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PEDAGOGIA
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: GESTÃO DE SALA DE AULA
Lídia Carolina da Silva Pereira
A gestão da educação, entendida como tomada de decisão, organização, direção e participação, acontece em todos os âmbitos da escola. Ela se desenvolve fundamentalmente, na sala de aula, onde concretamente se objetiva o projeto político-pedagógico não só como desenvolvimento do planejado, mas como fonte privilegiada de novos subsídios para novas tomadas de decisões. A concepção democrático-participativa implica a busca de objetivos comuns pela direção, professores e demais profissionais da educação e a tomada coletiva de decisões que orienta cada um assumir com responsabilidade sua parte na execução do acordo. Assim, a gestão em sala de aula, como um prolongamento da gestão escolar, pressupõe um espaço onde, com a orientação do professor, possam ser produzidos, manifestados e experimentados comportamentos democráticos. Ou seja, nesse espaço, os sujeitos serão levados a agir de forma coletiva e comprometida com os interesses coletivos. A sala de aula é também o espaço no qual, em determinado tempo, se lidar com os acontecimentos de outros tempos e espaços, com as histórias de vida dos sujeitos. A interação entre os grupos dependerá do professor, de sua forma democrática de mediar as situações, possibilitando o crescimento de todos os integrantes do grupo. Atuando com conhecimento, organizando o espaço de convívio, planejando o trabalho a ser realizado, mediando conflitos e estabelecendo a confiança mútua, o professor tem condições de criar situações propícias para a internalização dos conhecimentos por parte dos sujeitos e, ao mesmo tempo, possibilitar o desenvolvimento de cidadãos democráticos. A gestão democrática supõe a redefinição do papel do educador. Neste caso, cabe-lhe o papel de influenciar seus alunos para o envolvimento com o trabalho pedagógico. Como o processo de ensino é intencional, o professor deve explicar aos alunos os objetivos dos conteúdos curriculares e da aula, mostrando a importância de eles serem atingidos. Consideramos que o diálogo consentido, em que o aluno se compromete com a apropriação dos conhecimentos, é uma forma de despertar nele consciência de que aprender é uma ação que não se torna possível apenas relação do professor, mas também por sua vontade. O professor consciente, ao desenvolver seu trabalho, almeja o desenvolvimento intelectual e moral de seus alunos e planeja ocasiões para que ele exerça a percepção crítica da realidade, já que a relação de ensino e aprendizagem com o educando deve favorecer a análise de valores necessários ao convívio social. Nisso se inclui a necessidade de dar feedback e ampliar a capacidade perceptiva dos alunos, ou seja, dar e pedir feedback constituem habilidades essenciais para regularmos nossos desempenhos e os das pessoas com quem convivemos, visando relações saudáveis e satisfatórias. Isso exige, por parte do professor, saber ouvir e prestar atenção à fala e aos comportamentos dos alunos. O feedback é, portanto, um mecanismo para retomar os conceitos apreendidos, acrescentar, fazer adequações e correções. Enfim, o professor, em seu trabalho, deve alargar os horizontes dos alunos, possibilitando-lhes uma visão ampliada da realidade. De nossa perspectiva, para que isso ocorra, tanto a escola deve ser organizada de forma democrática, quanto articulada com a construção de uma sociedade democrática, o que implica dizer que uma sociedade democrática passa, dentre outras coisas, pelo compromisso com a educação e com a aprendizagem do aluno. A transformação das práticas escolares pelo processo da gestão participativa, na qual o aluno é sujeito das decisões e das ações que se realizarão pautadas em tais decisões, proporciona maiores possibilidades para o desenvolvimento de uma vivência coletiva e de uma a prática social democrática. A aprendizagem, razão do trabalho escolar, apesar de ser um processo individual, acontece quando o aluno é capaz de interagir socialmente e, com base nessa relação, construir seus conhecimentos. Desse modo, a aprendizagem da vivência social democrática, tendo início na escola, mais especificamente na sala de aula, poderia instigar os alunos a compartilhar experiências, relacionando-se com posicionamento diferentes ou mesmo divergentes. Outro aspecto ainda deve ser considerado na discussão sobre a gestão da sala de aula: não é possível atuar no interior da escola, especialmente no que diz respeito ao ensino e aprendizagem, sem se comprometer com a educação do aluno, já que o ato de ensinar, com tudo o que lhe é próprio - planejar, executar, verificar. Toda prática pedagógica implica um relacionamento intencional do professor com os alunos e dos alunos com o conhecimento, de forma que as atividades de ensino-aprendizagem resultem da interação dos sujeitos entre si e com o objeto do conhecimento. Assim, o trabalho na sala de aula requer do professor o compromisso a ética para com os alunos e suas famílias, pois só assim será possível instrumentalizá-los para uma participação mais efetiva na sociedade. A organização da sala de aula para a condução do trabalho didático, especialmente no que se refere à relação humana e à produção de conhecimento, exige do professor, além do domínio dos conteúdos programáticos, algumas condições e atitudes mínimas, como autenticidade, cooperação, determinação, solidariedade e respeito mútuo, enfim, comportamentos considerados democráticos. Isto porque, do nosso ponto de vista, a postura do professor será um argumento capaz de convencer o educando sobre a importância da escola e do trabalho ali desenvolvido para sua vida. A gestão e organização da sala de aula dependem da construção de regras e procedimentos coletivos, do acompanhamento e da mediação dos comportamentos. Desta maneira, é possível que a ordem seja alcançada na sala de aula, de modo a favorecer as atividades de ensino-aprendizagem. Também a adequação do espaço e disposição das turmas, como por exemplo em pares ou agrupamentos, requer o envolvimento de todos e depende da forma como o professor realiza a gestão da sala de aula.