puçá • Caçoeiro
• Puçá grande • Feiticeira
Industrial
referêncIas BIBlIográfIcas
Sites consultados:
CETESB: www.cetesb.sp.gov.br
EcoDesenvolvimento.org
http://www.ecodesenvolvimento.org
IBAMA: http://www.ibama.gov.br/ceperg/paginas/menu.php?id=13
S24f Pesca Sustentável. texto denise Scabin Pereira; Érica de Siqueira Mendes Agassi; Iris
Regina Fernandes Poffo; Regina Brito Ferreira. - - São Paulo: SMA/CEA, 2013. 172p.;
il.15,5x22,3cm. (Cadernos de Educação Ambiental, 18).
Bibliografia
ISBN – 978-85-62251-23-8
1a reimpressão 2014
Coordenação Geral
Yara Cunha Costa
Autoria
Denise Scabin Pereira – CEA / SMA
Érica de Siqueira Mendes Agassi - Agência Ambiental de São Sebastião - CETESB
Iris Regina Fernandes Poffo – Setor de Atendimento à Emergência - CETESB
Regina Brito Ferreira - Setor de Avaliação de Empreendimentos Urbanos e de Lazer – CETESB
Revisão Técnica
Eduardo Silva Telles Bicudo do Valle – CEA / SMA
Colaboração Técnica
Eduardo Silva Telles Bicudo do Valle – CEA / SMA
Hélia Maria Piedade – CEA / SMA
Valéria Ruoppolo – Aiuká
Fotos
Cláudio Dias - CETESB
Denise Scabin Pereira
Fernanda Terra
Fausto Pires de Campos
Fundação Florestal - FF
Iris Regina Fernandes Poffo - CETESB
Jocemar T. Mendonça
Márcia Goldin
Miguel Booth / IFAW
Secretaria do Meio Ambiente - SMA
Sérgio Viegas
Valéria Ruoppolo – Aiuká
Arte de Capa
Cláudio Maluf Figueiredo
Vladimir Ferreira Arruda
PESCA
SUSTENTÁVEL
PESCA SUSTENTÁVEL
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