Apostila Interpretação
Apostila Interpretação
Apostila Interpretação
FACULDADE CESUSC
CURSO DE DIREITO
APOSTILA UNIDADE 1
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Florianópolis,
2016
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RESUMO: Este artigo aborda a importância da petição inicial, sob o prisma das técnicas de
Direito e da Língua Portuguesa. A petição inicial, como peça de intróito do processo civil,
deve ser esmerada e bem trabalhada, a fim de ser bem trazida a lide ao Poder Judiciário.
Ausência de adequação técnica ou linguística pode levar o advogado ao insucesso da causa.
Neste artigo, de forma clara e objetiva, são trazidas as consequências de um texto mal
elaborado, bem como as vantagens da boa escrita e esmero na técnica jurídica. Além de
esclarecer sobre a importância de se fazer uma boa redação, o texto tem o intuito de
demonstrar, mesmo que celeremente, os requisitos da petição inicial.
PALAVRAS-CHAVE: Petição inicial. Inépcia. Emenda. Técnicas de Direito. Língua
Portuguesa.
1 Introdução
Assim como as crianças fazem redações sobre suas férias escolares e coisas afins, o
operador do Direito faz redações sobre a vida das pessoas que lhe confiaram seus destinos.
A diferença está no fato de as redações escolares serem desprovidas de qualquer cunho
profissional, responsável ou sisudo. Todavia, todas (redações escolares e redações do Direito)
são a materialização do arcabouço linguístico que a pessoa detém, o palpitar de ideias, a
expressão do ponto de vista, a coesão do raciocínio lógico.
As redações jurídicas são das mais variadas espécies: petições, sentenças, pareceres,
denúncias, queixas, votos e mais um sem-número de documentos que, em sua essência,
trazem o perfil de seu redator.
Este texto tem o intuito de discutir a redação jurídica denominada petição inicial,
utilizada no processo civil. Tal discussão será voltada para a importância de se confeccionar
uma boa peça vestibular, bem como as consequências drásticas que podem vir se o contrário
acontecer.
2 Desenvolvimento
Petição inicial é o texto que dá início ao processo civil, solicitando do Poder Judiciário
a solução de um conflito estabelecido entre as partes.
Para se entender a petição inicial, é necessário lembrar que a jurisdição, que é a atividade do
Poder Judiciário, é inerte, não sendo os processos instaurados de ofício, pelo próprio juiz.
Portanto, sem petição inicial, não se inicia um processo civil.
A petição inicial recebe muitos codinomes nas lides forenses, valendo ressaltar
“exordial”, “vestibular”, “atrial”, “proemial”, dentre outros tantos que a imaginação dos
autores possa permitir.
A importância da petição inicial está no fato de que, através dela, o Poder Judiciário é
introduzido às peculiaridades da lide. Ademais, com a exordial, aquele que deseja ver seu
conflito solucionado faz os argumentos necessários ao seu ganho de causa.
A redação de uma petição inicial não é de todo livre, mas, também, não é totalmente
restrita aos ditames legais. Cabe a cada advogado, ao elaborar sua peça, dar-lhe o seu
acabamento. Cabe aqui, lembrar que, pelas petições, um advogado pode mostrar-se zeloso,
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Deve-se observar que, caso haja algum erro na confecção da peça proemial, pode-se
ter seu indeferimento, de imediato, com extinção do processo – que nem bem tinha iniciado -,
ou a determinação de conserto do vício em 10 dias. O indeferimento ocorrerá nos casos do
artigo 295 do CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, valendo ressaltar, dentre as demais causas
ali expressas, a inépcia da petição inicial.
Pensam de forma equivocada aqueles que acham que petição inepta é aquela que não
possui os sete requisitos do artigo 282. Na verdade, segundo o CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL, em seu artigo 295, uma petição é inepta quando lhe faltar pedido ou causa de pedir;
contiver pedidos incompatíveis entre si; contiver pedido juridicamente impossível ou da
narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão.
3 Conclusão
Desta forma, realizando um correto estudo do caso, embasando-se em doutrina e
jurisprudências sólidas e formando um raciocínio correto, não se corre o risco de ter uma
petição inicial indeferida, nem mesmo necessidade de sanar vícios antes da citação do Réu.
A petição inicial, vale dizer, é a peça que traz ao juiz os problemas de pessoas que
confiaram suas vidas (pessoais, financeiras, negociais etc) ao advogado. Dessarte, deve se ter
o maior zelo possível ao confeccionar a redação que será imprescindível no destino daquele
que o confiou ao advogado.
2. TIPOS DE TEXTOS
Texto é um tecido verbal cujas ideias devem estar entrelaçadas para formar um todo. É
uma unidade de significação cuja referência foi tematizada. Um texto exige, para sua
constituição, uma informação nova, pois a curiosidade do leitor só se satisfaz com a
informação nova. Se não há nada de novo para dizer, falta a matéria-prima do texto.
Texto é, então, a atividade comunicativa entre emissor e receptor, em diálogo íntimo,
repleto de emoções ou de reflexões, levando o pensamento humano a infinitas direções.
A noção de texto pode ser aplicada tanto para as manifestações orais como para as
escritas. Falamos ou escrevemos porque desejamos elaborar uma rede de significados com
vistas a informar, explicar, discordar, convencer, aconselhar, ordenar.
O termo texto é proveniente de textus-us, vinculado ao verbo latino texere, com o
sentido de tecer, enlaçar, entrelaçar, lembrando, por isso, o trabalho do tecelão em urdir os
fios para obter uma obra-prima harmônica. Assim também o autor de um texto tece as ideias,
enlaça as palavras e vai construindo com habilidade um enunciado (oral ou escrito) capaz de
transmitir uma mensagem, por constituir um todo significativo com intenção comunicativa,
colocando o emissor em contato com o receptor.
Para tanto, produzir um texto requer o conhecimento do código, para a combinação
satisfatória de signos de um sistema linguístico, a que se denomina competência, que irá
permitir o desempenho da atividade linguística. Além disso, a existência do texto está
condicionada a mecanismos de organização calcados em acertos quanto à adequação aos
destinatários. Quando falamos ou escrevemos estamos querendo comunicar intenções,
buscamos ser entendidos, desejamos estabelecer contratos verbais com nossos ouvintes ou
leitores. Daí pode-se afirmar que texto não é uma sucessão desconexa de frases ou
palavras enunciadas aleatoriamente.
É importante lembrar que nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da
individualidade de quem o produziu. De uma forma ou de outra, constrói-se um texto para,
através dele, marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está
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sendo travado na sociedade. Até mesmo uma simples notícia jornalística, sob aparência de
neutralidade, tem sempre alguma intenção por trás.
Já o contexto é entendido como todas as informações que acompanham o texto,
colaborando para sua compreensão: elementos verbais, paralinguísticos (ritmo, entonação, por
exemplo) e não-verbais (leituras comportamentais da mensagem) se entrelaçam para a
transmissão da mensagem.
Pode-se dizer, então, que a produção e recepção do texto se condicionam à situação ou
ambiência, vale esclarecer, ao conhecimento circunstancial ou ambiental que motivam os
signos e a ambiência em que se inserem, gerando um texto cuja coerência e unidade são
suscitados diretamente pelo referente.
Isso nos leva à conclusão de que, para entender qualquer passagem de um texto, é
necessário confrontá-la com as demais partes que o compõem sob pena de dar-lhe um
significado oposto ao que ela de fato tem. Em outros termos, é necessário considerar que, para
fazer uma boa leitura, deve-se sempre levar em conta o contexto em que está inserida a
passagem a ser lida.
2.1 A DESCRIÇÃO
A descrição é a reprodução de uma realidade – é a representação verbal de um aspecto
ou sequência de aspectos. Na descrição, o emissor provoca na mente do receptor uma
impressão sensível, procura fazer com que o leitor “veja” um objeto material.
Do conceito, apreende-se o objetivo da descrição: compor um “retrato” de uma ideia,
fazendo a representação simbólica da imagem por meio de palavras: seja a pessoa (vista em
seu exterior ou perscrutada no campo psicológico), seja o ambiente (físico ou emotivo), seja a
natureza (estética ou espiritual), o redator vai dando à linguagem impressões que permitam ao
receptor “ver” o que está sendo descrito.
A descrição é utilizada nos dicionários, permitindo que o leitor represente o objeto em
sua mente. A diferença entre esse tipo descritivo e o literário é que neste o emissor pode dar
ao objeto as suas impressões subjetivas (ou retratá-lo objetivamente), enquanto o tipo técnico
utiliza a linguagem denotativa, dando ao objeto ou ideia uma representação coletiva e
impessoal.
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2.2 A NARRAÇÃO:
Toda narração é a exposição de fatos (reais ou fictícios) que se passam em
determinado lugar e com certa duração, em atmosfera carregada de elementos circunstanciais.
Com isso, são elementos estruturais da narrativa:
• o quê: o fato que se pretende contar;
• quem: as partes envolvidas;
• como: o modo como o fato aconteceu;
• quando: a época, o momento, o tempo do fato;
• onde: o registro espacial do fato;
• porquê: a causa ou motivo do fato;
• por isso: resultado ou consequência do fato.
De acordo com a narrativa, podem estar presentes todos ou alguns desses elementos,
mas sempre há a necessidade de permitir ao leitor ter um registro da cena.
A característica básica da narrativa real é o verbo no perfeito do indicativo, que indica
ter ocorrido e consumado o fato narrado (estudei, sorri, peguei, fiz...). Também é
imprescindível o clímax, o momento de ápice da exposição do fato, que irá desembocar no
desfecho / solução. Vale destacar a importância da unidade, porque todos os fatos narrados
devem inter-relacionar-se em íntima conexão, sendo a disposição dos elementos responsável
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pela coerência textual. As frases podem ser curtas ou de extensão média, não sendo
adequados os períodos muito longos porque dariam ritmo lento e monótono à narrativa.
Veja um exemplo:
“Duas da madrugada. Às sete, devia estar no aeroporto. Foi quando me lembrei de
que, na pressa daquela manhã, ao sair do hotel, deixei no banheiro o meu creme dental.
Examinei a rua. Nenhuma farmácia aberta. Dei meia volta, rumei por uma avenida qualquer, o
passo mole e sem pressa, no silêncio da noite. Alguma haveria de plantão... Rua deserta. Dois
ou três quarteirões mais além, um guarda. Ele me daria indicação. Deu. Farmácia Metrópole,
em rua cujo nome não guardei.
- O senhor vai por aqui, quebra ali, segue em frente.
Dez ou doze quarteirões. A noite era minha. Lá fui. Pouco além, dois tipos
cambaleavam. Palavras vazias no espaço cansado. Atravessei, cauteloso, para a calçada
fronteira. E já tinha me esquecido dos companheiros eventuais da noite sem importância,
quando estremeci ao perceber, pelas pisadinhas leves, um cachorro atrás de mim. Tenho velho
horror a cães desconhecidos. Quase igual pelos cães conhecidos, ou de conhecidos, cuja
lambida fria, na intimidade que lhes tenho sido obrigado a conceder, tantas vezes, me provoca
incontrolável repugnância.” (Lessa, 1960)
O fragmento narrativo revela o tom irônico do jornalista que narra instantâneos de sua
própria vida, em ritmo dinâmico, com frases incisivas. Verifica-se que o exemplo terminou no
momento em que se iniciava a trama da narrativa.
IMPORTANTE: Toda narrativa tem uma ação, um acontecimento a ser contado, real ou
fictício, sendo a realidade marcada principalmente pelos verbos no pretérito perfeito. O
tempo imperfeito indica a continuidade da ação ou o imaginário. Pode haver, ainda, ação no
presente, trazendo para o agora as sensações de fatos passados. As circunstâncias de tempo e
de espaço fazem-se necessárias e acompanham a narrativa da ação rumo ao clímax que irá
estabelecer o ápice da tensão da trama a ser desenvolvida no desfecho.
2.3 A DISSERTAÇÃO
A dissertação é o gênero mais complexo: exige do redator um posicionamento diante
de determinado assunto, quer expressando sua opinião, quer postulando uma tese. Para isso,
precisa desenvolver um raciocínio lógico bem estruturado, aduzindo razões, exemplos,
definições e contrastes, relacionando-os com a ideia central.
Com isso, não é possível dissertar sobre determinado assunto, sem conhecimento deste
e sem uma tomada de posição, já que a dissertação é a exposição de um tema apoiada em
argumentos. Em razão disso, mais do que em qualquer outro texto, o texto dissertativo
desenvolve a capacidade crítico-reflexiva, pela qual o redator explana com logicidade sua
ideia.
Os verbos assumem papel destacado na dissertação, devendo o redator evitar formas
como “podemos dizer, penso, pode ser, acho, acredito que” entre outras. Ao contrário disso,
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deve dar preferência a verbos de valor semântico preciso, representando de maneira clara a
ideia.
Veja os exemplos:
a) Penso que o descaso com o bem público é prejudicial à comunidade.
b) O descaso com o bem público resulta graves prejuízos à comunidade.
Pode-se perceber que o verbo RESULTAR estabelece uma relação causa/efeito,
dando ênfase ao aspecto resultativo.
É bom lembrar que a estrutura dissertativa já exige a exposição de um ponto de vista.
Portanto, é dispensável utilizar expressões que esclarecem ser a opinião do redator.
Por derradeiro, lembre-se de que a dissertação deverá defender uma opinião, um ponto
de vista ou uma tese; há, assim, uma ideia principal a que se subordinam os argumentos
secundários, estes utilizados com o fito de realçar a ideia-chave. Há, por isso, predominância
de períodos subordinados
A dissertação pode ser:
• expositiva: é a discussão de uma ideia, de um assunto ou doutrina. A intenção do
redator é expor um assunto, comentando-o.
• argumentativa: é aquela em que o redator se mune das técnicas de persuasão com o
objetivo de convencer o leitor a partilhar de sua opinião ou mudar de ponto de vista.
A dissertação possui três partes bem definidas:
• exórdio: parte introdutória, estabelece a ideia geral e motiva o destinatário;
• desenvolvimento: compreende a explanação das ideias e as provas de sua veracidade;
• peroração: é o fecho, a conclusão.
EXERCÍCIOS
R:
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b) Foi o excesso de velocidade, em uma pista molhada, que motivou o acidente. O Passat
tinha os pneus carecas e foi o responsável pela colisão. Não se pode culpar o motorista do
ônibus por imperícia, já que ele não tinha visão ampla da curva. As marcas de pneu no asfalto
provam a tentativa de frenagem. Ao motorista do Passat, portanto, cabe a responsabilidade
pelo ressarcimento dos danos materiais e dos custos do atendimento médico ao passageiro.
R:
_________________________________________________________________________
c) O Passat está colidido do lado do passageiro, com um ônibus da linha 268. O passageiro do
carro, com um braço quebrado, aguarda socorro, sentado na pista, apoiando as costas no
veículo. Dois policiais interrogam os motoristas, lavrando um boletim de ocorrência.
R:
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Narrativo: __________________________________________________________________
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Dissertativo: ________________________________________________________________
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Antonio Silva, brasileiro, solteiro, capaz, inscrito no CPF/MF sob o nº 001.002.003-04, CTPS
série A, nº 0001, residente e domiciliado na Rua Sampaio Moreira, nº 10, Bairro Aclamação,
Salvador – BA, filho de Maria Silva, inscrito no PIS sob o nº 122.002.0076, por seus
procuradores adiante firmados, advogados com escritório profissional na Rua das Nações, nº
13, Salvador-BA, onde recebem intimações e notificações, conforme instrumento de mandato
anexo (doc. 01), vem, perante Vossa Excelência, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
em face de Segura Transporte de Valores Ltda., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ/MF sob o nº 0001.0002/0001-50, estabelecida na Av. Mário Gomes, 28, Bairro da
Pituba, Salvador-BA. Código de atividade 10, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
1. REQUERIMENTOS PRELIMINARES
1.2. É legitima a interposição da presente demanda, por força do parágrafo 3º do art. 625 da
lei 9958/00, em virtude do fato de que, até a presente data, não foi instituída Comissão de
Conciliação Prévia, seja no âmbito da Reclamada ou do Sindicato da Categoria Profissional
do Reclamante, motivo pelo qual deixou-se de observar o comando insculpido no artigo 625 –
D da CLT, Lei 9958/00.
1.3. Por outro lado, a exigência de comparecimento perante a comissão de conciliação prévia
como pressuposto para admissibilidade da reclamação trabalhista, ofende direta e literalmente
o disposto no art. 5º, Inc. XXXV da Constituição Federal, conforme entendimento adotado
pelo STF nas ADINs 2.139 e 2.160, desta forma, a submissão da demanda à comissão de
conciliação prévia, atualmente, é apenas uma faculdade da parte e não mais um pressuposto
processual de admissibilidade da demanda.
DOS FATOS
O Reclamante foi admitido, com o competente registro na CTPS, em 05/01/2009, para exercer
a função de Vigilante de Carro Forte, percebendo como último e maior salário mensal, a
quantia de R$ 600,00 (seiscentos Reais). Tendo sido despedido imotivadamente e sem pré-
aviso em 06/05/2009, sem pagamento das verbas rescisórias a que faz jus, inobservando-se,
destarte, o prazo estabelecido no § 6º do art. 477 da CLT, pelo que torna-se devida a multa
prevista no § 8º do mesmo artigo consolidado.
O Reclamante foi dispensado de forma injusta, desleal e arbitraria, sob a alegação de JUSTA
CAUSA pelo fato de ter se envolvido em acidente de trabalho, ocorrido em 23/03/2009 às
12h30, quando ao se abaixar para apanhar o seu almoço que estava no interior do carro forte,
a arma que portava caiu do coldre e disparou, ferindo-o levemente na perna direita, conforme
relatório médico e boletim de ocorrência policial anexos (docs. 02 e 03).
Evidentemente, a atitude da reclamada deve ser repreendida por esta Justiça Especializada,
tendo em vista não ser concebível que o empregado que sofre acidente do trabalho, seja
dispensado sob a infundada alegação de justa causa, após a alta médica, ainda mais, quando a
alegação da dispensa motivada toma como parâmetro o acidente que o vitimou.
Pode-se imaginar a dor e amargura de um pai de família como o vindicante, que ao retornar
ao emprego após ter sido vítima de acidente do trabalho é dispensado de forma abrupta e sem
direito às verbas rescisórias e saque do FGTS com 40%, dentre outras verbas. Sendo certo que
a dispensa sob a alegação de justa causa, tem causado profundo abalo psíquico ao vindicante,
uma vez que além de não receber o que lhe é devido ainda passou a ser motivo de chacota
entre os ex-colegas de trabalho.
Vale enfatizar, que o fato de ser dispensado sem pagamento das verbas rescisórias, tem feito
com que o vidicante e sua família estejam a passar necessidades alimentares, bem assim,
todas as contas estão atrasadas, a exemplo de energia elétrica (a qual está na iminência de
sofrer interrupção no fornecimento), aluguel, escola do seu filho menor, tudo conforme
atestam os documento anexos.
sofre acidente do trabalho, a permanência no emprego pelo prazo mínimo de doze meses,
após a cessação do auxílio-doença acidentário. Assim, a dispensa foi arbitrária e deverá ser o
vindicante reintegrado ao emprego, sob pena de pagamento de todos os direitos trabalhistas
referente ao período estabilitário.
Vale salientar, que as jornadas de trabalho constantes nos cartões de ponto não correspondem
à realidade, uma vez que a Reclamada só permitia as marcações e registros das horas normais,
sem a inclusão das horas extras.
3. DOS PEDIDOS
3.1.1. Salários vencidos a partir da data da dispensa – 06/05/09 e vincendos até a efetiva
reintegração, com a repercussão das horas extras habitualmente prestadas;
3.1.2 pagamento da verba referente às horas extras não pagas, com acréscimo de 50%, sua
integração ao salário e reflexo nas parcelas de: férias com 1/3, 13º salário, repouso semanal
remunerado e depósitos fundiários, com o consequente pagamento das diferenças que daí se
originam;
4. Não sendo possível, ou não querendo atender aos pedidos constantes dos itens 3.1 a 3.1.2
requer, alternativamente, a anulação da dispensa motivada, e que a Reclamada seja condenada
a pagar ao Reclamante os seguintes títulos, com juros e correção monetária:
4.1 - Indenize ao reclamante os 12 (doze) meses referentes à estabilidade, devidamente
acrescidos de férias com 50%, 13º salário, RSR, FGTS, multa de 40 % sobre o FGTS, média
de horas extras e RSR, contados a partir da data da dispensa;
4.2 - Aviso prévio com integração ao tempo de serviço;
4.3 – 13º salário proporcional;
4.4 - Férias proporcionais, acrescidas do terço constitucional;
4.5 – Liberação do FGTS com multa de 40%,ou indenização equivalente;
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4.6- Horas extras, com o adicional de 50%, sua integração ao salário e reflexo nas parcelas de:
aviso-prévio, férias com 1/3, 13º salário, repouso semanal remunerado e FGTS com 40%,
com o consequente pagamento das diferenças que daí se originam;
4.7- Multa de uma remuneração face ao atraso e não pagamento das verbas rescisórias, nos
termos do § 8º do art. 477 da CLT;
4.8 - Indenização por danos morais a ser arbitrada por Vossa Excelência em quantia não
inferior a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais);
4.9- Pagamento das verbas rescisórias incontroversas, na primeira audiência, sob pena de
pagá-las acrescidas de 50%, conforme determina o artigo 467 da CLT;
4.10- Honorários Advocatícios de 20% sobre o valor da condenação;
4.11- Requer, ainda, que seja determinada expedição de oficio ao INSS e a DRT, para
apuração das infrações cometidas pela Reclamada, de ordem fiscal.
Termos em que,
Pede Deferimento.
________________________
OAB/BA .....................
3 O PROCESSO DE LEITURA
Muitas pessoas dizem ter dificuldade de apreensão daquilo que leem, e tal fato se
deve principalmente à velocidade da leitura que imprimem ao texto que têm diante de si.
Às vezes, retornam seguidamente ao parágrafo ou ideia precedente, o que prejudica a
compreensão e amplia o dispêndio de tempo. Assim sendo, o primeiro obstáculo a vencer
é superar a lentidão na leitura, fazer uma leitura desobstruída.
Outro extremo é a leitura superficial, ultrarrápida. Evidentemente, a velocidade
de leitura depende de cada um, bem como do gênero de texto que se está lendo.
A leitura eficaz diz respeito à qualidade, enquanto a leitura eficiente se relaciona com
a quantidade. Pela primeira se almeja a exaustividade; pela segunda se busca alcançar maior
velocidade.
A leitura deve ser feita levando em consideração os seguintes passos:
• visão geral;
• questionamento despertado pelo texto;
• estudo do vocabulário;
• linguagem não-verbal;
• essência do texto;
• síntese do texto;
• avaliação.
EXEMPLO
O programa nacional de desenvolvimento dos recursos hídricos, o PRÓÁGUA Nacional, é
um programa do Governo Brasileiro financiado pelo Banco Mundial. O programa originou-se
da exitosa experiência do PRÓÁGUA/Semiárido e mantém sua missão estruturante, com
ênfase no fortalecimento institucional de todos os atores envolvidos com a gestão dos
recursos hídricos no Brasil e na implantação das infraestruturas hídricas viáveis do ponto de
vista técnico, financeiro, econômico, ambiental e social, promovendo, assim, o uso racional
dos recursos hídricos.
4 AS INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS
Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso contrário, ele pode
passar por cima de significados importantes e decisivos ou – o que é pior – pode concordar
com coisas que rejeitaria se as percebesse. Portanto, um dos aspectos mais intrigantes da
leitura de um texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo:
além das informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou
pressupostas. Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos
quanto os implícitos.
Ao ligar essas duas informações com um “mas” comunica também de modo implícito
sua crítica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa a transmitir a ideia de que nas
faculdades não se aprende nada.
Não é preciso dizer que alguns tipos de texto exploram, com malícia e com intenções
falaciosas, esses aspectos subentendidos e pressupostos.
O que são pressupostos? São aquelas ideias não expressas de maneira explícita, mas
que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou expressões contidas na frase.
Assim, quando se diz “O tempo continua chuvoso”, comunica-se de maneira explícita
que no momento da fala o tempo é de chuva, mas, ao mesmo tempo, o verbo “continuar”
deixa perceber a informação implícita de que antes o tempo já estava chuvoso.
Na frase “Pedro deixou de fumar” diz-se explicitamente que, no momento da fala,
Pedro não fuma. O verbo “deixar”, todavia, transmite a informação implícita de que Pedro
fumava antes.
A informação explícita pode ser questionada pelo ouvinte, que pode ou não concordar
com ela. Os pressupostos, no entanto, têm que ser verdadeiros ou pelo menos admitidos como
verdadeiros, porque é a partir deles que se constroem as informações explícitas. Se o
pressuposto é falso, a informação não tem cabimento. No exemplo acima, se Pedro não
fumava antes, não tem cabimento afirmar que ele deixou de fumar.
Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante detectar os pressupostos,
pois seu uso é um dos recursos argumentativos utilizados com vistas a levar o ouvinte ou o
leitor a aceitar o que está sendo comunicado. Ao introduzir uma ideia sob a forma de
pressuposto, o falante transforma o ouvinte em cúmplice, uma vez que essa ideia não é posta
em discussão e todos os argumentos subsequentes só contribuem para confirmá-la.
Por isso, pode-se dizer que o pressuposto aprisiona o ouvinte ao sistema de
pensamento montado pelo falante.
A demonstração disso pode ser encontrada em muitas dessas “verdades”
incontestáveis postas como base de muitas alegações do discurso político.
algum. Pode-se contornar esse problema tornando os pressupostos afirmações explícitas, que
então podem ser discutidas.
Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de vários indicadores linguísticos,
como, por exemplo:
a) certos advérbios
Os resultados da pesquisa ainda não chegaram até nós.
Pressuposto: Os resultados já deviam ter chegado. ou Os resultados vão chegar mais tarde.
b) certos verbos
O caso do contrabando tornou-se público.
Pressuposto: O caso não era público antes.
c) as orações adjetivas
Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não pensam no povo.
Pressuposto: Todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais.
d) os adjetivos
Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil.
Pressuposto: Existem partidos radicais no Brasil.
RESUMINDO: pressupostos são ideias não expressas de maneira explícita, mas que o leitor
pode perceber a partir de certas palavras ou expressões contidas na frase. Assim, se o texto
informa que “semana que vem ainda não teremos motivos de alegria”, a expressão AINDA
indica que o atual momento é de tristeza, de adversidades. Se nos dizem que continuará
fazendo calor amanhã, o verbo continuar é um pressuposto de que a temperatura anda
elevada.
EXERCÍCIOS
Veja os textos abaixo e procure informações implícitas.
No tema prevenção, a situação também é preocupante: 96,4% dos pesquisados sabem que o
uso do preservativo evita a transmissão da doença, mas, mesmo assim, 47% responderam que
nunca usaram preservativo; 18% disseram que usam camisinha às vezes; e 19% afirmaram
usá-la sempre.
Mc Donald’s decide se pintar de verde
A rede de lanchonetes Mc Donald’s trocou o tradicional vermelho de seu logotipo por um
verde escuro para buscar imagem mais “ambientalmente amigável”, na Europa. A mudança
começa na Alemanha, onde cerca de 100 lanchonetes farão a mudança até o final do ano, de
acordo com a companhia. Hoger Beek, vice-presidente do conselho de administração da
companhia na Alemanha, diz que o objetivo da mudança é deixar clara a responsabilidade
com a preservação dos recursos naturais.
5 COERÊNCIA E COESÃO
5.1 COESÃO
Veja o exemplo:
Era um dia claro e animado. Todos queriam desfrutá-lo ao lado dos pássaros e flores
em festa. Eu só queria isolar-me do mundo, fechada no escuro da decepção.
Observe agora:
Era um dia claro e animado, Parecia que todos queriam desfrutá-lo ao lado dos
pássaros e flores em festa, ou melhor, quase todos, porque eu não conseguia participar
daquele entusiasmo. Eu só queria isolar-me do mundo, fechada no escuro da decepção.
A coesão é sempre explícita, ligando o texto por meio de elementos superficiais que
expressamente costuram as ideias, dando-lhe uma organização sequencial.
b) conectores de referência
• Advérbios pronominais: sinalizadores espaciais
• Numerais substantivos: funcionam como termos sintetizadores
• Pronominalização: demonstrativos (isso), pessoais (-o), relativos (cujo)
o Pronomes pessoais (ela, -o, lhe..)
o Pronomes demonstrativos (isso, este, aquele...)
o Pronomes relativos (cujo, quanto, que, quem...)
•
c) Elementos de omissão
• Elipse do verbo: termo dedutível pelo contexto.
• Zeugma: termo retirado para evitar mera repetição.
d) Termos de referência
• Acrescentam ideias: e, além de, ademais, também...
• Relação de concessão: embora, não obstante, apesar de, conquanto...
• Oposição de ideias: mas, porém, contudo, entretanto, no entanto...
• Relação de conformidade: conforme, de acordo com, segundo, consoante...
• Relação de comparação: assim como, da mesma forma, tal qual...
• Constatação: de fato, realmente, é verdade, evidentemente...
• Explicação / causa: pois, porque, porquanto, devido a, em virtude de...
• Destaque: mormente, antes de mais nada, sobretudo, principalmente, máxime...
• Relação de temporalidade: antes que, enquanto, depois, quando...
• Conclusão de ideias: assim, destarte, portanto, assim sendo, logo...
• Relação de modo: desse modo, dessa maneira...
• Relação locativa: onde, aonde, donde.
5.2 COERÊNCIA
De repente o Judiciário começou a ser apontado como um dos maiores vilões da crise
brasileira, em visão distorcida e errada de seu papel da vida nacional. Tenho criticado vários
atos e segmentos do Judiciário, cujo controle externo defendo. Recentemente escrevi que se
os juízes tiverem vontade de trabalhar – expressão com a qual sintetizei aspectos das
deficiências judiciais – resolverão muitos dos problemas sociais que enfrentamos na
atualidade. Assim sendo, sinto-me à vontade para negar que cabe ao Judiciário a maior culpa
pela crise.
Em primeiro lugar, tenha-se presente que grande número dos processos civis, fiscais e
trabalhistas tem origem em ilegalidades praticadas por administradores públicos, cuja visão
caolha faz com que queiram receber créditos governamentais, mas não queiram saldar os
respectivos débitos. Eles se esquecem da sabedoria de Vicente Matheus quando trata das facas
de dois gumes, pois o Judiciário eficiente tanto permitirá as cobranças reclamadas, quanto
forçará o poder público a parar com seus calotes e impedirá as ilegalidades cometidas.
Em segundo lugar, acentuo as omissões no cumprimento do dever legal dos outros
poderes. Exemplo mais gritante é do próprio Legislativo, que não aprovou as leis
suplementares da Carta de 1988.
O executivo, por seu lado, baixa instruções, decretos, portarias e toda sorte de medidas
administrativas, muitas das quais são flagrantemente ilegais. Forçam os contribuintes a se
defenderem em juízo. Agravam o congestionamento judicial. Nenhuma lesão ou ameaça de
lesão ao direito individual pode ser excluída de apreciação pelo Poder Judiciário na verdadeira
democracia. Se o Executivo quiser que as pessoas diminuam a corrida aos tribunais deve parar
com as ilegalidades.
Assinalo, ainda, a distância numérica entre o aparato judiciário brasileiro e o universo
ao qual ele deve atender. Há menos de 20 mil juízes para quase 350 mil advogados. O número
de processos em andamento se conta aos milhões (só na justiça paulista existem 4 milhões). A
deficiência não é culpa exclusiva do Judiciário, embora este tenha boa parte da
responsabilidade.
A máquina judiciária – fora das áreas da magistratura – é muito mal remunerada nas
justiças estaduais. A rotatividade é forte. A baixa remuneração, contraposta à mobilidade da
força de trabalho, lidando com leis e instruções frequentemente conflitantes, mais confunde o
processo judicial quando tratado por mão-de-obra desqualificada.
Necessário é lembrar da história recente do Brasil, na qual o Judiciário foi fonte
principal de defesa dos interesses individuais, ante o mau comportamento dos outros poderes.
Lembro o homicídio, ocorrido em 1975, cujo réu – que teve este mês presença
meteórica no Ministério da Agricultura – não foi julgado até o presente, como outro exemplo
de responsabilidade múltipla. A demora escandalosa não seria possível com o Ministério
Público, titular da acusação, atento e diligente. Nunca seria possível sob a legislação
aprimorada, sem prejuízo das garantias de ampla defesa, como tem acontecido no
frequentemente citado exemplo italiano. Também não seria possível, é evidente, se os muitos
juízes que passaram pelo caso tivessem tido vontade de brigar.
O Brasil precisa recompor as deficiências de sua economia em crise. A magistratura
deve participar desse esforço. Todavia, o brasileiro não pode supor que a lentidão do
34
5.3 AMBIGUIDADE
É ambíguo o texto / sentença que pode tomar mais de um sentido; e deixar mais de um
sentido reflete algo que é incerto, hesitante, equívoco. Consequentemente, o uso da
ambiguidade resulta em má interpretação da mensagem.
f) Erro de pontuação
Ex: Na verdade eu te digo hoje estarás no paraíso.
Para evitar ambigüidade: Na verdade, eu te digo, hoje estarás no paraíso. Ou Na verdade, eu
te digo hoje, estarás no paraíso.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
3. A maneira como certos textos são escritos pode produzir efeitos de incoerência, como no
exemplo: “Zélia Cardoso de Mello decidiu amanhã oficializar sua união com Chico Anysio.”
(A Tarde, Salvador). Identifique no texto abaixo a incoerência presente e mostre as
modificações necessárias para resolver o problema.
“As forças armadas brasileiras já estão treinando 3 mil soldados para atuar no Haiti depois da
retirada das tropas americanas. A Organização das Nações Unidas (ONU) solicitou o envio de
tropas ao Brasil e a mais quatro países, disse ontem o presidente da Guatemala, Ramiro de
León.”
c) Macarrão levou Eliza Samudio para ser morta por amar Bruno, diz advogado do
goleiro.
“Além de parecer não ter rotação, a Terra parece também estar imóvel no meio dos céus.
Ptolomeu dá argumentos astronômicos para tentar mostrar isso. Para entender esses
argumentos, é necessário lembrar que, na Antiguidade, imaginava-se que todas as estrelas
(mas não os planetas) estavam distribuídas sobre uma superfície esférica, cujo raio não parece
ser muito superior à distância da Terra aos planetas. Suponhamos agora que a Terra esteja no
centro da esfera das estrelas. Nesse caso, o céu visível à noite deve abranger, de cada vez,
exatamente a metade da esfera das estrelas. E assim parece realmente ocorrer: em qualquer
noite, de horizonte a horizonte, é possível contemplar, a cada instante, a metade do zodíaco.
Se, no entanto, a Terra estivesse longe do centro da esfera estelar, então o campo de visão à
noite não seria, em geral, a metade da esfera: algumas vezes poderíamos ver mais da metade,
outras vezes poderíamos ver menos da metade do zodíaco, de horizonte a horizonte.
Portanto, a evidência astronômica parece indicar que a Terra está no centro da esfera de
estrelas. E se ela está sempre nesse centro, ela não se move em relação às estrelas.”
Além de No entanto Então Portanto
(a) Conformidade (a) enfatiza ideia (a) consequência (a) adição
(b) Concessão (b) oposição (b) tempo (b) contradição
(c) Distanciamento (c) consequência (c) conclusão (c) efeito
(d) Comparação (d) constatação (d) explicação (d) conclusão
(e) Adição (e) adição (e) efeito (e) consequência
6 ESTRATÉGIAS DE LEITURA
Podemos definir estratégias de leitura como operações regulares para abordar o texto.
Essas estratégias podem ser inferidas a partir da compreensão do texto, que por sua vez é
inferida a partir do comportamento verbal e não-verbal do leitor, isto é, do tipo de respostas
que ele dá a perguntas sobre o texto, dos resumos que ele faz, de suas paráfrases, como
também da maneira com que ele manipula o objeto: se sublinha, folheia sem se deter a parte
alguma, se passa os olhos rapidamente e espera a próxima atividade começar, se relê...
Para começar, o leitor eficiente faz predições baseadas no seu conhecimento de
mundo. Fazer predições baseadas no conhecimento prévio, isto é, adivinhar, informados pelo
conhecimento (procedimento que chamamos de formulação de hipóteses de leitura), constitui
um procedimento eficaz de abordagem do texto desde os primeiros momentos de formação do
leitor até estágios mais avançados. As predições não precisam ficar reduzidas apenas àquelas
baseadas em conhecimentos mais fechados, como as hipóteses a partir do conhecimento sobre
o gênero textual, mas podem ser questões muito mais abertas, como por exemplo, o assunto.
Para a elaboração de uma hipótese de leitura é necessário ativar o conhecimento prévio do
leitor sobre o assunto. Quanto mais o leitor sabe sobre o assunto, mais seguras serão suas
predições.
Outra estratégia interessante é elaborar um mapa textual. Esse mapa faz com que as
dificuldades na leitura sejam reduzidas: palavras-chaves e conceitos.
Após a elaboração de hipóteses e de posse o mapa textual, a primeira leitura do texto
fica muito mais fácil, o aluno pode começar a ler com um objetivo específico – confirmar ou
desconfirmar suas hipóteses.
1. Ter um objetivo
2. Fazer predições
3. Conhecer o vocabulário
4. Apreender o tema - Encontrar informações explícitas
4.1Segmentação
* Critérios baseados no tempo
* Critérios baseados no espaço
* Critérios baseados nas personagens
* Critérios baseados na temática
4.2 Expansão de palavras
* Por associação
* Por identidade
* Por oposição
Predições:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
38
4. COESÃO – Encontre os elos ligativos entre as orações abaixo, explicitando qual a relação
estabelecida por ele (se necessário, consulte os termos de referência na página 32):
“Embora desprezadas por carnavalescos célebres como o veterano Clóbis Bornay, do RJ, que
prefere penas da avestruz africana, as plumas da ema desfrutam de grande prestígio entre os
foliões mais modestos, sobretudo em decorrência de seu preço: em torno de 400 cruzeiros
cada, contra até 7 mil pagos pelas importadoras.”
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3. COESÃO - Encontre no texto alguns elementos coesivos. Pode ser pronome, conjunções,
substituições... (ver página 32)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
SEGMENTAÇÃO
secundárias. Em seguida, pode distinguir as secundárias entre si. Analisa o nexo coesivo das
ideias e ordena a sequência delas.
[A ideia de que é possível salvar o ensino superior do país com a privatização das
universidades públicas não se sustenta como enunciação de um problema.] [Na verdade, o
sistema educacional brasileiro já é privado. Quase sete em cada dez brasileiros que
frequentam escolas em busca de um diploma de curso superior estudam numa faculdade
particular. São escolas, em alguns casos, de certa eficiência – caso de meia dúzia de
faculdades católicas, como a PUC do RJ e a PUC de Porto Alegre, e de exemplos isolados,
como a Escola de Engenharia Mauá e a Cândido Mendes, no RJ. Mas são escolas que
cumprem apenas um dos objetivos – o menor – de uma universidade, que é a formação de
profissionais.]
[No geral, elas se organizam como empresas, fazem do ensino superior um negócio
lucrativo e costumam formar profissionais como advogados, comunicólogos, bacharéis em
Letras. Essa opção se explica: é muito mais caro formar um médico do que um semiólogo.]
[O mais conhecido empresário do ensino, João Carlos Di Gênio, dono do Colégio Objetivo e
da Universidade Paulista, a Unip, reconhece a dificuldade que a escola privada tem de manter
certos cursos. “Demorei vinte anos para conseguir as condições necessárias para criar uma
universidade”, afirma. “E tem gente achando que pode abrir cursos e ensinar da noite pro
dia.”] [A Unip é um exemplo de sucesso do ensino superior privado, e o máximo que ela
consegue é formar dentistas e engenheiros. Nenhuma faculdade de Di Gênio se dedica à
pesquisa básica, a pedra angular da ciência. E raríssimas faculdades privadas produzem
qualquer tipo de saber acadêmico.] [Dos quase 600 trabalhos apresentados na última reunião
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), apenas oito são de autoria de
faculdades privadas isoladas. São trabalhos de uma fragilidade absoluta e que nada
acrescentam à ciência brasileira. A Universidade Santa Cecília dos Bandeirantes, por
exemplo, mostrou um trabalho intitulado “Das medidas assecuratórias: uma abordagem
sociossemiótica”. Só se compara em estranheza ao “resgate do texto bíblico na paródia
infantil contemporânea”, apresentado por professores da Faculdade Porto Alegrense de
Educação, Ciências e Letras.]
EXPANSÃO DE PALAVRAS
1. Por associação: associar é estabelecer correlações entre as palavras. Você deve
encontrar no texto associações ditadas pelo próprio texto, como verbos flexionados ou
palavras de um mesmo campo associativo. A ideia é expandir a palavra-chave.
2. Por identidade: encontre palavras que estabelecem níveis de equivalência no contexto
dado pelo texto. Podem ser adjetivos ou os “sinônimos equivalentes”.
43
3. Por oposição: Todo texto estabelece uma oposição. Procure determinar quais os
termos trazidos pelo texto que se estabelecem pela diferença.
Caravaggio começou a andar sobre o fio da navalha ainda adolescente, em Milão, onde torrou
a herança do pai e foi parar na cadeia pela primeira vez. Em Roma, onde chegou aos 20 anos,
caiu nas graças do cardeal Francesco Del Monte, que o abrigou em seu palácio. Enquanto
amadurecia e aprendia a pintar temas religiosos, o irrequieto pintor se comportava como um
bagunceiro de periferia. Uma noite, jogou um prato de alcachofras cozidas na cara de um
garçom na praça Navona. Noutra, apareceu apunhalado, mas disse à polícia que tinha caído
acidentalmente sobre sua espada.
Expansão de palavras:
1. Por associação
2. Por identidade
3. Por oposição
Ler um livro é desinteressar-se a gente deste mundo comum e objetivo para viver noutro
mundo. A janela iluminada noite adentro isola o leitor da realidade da rua, que é o sumidouro
da vida subjetiva. Árvores ramalham. De vez em quando passam passos. Lá no alto, estrelas
teimosas namoram inutilmente a janela iluminada. O homem, prisioneiro do círculo claro da
lâmpada, apenas ligado a este mundo pela fatalidade vegetativa do seu corpo, está suspenso
no ponto ideal de uma outra dimensão, além do tempo e do espaço. No tapete voador só há
lugar para dois passageiros: leitor e autor.
Expansão de palavras:
1. Por associação
2. Por identidade
44
3. Por oposição
ESQUELETO DO TEXTO
1. Leitura elementar: leitura básica ou inicial. Ao leitor cabe reconhecer cada palavra de
uma página. Leitor que dispõe de treinamento básico e adquiriu rudimentos da arte de
ler.
2. Leitura inspecional: caracteriza-se pelo tempo estabelecido para a leitura. Arte de
folhear sistematicamente.
3. Leitura analítica: é minuciosa, completa, a melhor que o leitor é capaz de fazer. É
ativa em grau elevado. Tem em vista principalmente o entendimento.
4. Leitura sintópica: leitura comparativa de quem lê muitos livros, correlacionando-os
entre si. Nível ativo e laborioso da leitura.
Esses quatro níveis são cumulativos. Um leitor competente transita à vontade pelos
quatro níveis, com desenvoltura e autonomia. Assim, quanto mais se lê, mais apto se torna
para a leitura.
EXERCÍCIO
Leia o texto abaixo atento às questões:
1. Unidade temática: qual o assunto central do texto?
2. Unidade estrutural: o texto apresenta boa sequência?
3. As informações apresentadas são confiáveis?
4. Opiniões apresentadas ou teses defendidas são convincentes?
exemplo; Doom é só mais um jogo e não tem condições de deixar alguém acostumado à
morte, pois é tudo fictício.
Aliada à força da televisão, a exposição constante a cenas violentas e a mortes cria um
problema social muito mais grave: a banalização da violência, ou seja, o adolescente passa a
encarar esse assunto com naturalidade. "Essa é uma das consequências mais perigosas da
exposição frequente ao conteúdo indevido tanto da TV quanto da Internet", comenta o
psicólogo. Dados de uma pesquisa recente de Grunspum indicam que até os 18 anos um
jovem brasileiro assiste a nada menos do que 200 mil cenas reais violentas na televisão e
outras 40 mil fictícias.
Os computadores têm uma parcela de culpa não em relação ao comportamento
violento, mas na mudança da estrutura familiar e no processo educacional. "Esta é a primeira
geração na história da humanidade em que os filhos têm vantagens sobre os pais, pois o
conhecimento possibilitado pela Internet supera o dos mais velhos", destaca Grunspum. A
presença do personal computer (PC) em casa já é responsável por muitas mudanças. "Há
menos de uma década, o programa familiar obrigatório era a reunião de todos os membros
para assistir à TV num único lugar. Agora, os PCs acabaram com isso, pois estão colocados
nos quartos das crianças, o que cria um isolamento inevitável."
Para Grunspum, houve uma renúncia dos pais por motivos que vão desde a falta de
tempo até a dedicação ao trabalho. "O pior problema é que essa omissão ocorre em fases
importantes da formação da criança e, quando ela mais precisa, a mãe e o pai não estão
presentes para produzir o que chamamos de fidelidade familiar", comenta o especialista. "A
ausência da autoridade familiar provoca outro fenômeno: o aumento da vontade de desafiar os
pais."
"Um dos meios de se evitar essa derrota declarada dos pais é o acompanhamento dos
jovens em suas atividades tanto no computador e na Internet quanto na escola", sugere
Grunspum. "Enquanto as crianças continuarem a ter seus mundos isolados na tela do
computador, os pais estarão perdendo a guerra, pois cabe aos mais velhos questionar as
atividades e atitudes da garotada."
O célebre escritor francês Victor Hugo, em sua obra “Os Miseráveis”, conta-nos
inesquecível e emocionante passagem:
“Jean Valijean, tendo servido durante 19 anos nas galés (cinco por roubar um pão para
sua irmã e seus sete sobrinhos passando fome, e mais 14 por inúmeras tentativas de fuga)
acaba de ser libertado. Valijean é marginalizado por todos que encontra, por ser um ex-
presidiário, sendo expulso de todas as estalagens. Ele iria dormir na rua, mas é recebido na
casa do benevolente Bispo Myriel (conhecido como senhor Benvindo), o Bispo de Digne.
Mas em vez de se mostrar grato, rouba-lhe os talheres de prata durante a noite e foge. Logo é
preso e levado pelos policiais à presença de Benvindo. O Bispo salva-o alegando que a prata
foi um presente e nessa altura dá-lhe dois castiçais de prata também, repreendendo-o por ter
saído com tanta pressa que esqueceu essas peças mais valiosas. Após esta demonstração de
bondade, o bispo o “lembra” da promessa (que Valijean não tem nenhuma lembrança de ter
feito) de usar a prata para tornar-se um homem honesto.”
48
Sendo Jean Valijean rejeitado pela sociedade por ser um ex-presidiário, o Bispo
Myriel muda-lhe a vida. O personagem assume uma nova identidade para seguir uma vida
honesta, tornando-se proprietário de uma fábrica e prefeito. Ele adota e cria uma filha, salva
uma pessoa da morte e morre imaculado com uma idade avançada.
As tormentosas aflições da vida, a desordem e o embate entre indivíduos na sociedade
devem receber solução mais refletida e profilática do que o encarceramento do ser humano
nos porões de suas sombrias masmorras.
Nosso ainda vigente Código do Processo Penal de 1941, em seus artigos 386 e 387,
bem resume a que se presta a intervenção judiciária na discussão da infração penal: ou o juiz
condena ou absolve o agente. Noutras palavras, a lei penal brasileira veda terminantemente
outra solução para um processo penal. É vedado ao juiz promover a concórdia, resgatar a
dignidade, afagar traumas ou acalentar o marginalizado. O juiz do processo penal anda em
trilhos que o escravizam, que o levam a lugar nenhum. Não deve pela nossa lei penal, ousar o
magistrado a pacificar o conflito com o óbvio e o evidente. A evolução do sistema punitivo
estatal deve evoluir, para todos, sem distinção, para contemplar meios e recursos que
eficazmente ponham fim às causas e consequências da infração penal. A punição exemplar
depois de solucionada a falta cometida talvez seja um plus descartável.
O avanço destruidor do “crack” na sociedade e, principalmente, na célula familiar,
pode ser citado, talvez, como o maior exemplo de quanto o juiz brasileiro é refém de um
sistema processual penal que, definitivamente, não funciona bem. A sentença final, inflexível
e indiferente ao sentimento das partes espera do juiz outra coisa, mais simples, menos heroica.
Não se quer, aqui, abolir a pena privativa de liberdade. Mas não se pode ter em mente
a prisão como primeira e imediata resolução para o crime. Não se pode inocular o mesmo
antídoto para doenças diversas. Assim como a aspirina não cura o canceroso, a quimioterapia
não é indicada para a dor de dente. O Direito Penal não pode, em cruel rol taxativo,
estabelecer qual a melhor resposta para o crime praticado. Pode e deve, sim, estabelecer várias
alternativas, rotas de auxílio, atalhos para aplacar as consequências da infração e metas a
serem alcançadas. Jamais ousar impor ao magistrado que a primeira e a única opção, a mais
reluzente aos seus olhos, deva ser o encarceramento do ser humano.
O Ministério Público e a Defensoria Pública seriam os fiscais do acerto da profilaxia
judicial eleita no processo penal. O irresignado poderia se insurgir quanto à solução adotada
pelo juiz em cada caso concreto. A opção pela prisão do agente deverá ser a ultima ratio. A
prova dos nove do que diz aqui é muito simples. O que são as prisões hoje no Brasil? Escolas
do crime, às vezes com mestrado e doutorado.
A medicina psiquiátrica, a psicologia, a assistência social, a pedagogia, entre outras
tantas ciências complexas e salvíficas, despontam em nosso país, com excelentes e renomados
profissionais. Temos que abrir as portas dos fóruns a essa gente dedicada e qualificada, que
muitas coisas nos têm a dizer e ensinar. Assim como o inadequado uso de um antibiótico pode
aniquilar seus efeitos para sempre, a prisão, como resposta estatal para o crime, também pode,
para sempre, destruir um ser humano, por algo que muito bem poderia ser tratado e curado de
outra forma mais simples e eficaz.
O legislador deve confiar no Poder Judiciário, confiar na criatividade e experiência
dos juízes e tribunais. Autorizar que esses agentes promovam a paz social por todas as formas
possíveis, abrindo um leque infinito de opções para tanto. O rol de penas restritivas de direitos
inibe a criatividade dos juízes, não se presta para a infinidade de casos que se apresentam no
dia a dia, sem falar que são meramente substitutivas.
Enfim, esse é hoje o maior desafio que o Direito Penal deve enfrentar se quiser estar
afinado com a questão da dignidade da pessoa humana. Transformar a sentença penal em
instrumento efetivo e concreto de pacificação social, longe de paredões e cadafalsos.
49
(Carlos Eduardo Rios do Amaral. Direito Penal deve dar alternativas em vez de respostas,
2012.)
Questão 1: Diferentes vozes ecoam no texto: a voz de Victor Hugo, escritor francês do
século XIX, e a de Carlos Eduardo Rios do Amaral, Defensor Público do Estado do
Espírito Santo. Temporalidades e temáticas aproximam-se para defender o posicionamento
de que:
(a) a privação da liberdade deve ser adotada em amplo espectro como medida profilática e
penal.
(b) As soluções refletidas devem ser adotadas para pacificar os conflitos e resgatar a
dignidade humana.
(c) As penas degradantes e os encarceramentos são medidas incontestáveis nas infrações
penais, a ultima ratio.
(d) O ser humano deve receber uma punição exemplar para pôr fim às causas e
consequências da infração penal.
Questão 2: Ao refletir sobre o Direito Penal, o autor do texto assume que a legislação
brasileira deveria:
I – Transformar a sentença penal em instrumento de pacificação social.
II – Assumir a prisão como instrumento exclusivo na resolução de todas as formas de
crimes.
III – Estabelecer alternativas consonantes com a dignidade da pessoa humana.
IV – Abolir a pena privativa de liberdade do rol das penas de profilaxia criminal.
Nas alternativas abaixo, assinale a opção CORRETA:
(a) Apenas a I está correta.
(b) Apenas a IV está correta.
(c) As questões I e III estão corretas.
(d) As questões II e IV estão corretas.
Questão 4: O texto lido é um artigo de opinião, um gênero por meio do qual se visa expor
um posicionamento diante de algum tema. Ciente disso, que função cumpre o resgate do
fragmento da obra literária, alocada no início do texto?
(a) Descrever uma situação que vem marcando a prática hodierna nos tribunais brasileiros.
(b) Argumentar em favor da carceragem como sendo hoje uma alternativa para as sentenças
jurídicas.
(c) Discutir a possibilidade de outras respostas para as sentenças proferidas em
intervenções judiciárias.
(d) Argumentar sobre o quanto a sociedade é retrograda em sua prática jurídica, quando
outras alternativas judiciais já se concretizavam há muitos anos.
Questão 5: Releia o trecho: “A opção pela prisão do agente deverá ser a utlima ratio. A
prova dos nove do que diz aqui é muito simples. O que são as prisões hoje no Brasil?
Escolas do crime, às vezes com mestrado e doutorado.” No texto, que função cumpre a
pergunta? Selecione a alternativa que NÃO proponha uma justificativa possível para seu
emprego:
(a) Introduzir uma nova abordagem a ser tratada no texto.
(b) Instigar o leitor à reflexão, resgatando-lhe o conhecimento de mundo.
(c) Chamar a atenção do leitor, mostrando-lhe que o artigo está sendo direcionado a ele.
(d) Simular uma interação com o leitor, levando-o a compartilhar da mesma opinião.
Biblioteca da infância
Eu era pequena, me lembro, no Bigorrilho. Na mesma rua que hoje virou um grande
corredor de corrida de carros cada vez mais vorazes de velocidade, a vida passava em outro
ritmo. Nessa rua brincávamos com os vizinhos, corríamos e apertávamos campainhas.
Primeiro veio a grande notícia, uma praça, onde era a caixa d’água do Bigorrilho, hoje,
pomposamente chamado de Reservatório Batel. E a grande novidade se alastrou pela rua,
onde ficávamos sabendo de todas as notícias do bairro. Inaugurou uma biblioteca!!!
Eu, já leitora voraz, assim como os carros nas ruas por velocidade, fiquei encantada!
Éramos pobres, não viajávamos nas férias e, livros, eu só ganhava no Natal. Aquela pequena
casinha que parecia antiga, amarelinha, ampliou meu mundo para além das ruas do
Bigorrilho.
Hora do Conto, aulas de flauta, de cerâmica, o curso de História da arte espanhola, El
Greco... Ainda lembro exatamente do quebra-cabeça com um a pintura de Arcimboldo. Foram
tantas as referências, não só literárias, que me acompanharam a vida toda!
Eu lia dois livros por dia, não podia perder tempo,e RAM muitos... Emprestava um de
manhã, lia durante o almoço, em casa. À tarde devolvia e logo pegava outro para a noite... A
minha velocidade era outra. Eu passava minhas férias inteiras lá!
Cresci, frequentei outras Bibliotecas, a Pública do Paraná, principalmente, mas a
Franco Giglio me acompanhou a vida toda. Ao visitar o Louvre, quando vi pela primeira vez
uma tela de El Greco, aquele momento emocionante me remeteu diretamente à Roseli e suas
aulas de arte.
Quando tive meus filhos e tentei descobrir qual herança eu deixaria para eles, pensei:
minha infância dentro daquela maravilhosa biblioteca. E criei a Bisbilhoteca, que é a minha
leitura da Franco Giglio, minha homenagem à biblioteca que me trouxe tanta alegria. E não
longe da original, no Bigorrilho, mesmo bairro onde nasci e cresci.
51
E, para além da nostalgia de uma infância em meio aos livros e à cultura dentro da
Franco Giglio, aquela biblioteca, assim como imagino que outras pela cidade, marcaram
infâncias, proporcionaram outras leituras do mundo a muitos adultos que hoje produzem e
transmitem essa paixão pelos livros a muitas outras crianças!
Passo quase todos os dias em frente à franco Giglio e observo o abandono. No início
achei que era por causa das obras da rua, mas logo se vê que aquela casinha de sonhos,
tombada, está jogada à própria sorte. Não temos mais Suzanas e Roselis, apaixonadas por
livros, crianças e cultura...
Temos pessoas que cumprem seu horário de trabalho. É certo que o mundo mudou e as
crianças não andam mais sozinhas pelas ruas, que as pesquisas são feitas em casa, na internet.
Mas a vocação de encontro e de lazer desses espaços públicos jamais deve ser perdida. As
bibliotecas, Casas de Leitura como são chamadas hoje, devem ser abertas todos os dias,
inclusive finais de semana, com uma programação atraente, trazendo crianças e suas famílias
para desfrutarem do que jamais poderiam ter em casa: a convivência com o mundo da cultura
e a convivência com outras pessoas.
(Cláudia Serathluk)
Questão 6: O texto pode ser dividido em etapas, que agrupam parágrafos. A caracterização
INCORRETA de um segmento do texto é:
(a) Parágrafos 1 a 4 – recordações da vida infantil
(b) Parágrafos 5 e 6 – passagem para a vida adulta
(c) Parágrafo 7 – reflexão sobre valores culturais
(d) Parágrafos 8 e 9 – volta ao passado infantil
Questão 8: “Primeiro veio a grande notícia, uma praça, onde era a caixa d’água do Bigorrilho,
hoje pomposamente chamado de Reservatório Batel. E a grande novidade se alastrou pela
rua... onde ficávamos sabendo de todas as notícias do bairro. Inaugurou uma biblioteca!!!”
Assinale a opção correta sobre os componentes do trecho acima.
(a) O adjetivo “chamado” se refere ao local denominado “Bigorrilho”.
(b)O advérbio “pomposamente” indica um elogio a uma grande obra pública.
(c) As duas ocorrências do adjetivo “grande” têm sentidos diferentes.
(d) O último período do fragmento mostra uma estruturação popular.
Questão 9: Uma biblioteca, como a citada no texto, tem funções variadas. É possível perceber
que a função mais importante para a autora do texto é:
(a) Preservar a cultura produzida por uma comunidade.
(b) Permitir a leitura de livros de difícil acesso.
(c) Possibilitar a convivência humana e cultural.
(d) Promover o conhecimento de arte clássica.
52
Questão 10: Ao dar o nome de “Bisbilhoteca” à sua biblioteca, a autora quer destacar:
(a) A infantilidade dos usuários.
(b) a curiosidade pelo saber.
(c) a utilidade da leitura.
(d) a necessidade do conhecimento.
Questão 11: “Temos pessoas que cumprem seu horário de trabalho”. Com essa frase inicial do
último parágrafo do texto infere-se que:
(a) há uma crítica aos funcionários públicos que só chegam atrasados.
(b) há um elogio aos bibliotecários que se dedicam à difusão da cultura.
(c) há uma ironia referente aos funcionários que não mostram amor pelo trabalho.
(d) há uma advertência às autoridades para que aumentem a fiscalização sobre os
funcionários.
Apesar das inovações trazidas pela Lei 8.112/90, os direitos e deveres dos servidores
públicos estão definidos e estabelecidos na Constituição Federal de 1988, a partir do artigo
39. Constam, ainda, nos estatutos das entidades para as quais trabalham.
A partir de 1990 o país começou a implementar políticas de ajuste e reestruturação do
setor público. Esta reestruturação resultou em medidas restritivas sobre o emprego público,
especialmente em nível federal, com as demissões de funcionários públicos não estáveis, a
limitação de novas contratações, o incentivo à aposentadoria, a terceirização de serviços, o
plano de demissão voluntária. Todas essas medidas, aparentemente, tinham como objetivo a
contenção de despesas e a "moralização" do setor público, mas vale observar que os cortes
indiscriminados de pessoal resultaram em prejuízo para a execução de atividades-fim como
educação e saúde, o que consequentemente interferiu na qualidade dos serviços públicos
essenciais prestados à população.
Questão 13: Identifique se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmativas com relação ao
texto
( ) A reestruturação do setor público a partir de 1990 afetou o desenvolvimento das atividades
relacionadas à saúde e à educação.
( ) Os funcionários que serviam o Estado na época da Roma Antiga não possuíam poder
frente à população local.
( ) O Presidente Getúlio Vargas instituiu o dia 28 de outubro como o Dia do Funcionário
Público porque foi pressionado pelos trabalhadores administrativos.
( ) Nos estatutos das entidades para as quais os funcionários públicos trabalham também
estão garantidos os seus direitos e definidos os seus deveres.
( ) O plano de demissão voluntária veio como uma das estratégias de reorganização do setor
público no país.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo.
(a) F – F – F – V – F
(b) F – V – F – V – V
(c) V – V – V – F – V
(d) V – F – F – V – V
(e) V – F – V – F – F
Questão 14: De acordo com o texto, é possível afirmar, em relação ao Brasil, que:
I. a consciência da importância do trabalho administrativo na esfera pública inicia a partir do
Decreto 1.713, de 28 de outubro de 1939.
II. com o governo do Presidente Getúlio Vargas, o emprego público passa a ter medidas
restritivas.
III. o Estado depende do servidor público para qualquer tipo de trabalho administrativo.
IV. todas as centenas de funcionários, assessores e pessoas ligadas à corte portuguesa
influenciaram na conscientização da importância do serviço público.
Assinale a alternativa CORRETA.
(a) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
(b) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
(c) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
(d) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.
(e) Todas as afirmativas estão corretas.
(b) as medidas restritivas no setor público, implementadas a partir de 1990, não foram
positivas para algumas áreas essenciais dos serviços públicos.
(c) a implementação das políticas de ajuste e reestruturação do setor público foi de encontro à
contenção de despesas e à "moralização" deste setor.
(d) a Lei 8.112 alterou todas as disposições do Decreto-Lei 1.713/39 e, por isso, foi criado o
novo Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União.
(e) a necessidade de promover o desenvolvimento da colônia não influenciou a expansão do
funcionalismo público.
Questão 16: Identifique se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmativas com relação ao
excerto do texto 1.
“Esta lei inovou por englobar os também Servidores Públicos Civis das autarquias e das
fundações públicas federais, entes pertencentes à administração pública indireta, mas que
realizam atividades típicas da administração, prestando serviços públicos.”
( ) A conjunção “mas” pode ser substituída pela conjunção “por isso” sem prejuízo do
sentido do texto.
( ) A expressão “esta lei” retoma a Lei 8.112.
Talvez o maior ícone da mídia, tratando-se de serviço público, seja hoje A Grande
Família. O protagonista, Lineu, é um servidor público "exemplar", segundo o senso comum
da população brasileira. Não aceita propinas; não chega atrasado; não falta ao trabalho. Muito
pelo contrário: vive o seu trabalho diariamente e, quem sabe, todas as horas do dia. De outro
lado, o seu chefe é o "modelo comumente apresentado" de servidor público. É o próprio
armador das "maracutaias"; o exemplo de como se utilizar do Estado para lucrar e tirar algum;
o estereotipado "esperto" que mora em um luxuoso apartamento com banheira de
hidromassagem. Lima Barreto não poupou o servidor público de suas radicais e irreverentes
crônicas. Em “O Trem de Subúrbios”, de 1921, Lima escreve:
O tal cidadão, que fala tão imponentemente de importantes questões administrativas,
é quase um analfabeto. O que fez ele? Arranjou servir adido à repartição que cobiçava,
deixando o lugar obscuro que ocupava, numa repartição obscura do mesmo ministério. Tinha
fortes pistolões e obteve. O diretor, que possuía também um candidato, para a mesma causa,
aproveitou a vaza e colocou de igual forma o seu. Há um fim de ano de complacências
parlamentares e todos eles arrancam do Congresso uma autorização, na cauda do
orçamento, aumentando os lugares, na tal repartição cobiçada, e mandando também
aproveitar os 'adidos'. Está aí a importância do homenzinho que não cessa de falar como um
orador.
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Lima parece nos falar de hoje. A imponência do cidadão, um burocrata que não
respeita os outros trabalhadores e se aproveita do cargo que possui em repartições públicas
para "se dar bem". Não precisa ser corrupto; contudo, se for, tem de fazer algo para equivaler
à corrupção herdada pela própria sociedade.
Porém, esse não é nem o caso do "homenzinho" de Lima Barreto. É apenas um
"burocrata", que beira a imbecilidade que, não por meio do mérito, mas sim por meio das
relações pessoais (amizade, família ou sexo) ou do "jogo sujo da politicagem", conseguiu
galgar um espaço no serviço público.
Foi em 1951/52 que Armando Cavalcanti e Klécios Caldas escreveram Maria
Candelária, que obteve um sucesso notável graças ao embalo desse "hit carnavalesco" e por
sua letra que atingia, em cheio, o imaginário do povo da capital:
Maria Candelária / É alta funcionária,
Saltou de pára-quedas, / Caiu na letra O, oh, oh, oh, oh,
Começa ao meio-dia, / Coitada da Maria,
Trabalha, trabalha, trabalha de fazer dó, oh, oh, oh, oh,
À uma vai ao dentista, /Às duas vai ao café, /Às três vai ao modista,
Às quatro assina o ponto e dá no pé, / Que grande vigarista que ela é.
Crítica, "zombeteira", "malandra". Irônica, a letra mostra a funcionária pública
"padrão". Uma funcionária que nunca trabalha, vigarista, que está sempre nos "trinques" da
moda para, provavelmente, manter seu trabalho que não exige competência. Isso acaba
passando uma ideia de que servidor não é trabalhador.
Durante as últimas décadas, o Servidor Público tem sido alvo, por parte da mídia, de
um processo deliberado de formação de uma caricatura, que transformou sua imagem no
estereótipo do cidadão que trabalha pouco, ganha muito, não pode ser demitido e é
invariavelmente malandro e corrupto. Por isso é que ainda existe o preconceito em relação ao
servidor público.
Ao longo desses vinte e sete anos conheci muitos servidores. Admito que alguns
realmente representam a figura do cidadão que trabalha pouco, porém estes fazem parte de
uma minoria. A maioria dos servidores que conheço exerce com zelo as atribuições do cargo,
bem como, observam as normas legais e regulamentares, cumprem a carga horária e as ordens
de seus superiores. Para os servidores que não cumprem seus deveres, a Lei 8.112/90 prevê as
devidas punições e até demissão.
Após a Constituição de 1988 nasceu um "novo servidor", que convive, em muitos
casos, com o "velho servidor", aquele que não tem consciência da dimensão pública que sua
tarefa possui, qualquer que seja ela. O novo servidor é aquele conectado com o ideal público
presente no texto constitucional atual e tem a sua escolha determinada exclusivamente pelo
mérito que demonstrou em concurso público de provas ou de provas e títulos.
Questão 18: Assinale a alternativa CORRETA que melhor resume o texto acima.
(a) O texto traz alguns exemplos de manifestações artísticas para ilustrar a imagem que o
senso comum possui do servidor público. Ao final, a autora defende seu posicionamento que é
contrário ao estereótipo construído socialmente.
(b) O texto mostra o quanto a televisão tem favorecido a imagem do servidor público honesto
e isso é fortemente criticado pela autora.
(c) O texto retrata a imagem do servidor público da década de 50 que é diferente da imagem
que se tem atualmente.
(d) A autora faz uma narrativa que conta sua trajetória no serviço público, para mostrar o
quanto a mídia está equivocada em relação à imagem do servidor público.
(e) O texto defende a imagem do servidor público do século passado e o do século atual
veiculada pela mídia.
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REFERÊNCIAS
DAMIÃO, R. T.; HENRIQUES, A. Curso de Português Jurídico. São Paulo: Atlas, 2004.
FARACO, C. A.; TEZZA, C. Prática de texto para estudantes universitários. 19. ed.
Petrópolis: Vozes, 2010.
PLATÃO, F.; FIORIN, J. L. Para entender o texto. 10. ed. São Paulo: Ática, 1995