DISSERTACAO_POLLYANA_WOIDA_REPOSITORIO_
DISSERTACAO_POLLYANA_WOIDA_REPOSITORIO_
DISSERTACAO_POLLYANA_WOIDA_REPOSITORIO_
POLLYANA WOIDA
PORTO VELHO
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
NÚCLEO DE CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM
LETRAS
MESTRADO ACADÊMICO EM LETRAS
POLLYANA WOIDA
PORTO VELHO
2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Fundação Universidade Federal de Rondônia
Gerada automaticamente mediante informações fornecidas pelo(a) autor(a)
_________________________________________________________________
169 f. : il.
Orientador(a): Prof.a Dra. Odete Burgeile
CDU 81'272
___________________________________________________________________________
Bibliotecário(a) Ozelina do Carmo de Carvalho CRB 11/486
DEDICATÓRIA
À minha mãe Helena, por tudo que sempre foi e é. Sem você, esta conquista
jamais teria sido possível. Ao meu pai Oscar, que cedo partiu, mas deixou sua
alegria de viver.
Ao meu marido e meu filho, Albérico e Victor, mestrandinho desde pequeno,
brincando, dormindo ou mesmo perturbando algumas aulas…
Aos meus irmãos Fabíola, Paulo e Diego.
À minha sogra Telma, que sempre quis seguir a carreira acadêmica, mas
pelas voltas da vida não foi possível. Esta conquista também é sua.
AGRADECIMENTOS
Meu povo, os Ye’kuana, acredita que o mundo social está em constante mudança e cai
naturalmente na desordem e na decomposição. Mudanças inevitavelmente ocorrem e danificam as
coisas, produzem dor, angústia e desespero, mas nunca perdemos a esperança na renovação, pois
quando a desordem finalmente termina um dos ciclos de mudanças, anuncia o começo de um tempo
renovado num mundo renascido. (Simeon Gimenez, 1970)
Nenhuma sociedade multicultural pode ser estável e vibrante, a menos que garanta que suas
comunidades constituintes recebam tanto o reconhecimento quanto uma parcela justa do poder
econômico e político. (Bhikhou Parekh, 2000)
Resumo
Desde 2008 uma nova política linguística foi adotada pelo Brasil com apelo à
cultura brasileira, uma política silenciosa servindo aos interesses do Estado
brasileiro para a promoção da Língua Portuguesa no cenário internacional (DINIZ,
2012). Para melhor entendimento desse quadro, propusemos compreender nesta
pesquisa uma abordagem sociolinguística do processo de internacionalização da
Língua Portuguesa, os conflitos acerca da política linguística e os sentidos que estão
sendo produzidos com os discursos sobre a língua no âmbito do Sistema
Educacional do Mercosul (SEM, Mercado Comum do Sul), os conflitos nas situações
de plurilinguismo nos países que compõem o Bloco. Abordamos a reciprocidade no
ensino da Língua Portuguesa nos países do Mercosul e o ensino da Língua
Espanhola no Brasil. É uma pesquisa sociolinguística de cunho bibliográfico, com
uma abordagem teórico-metodológica crítica em política linguística (OLIVEIRA,
2013; ORLANDI, 1988; ARNOUX, 2018; HAMEL, 1988, 2015, 2017) e
Multiculturalismo (PHILLIPS, 2007, 2008; KYMLIKCA, 2015). Foram analisados
documentos do Grupo de Trabalho de Políticas Linguísticas, substituído em 2012
pelo Comitê Assessor de Políticas Linguísticas, disponíveis no portal do SEM, de
2008 a 2015. Observamos que a Língua Portuguesa, considerando a posição do
Brasil no cenário econômico mundial, tem grande potencial no processo de
internacionalização, como também de crescimento do mercado relacionado à
economia linguística.
Since 2008 a new language policy has been adopted by Brazil with appeal to
Brazilian culture, a silent policy serving the interests of the Brazilian state to promote
the Portuguese language on the international scene (DINIZ, 2012). For a better
understanding of this situation, we proposed to understand in this research a
sociolinguistic approach of the internationalization process of the Portuguese
Language, the conflicts about the linguistic politics and the meanings that are being
produced with the discourses about the language within the MERCOSUR
Educational System (SEM, Southern Common Market), conflicts in situations of
plurilingualism in the countries that make up the Bloc. We approach reciprocity in
Portuguese language teaching in Mercosur countries and Spanish language teaching
in Brazil.
It is a sociolinguistic research of bibliographic nature, with a critical theoretical-
methodological approach within Language Policies (OLIVEIRA, 2013; ORLANDI,
1988; ARNOUX, 2018; HAMEL, 1988, 2015, 2017) and Multiculturalism (PHILLIPS,
2007, 2008; KYMLICKA, 2015). Documents from the Language Policy Working
Group, replaced in 2012 by the Language Policy Advisory Committee, available on
the SEM website from 2008 to 2015, were analyzed. We note that the Portuguese
Language, Considering Brazil's position in the world economic scenario, it has great
potential in the internationalization process, as well as for market growth related to
the linguistic economy.
INTRODUÇÃO ....…...................................................................................................13
Introdução
2
Tradução de nossa responsabilidade, como em outras passagens ao longo de todo o
texto.
20
1.2 Alterglobalismo
3
Disponível em: http://bit.ly/2OV3zs2. Acesso em: 28 jun. 2019.
4
Disponível em: https://wsf2018.org/. Acesso em: 28 jun. 2019.
22
seria uma distinção chave para as pesquisas em políticas linguísticas, por destacar o
possível caráter contraditório das políticas oficiais das diversas sociedades. Hamel
(1988) já havia apontado essas nuances, como abordamos.
A partir do levantamento de títulos de publicações, dossiês e livros dedicados
à política linguística na década atual, Diniz e Silva (2019, p. 258) destacam a
aproximação e mesmo subordinação a outros conceitos teóricos ou campos
disciplinares – Estudos Identitários, Politicas Públicas, Sociolinguística, Glotopolítica,
que reflete diversidade de perspectivas epistemológicas nos estudos em
desenvolvimento no país.
Relacionando as políticas linguísticas e a globalização linguística, vemos que
esta tem fortes relações com a globalização econômico-financeira. No caso da
Língua Portuguesa, três linhas de força compõem os discursos sobre a língua: o da
Lusofonia, ligado à Portugal, pós-colonial; o brasileiro, neocolonial e de hegemonia
nacional e a crítica africana ao globalismo e às posturas portuguesa e brasileira por
meio da expressão artística, literária em especial (SIGNORINI, 2013).
Na década de 1990 os temas política linguística e globalização eram
sinônimos de estratégias de promoção e gestão de mercados linguísticos e não
linguísticos transnacionais. A versão atual do capitalismo globalizado seria a
“sinergia dos mercados linguísticos com mercados de trabalho e de capitais”
(SIGNORINI, 2013, p.76).
Kumaravadivelu destaca a globalização cultural, assunto intensamente
debatido entre estudiosos de diferentes disciplinas, mas sem a atenção por parte
dos linguistas aplicados, que não teriam captado ainda significativamente o tema
(KUMARAVADIVELU, 2006, p. 132). Percebemos avanços consideráveis na obra O
Português no Seculo XXI – Cenário geopolítico e sociolinguístico (2013) organizada
por Moita Lopes, onde está publicado o artigo de Signorini, e que, num intervalo de
sete anos, reflete muitas das preocupações que Kumaravadivelu apontou 5.
Como exemplo mais visível e estudado de globalização linguística há mais de
duas décadas, Signorini destaca o mercado em torno da Língua Inglesa, que seria
uma espécie de passaporte para o mundo globalizado e celebrado como “fator de
inclusão numa nova ordem, natural e irreversível na perspectiva do globalismo”
5
Moita Lopes (2006, 2013, obras nas quais estão publicados os artigos de Kumaravadivelu e
Signorini, respectivamente) e diversos autores mostram um panorama relevante da Linguística
Aplicada, com questões que permeiam as pesquisas, debates que vem sendo travados e indicam
perspectivas.
28
1.4 Lusofonia
Ostler (2010) destaca o Português como língua comercial nos séculos XIV e
XV, uma língua franca com trânsito das Índias às Américas, onde se firmou também
com as missões religiosas da catequese. O Português seria a língua a ser falada por
quem quisesse negociar com o mundo – árabes, persas, judeus, hindus, mas perdeu
seu poder de língua franca para o Inglês e o Francês no período de domínio
espanhol, de 1580-1640, que culminou com o declínio das navegações,
compreendendo também o declínio da Língua Portuguesa.
A origem galega da Língua Portuguesa no Brasil identificada como português
arcaico na historiografia linguística tradicional (MELO, 1981) sofre de uma “injustiça
histórica, cultural, sócio-política e linguístico-terminológica de mais de setecentos
anos” (ROCHA, 1997b, n.p.). O Galego é língua “comum e atual” partilhada por
portugueses, brasileiros e galegos, graças a “artifícios pseudo-sociolingüísticos para
isolar as várias faces do idioma”, que,
6
Neste parágrafo trazemos a discussão da Mesa Redonda “Políticas linguísticas, suas
faces e interfaces”, entre Gilvan Muller de Oliveira, Margarida Salomão e Kanavillil
Rajagopalan, no 10º Congresso Brasileiro de Linguística Aplicada, realizado na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (setembro, 2013).
34
7
O site do IILP, órgão da CPLP responsável pela promoção da língua, dá acesso tanto
ao VOC (com mais de 250 mil verbetes) como ao portal PPPLE, que oferece recursos para o
ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa como Língua Estrangeira/Segunda língua, com
conteúdos produzidos por Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste.
Disponível em: http://iilp.cplp.org/ Acesso em: 12 nov. 2017 (quando havia conteúdos apenas
do Brasil, Moçambique e Portugal), e 21 nov. 2019 (incluídos conteúdos de Angola, Cabo
Verde, Timor-Leste).
35
mas sem destaque especial para os membros da CPLP, com interesses principais
na África do Sul, Angola e Nigéria (SIGNORINI, 2013, p. 89). O embaixador
brasileiro Celso Amorim foi responsável pela política externa do Brasil em fins da
década de 1990 (governo Fernando Henrique Cardoso) e na década de 2000 e
2010 (Governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef), projetando um
globalismo conformado pela origem do país, ancorado em diversas etnias e culturas
(SIGNORINI, 2013, p. 90). Como consequência dessa posição, as iniciativas oficiais
brasileiras de difusão da língua estão envolvidas em projetos desenvolvimentistas
econômicos, geopolíticos e de estratégia geográfica – o “globalismo oficial brasileiro”
com papel “transnacional das línguas” (SIGNORINI, 2013, p. 90-91), em que o
pertencimento a várias organizações internacionais têm como consequência ampliar
a atuação do país e gerar resultados indiretos.
A criação de universidades públicas federais como a Universidade Federal da
Integração Latino-Americana (Unila), com sede em Foz do Iguaçu, PR, voltada ao
Mercosul e à América do Sul, e a Universidade Federal da Integração e
Internacionalização da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), com sede no interior da
Bahia e polos inicialmente previstos para todos os países da CPLP, com foco na
África em geral seriam exemplos do protagonismo brasileiro (SIGNORINI, 2013, p.
91).
O discurso oficial do Estado brasileiro ressalta a diferença, busca se
distanciar de referências ao monolinguismo e monoculturalismo em sua origem – a
difusão da língua confundida com a hegemonia nacional; já a retórica portuguesa
tem foco na convergência, filiação numa língua única, uma cultura única
(SIGNORINI, 2013, p. 93).
Oliveira (2013a, XCBLA VIDEOS, 2013, 1h11’) destaca as diásporas de
brasileiros pelo mundo como importante recurso advindo da globalização que ainda
é desprezado, mas que pode ser muito útil na promoção da Língua Portuguesa.
Com o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros
(Celpe-Bras), Arnoux (2018) destaca a posição dominante do Brasil na Lusofonia,
em que o país integrando o certificado “no marco de suas políticas estatais a
respeito da língua” (ARNOUX, 2018, p. 35) – é a única certificação oficial no Brasil
para conhecimento da Língua Portuguesa. Sobre as posturas argentina e brasileira
quanto à certificação de conhecimentos em Português e Espanhol, Arnoux observa
que
36
8
Ver História das Ideias Linguísticas no Brasil (ORLANDI e GUIMARÃES, 1996 e
outros).
37
9
Com dois buscadores na internet, dois sintetizadores de voz, etc e que geraram uma
intervenção da Wikipedia, após inúmeros casos de ataques de brasileiros às páginas criadas por
portugueses e às páginas de brasileiros por portugueses (OLIVEIRA, 2013, 2013a)
38
12
Disponível em: http://bit.ly/2LA7LLD. Acesso em: 12 dez. 2018. Vale observar os conflitos
envolvendo a participação na Área de Livre Comércio das Américas, Alca, bloco unindo os países das
Américas, à exceção de Cuba, proposto pelos Estados Unidos em 1994, englobaria os acordos do
Nafta e Mercosul. Mais a respeito em Barros (2007).
13
Disponível em: http://bit.ly/2Ystr1z. Acesso em: 19 nov. 2017.
14
Art. 3º do Estatuto da CPLP, item “c) A materialização de projectos de promoção e difusão
da Língua Portuguesa.”, designadamente através do Instituto Internacional de Língua Portuguesa.
Disponível em: http://bit.ly/2P1wef2. Acesso em: 10 nov. 2017.
43
15
A lei nº 25.181 traz a previsão do sistema de acreditação e outras ações com a
adesão ao MERCOSUL; a lei nº 26.206 trata da formação de professores e desenvolvimento
de programas permanentes de ensino de português; a lei nº 26.468, de 2008, torna o ensino de
português optativo no ensino primário (obrigatório no caso de fronteira) e obrigatório no ensino
secundário.
44
2.1 O Mercosul
desde 2015 está em processo de adesão como Estado Parte. Os outros países da
América do Sul – Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname – são Estados
Associados e se relacionam com o Mercosul em diversos projetos, especialmente
voltados ao setor educacional, como abordamos nas Seções 3 e 4.
O Tratado de Assunção estabeleceu a integração da região com objetivo de
formação de um mercado comum, com livre circulação de bens, serviços e fatores
ligados à produção em seu interior, uma Tarifa Externa Comum (TEC) no comércio
com terceiros países e a adoção de uma política comercial comum. O mercado
comum deveria estar em funcionamento em 31 de dezembro de 1994. No entanto, o
Mercosul ainda não atingiu seu objetivo de criação entre as partes, de um mercado
comum.
A assinatura de um importante acordo comercial entre o Mercosul e a União
Europeia, em 28 junho de 2019, depois de 20 anos de negociações, traz um sinal de
esperança para um sistema comercial global sob pressão da Guerra comercial EUA-
China em curso atualmente. O processo de negociação teve início em 28 de junho
de 1999, o próximo passo é a ratificação do acordo pelo Parlamento do bloco
europeu e Parlamentos dos países que compõem o Mercosul. Com o acordo os
países concordam em reduzir as tarifas de todos os produtos, de carnes dos
rebanhos da América do Sul a peças de automóveis europeus (FINANCIAL TIMES,
2019).
A estrutura institucional básica para o funcionamento do Mercosul foi
estabelecida pelo Protocolo de Ouro Preto, assinado em 1994, e permitiu uma
personalidade jurídica de direito internacional ao Bloco. São três os órgãos
decisórios do Mercosul: Conselho do Mercado Comum (CMC), órgão superior
responsável por conduzir a política do processo de integração; Grupo Mercado
Comum (GMC), órgão executivo do Bloco, e a Comissão de Comércio do Mercosul
(CCM), órgão técnico responsável pelo emprego dos instrumentos da política
comercial comum (MERCOSUL, n.d.).
Também são órgãos derivados de textos fundacionais do Mercosul, criados
para apoiar as decisões do Bloco: o Parlamento do Mercosul (Parlasul), Fórum
Consultivo Econômico-Social (FCES), Secretaria do Mercosul (SM), o Tribunal
Permanente de Revisão (TPR), o Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul
(Focem), Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH), Instituto
Social do Mercosul (ISM). Ilustram a evolução do andamento da gestão intrabloco e
46
16
Disponível em: http://bit.ly/38iOpEz. Acesso em: 09 dez. 2018. O Instituto Nacional
de Estadística y Censos da Argentina (2012) apresenta números um pouco diferentes: 273,6
milhões a população do Bloco (4,0% da população mundial); somando os países associados,
são mais 116,6 milhões de pessoas (1,7% da população mundial); a população da Argentina é
40,1 milhões (0,6% do globo); Brasil, 194,9 milhões de pessoas (2,8%); Paraguai, 6,4 milhões
(0,1%), Uruguai, 3,3 milhões (0,0%), Venezuela, 28,9 milhões (0,4%). América Latina e Caribe
somam 590 milhões de pessoas (8,6%), Estados Unidos e Canadá, 344,5 milhões (5,0%);
África, 1.022,2 milhões (14,8%); Ásia, 4.164,2 milhões (60,4%); Europa, 738,1 milhões (10,7%)
e Oceania, 36,5 milhões (0,5%).
47
Martínez Puñal e Dos Santos Carneiro (2007) observam que não adianta a
imposição de normas dos órgãos do Mercosul, algo que não contribui e ainda gera
confusão normativa. A solução estaria no funcionamento de um sistema de vigência
simultânea, reformas constitucionais nos países do Mercosul, um órgão judicial e um
órgão com poder de cobrar dos Estados o cumprimento das responsabilidades
obrigatórias que assumiram com o ingresso no Bloco.
48
A Dimensão Externa, com una agenda rica também complexa, constitui sem
dúvida uma plataforma de vital importância para o Mercosul; inclusive
poderíamos observar como em momentos de uma certa atonia –ou, se se
prefere, crise– do Mercosul, este encontra nesta Dimensão, com todas as
suas limitações, um balão de oxigênio à medida que a procura e a
diversificação de novos parceiros possibilita uma dinamização da economia
do Mercosul em geral, ou, o que representaria o mesmo, dos seus efeitos
benéficos e, portanto, uma ajuda para a consolidação, no imaginário dos
seus diversos setores sociais, da sua necessidade e do seu conseqüente
relançamento, adotando as medidas jurídico-institucionais precisas a tal
efeito. (DOS SANTOS CARNEIRO, 2006, p. CXIV)
Sobre o estudo das Línguas Indígenas, Seki (1999) observa que há pouco
feito no Brasil até a década de 1950; após a chegada dos portugueses, nos três
primeiros séculos, materiais linguísticos foram produzidos por missionários
portugueses, como Padre José de Anchieta (1595), Padre Luis Figueira, Jean de
Léry, basicamente estudos da língua Tupi – ou “Brasílica” (séculos XVI e XVII) e
Tupinambá (século XVIII e posteriores) - com exceção da língua Cariri (final do
século XVII). O foco nos estudos não era a língua, mas o conhecimento sobre ela
como forma de comunicação e aplicação na catequese, com estudo a partir do
aparato conceitual das gramáticas clássicas, em particular latina, de que se
dispunha à época (CÂMARA JR., 1965; RODRIGUES, 1998; AYROSA, 1954, apud
SEKI, 1999, p. 260-261).
No século XIX e início do XX são percebidos dois tipos principais de estudos:
1) os desenvolvidos fora do contexto indígena, uma "Filologia Tupi" (Mattoso
Câmara), e 2) estudos resultantes do contato direto de pesquisadores com falantes
nativos. Os pesquisadores eram estrangeiros (geógrafos, naturalistas, etnólogos,
missionários) e brasileiros. Basicamente a mesma abordagem (a língua em si) do
período anterior, para catequese (missionários), ou interesses particulares do
pesquisador (demais casos); os estudos se resumem a listas lexicais, com raras as
tentativas de descrição de aspectos da língua (SEKI, 1999, p. 261).
Entre os países parte do Mercosul foram contabilizadas 221 línguas
ameaçadas de extinção no Atlas of the World's Languages in Danger (UNESCO,
2017), considerando a Venezuela, suspensa desde 2016, são mais 255 línguas.
Entre os países associados ao Mercosul foram registradas 210 línguas ameaçadas.
A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou 2019 o Ano Internacional de
Idiomas Indígenas.
Hamel, definindo conflito linguístico, observa que não se trata de
21
Relatório “Multiculturalismo sem cultura” (2008), do ciclo de debate “O(s) sentido(s)
da(s) cultura(s)”, realizado em 11 de junho de 2008 no Conselho da Cultura Galega, em
Santiago de Compostela, Galíza, Espanha, cujos capítulos 1 e 2 do livro “Multiculturalism
without culture” (2007) são a base. O relatório é bilíngue Galego-Inglês, optamos por adotar a
tradução Galega, origem da Língua Portuguesa, uma vez que nossa pesquisa fala na
internacionalização dessa língua.
60
A primeira consiste en que a cultura chega a ser vista como a principal fonte
de onde emana a identidade das persoas e o fator que mais determina as
súas accións e o seu comportamento. A segunda consecuencia é que a
cultura chega a ser vista, ademais, como algo que se associa
principalmente con grupos culturais non-occidentais ou minoritários. Posto
que os argumentos políticos que defenden o multiculturalismo descansan,
en parte, sobre a importância que confiren as persoas á súa identidade
cultural, acentúase e esaxérase o dominio que exerce a <<cultura>> sobre
elas, de xeito que a cultura se torna algo exótico. (PHILLIPS, 2008, p.18-19)
Na vida cotidiana das pessoas, a cultura seria algo sem importância, mas
relevante para outros externos a esse modo de viver, e seria menos visível ainda
para grupos da cultura hegemônica; no entanto, quando se convive com outras
culturas diferentes da própria, as pessoas passam a ter consciência disso
(PHILLIPS, 2008, p. 19). A tese defendida por Phillips é que as pessoas reconhecem
a influência do sexo, ou da classe social no seu modo de viver, mas não falam que
agem da forma como agem por questões culturais, pela influência que a cultura
exerce (PHILLIPS, 2008, p. 19).
Na Europa, Anne Phillips observa que tem havido um afastamento brusco do
discurso multiculturalista, com consequências que não são conhecidas na prática.
Na Grã-Bretanha fala-se em morte do Multiculturalismo, responsável pela criação de
intolerâncias que geraram abandono e exclusão – os acontecimentos de 11 de
setembro de 2001, nos Estados Unidos, sem dúvida, tiveram seu papel nisso
(PHILLIPS, 2008, p. 9).
Estudos como o Community Cohesion: Report of the Independent Review
Team (2001), para identificação de boas práticas voltadas à inclusão social,
revelaram que a segregação social e residencial resultantes de métodos educativos
diferenciados, locais de culto, redes linguísticas, de organizações comunitárias e de
voluntários, acabaram fazendo com que as pessoas de minorias culturais vivessem
vidas paralelas no trabalho e na vida social (Community Cohesion Review Team,
2001, apud PHILLIPS, 2008, p. 10).
Debates posteriores se centraram em valores comuns relativos à cidadania,
que funcionaria como uma ligação para manter unidas as sociedades multiculturais.
Na área teórica, Phillips observa que a primeira dessas críticas está associada a um
argumento feminista, de que o Multiculturalismo daria muito poder aos homens
sobre as mulheres, ou dos mais velhos sobre os jovens, reforçando pontos de vista
mais conservadores de tradições e práticas de determinada cultura (PHILLIPS,
2008, p. 10-11). A segunda crítica seria mais geral, como definições unificadas para
61
uma cultura – visão que compreende o Multiculturalismo como uma camisa de força,
ignorando a composição de costumes a partir da influência de outras culturas
(PHILLIPS, 2008, p. 11).
Phillips é ciente da acusação de essencialismo da visão de cultura no
Multiculturalismo entre as feministas; destaca o desenvolvimento mais amplo da
crítica da cultura nos campos da antropologia e sociologia, com a combinação de
reflexões sobre etnia, comunidade e raça (PHILLIPS, 2008, p.11, 14). Vem da
antropologia contemporânea a base da visão de cultura que Phillips defende. A
autora ressalta a adoção do uso do termo etnia em lugar de raça há algumas
décadas, no entanto (citando a crítica de Max Weber já em 1912 – BAUMANN;
SUNIER, 1995, p.1 apud PHILLIPS, 2008, p. 12), etnia e cultura seriam termos
ambíguos e sem rigor conceitual, fazendo referência à identidade nacional, ou
religiosa ou de classe (KASTORYANO, 2002, p. 35 apud PHILLIPS, 2008, p. 12). Ou
ainda, tratando como questões de identidade racial o que não passaria de uma
dissimulação de racismo (KUPPER, 1999, p. 14 apud PHILLIPS, 2008, p. 13).
Phillips (2007, p. 9) argumenta que o aprofundamento da compreensão de
cultura permitirá um solo mais fértil para a política multicultural, ampliando a visão
homogênea que observa tanto entre críticos quanto apoiadores do Multiculturalismo.
Como origem do posicionamento favorável ao Multiculturalismo, Anne Phillips
destaca a consideração da desigualdade nas relações de poder entre grupos
majoritários e minoritários, como também a percepção de que os estados podem
cometer injustiças com grupos minoritários quando unifica e impõe um marco político
e legal (PHILLIPS, 2008, p. 15). Essas preocupações refletem o pensamento dos
teóricos políticos (área em que Phillips tem uma vasta produção acadêmica, tratando
questões do feminismo, de gênero, políticas de presença, entre outros), com
temáticas normalmente em torno de desigualdade e poder. No entanto, essas
reflexões indicam que a “cultura abandonou a área na qual se movem esses
teóricos, por estar ligada atualmente a distinções entre a maioria e a minoria e
vinculada a reivindicações territoriais ou legais.” (PHILLIPS, 2008, p. 15)
Uma questão importante considerando a heterogeneidade entre os grupos
minoritários, demandas por participação cidadã e autonomia, é o que deve ser feito
pelas sociedades em resposta às reivindicações etno culturais (PHILLIPS, 2007, p.
14-15). Ao que depreendemos da leitura de Will Kymlicka (2001), o Canadá tem
atuado de forma proeminente, promovendo respostas que se diferenciam de outros
62
uma extensão natural e lógica da revolução dos direitos civis que estava
sacudindo o Canadá naquela época, por si, parte da revolução mais ampla
de direitos humanos do pós-guerra.” (...)
É importante lembrar que a adoção do multiculturalismo em 1971 ocorreu
durante um período concentrado de liberalização política e social que o
Canadá jamais havia testemunhado. A década entre 1965 e 1975
testemunhou reformas liberais em torno de toda a gama de políticas sociais
– leis de liberalização do aborto, acesso à contracepção e leis de divórcio,
abolição de pena de morte, proibição de discriminação de gênero e
religiosa, descriminalização da homossexualidade, entre muitas outras
reformas. Esta era frequentemente é caracterizada como refletindo a
“revolução dos direitos humanos” no Canadá, e mesmo testemunhou o
estabelecimento de comissões de direitos humanos em virtualmente cada
província, e ao nível federal em 1977. Outros tem caracterizado isso como o
64
destaca que também não haveria “evidências de que o abandono ao suporte para
organizações étnicas seria necessário para o combate ao racismo”, ou mesmo que
haja indicativos de que “as ações antirracistas nos EUA, Reino Unido ou França
tenham sido mais efetivas que no Canadá” (KYMLICKA, 2015, p. 23).
Como solução ao “perigo onipresente” de que o “reconhecimento e
celebração da diversidade étnica possa ser um pretexto para ignorar o racismo
estrutural” (BANNERJEE, 2000, apud KYMLICHA, 2015, p. 23), seria necessário se
dar o devido destaque “ao papel que ambos podem ter na construção de modelos
inclusivos de cidadania democrática.” (KYMLICKA, 2015, p. 23)
A ligação entre política e cidadania estava presente nos dois empregos
originais do multiculturalismo, as motivações tanto de “unidade nacional” como
“direitos humanos liberais”, mas deve ser concebida sempre como forma de
pertencimento ao país, não de fuga ao comprometimento com a cidadania
canadense (KYMLICKA, 2015, p. 32).
Kymlicka é bastante enfático ao argumentar que a “Integração multicultural
funciona melhor quando amarrada com cidadania multicultural” (KYMLICKA,
2015, p. 25, grifo nosso) e aponta problemas quando o Multiculturalismo é visto
como apenas estratégia transitória para integrar, cujo efeito é contrário: sendo
modelo de transição apenas, o Multiculturalismo “cria suspeitas” se, com o tempo,
imigrantes ainda estão “agarrados a identidades étnicas ou organizações étnicas” -
significa que a integração falhou (KYMLICKA, 2015, p. 25). Essa é a dinâmica vista
na Europa, denuncia o autor, em que a “persistência das identidades étnicas”
evidencia erros na integração de imigrantes e a acusação cai na conta do
Multiculturalismo (KYMLICKA, 2015, p. 25).
A solução para evitar essa “dinâmica venenosa” apenas se daria com a
articulação de exemplos de “cidadania multicultural”, componente que está na
essência do Multiculturalismo – no caso canadense, por exemplo, mostrar que uma
“forma de ser um cidadão canadense orgulhoso e ativo é sendo um ativo e
orgulhoso cidadão vietnamita-canadense” (KYMLICKA, 2015, p. 25).
O que teria fragilizado o Multiculturalismo em outros países seria a ausência
de forte conexão com “unidade nacional, direitos humanos, antirracismo e cidadania”
(KYMLICKA, 2015, p. 25). Esses quatro aspectos seriam os “componentes
essenciais” da evolução do Multiculturalismo e seu sucesso como política pública no
67
O ano de 2008 teria sido o marco para a Língua Portuguesa com a sugestão
de Portugal à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa para efetivação de
uma política de internacionalização do Português com promoção em todo o mundo.
Já em 1960 Antonio Houaiss, atento ao surgimento desse então novo campo de
estudos, publicou pelo Instituto Nacional do Livro, do Ministério Educação e Cultura
suas “Sugestões para uma política da língua” (GRAYLEY, 2019).
Efetivamente, com o Plano de Ação de Brasília, aprovado pela cúpula da
CPLP em 2010, passa a existir no Brasil uma política de promoção da língua. No
entanto, observa Grayley (2019), a crise econômica mundial teria barrado a
internacionalização, especialmente no Brasil, Angola e Portugal.
Os processos de institucionalização e instrumentalização do Português
praticados pelo Estado brasileiro são objetos de estudo de Diniz (2012b, p. 438), que
avalia como indicativo da construção de dimensão transnacional para o Português
brasileiro (ZOPPI-FONTANA, 2009; DINIZ, 2010, 2012a), orientando para o contexto
histórico-social mais amplo no qual se inserem. Diniz (2012b) analisa o
funcionamento institucional da Rede Brasileira de Ensino no Exterior (RBEx) e
resgata histórico da institucionalização e instrumentalização do Português praticados
pelo Brasil nos países de Língua Espanhola. Como resultado, observa que há
reverberação nas atuações para a promoção do Português nesses países.
Diniz (2012b, p. 439, 452) destaca o Celpe-Bras, considerado instrumento
com papel protagonista na política linguística exterior do Estado brasileiro, com
resultado no ensino de Português para falantes de Espanhol. Indica pontos que
podem contribuir para o planejamento e a execução da política linguística exterior
brasileira. Diniz (2012b, p. 450) chama a atenção para modificações na RBEx, com
efeito para a presença das mesmas nos países de Língua Espanhola. Indica queda
na proporção de leitorados na Europa de 73% em 1991 para 31,34% em 2011,
resultado da criação de novos leitorados em outras regiões, uma espécie de
68
Senegal envia estudantes ao Brasil com bolsas oferecidas pelo governo brasileiro.
Angola teve atuação de bastidores para a oficialização da Língua Portuguesa na
Guiné-Equatorial, também ajudou no ingresso desse país na CPLP. Entre 2002-
2009, 17 novas embaixadas do Brasil foram criadas na África no governo Luis Inácio
Lula da Silva; o comércio Brasil/África quintuplicou no período 25. Outros presidentes
e ex-presidentes atuaram nessa construção, como Fernando Henrique Cardoso, que
perdoou a dívida de Moçambique.
Grayley destaca haver mais poder político e desenvolvimento nos países com
Língua Portuguesa como oficial, o que entende como mais demanda para o
aprendizado do Português como Língua Estrangeira, experiência que destaca
positiva por meio de outros países, como na Anglofonia, com um fortalecimento em
bloco, tendo os participantes apoio mútuo entre si. Há dividendos que precisam ser
explorados da língua como ativos político e econômico. Estudo do Instituto Camões
(2009) estima que a receita de Portugal com a Língua Portuguesa seja de 17% do
Produto Interno Bruto, que inspirou estudo similar da Língua Espanhola, com
percentual de 15% (MUNICIO, 2003 apud GRAYLEY, 2019, p. 43).
Rocha (1997, p. 929), alerta para a complexidade da questão do Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa (AOLP) e defende um planejamento ordenado e
permanente para favorecer a língua, o trabalho contínuo de preservação do idioma
normalizado mirando o fortalecimento das indústrias linguísticas, oportunidade em
que destaca o despreparo do Brasil para atuar no campo da “guerra das línguas”,
considerando o confronto das línguas ibéricas de grande extensão no território
bilíngue que começava a se conformar por meio da integração mercosulina.
A seguir trazemos exemplos da inserção da Língua Portuguesa nos países
fundadores do Mercosul e a contrapartida brasileira com a oficialização da Língua
Espanhola no ensino médio em 2005, com a Lei nº 11.165, em atendimento aos
tratados assinados pelos países do Mercosul.
25
A Câmara de Comércio Afro-Brasileira, Afrochambers, tem realizado reuniões com empresários e
entidades representativas do setor empresarial e produtivo em Rondônia, como a que participamos a
convite da consultora de comércio exterior ligada à Federação das Indústrias de Rondônia, Ivanilda
Frazão, em 2018. Para o presidente da Afrochambers, Rui Mucaje, o status de Rondônia no cenário
econômico seria um ideal a ser atingido pelos países representados pela Câmara, considerando o
fortalecimento do agronegócio, entre outros. Uma agência de publicidade local, Minhagencia
Propaganda e Marketing, que tem entre seus clientes o Governo do Estado de Rondônia, criou a
marca African Day e tem atendido a instituição africana, que prepara um evento mundial com
realização simultânea em várias cidades.
70
26
A Portaria nº 213, de 19 de Julho de 2016, do Ministério da Integração Nacional, define o conceito
de cidades-gêmeas e relaciona no Anexo as cidades brasileiras nessa condição, por Estado; então 32
cidades, Cáceres, MT, na fronteira com a Bolívia, foi acrescentada à lista pela Portaria nº 1.080, de
24 de Abril de 2019, do Ministério do Desenvolvimento Regional.
71
3.1 Brasil
2010, com a distribuição das ações de assessoria entre universidades, que avaliam
como negativa e responsável por desestruturar o percurso que então estava em
consolidação. Com a Portaria nº 798 (BRASIL, 2012), do Conselho Nacional de
Educação, foram remodelados os objetivos e forma de funcionamento do Programa
– a institucionalização tardia (STURZA, 2017).
3.2 Argentina
29
Tradução de nossa responsabilidade, deste e demais dispositivos legais abordados.
Disponível em: http://bit.ly/2KGwZri. Acesso em: 18 set. 2018.
83
31
Durante a realização do II Seminário Internacional de Estudos Linguísticos e Literários das
Amazônias, na Universidade Federal de Rondônia, em Porto Velho, de 09 a 11 de outubro de 2019,
quando já estávamos na redação da versão final desta dissertação para depósito, tivemos a
oportunidade de discutir a pesquisa com o Professor Dr. Kanavillil Rajagopalan, que muito
gentilmente indicou outra possível hipótese para nosso problema de pesquisa, não apenas a questão
cultural funcionando (PHILLIPS, 2007) para o não cumprimento dos acordos e tratados no âmbito do
Mercosul, mas a questão política atuando mais intensamente (SHOHAMY, 2006). Da leitura de
Shohamy e sua hipótese sobre a análise da legislação oficial (políticas linguísticas explícitas) não ser
suficiente para a compreensão das políticas linguísticas de determinada sociedade, considerando o
funcionamento das políticas linguísticas implícitas (currículos, exames, material didático, práticas de
sala de aula, crenças de alunos e professores relacionadas às línguas), nos parece haver
proximidade com a perspectiva glotopolítica e está relacionado com todo o escopo da abordagem
Sociolínguistica adotada nesta pesquisa, como também os apontamentos de HAMEL (1988 e outros
que o antecederam); acreditamos ter relação de complementaridade também com a hipótese de
Phillips (2007), a questão cultural afetando a decisão política dos mandatários dos países do
Mercosul.
85
32
Disponível em: http://www.dce.mre.gov.br/PEC/PG/historico.php. Acesso em: 10 out.
2019.
86
33
Disponível em: http://bit.ly/2OwFUg6. Acesso em: 01 ago. 2019.
34
Disponível em: https://ieslvf-caba.infd.edu.ar/sitio/normativa/.Acesso em: 01 ago.
2019.
35
Disponível em: https://ieslvf-caba.infd.edu.ar/sitio/historia-2/. Indica adaptação das
informações do Texto “Departamento de Portugués”, da Revista Parecidos & Diferentes, 1994,
pag. 13. Acesso em: 01 ago. 2019.
89
da língua. Algo que mudou com o empenho dos professores e apoio tanto do Brasil
como de Portugal, entre outros, para a consolidação do Profesorado. Mas o que é
considerado mais importante e que alterou as condições para o curso foi a criação
do Mercosul e o estatuto de língua oficial do Português entre as línguas do Bloco,
seu tratamento também como língua internacional, havendo maior número de alunos
interessados em estudá-la. O acervo bibliográfico em Língua Portuguesa da
Biblioteca General del Lenguas Vivas é indicado como a maior referência na Língua
Portuguesa no âmbito escolar da Argentina, ao lado da Biblioteca do Centro Instituto
Camões, também em funcionamento dentro do Instituto Lenguas Vivas.
A Escuela Normal Superior en Lenguas Vivas Sofía Esther Broquen de
Spangenberg36 é outra opção para formação de professores em Língua Portuguesa.
A instituição forma docentes de línguas estrangeiras desde 1957. Conta com os
seguintes cursos:
- Profesorado de Portugués: Resolução 83/02, outorga o título de Profesor de
Portugués; a norma que aprova o currículo é R 3643-MEGC-2014. Habilita para
ensino de Português para etapas inicial, primária e secundária, tem carga horária de
4.232 horas-aula e exige exame admissional de competência oral e escrita em
Língua Portuguesa de nível similar ao Celpe-Bras.
- Profesorado de Educación Superior en Portugués: Resolução 83/02, outorga
o título de Profesor de Educación Superior en Portugués; currículo aprovado pela
norma R 4262-MEGC-2014. Oferece as mesmas habilitações que o curso anterior,
acrescida da Educação Superior. A carga horária é de 4.480 horas e é exigido
exame de admissão similar ao Celpe-Bras que avalie os ingressantes nas quatro
habilidades linguísticas.
A instituição conta com uma revista digital voltada ao ensino da Língua
Portuguesa como Língua Estrangeira chamada LuSofia (https://www.lusofia.com/),
lançada em 2016, de responsabilidade do Reitorado e Regência de Nível Terciário.
Tem os suplementos: Institucional, Formação de professores, A língua em foco,
Ensino de PLE, Tecnologias Educacionais, História e Literatura, Estudos
Interculturais.
A Universidad de Buenos Aires conta com Licenciatura em Letras37, com
duração de cinco anos. No chamado Ciclo de Grado, entre as disciplinas
36
Disponível em: http://bit.ly/37utFth. Acesso em: 09 ago. 2019.
37
Disponível em: http://bit.ly/2snfoP5. Acesso em: 07 ago. 2019.
90
3.3 Paraguai
39
Disponível em: http://bit.ly/2Zp89SU. Acesso em 03, out. 2019.
93
período colonial na América Latina. A reparação desse dano apenas veio ao final do
século XX e mais acentuada no começo do XXI, com reconhecimento de direitos e
valorização da língua, com dimensões nacional (Paraguai e Brasil) e regional
(Mercosul), mas com poucos avanços efetivos na política e planejamento de status
demonstrados em estudos sociolinguísticos (CARVALHAL, 2016, p. 97).
No ensino superior as Línguas Estrangeiras permitem habilidades
acadêmicas e oportunidades profissionais, como cursos de pós-graduação, sempre
aspectos apontados na vantagem de aprendizado da Língua Portuguesa nos países
do Mercosul, considerando a grande oferta de cursos no Brasil. No portal da UNA,
na Faculdade de Filosofia, há opções de graduação em Letras e Línguas Inglesa,
Francesa, Guarani, Alemã e Portuguesa42.
Os cursos que oferecem Língua Portuguesa na grade regular relacionam a
língua ao ensino e aprendizagem da cultura brasileira e possibilidade de tradução
(Português/Castelhano e vice-versa). Também é destacado quanto ao aprendizado
dos idiomas nacionais paraguaios e habilidade comunicativa dessas línguas e do
Português, enfatizando se tratarem de línguas do Mercosul.
A Universidad Autónoma de Asunción (UAA)43 foi constituída como
universidade privada em 14 de novembro de 1991, mas já desde 1978 funcionava
como Escola de Negócios (Escuela Superior de Administración de Empresas –
ESAE). Apesar das relações comerciais com Brasil, todos os cursos de comércio
internacional só prevem ensino de Inglês, de forma intensificada ao longo da
carreira, no entanto, nada consta sobre o ensino de Português.
No segmento de escolas privadas de idiomas localizamos o Ilpor, Centro de
Idiomas, voltado ao ensino de Português como Língua Estrangeira, em Assunção. A
instituição informa fomentar a difusão do Português e da cultura brasileira desde o
ano de 200444, indica ser posto aplicador oficial do exame Celpe-Bras no Paraguai,
dos exames de Português Caple, da Universidade de Lisboa, Portugal, do Exame
Internacional de Português, Cilp, da Universidade de Caxias do Sul, RS. O Ilpor
conta com editora homônima para criação de materiais próprios, entre os quais são
citados os livros “Viajando ao Brasil” (vol. I e II), de autoria de Sueli de Guerrero,
diretora acadêmica da instituição. É membro da Sociedade Internacional de
42
Disponível em: http://bit.ly/2QxLS1t; http://bit.ly/2skM6AN; http://bit.ly/2PWYoZb.
Acesso em: 09 jul. 2019.
43
Disponível em: https://www.uaa.edu.py/la-universidad. Acesso em: 06 jul. 2019.
44
Disponível em: http://www.ilpor.edu.py/quienes-somos. Acesso em: 09 set. 2019.
96
Português como Língua Estrangeira – Siple; oferece cursos nos níveis básico,
intermediário, avançado e serviços de tradução na sede e nas universidades:
Nacional de Asunción; Universidad Autónoma San Sebastián; Universidad Católica;
Universidad San Carlos.
O Paraguai foi suspenso do Mercosul em virtude da destituição do Presidente
Fernando Lugo, em 22 de junho de 2012, por processo de impeachment
(MERCOSUL, 2012). Frizzera (2013) avalia que a suspensão sofrida pelo Paraguai
como membro do Bloco configurou uma sanção por uma ação interna, prevista na
legislação do país e uma decisão política, e o fim dessa suspensão teve uma
condicionante em uma ação externa: a aprovação do ingresso da Venezuela como
membro permanente do Bloco no mesmo ano, o que criou um problema normativo,
já que a entrada de novo membro só é possível com a aprovação pelo Congresso de
todos os membros efetivos, e caracterizou desrespeito à soberania do Senado do
Paraguai pelos outros membros do Mercosul.
A suspensão foi determinada até que o Paraguai realizasse novas eleições, e
encerrou em 12 de julho de 2013, em reunião dos presidentes do Bloco, com a
posse em 15 de agosto de 2013 (MERCOSUL, 2013) 45, período em que teria início a
presidência pro tempore do país no Bloco.
A decisão de suspender o Paraguai por violar a Cláusula Democrática dos
tratados do Mercosul, observam Ariza Orozco e Herrera Hernández (2018, p. 147),
se deu por obedecer menos à lei convencional do Bloco do que se tratar de uma
decisão com antecedentes políticos, no entanto com efeitos sobre a estabilidade
democrática do Paraguai. A apelação do presidente Lugo ao Tribunal Permanente
de Revisão questionou ainda o ingresso da Venezuela ao Mercosul sem obedecer
aos postulados sobre direitos humanos (JORNAL DE BRASILIA, 2012; ARIZA
OROZCO e HERRERA HERÁNDES, 2018).
3.4 Uruguai
46
Neste e nos próximos parágrafos trabalhamos com Behares (2009, p. 21-26).
98
47
Disponível em: http://www.impo.com.uy/bases/leyes/18437-2008. Acesso em 03, jun.
2019.
99
Uruguai nos séculos XVIII e XIX a partir de fontes primárias, com levantamento e
descrição de léxico compartilhado entre as Línguas Portuguesa e Espanhola na
fronteira (BERTOLOTTI e COOL, 2014, p. 60-61), o primeiro com um olhar histórico
(BERTOLOTTI e COOL, 2014, p. 64).
O portal http://www.historiadelaslenguasenuruguay.edu.uy/ é uma rica fonte
para consultas, apresenta os resultados das pesquisas desses autores, o léxico
comum Português-Espanhol, documentos históricos, artigos científicos, trabalhos de
graduação e pós-graduação.
A Colonia do Sacramento tem origem por volta de 1680, foi uma das
localidades fundadas por portugueses no Uruguai, tendo o território sido
sucessivamente palco de disputas entre Espanha e Portugal, com a ocupação
portuguesa favorecida pelo baixo número de habitantes de origem espanhola na
região, riqueza econômica na pecuária. As pessoas de origem portuguesa, mais que
o Estado, são responsáveis pela movimentação no território em direção ao sul do
Brasil, sem se importar com estabelecimento de fronteiras (BERTOLOTTI e COOL,
2014, p. 63). O que é observado também no caso das Línguas Portuguesa e
Espanhola, que convivem nos documentos públicos, administrativos e particulares,
apenas passando a ser exigida tradução do Português ao Espanhol em 1878, com a
Lei nº 1.420, artigo 44, seção dois (BERTOLOTTI e COOL, 2014, p. 64).
Algumas povoações são fundadas por proposta do Parlamento uruguaio
entre 1853 e 1862 (Cuareim, Treinta y Tres, Villa Artigas, Villa Ceballos) como
tentativa de barrar a presença brasileira, como também o Decreto-Lei Regulamento
de Instrução Pública, de 1877, baseada no direito comum à educação, buscando
generalizar a educação primária em Espanhol na fronteira com o Brasil e em todo o
país (BERTOLOTTI e COOL, 2014, p. 67).
Atualmente, programas de ensino de Língua Portuguesa estão presentes em
toda a fronteira, de Bella Unión até o Chuy, mas não em todas as escolas de
fronteira. O novo currículo do ensino de 1º grau prevê a universalização do ensino
de Português para além da fronteira e abrange todo o país; já foi implantado em
Salto e em Montevidéu. No ensino técnico-profissional, há cursos de português
voltados às áreas de Turismo, Hotelaria, Gastronomia e Administração (WEBER,
2016).
De acordo com dados da Administração Nacional de Educação Pública
(ANEP, 2008, apud BEHARES, 2009) sobre o ensino de Português no Uruguai, no
101
49
Disponível em: http://www.icub.edu.uy/cenape.php. Acesso em: 03 out. 2019.
50
Disponível em: http://bit.ly/2rxut0g. Acesso em: 08 ago. 2019.
103
56
Disponível em: http://bit.ly/2rQUUxF. Acesso em: 09 nov. 2018.
57
Disponível em: http://vocabularios.educacion.gov.ar/bdt-sem/. Acesso em: 02 nov. 2018.
106
58
Acordo disponível em: http://bit.ly/2On8H7P. Acesso em: 27 out. 2018.
59
Nández Britos e Varela (2015, p.11) defendem que outras caracterizações de Línguas
Estrangeiras para o Espanhol e o Português seriam mais apropriadas no contexto de atual revisão
das categorizações de línguas conforme funções sociais ou educativas, estatuto jurídico, situação
geopolítica, no entanto, no Documento “Espanhol e Português – vetores da integração regional”,
observam ter sido mantida a nomenclatura Línguas Estrangeiras por já constar na normativa do
Mercosul Educacional. Trata-se de levantamento feito por demanda do SEM, executado por meio do
Pasem em 2015, com o Grupo de Trabalho em Formação de Professores de Português e Espanhol,
cuja necessidade já havia sido apontada pelo GTPL/CAPL desde 2008, 2011.
107
Desde o início a questão das línguas foi incluída na agenda das instâncias do
Mercosul, fortalecida no projeto de integração cultural, direcionamento pelo qual o
Bloco de países optou, ampliando a perspectiva econômica, pois já havia a
percepção de que parte do futuro do projeto regional depende do campo da
linguagem via integração cultural e educacional. Data de 1997 a primeira reunião do
Grupo de Trabalho em Política Linguística (GTPL), do Setor Educacional do
Mercosul, dali saiu o esboço de um programa de trabalho que continua vigente
(NÁNDEZ BRITOS e VARELA, 2015, p. 12) – no portal do SEM há documentos
disponíveis de 2008 a 2015.
Problemáticas como fortalecimento de processos de alfabetização nas línguas
faladas na região, ampliação do ensino de Português e Espanhol, formação de
professores para ensino dessas línguas, sistemas regionais de certificação de
conhecimentos dos idiomas, produção e intercâmbio de materiais didáticos estão
entre os eixos que vem estruturando desde a segunda metade da década de 1990 a
atuação do SEM na área linguística (NÁNDEZ BRITOS e VARELA, 2015, p. 12-13).
No contexto do Mercosul, Arnoux (ARUGUETE e SCHIJMAN, 2012) destaca
110
Como contribuição para que seja definida uma política linguística compatível
com o objetivo de elevar o grau de reconhecimento oficial no Mercosul, o Grupo de
Trabalho em Formação de Professores de Português e Espanhol do SEM propõe:
vistas ao plurilinguismo, com clareza e força no âmbito da língua, que vai chegar aos
relatos apresentados por Argentina e Venezuela na VI Reunião do Comitê Assessor
em Políticas Linguísticas (Caracas, Venezuela, 2013, a primeira por
videoconferência).
Na VIII Reunião do GTPL (MERCOSUR/RME/CCR/GTPL/ACTA Nº 01/09),
realizada em 26 e 27 de março de 2009, em Assunção, Paraguai, foi proposta
contratação de consultoria internacional para pesquisa sobre ensino e uso das
línguas na região do Mercosul e elaborado termo de referência do projeto. Não
constam documentos sobre a IX Reunião.
Em 06 e 07 de setembro de 2010 houve a X Reunião do GTPL
(MERCOSUR/RME/CCR/GT POLÍTICAS LINGÜÍSTICAS Nº 01/10), em Salvador,
Bahia, que tratou da identidade e função do GTPL, destacadas três delas:
prospectiva, orientadora, articuladora, a partir daí definida a identidade do grupo.
Quanto ao funcionamento, o autodiagnóstico de falhas na comunicação com outros
grupos do SEM e a necessidade de uma dinâmica de continuidade entre as reuniões
(coordenação dos representantes do país que exerce a presidência pro tempore,
agendamento com pauta previa, reuniões semestrais – em algumas reuniões
discute-se o acúmulo de atividades entre os representantes, nenhum com dedicação
exclusiva ao Grupo). Foram revistas as metas do Plano 2006-2010 e elaborado
esboço do Plano de trabalho para 2011-2015, que teve como temas centrais a
atenção à diversidade linguística e cultural e o ensino das línguas oficiais do
Mercosul. A prioridade passou a ser atender aos objetivos gerais do SEM e a
reinterpretação dos objetivos 1 e 2 de valorização da diversidade na identidade
regional. Nesse momento tanto a legislação brasileira como argentina já estavam
vigentes para o ensino de Espanhol e Português como Língua Estrangeira pelos
dois países.
A XI Reunião do Grupo de Trabalho de Políticas Linguísticas foi realizada em
Assunção, de 05 a 07 abril de 2011 (MERCOSUR/RME/CCR/GT POLÍTICAS
LINGÜÍSTICAS/ACTA Nº 01/2011). Destaque para o tema promoção do ensino das
línguas oficiais dos países do Mercosul, que deveria contar com recursos destinados
a uma campanha para promover o ensino das línguas oficiais dos países do Bloco.
Nesse momento o GTPL, atento às necessidades de outros GTs, começou a
delinear possíveis eixos e questões relacionadas às condições que afetam o ensino
de idiomas na região. Foi decidido priorizar a análise de situações que afetassem as
118
62
“Pesquisa coleta dados para o Inventário Nacional de Libras”. Disponível em: http://bit.ly/38nYNLs.
Acesso em: 08 jan. 2019.
127
aprendizado pelos surdos. Jacó Cruz (2019), intérprete do curso de Letras Libras na
Universidade Federal de Rondônia, sob orientação do Professor João Carlos
Gomes, desenvolve uma etnografia de si mesmo numa perspectiva pós-crítica em
sua dissertação no Mestrado em Letras na instituição, analisando como se constitui
a cultura e identidade de tradutores e intérpretes educacionais. Seu contato inicial na
pós-graduação foi acompanhando a professora do Departamento de Libras, Indira
Simionatto Stedile Assis Moura, que ingressou no Mestrado em 2015, sendo a
primeira surda Mestre pelo Programa no Estado de Rondônia, em 2018 (Cruz, 2019,
p. 27). Cruz reconhece que não se trata meramente de trabalho linguístico, sendo
necessária formação pedagógica que permita ao profissional considerar a esfera
cultural e social nos processos de ensino e aprendizagem, permitindo transposição
didática dos conteúdos ministrados para as línguas de sinais (CRUZ, 2019, p.25-26),
sendo imperativas novas técnicas e estratégias para melhorar o desempenho do
Tradutor e Intérprete educacional no contexto da educação superior (CRUZ, 2019, p.
135)63.
A formação em Letras – Libras e Letras – Português/Libras foi prevista no Art.
4º do Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. A Licenciatura Letras – Libras
da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) foi aprovada pela Resolução nº
022/CONSUL, de 16 de dezembro de 2014 64. O Departamento de Letras – Libras foi
criado pela Resolução 150/CONSAD, de 04 de maio de 2016, do Conselho Superior
de Administração65, vinculado ao Núcleo de Ciências Humanas.
Voltando ao olhar macrorregional, no espaço do Mercosul, como resultado de
políticas linguísticas, o Guarani, língua com domínio na bacia do Rio da Prata, se
tornou cooficial no Paraguai em 1992, com a nova Constituição, e no Mercosul,
desde 2006. Nos países andinos o Quéchua e o Aimará vem ganhando espaço na
legislação, sendo línguas oficiais na Bolívia e Peru.
Em relação à composição dos conteúdos curriculares na Argentina, a Lei de
Educação Nacional, nº 26.206, de 2006 (Art. 54) prevê conteúdos curriculares
63
Martins (2019), também intérprete na graduação, levanta uma discussão sobre a cultura
jurídica surda e a política da Libras na formação da Cidadania Surda, em dissertação defendida no
Programa de Pós-Graduação Mestrado em Letras na Unir, sob orientação do Professor Júlio César
Barreto Rocha.
64
Documentos disponíveis em: http://bit.ly/2Myjgni. Acesso em: 08 ago. 2019.
65
Documentos disponíveis em: http://bit.ly/2Myjgni. Acesso em: 08 ago. 2019.
128
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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en la Argentina. Manual para docentes. Proyecto UBACyT 2011-2017. “El derecho
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Antropologia do Direito. Universidade de São Paulo. Disponível em:
http://nadir.fflch.usp.br/GT14-IVENADIR. Acesso em 01 set. 2019.
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diversity of theoretical perspectives in language policy research. Revista
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Acesso em 28, jun. 2019.
153
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Referências audiovisuais
[10º CBLA] DEBATE: Políticas linguísticas, suas faces e interfaces. Mesa Redonda
com Gilvan Muller de Oliveira, Margarida Salomão, mediação de Kanavilil
Rajagopalan. Publicado por XCBLA Videos, 2013, 1 hora 26 min, son., color. 10º
155
ENTREVISTA a Elvira Arnoux. Publicado por Bibliotecas para armar. [s.l] 2017, 49
min, son., color. Entrevista a Elvira Narvaja de Arnoux para AGlo (Anuario de
Glotopolítca), realizada por Daniela Lauria, Diego Bentivegna y Mateo Niro.
Disponível em: http://bit.ly/2YzprMZ. Acesso em: 30 jun. 2019.
Referências jornalísticas
GALLO NETO, Carmo. Um novo lugar para o português? Estudo analisa ações
que fomentam a difusão internacional da língua. [entrevista com Leandro Diniz]
156
REVISTA FORUM. Senador paraguaio que pediu morte de 100 mil brasileiros
tem mandato cassado. Publicado em 28 de novembro de 2019. Disponível em:
http://bit.ly/2DYFqKP. Acesso em: 30 nov. 2029.
157
Anexos
158
atualizada. Panamá
Centro Cultural 1983 Promoção da cultura brasileira e Língua Paramaribo,
Brasil-Suriname Portuguesa, estreitamento de relações Suriname
bilaterais Brasil-Suriname. Página na internet
atualizada.
Centro Cultural 2008 Língua Portuguesa e cultura, artes, eventos. Porto
Brasil-Haiti Página na internet atualizada. Príncipe,
Haiti
Centro Cultural 2008 Língua Portuguesa, artes, informática, Praia, Cabo
Brasil-Cabo culinária, Página na internet em Verde
Verde desenvolvimento.
Centro Cultural 2008 Difusão Língua Portuguesa brasileira, Pretória,
Brasil-África do literatura brasileira. Criado pelo elevado África do Sul
Sul interesse da África do Sul pelo Brasil.
Cursos, eventos. Página na internet
atualizada.
Centro Cultural 1977 Promoção e divulgação da língua, literatura Roma, Itália
Brasil-Itália e cultura brasileira. Página na internet
atualizada.
Centro Cultural 2009 Artes, aulas de português, samba, capoeira. São
Brasil-República Ensino de Língua Portuguesa e difusão da Domingos,
Dominicana cultura brasileira. Página na internet República
atualizada em 2016. Dominicana
Centro Cultural 1960 Difusão Língua Portuguesa brasileira, Santiago,
Brasil-Chile promoção da cultura brasileira, estreitamento Chile
de laços de cooperação e amizade. Até 1978
era Centro de Cultura Brasileira, depois
Centro de Estudos Brasileiros e, como os
demais, em 2008 passaram a Centro
Cultural Brasil-(país). Página na internet
atualizada.
Centro Cultural 1986 Ensino de Língua Portuguesa e divulgação São
Brasil-El da cultura brasileira; cursos, Celpe-Bras, Salvador, El
Salvador notas de alunos. Página na internet Salvador
atualizada.
Centro Cultural 2008 Ensino de Língua Portuguesa e difusão da São Tomé,
Brasil-São Tomé literatura brasileira, espetáculos, edição de São Tomé e
e Príncipe livros, promoção da cultura saotomense – Príncipe
“um dos principais instrumentos da política
brasileira de cultura na ilha”. Página na
internet atualizada.
Centro Cultural 2013 Objetivo: estreitar laços culturais entre os Telaviv,
Brasileiro em dois países, disseminar Língua Portuguesa e Israel
Israel cultura brasileiras.
Fonte: Quadro criado pela autora com dados da página da Rede Brasil Cultural, no site do
Ministério das Relações Exteriores67.
67
Vale destacar a grande quantidade de páginas na rede social Facebook, em detrimento de
sites institucionais, migração que vem ocorrendo há quase uma década.
161
Fonte: Quadro criado pela autora com dados disponíveis no menu leitorado no site da Rede
Brasil Cultural, do Ministério das Relações Exteriores (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES,
2018).
162
Fonte: Desenvolvido pela autora a partir do Atlas of the World's Languages in Danger
(UNESCO, 2017)
164
Total 210
Fonte: Desenvolvido pela autora a partir do Atlas of the World's Languages in Danger
(UNESCO, 2017)
166
68
Disponível em: http://bit.ly/2On8H7P. Acesso em: 27 out. 2018
69
O organograma completo do Mercosul pode ser consultado em:
https://www.mercosur.int/institucional/organigrama-mercosur/. Acesso em: 09 nov. 2018.