apostila_enar_2024-2
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Maratona ENAR:
O que é?
A maratona é o desafio de todos os jovens estudarem a apostila completa antes do dia da prova.
Onde?
Pode ser num parque, na casa de um jovem, na igreja ou outro lugar, conforme a liderança achar melhor
Quando estudar?
A sugestão é que cada final de semana tenha uma aula intensiva de um estudo da apostila. Que seja sexta à noite,
sábado à tarde ou domingo antes do culto, conforme a realidade de cada igreja.
Quem?
Membros e interessados devem participar; inclusive, deve ser feito um esforço coletivo para que todos os jovens estejam
envolvidos
Como?
De uma forma espiritual, dinâmica e bem objetiva. O pastor, obreiro, dirigente da igreja ou o departamental de
jovens exporá o assunto.
3. Cumprimento das
promessas ao vencedor ........................................................... 26
4. Epílogo ............................................................................................. 34
E
ste ano, o ENAR (Exame Nacional Reformista) vai explorar a última parte do
livro do Apocalipse. Na primeira edição, estudamos os seus primeiros sete
capítulos. No ano passado, abordamos o coração desse livro profético, os ca-
pítulos 8 a 14. Agora, vamos nos aprofundar nos capítulos finais (cap. 15 a
22). Toda essa seção se cumprirá no futuro e refere-se ao período que vai da Grande
Tribulação até o fim do Grande Conflito, quando viveremos no Novo Céu e na Nova
Terra (Apocalipse 21:1).
Nos capítulos 15 e 16, João descreve as pragas que devem castigar os incrédulos,
sem a mistura de misericórdia divina. No capítulo 17, João vê a Grande Meretriz, a
falsa religião associada ao Estado. No capítulo seguinte, o vidente de Patmos descreve
a queda dessa mulher, a quem ele chama de Babilônia. No capítulo 19, é descrita de
forma figurada a vinda de Cristo. O capítulo 20 fala de um período de mil anos que
se segue ao retorno do Senhor, quando os salvos estarão no céu julgando os que se
perderam e os anjos caídos. Os capítulos finais, 21 e 22, usam diversas imagens para
tentar descrever o lar dos salvos. Em linhas gerais, esses são os assuntos que vamos
analisar nas próximas páginas.
Não pense que o material que estamos há três anos estudando sobre o Apoca-
lipse seja suficiente para explorar esse fantástico livro em seus mínimos detalhes. Os
estudos que foram preparados são introdutórios ao estudo dessa profecia. O livro da
Revelação tem muito a nos ensinar ainda. A cada ano, novos trabalhos são publicados
com abordagens diferentes que aprofundam o nosso conhecimento sobre o último
livro da Bíblia. Gostaríamos de desafiar o estudante reformista a mergulhar em águas
profundas desse mar de conhecimento espiritual. Não fique na praia apenas admiran-
do a amplidão do oceano que está diante de você.
- 4 -
ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
Nossa oração é que esse material seja um divisor de águas na sua vida espiritual.
“Aquele que é testemunha fiel de todas essas coisas diz: ‘Sim, venho em breve!’
Amém! Vem, Senhor Jesus.” (Apocalipse 22:20, NVT).
- 5 -
1
Apocalipse 15:1-18:24
A ira final de Deus
sem misericórdia O fim do ministério de Cristo no
Santuário (Apocalipse 15:1-8)
A
cadeia profética dos capítulos 12 a 14 é o coração do Apocalipse, descrevendo o período
da grande tribulação que o povo de Deus enfrentará. No capítulo 12, João testemunha a
batalha de Satanás contra Cristo. No capítulo 13, ele relata o surgimento do Anticristo e do
Falso profeta. No capítulo 14, menciona os três anjos que convidam os pecadores a aceitar
o evangelho eterno ao invés de adotar o sinal da besta. Aqueles que recusam essa oferta são condena-
dos a sofrer a ira de Deus. Os próximos capítulos discutirão a execução dessa sentença.
“Vi no céu outro sinal, grande e maravilhoso: sete anjos portando as sete últimas pragas, pois com
elas se completa a ira de Deus.” As sete últimas pragas representam o ápice da punição divina. João
declara que com elas “se consumou a cólera de Deus” (ARA). Para Deus, punir é uma “obra muito
estranha” (Isaías 28:21). Ele não deseja a morte do ímpio, mas “quer que todos os homens sejam
salvos” (1 Timóteo 2:4). No entanto, sua justiça requer que o mal seja limitado e punido. Como as
forças do mal perseguiram o povo de Deus, agora é o momento de receberem a retribuição. Agres-
sões contra os seguidores de Cristo são agressões contra Ele próprio (conforme Mateus 25:40; Atos
9:2, 4). Deus defende Seu povo. A Bíblia ensina que “quem tocar em vocês, toca na menina dos olhos
dEle [de Deus]” (Zacarias 2:8). A ira de Deus é “derramada sem mistura” (Apocalipse 14:10) sobre os
pecadores que não se arrependem.
2
Vi algo semelhante a um mar de vidro misturado com fogo, e, de pé, junto ao mar, os que tinham ven-
cido a besta, a sua imagem e o número do seu nome. Eles seguravam harpas que lhes haviam sido dadas
por Deus, 3 e cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro: “Grandes e maravi-
lhosas são as tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso. Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das
nações. 4Quem não te temerá, ó Senhor? Quem não glorificará o teu nome? Pois tu somente és santo. Todas
as nações virão à tua presença e te adorarão, pois os teus atos de justiça se tornaram manifestos”.
Esta parte da visão é um parêntesis. O profeta observa agora o mesmo grupo mencionado no capí-
tulo 14:1-5. Enquanto na visão anterior os 144 mil são descritos sobre o “monte Sião” (Apocalipse 14:1),
aqui eles são vistos sobre o “mar de vidro misturado com fogo” (cap. 15:2). O mar de vidro, “claro como
cristal”, localiza-se diante do trono de Deus (Apocalipse 4:6), representando os salvos na eternidade.
João está à beira-mar, contemplando o pôr do sol sobre o mar Mediterrâneo. O mar calmo refle-
te a luz vermelha do sol ao se pôr no horizonte. Essa cena se transforma, para ele, em um símbolo
marcante daquele grande dia de realidades, quando o trabalho terreno estará concluído, os desapon-
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A ira final de Deus sem misericórdia
tamentos passados e os santos, enfim, estarão sinaliza o término da intercessão de Cristo. As ta-
diante de Deus.1 ças que os anjos carregam são pratos rasos utiliza-
O “mar de vidro misturado com fogo” (vers. dos para beber e para derramar oferendas líquidas.
2) simboliza a justiça de Deus, pois Ele é um Os anjos emergem do santuário celestial trajando
“fogo consumidor” (Deuteronômio 4:24; He- linho fino, semelhante ao vestuário do sumo sacer-
breus 12:29). dote no Dia da Expiação (Levítico 16:4).
No mar de vidro, os redimidos entoam o cân- João alude a Deus como “aquele que vive para
tico de Moisés e o cântico do Cordeiro (ver. 3). todo o sempre” (vers. 7), enfatizando a eternida-
Assim como os israelitas cantaram alegremente de divina para assegurar ao leitor que, apesar da
após o livramento do ataque iminente dos egíp- prevalência do mal, o bem prevalecerá. O mal é
cios junto ao mar Vermelho (Êxodo 15:1-21), o efêmero e terá um fim, enquanto o bem é perene
povo de Deus celebra a libertação da perseguição e triunfará.
do Dragão e da Besta (Apocalipse 12:17). Os sal- O profeta declara que, com a conclusão do mi-
vos cantam o cântico do Cordeiro, que narra a nistério de Cristo, “o santuário ficou repleto da
vitória da igreja sobre a morte e o sepulcro. Ellen fumaça da glória de Deus” (vers. 8). O mesmo fe-
G. White descreve este como o “hino de graça e nômeno ocorreu quando o tabernáculo no deser-
redenção”,2 um louvor único porque “ninguém, to foi consagrado: “A glória do Senhor encheu o
exceto os 144 mil, pode aprender esse canto, pois tabernáculo” (Êxodo 40:34-35). Os sacerdotes não
é o de sua vivência — e ninguém teve uma ex- puderam adentrar o templo de Jerusalém durante
periência semelhante”.3 A intenção do apóstolo sua consagração, “pois a glória do Senhor havia
João ao citar esse louvor neste ponto da visão foi enchido o seu templo” (1 Reis 8:11). Ladd esclare-
celebrar a vitória antes do início da batalha.4 ce que a ênfase recai não tanto na inacessibilidade
As palavras do hino que os redimidos cantam de Deus, mas em Sua majestade e glória.7
são “uma das expressões de fé mais tocantes de
toda a literatura bíblica”.5 Ellen G. White fala so- As sete últimas pragas (Apocalipse 16:1-21)
bre o louvor dos salvos com as seguintes palavras:
“Todo o céu vibra com a música preciosa e os cân- Existem quatro razões principais pelas quais
ticos de louvor ao Cordeiro. Salvos, eternamente Deus enviará sete pragas ao mundo:
salvos no reino da glória! Ter uma vida que se
mede com a vida de Deus: essa é a recompensa”.6 1. Redenção: Assim como as dez pragas sobre o
O cântico proclama que “todas as nações virão Egito libertaram Israel, os sete últimos flage-
à tua presença e te adorarão” (ver. 4). Isso não sig- los libertarão a igreja remanescente da perse-
nifica que todos serão salvos no final. Sugere que o guição dos ímpios.
Reino de Deus será composto por uma congrega-
ção de pessoas de todas as nacionalidades. 2. Punição: As pragas castigarão a iniquidade
5
Depois disso olhei, e vi que se abriu no céu o dos ímpios que perseguem e condenam os
santuário, o tabernáculo da aliança. 6 Saíram do cristãos à morte, vindicando assim o povo de
santuário os sete anjos com as sete pragas. Eles es- Deus.
tavam vestidos de linho puro e resplandecente, e
tinham cinturões de ouro ao redor do peito. 7 E um 3. Consequência: As pragas servirão para en-
dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete sinar que cada ação tem suas consequências,
taças de ouro cheias da ira de Deus, que vive para incentivando a reflexão sobre escolhas pes-
todo o sempre. 8 O santuário ficou cheio da fuma- soais.
ça da glória de Deus e do seu poder, e ninguém
podia entrar no santuário enquanto não se com- 4. Revelação: As pragas revelarão a natureza do
pletassem as sete pragas dos sete anjos. coração humano. Assim como as pragas do
Os sete anjos, portadores das taças com as sete Egito endureceram o coração do Faraó, a retri-
últimas pragas, partem da presença de Deus. A pu- buição pelas más ações endurecerá os corações
nição origina-se do santuário celestial, o coração da dos ímpios. João observa que as pessoas “amal-
obra salvífica. O templo celestial é frequentemente diçoaram o nome de Deus […] mas se recusa-
mencionado no livro do Apocalipse (ver cap. 3:12; ram a se arrepender e a glorificá-lo” (Apocalip-
7:15; 11:1, 19; 14:15, 17; 16:1, 17). A cena descrita se 16:9). Veja também o versículo 11.8
- 7 -
ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
1
Então ouvi uma forte voz que vinha do santu- Existe certa semelhança entre as últimas pra-
ário dizendo aos sete anjos: “Vão derramar sobre a gas e as que o Egito sofreu. Ellen G. White co-
terra as sete taças da ira de Deus”. 2 O primeiro anjo menta sobre isso:
foi e derramou a sua taça pela terra, e abriram-se “As pragas que sobrevieram ao Egito quando
feridas malignas e dolorosas naqueles que tinham a Deus estava prestes a libertar Israel eram de cará-
marca da besta e adoravam a sua imagem. ter semelhante aos juízos mais terríveis e exten-
Do santuário celestial, lugar onde se intercede sos que devem cair sobre o mundo precisamente
pelo pecador, sai uma voz que ordena a aplicação antes da libertação final do povo de Deus”.9 Veja
de sete terríveis flagelos (ou pragas) sobre o mundo. o quadro comparativo abaixo:
Assim como a primeira praga produz “feridas A primeira praga do Egito recaiu sobre as
malignas e dolorosas” sobre os que têm o sinal da águas do rio Nilo, transformando-as em sangue
besta, os egípcios e seus animais sofreram com (Êxodo 7:17-21). Para os egípcios, o rio era sa-
as “feridas purulentas” (Êxodo 9:10).10 A palavra grado, assegurando a sobrevivência de sua civili-
grega helkos, traduzida aqui por úlcera, significa zação. As dez pragas demonstraram aos egípcios
“ferida supurada”, que se abre e verte pus e infla- que suas divindades não eram confiáveis e que
mação. O terceiro anjo havia advertido que quem somente Deus merecia adoração.
recebesse o sinal da besta beberia o cálice da ira de A segunda praga impacta o mar e a vida mari-
Deus “sem mistura” (Apocalipse 14:9, 10). nha. João relata que o oceano, fonte de riqueza para
3
O segundo anjo derramou a sua taça no mar, aqueles que comerciavam com Babilônia, agora se
e este se transformou em sangue como de um mor- torna um local de morte: “Todos os capitães, todos
to, e morreu toda criatura que vivia no mar. os passageiros e marinheiros dos navios e todos os
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A ira final de Deus sem misericórdia
que ganham a vida no mar ficarão de longe. Ao ve- sol que endurece o barro e amolece a manteiga
rem a fumaça do incêndio dela, exclamarão: ‘Que ilustra como a mesma circunstância pode ter efei-
outra cidade jamais se igualou a esta grande cida- tos opostos. O que deveria motivar o pecador a
de?’ Lançarão pó sobre a cabeça, e lamentando-se buscar refúgio em Deus, paradoxalmente, faz com
e chorando, gritarão: ‘Ai! A grande cidade! Graças que a humanidade se revolte contra o divino.
à sua riqueza, nela prosperaram todos os que ti- 12
O sexto anjo derramou a sua taça sobre o gran-
nham navios no mar’” (Apocalipse 18:17-19). de rio Eufrates, e secaram-se as suas águas para que
4
O terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e fosse preparado o caminho para os reis que vêm do
nas fontes de águas, e eles se transformaram em san- Oriente. 13 Então vi saírem da boca do dragão, da
gue. 5 Então ouvi o anjo que tem autoridade sobre as boca da besta e da boca do falso profeta três espí-
águas dizer: “Tu és justo, tu, o Santo, que és e que ritos imundos semelhantes a rãs. 14 São espíritos de
eras, porque julgaste estas coisas; 6 pois eles derrama- demônios que realizam sinais miraculosos; eles vão
ram o sangue dos teus santos e dos teus profetas, e tu aos reis de todo o mundo, a fim de reuni-los para
lhes deste sangue para beber, como eles merecem”. 7 E a batalha do grande dia do Deus todo-poderoso. 15
ouvi o altar responder: “Sim, Senhor Deus todo-po- “Eis que venho como ladrão! Feliz aquele que per-
deroso, verdadeiros e justos são os teus juízos”. manece vigilante e conserva consigo as suas vestes,
Aqueles que derramaram o sangue dos cris- para que não ande nu e não seja vista a sua vergo-
tãos serão obrigados a beber sangue. O castigo é nha”. 16 Então os três espíritos os reuniram no lugar
proporcional ao crime que cometeram.11 que, em hebraico, é chamado Armagedom.
Enquanto o mundo sofre com a carestia pela Com o mundo em revolta contra Deus, Sa-
falta de água potável, Deus cuida do Seu povo. A tanás prepara o caminho para o engano final,
Palavra de Deus promete: “O seu pão lhe será dado, buscando levar a humanidade a tentar destruir o
as suas águas serão certas” (Isaías 33:16, ARA). povo de Deus. Ao fazer isso, o Inimigo visa ata-
8
O quarto anjo derramou a sua taça no sol, car o próprio Deus. O clímax do Grande Conflito
e foi dado poder ao sol para queimar os homens é a batalha do Armagedom.
com fogo. 9 Estes foram queimados pelo forte calor A secagem do rio Eufrates, que ocorre na
e amaldiçoaram o nome de Deus, que tem domí- sexta praga, remete historicamente à queda da
nio sobre estas pragas; contudo se recusaram a se cidade de Babilônia na antiguidade. A grande
arrepender e a glorificá-lo. Babilônia era considerada inviolável, com muros
A frase “foi dado poder ao sol para queimar os robustos e um fornecimento de água inesgotável,
homens com fogo” mostra que o sol não é a causa já que o rio Eufrates a atravessava. Em 539 a.C.,
do sofrimento, mas sim a ação de Deus sobre o Ciro, o Grande, desviou as águas do rio para que
sol. O astro-rei, que é fonte de luz, calor e vida, se seu exército pudesse entrar na cidade pelo leito
tornará fonte de sofrimento e morte. seco.12 A secagem do rio Eufrates simbolizava
10
O quinto anjo derramou a sua taça sobre o para os leitores de João a certeza da queda da
trono da besta, cujo reino ficou em trevas. De tanta Babilônia mística. No Antigo Testamento, o ato
agonia, os homens mordiam a própria língua, 11 e de Deus secar as águas prenunciava a preparação
blasfemavam contra o Deus do céu, por causa das de Seu povo para conquistar a Terra Prometida
suas dores e das suas feridas; contudo, recusaram-se (Isaías 11:15, 16; 51:10, 11; Jeremias 51:36).13
a arrepender-se das obras que haviam praticado. A menção aos “reis que vêm do Oriente” (Apo-
As primeiras quatro pragas atingem o mundo calipse 16:12) está associada à conquista da cidade
inteiro, mas a quinta praga é direcionada especi- de Babilônia pela Pérsia (Isaías 41:25), localizada
ficamente ao trono da besta, assemelhando-se à a leste do império babilônico. Ciro, rei da Pérsia, é
praga de trevas que afligiu o Egito (Êxodo 10:21- visto como um tipo de Cristo (Lucas 1:17; Apoca-
23). Embora o texto bíblico não detalhe como lipse 22:16). O anjo que realiza a obra de selamento
essa calamidade faz com que as pessoas mordam surge do oriente (Apocalipse 7:2). João emprega a
suas próprias línguas, pode-se inferir que a acu- imagem de Cristo como um guerreiro montado em
mulação dos juízos anteriores resulta em uma um cavalo branco, lutando e julgando com justiça
dor e desespero extremos para a humanidade. (Apocalipse 19:11), seguido pelos “exércitos dos
O profeta destaca que, mesmo diante de tan- céus”, referindo-se aos anjos (Apocalipse 19:14).
to sofrimento, o mundo não admite sua culpa e João relata que da boca do dragão, da besta e
continua a blasfemar contra Deus. A analogia do do falso profeta emergem três espíritos imundos.
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ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
O texto não especifica como eles aparecem, mas Com o tempo, surgiram várias interpretações
sugere que o sopro dos três espíritos se materiali- para explicar o Armagedom. Muitos esquecem
za em rãs.14 Esses três espíritos imundos evocam que essa “batalha do grande dia do Deus todo-
a praga das rãs sobre o Egito (Êxodo 8:1-15), a -poderoso” (vers. 14) é um conflito espiritual en-
última praga que os magos egípcios conseguiram tre Deus e Seu povo contra Satanás e seus segui-
replicar. Da mesma forma, as três rãs representam dores. Não se trata de uma questão geopolítica,
o último esforço de Satanás para enganar o mun- mas do clímax do grande conflito entre o bem e o
do, sendo uma imitação dos três anjos de Apoca- mal. Ellen G. White comenta sobre a sexta praga:
lipse 14. Os três espíritos imundos simbolizam a “Em breve será travada a batalha do Armage-
trindade satânica: Espiritismo, Catolicismo e Pro- dom. Aquele que tem escrito na vestimenta ‘Rei
testantismo apóstata. Ellen G. White descreve a dos reis e Senhor dos senhores’ liderará as hostes
influência desses poderes no fim dos tempos, des- celestiais montadas em cavalos brancos, vestidos
tacando que os protestantes dos Estados Unidos de linho fino, puro e branco. […] O capitão das
serão os primeiros a se unir ao espiritismo e ao hostes do Senhor estará à frente dos anjos do céu
poder romano, seguindo os passos de Roma e su- para comandar a batalha.”17
primindo os direitos de consciência.15 “Em breve, muito em breve, ocorrerá a últi-
Em hebraico, Armagedom significa “Mon- ma batalha entre o bem e o mal. A terra será o
te de Megido”. No entanto, Megido não é uma palco — o cenário do confronto final e da vitória
montanha, mas uma planície, também conheci- definitiva. Aqui, onde Satanás por tanto tempo
da como planície de Asdraelon ou Jezreel, parte conduziu a humanidade contra Deus, a rebelião
da depressão do rio Jordão, separando a Galileia será finalmente erradicada.”18
da Samaria. É um corredor natural que conecta o A sexta praga não descreve o conflito final,
interior com a estrada costeira ao longo do mar mas sim a preparação para a batalha. O confron-
Mediterrâneo. Esta planície foi palco de várias to será detalhado em Apocalipse 17:14-18 e no
batalhas históricas, onde Gideão enfrentou os capítulo 19:11-21.
midianitas, Saul morreu lutando contra os filis- 17
O sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e do
teus, Baraque e Débora derrotaram o rei cananeu santuário saiu uma forte voz que vinha do trono,
Jabim, Acazias foi morto pelas flechas de Jeú e o dizendo: “Está feito! “ 18 Houve, então, relâmpagos,
Faraó Neco venceu o rei Josias. vozes, trovões e um forte terremoto. Nunca havia
O episódio mais notável que ocorreu em Me- ocorrido um terremoto tão forte como esse desde
gido foi o embate entre Elias e os profetas de que o homem existe sobre a terra. 19 A grande cidade
Baal, narrado em 1 Reis 18. A cordilheira do foi fracionada em três partes, e as cidades das na-
Carmelo, onde ocorreu esse confronto, estende- ções se desmoronaram. Deus lembrou-se da grande
-se por 30 km e divide a planície costeira do Arco Babilônia e lhe deu o cálice do vinho do furor da
da planície de Saron. Ali, Elias enfrentou e expôs sua ira. 20 Todas as ilhas fugiram, e as montanhas
450 profetas de Baal e 400 profetas de Aserá (1 desapareceram. 21 Caíram sobre os homens, vindas
Reis 18:19). O desafio de Elias prefigura o con- do céu, enormes pedras de granizo, de cerca de trin-
flito final entre a adoração verdadeira e a falsa. ta e cinquenta quilos cada; eles blasfemaram contra
O profeta representa a Igreja Remanescente que Deus por causa do granizo, pois a praga fora terrível.
confrontará as forças do mal durante a grande O derramamento da sétima taça é marcado
tribulação. Summers destaca que por uma voz que emana do Santuário Celestial,
“Megido simbolizava muito bem a angustiosa proclamando: “Está feito”. Esta expressão, também
situação universal da retidão e do mal empenhados pronunciada por Cristo na cruz (João 19:30), sim-
numa batalha de vida ou morte. Esta guerra não boliza a vitória de Cristo sobre Satanás e as forças
é travada com espadas ou lanças materiais, não. do mal. A descrição da sétima praga ecoa a visão
[...] Este lugar — Armagedom — de que nos fala o apresentada em Apocalipse 6:14-16:
Apocalipse não se encontra no mapa de nenhuma “E o céu retirou-se como um pergaminho que
nação da terra. É um lugar que se relaciona com a se enrola; e todos os montes e ilhas foram removi-
lógica do contexto e não com o espaço. Nesta bata- dos dos seus lugares. E os reis da terra, e os gran-
lha o que vai decidir o resultado não são os arma- des, e os ricos, e os comandantes, e os poderosos,
mentos materiais ou físicos; ela se trava entre a re- e todo escravo, e todo livre, esconderam-se nas ca-
tidão e o mal, e da retidão certamente é a vitória.”16 vernas e entre as rochas das montanhas; e diziam
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A ira final de Deus sem misericórdia
aos montes e às rochas: Caí sobre nós e escondei- mente no texto. João menciona que tanto os reis
-nos da face daquele que está assentado no trono, da terra quanto seus habitantes serão manipula-
e da ira do Cordeiro; pois o grande dia da sua ira dos por Babilônia. Os reis, ao formarem laços po-
chegou, e quem pode subsistir?” líticos com ela, são comparados a se prostituírem,
A sétima praga, portanto, é uma representa- uma metáfora usada pelos profetas do Antigo
ção da segunda vinda de Cristo. Testamento para descrever a infidelidade de Israel
ao se aliar com nações pagãs. Ellen G. White in-
A grande Babilônia (Apocalipse 17:1-18) terpreta essa infidelidade como uma violação do
voto conjugal da igreja para com Cristo.19
1
Um dos sete anjos que tinham as sete taças Os habitantes da terra, por sua vez, são des-
aproximou-se e me disse: “Venha, eu lhe mostrarei critos como embriagados pelo vinho de Babilô-
o julgamento da grande prostituta que está senta- nia, que Ellen G. White define como suas “dou-
da sobre muitas águas, 2com quem os reis da terra trinas venenosas, o vinho do erro”.20 A proibição
se prostituíram; os habitantes da terra se embria- do consumo de vinho pelos sacerdotes do Antigo
garam com o vinho da sua prostituição”. Testamento, que visava preservar a capacidade de
João, ao longo do Apocalipse, faz referências discernir entre o bem e o mal, é usada aqui para
progressivas a Babilônia, culminando em uma ilustrar como as doutrinas de Babilônia confun-
explanação detalhada sobre seu papel nos even- dem e desviam as pessoas da verdade.
tos finais. No capítulo 17, um anjo que porta uma 3
Então o anjo me levou no Espírito para um
das taças da ira de Deus convida João a observar deserto. Ali vi uma mulher montada numa besta
o destino da Babilônia, descrita como “a grande vermelha, que estava coberta de nomes blasfemos
prostituta”. Esta figura está assentada sobre “mui- e que tinha sete cabeças e dez chifres. 4A mulher
tas águas”, que, conforme explicado pelo anjo no estava vestida de azul e vermelho, e adornada de
versículo 15, simbolizam “povos, multidões, na- ouro, pedras preciosas e pérolas. Segurava um cáli-
ções e línguas”. Essas águas representam o suporte ce de ouro, cheio de coisas repugnantes e da impu-
político global que Babilônia recebe. reza da sua prostituição. 5Em sua testa havia esta
A imagem da mulher sobre a besta simboliza a inscrição: MISTÉRIO: BABILÔNIA, A GRANDE;
união corrupta entre a igreja apóstata e o Estado, A MÃE DAS PROSTITUTAS E DAS PRÁTICAS
uma aliança que será mais detalhada posterior- REPUGNANTES DA TERRA.
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ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
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A ira final de Deus sem misericórdia
ano, em 9 de agosto, o papa foi deposto pelas forças de Napoleão. Ironia do destino, um milênio antes, o
papado havia estabelecido sua supremacia na Europa com o apoio de Clóvis, rei dos Francos.
O ano de 1798 marcou o fim da supremacia papal. Uma ferida mortal foi-lhe infligida (Apocalipse
13:3), representando a fase descrita pela profecia como o poder que “não era”. Com o Tratado de Latrão,
assinado em 1929, começou a cura da ferida mortal, marcando a fase do “é”, o período em que vivemos.
Com a aliança dos três espíritos impuros, o papado deve buscar restaurar seu antigo poder. A união entre
a Igreja e o Estado será restabelecida, como na Idade Média, iniciando uma nova perseguição ao povo
remanescente. Esta é a fase “que virá a ser”. A besta de Apocalipse 17 é a mesma besta do mar de Apoca-
lipse 13, após a cura da ferida mortal.
9
Aqui se requer mente sábia. As sete cabe- dade como reis junto com a besta. Eles têm um
ças são sete colinas sobre as quais está sentada a propósito unificado e entregarão seu poder e au-
mulher. 10 São também sete reis. Cinco já caíram, toridade à besta. Os dez chifres representam uma
um ainda existe, e o outro ainda não surgiu; mas, coalizão de países que concederão autoridade ao
quando surgir, deverá permanecer durante pouco Anticristo dos últimos dias. A profecia não especi-
tempo. 11 A besta que era, e agora não é, é o oitavo fica quais serão esses dez reinos. Alguns interpre-
rei. É um dos sete, e caminha para a perdição. taram que se referia ao Mercado Comum Europeu
A sabedoria a que João se refere é a mesma dos anos 1970, que era composto por 10 nações.
necessária para entender o número místico 666 Atualmente, a União Europeia inclui quase trinta
(Apocalipse 13:18). O profeta não fala de conhe- países. Outros acreditam que se refere a dez blo-
cimento acadêmico, mas de discernimento espiri- cos econômicos, como o Mercosul, Nafta, União
tual. João explica que as sete cabeças da besta sim- Europeia, entre outros. Como essa profecia ainda
bolizam sete colinas e sete reis. A cidade de Roma, pertence ao futuro, devemos conter a especulação
construída sobre sete montes — Capitólio, Palati- e aguardar o cumprimento das profecias para ter
no, Aventino, Célio, Esquilino, Viminal e Quiri- uma compreensão mais clara de sua realização. A
nal — é associada à imagem da besta e ao Império profecia indica que essas dez nações formarão uma
Romano. No entanto, elas também representam confederação que se submeterá à besta restaurada,
sete reis ou reinos. Estamos vivendo no período mas isso será por um tempo limitado.
da sétima cabeça, e a oitava será a restauração do “14’Guerrearão contra o Cordeiro, mas o Cor-
poder papal da Idade Média. deiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o
Os dez chifres mencionados em Apocalipse Rei dos reis; e vencerão com ele os seus chamados,
17:12 são dez reis que ainda não receberam reino, escolhidos e fiéis”. 15 Então o anjo me disse: ‘As águas
mas que por um breve período receberão autori- que você viu, onde está sentada a prostituta, são
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ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
povos, multidões, nações e línguas. 16A besta e os Há indícios de que esse evento é a secagem
dez chifres que você viu odiarão a prostituta. Eles do rio Eufrates, que leva à queda de Babilônia.
a levarão à ruína e a deixarão nua, comerão a sua O povo se dá conta de que foi manipulado pela
carne e a destruirão com fogo, 17pois Deus colocou falsa religião e se revolta contra seus líderes espi-
no coração deles o desejo de realizar o propósito que rituais. Mas já é tarde, não há como mudar o des-
ele tem, levando-os a concordarem em dar à besta o tino. Esta é a sexta praga. Este é o fim da Batalha
poder que eles têm para reinar até que se cumpram do Armagedom.
as palavras de Deus. 18A mulher que você viu é a No último versículo do capítulo 17, João
grande cidade que reina sobre os reis da terra’.” afirma que Babilônia reinou sobre o mundo. No
A partir desse ponto, o profeta João deta- próximo capítulo, ele descreve a queda dela.
lha como ocorrerá a batalha do Armagedom, o A queda de Babilônia, Apocalipse 18:1-24
grande dia do Deus Todo-Poderoso. Os poderes 1
Depois disso vi outro anjo que descia do céu.
confederados, liderados pela besta, perseguirão o Tinha grande autoridade, e a terra foi iluminada
povo de Deus. Satanás influenciará os homens a por seu esplendor. 2E ele bradou com voz podero-
tentarem erradicar da Terra aqueles que estão im- sa: “Caiu! Caiu a grande Babilônia! Ela se tornou
pedindo a paz mundial. Ao atacar o povo de Deus, habitação de demônios e antro de todo espírito
o Inimigo pretende atingir o coração de Deus. A imundo antro de toda ave impura e detestável,
princípio, parece que o plano satânico está funcio- 3
pois todas as nações beberam do vinho da fúria
nando. No entanto, a história avança sob a von- da sua prostituição. Os reis da terra se prostituí-
tade de Deus. O texto bíblico diz que a união dos ram com ela; à custa do seu luxo excessivo os ne-
povos faz parte do plano de Deus: “Deus colocou gociantes da terra se enriqueceram”.
no coração deles o desejo de realizar o propósito A queda de Babilônia foi de fato anuncia-
que ele tem, levando-os a concordarem em dar à da pelo segundo anjo em Apocalipse 14:8. Um
besta o poder que eles têm para reinar até que se outro mensageiro repete as mesmas expressões,
cumpram as palavras de Deus.” (ver. 17). indicando o fim da cidade como um evento já
Contudo, a lealdade demonstrada à mulher determinado, mas ainda futuro. Ambos os anún-
é quebrada. O espírito mudará e a besta, que cios ecoam Isaías 21:9: “Caiu! Babilônia caiu! To-
mantinha a autoridade da mulher, bem como os das as imagens dos seus deuses estão despedaça-
dez chifres, se voltarão contra Babilônia. No ca- das no chão”.
pítulo anterior, esse rompimento é chamado de Assim como os três anjos do capítulo 14 de
“secagem do rio Eufrates” (Apocalipse 16:12). As Apocalipse simbolizam a missão evangelizadora
multidões que apoiavam a falsa religião perce- do povo remanescente nos últimos dias, este ou-
bem que foram enganadas e se revoltam contra tro anjo também representa um grupo de pesso-
seus líderes. Ellen G. White descreve este aconte- as, mas em uma fase e época diferentes.28 Cada
cimento da seguinte forma: mensageiro que surge representa uma etapa na
“O povo vê que foi iludido. Uns acusam os missão do povo de Deus nos últimos dias. Por-
outros de tê-los levado à destruição; todos, porém, tanto, este “outro anjo” surge para completar a
se unem em acumular suas mais amargas conde- missão iniciada pelos três anjos, advertindo o
nações contra os ministros. Pastores infiéis profe- mundo sobre os juízos divinos.
tizaram coisas agradáveis, levaram os ouvintes a Para você entender melhor este assunto,
anular a lei de Deus e a perseguir os que a queriam acompanhe esta pequena contextualização:
santificar. Agora, em seu desespero, esses ensina- Em Apocalipse 18:1, encontramos a des-
dores confessam perante o mundo sua obra de en- crição de um anjo poderoso que desce do Céu
gano. As multidões estão cheias de furor. ‘Estamos e ilumina a Terra com sua glória. Do ponto de
perdidos!’ exclamam; ‘e vós sois a causa de nossa vista do Movimento de Reforma, esse anjo repre-
ruína’; e voltam-se contra os falsos pastores. Aque- senta a mensagem final de Deus para o mundo
les mesmos que mais os admiravam, pronunciarão antes da segunda vinda de Jesus. Ellen G. White,
as mais terríveis maldições sobre eles. As mesmas Ellet J. Waggoner e Alonzo T. Jones divulgaram
mãos que os coroavam de lauréis, levantar-se-ão essa mensagem, que teve um papel fundamental
para destruí-los. As espadas que deveriam matar na Conferência Geral de 1888 em Minneapolis,
o povo de Deus, são agora empregadas para exter- Minnesota.
minar os seus inimigos. Por toda parte há conten- A mensagem desse anjo se concentra em
da e morticínio.”27 três pontos principais:
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A ira final de Deus sem misericórdia
1. A queda de Babilônia: Babilônia representa dias no cenáculo orando, louvando a Deus e cui-
os sistemas religiosos falsos que se desvia- dando uns dos outros, é necessário que o povo
ram da verdade divina. Sua queda simboliza remanescente também faça essa obra de prepa-
o enfraquecimento do poder e da influência ração para a última chuva, conhecida como a
desses sistemas. “Chuva Serôdia”.
Vivemos no tempo da primeira fase — a
2. O chamado para sair de Babilônia: Deus preparação. Esse grande despertar é fruto da
chama Seu povo para que saiam de Babilônia ação divina no mundo, mas também requer a
e se afastem dos erros doutrinários e ensina- participação ativa do povo de Deus. Conforme
mentos falsos. Deus disse a Salomão: “Se o meu povo, que se
chama pelo meu nome, se humilhar e orar, bus-
3. A preparação para o retorno de Jesus: A car a minha face e se afastar dos seus maus cami-
mensagem do anjo é um convite ao povo a nhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado
fim de que se prepare para a segunda vinda e curarei a sua terra” (2 Crônicas 7:14). Acredita-
de Jesus, que está próxima. -se, portanto, que o anjo de Apocalipse 18:1 rea-
liza sua missão em duas etapas: uma preparatória
e outra de proclamação, acompanhada de gran-
A conferência de Minneapolis: des sinais e maravilhas.29
Quando João menciona que Babilônia se
tornou “habitação de demônios e antro de todo
A Conferência Geral de 1888 foi um momen- espírito imundo e de toda ave impura e detestá-
to decisivo na história do adventismo. Foi durante vel”, ele ecoa as profecias sobre as ruínas da antiga
essa conferência que Waggoner e Jones apresen- Babilônia histórica (Jeremias 50:39; 51:37). Um
taram de modo mais amplo a justiça pela fé — dos grandes pecados de Babilônia foi seduzir os
um tema que até essa época os adventistas não líderes mundiais a perseguirem o povo de Deus. A
compreendiam muito bem. Ellen White também “prostituição” mencionada pelos profetas refere-se
apresentou o tema, enfatizando a importância da à idolatria. Babilônia induziu o mundo a aceitar o
fé em Jesus e da graça de Deus na salvação. sinal da besta e a rejeitar o selo de Deus. A religião
Waggoner e Jones foram dois dos principais falsa prometeu poder e riqueza aos seus seguido-
divulgadores da mensagem da justiça pela fé. res e “embriagou” as pessoas com suas doutrinas
Através de seus sermões, livros e artigos, eles aju- enganosas, obstruindo a salvação de muitos.
daram a esclarecer esse importante ensinamento
e a fortalecer a fé de muitos adventistas. 4
Então ouvi outra voz do céu que dizia: “Saiam
A mensagem do anjo de Apocalipse 18:1 dela, vocês, povo meu, para que vocês não parti-
ressoou profundamente entre os fiéis do adven- cipem dos seus pecados, para que as pragas que
tismo, provocando um reavivamento espiritual vão cair sobre ela não os atinjam! 5Pois os peca-
e um comprometimento renovado com a ver- dos da Babilônia acumularam-se até o céu, e Deus
dade divina. A importância dessa mensagem foi se lembrou dos seus crimes. 6Retribuam-lhe na
tamanha que resultou no surgimento do quarto mesma moeda; paguem-lhe em dobro pelo que
anjo — representação de um grupo que defende fez; misturem para ela uma porção dupla no seu
a fé em Jesus e a observância dos mandamentos próprio cálice. 7Façam-lhe sofrer tanto tormento e
como resposta direta à aceitação da mensagem. tanta aflição como a glória e o luxo a que ela se
Essa é a única ocasião em todo o Apocalipse entregou. Em seu coração ela se vangloriava: ‘Es-
em que João descreve um anjo possuindo “gran- tou sentada como rainha; não sou viúva e jamais
de autoridade” e cuja presença faz “a terra se ilu- terei tristeza’. 8Por isso num só dia as suas pragas a
minar com a sua glória” (ARA). A descrição do alcançarão: morte, tristeza e fome, e o fogo a con-
anjo indica que sua missão é evangelizar o mun- sumirá, pois poderoso é o Senhor Deus que a julga.
do inteiro, um paralelo com o que ocorreu com O convite divino para que os fiéis saiam de
a igreja apostólica após o Pentecostes. Ainda não Babilônia é um chamado pessoal de Deus, que os
observamos um evento semelhante atualmente identifica como “Meu povo”. Este apelo é uma re-
porque o desenvolvimento desse anjo ocorre em ferência direta a Jeremias 51:45, onde se faz um
duas fases. Assim como os discípulos ficaram dez convite amoroso para que os judeus deixem Babi-
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ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
lônia antes do iminente juízo divino. A preocupa- ça do seu incêndio, chorarão e se lamentarão por
ção de Deus é proteger Seu povo não apenas dos ela. 10Amedrontados por causa do tormento dela,
perigos físicos, mas também da influência corrup- ficarão de longe e gritarão: ‘Ai! A grande cidade!
tora da idolatria babilônica (vers. 47, 52).30 Babilônia, cidade poderosa! Em apenas uma hora
A saída de Babilônia não se limita a deixar chegou a sua condenação!’
uma organização religiosa; é também uma mu-
dança de mentalidade. Douckham ressalta que Os poderosos não revelam preocupação
com o destino de Babilônia, mas sim com o pre-
“Babilônia também é uma mentali- juízo financeiro que sofreram pela sua queda. A
dade Sair dela é rejeitar todo um modo arrogância que a cidade manifestou não adian-
de pensar que a igreja desenvolveu ao tou nada. Deus tem a palavra final.
longo dos séculos. Significa deixar de
considerar a igreja como a porta até Deus 11
”Os negociantes da terra chorarão e se lamen-
(Babel), e o desejo de substituí-lo pela tarão por causa dela, porque ninguém mais compra
igreja e a fé na política. Sair de Babilônia a sua mercadoria: 12Artigos como ouro, prata, pe-
é rejeitar seu imperialismo e arrogância dras preciosas e pérolas; linho fino, púrpura, seda
[...] Sair de Babilônia é adotar uma pos- e tecido vermelho; todo tipo de madeira de cedro
tura crítica para com ela enquanto per- e peças de marfim, madeira preciosa, bronze, ferro
manecemos abertos a revelação de Deus. e mármore; 13canela e outras especiarias, incenso,
É o risco assumido pelos que consideram mirra e perfumes, vinho e azeite de oliva; farinha
que a comodidade e a tradição não são fina e trigo, bois e ovelhas, cavalos e carruagens, e
suficientes.”31 corpos e almas de seres humanos. 14”Eles dirão: ‘Fo-
ram-se as frutas que tanto lhe apeteciam! Todas as
A imagem dos pecados acumulados até o suas riquezas e todo o seu esplendor se desvanece-
céu (vers. 5) destaca que a misericórdia divina ram; nunca mais serão recuperados’. 15Os negocian-
tem um limite e que a justiça de Deus exige a pu- tes dessas coisas, que enriqueceram à custa dela, fi-
nição do mal. Isso é ilustrado na explicação dada carão de longe, amedrontados com o tormento dela,
a Abraão sobre as nações cananeias, que não se- e chorarão e se lamentarão, 16gritando: ‘Ai! A grande
riam julgadas até que sua maldade atingisse uma cidade, vestida de linho fino, de roupas de púrpura
medida completa (Gênesis 15:16). e vestes vermelhas, adornada de ouro, pedras pre-
A ruína de Babilônia é atribuída à sua ar- ciosas e pérolas! 17Em apenas uma hora, tamanha
rogância, acreditando-se invulnerável à queda. riqueza foi arruinada!’ “Todos os capitães, todos os
A citação de Isaías 47:7,8, 10 mostra que a Ba- passageiros e marinheiros dos navios e todos os que
bilônia histórica tinha um espírito de auto-sufi- ganham a vida no mar ficarão de longe. 18Ao ve-
ciência, que é refletido na falsa religião que leva rem a fumaça do incêndio dela, exclamarão: ‘Que
o mundo a viver como se Deus não existisse ou outra cidade jamais se igualou a esta grande cida-
não se importasse. Esse é o espírito de Babilônia de?’ 19Lançarão pó sobre a cabeça, e lamentando-se
que pode infiltrar-se até mesmo entre os cristãos e chorando, gritarão: ‘Ai! A grande cidade! Graças à
que acreditam na salvação por esforços próprios. sua riqueza, nela prosperaram todos os que tinham
Quanto à duração das pragas mencionadas navios no mar! Em apenas uma hora ela ficou em
em Apocalipse 18:8, alguns comentaristas suge- ruínas! 20Celebre o que se deu com ela, ó céus! Cele-
rem que poderiam durar um ano profético, ba- brem, ó santos, apóstolos e profetas! Deus a julgou,
seando-se na expressão “num só dia”. No entan- retribuindo-lhe o que ela fez a vocês’”.
to, João pode estar ecoando Isaías 47:9 e 10, em
que a condenação chega em “apenas uma hora”, Os aliados de Babilônia lamentarão sua que-
enfatizando a rapidez e surpresa do juízo contra da, chorando não pela cidade em si, mas pela per-
Babilônia. A interpretação do Movimento de Re- da de um mercado lucrativo para suas mercado-
forma tem defendido o período de um ano como rias. Os versículos 12 e 13 de Apocalipse detalham
a melhor compreensão até o momento. uma vasta gama de itens comercializados, desde
tecidos luxuosos como púrpura e escarlata até seda
9
”Quando os reis da terra, que se prostituíram importada da China e madeiras exóticas do nor-
com ela e participaram do seu luxo, virem a fuma- te da África. O marfim, utilizado em decorações e
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A ira final de Deus sem misericórdia
adornos em Roma, e o trigo egípcio, essencial na Nunca mais se achará dentro de seus muros artí-
dieta mediterrânea, também são mencionados. fice algum, de qualquer profissão. Nunca mais se
A expressão “o corpo e as almas dos seres ouvirá em seu meio o ruído das pedras de moinho.
humanos” reflete a indignação de João com um 23
Nunca mais brilhará dentro de seus muros a luz
sistema que oprimia tanto fisicamente quanto da candeia. Nunca mais se ouvirá ali a voz do noi-
espiritualmente, reduzindo pessoas a meros ob- vo e da noiva. Seus mercadores eram os grandes
jetos de comércio.32 do mundo. Todas as nações foram seduzidas por
Apesar de sua ruína, Babilônia ainda des- suas feitiçarias. 24Nela foi encontrado sangue de
perta admiração entre os comerciantes, que se profetas e de santos, e de todos os que foram assas-
perguntam qual cidade poderia se comparar à sinados na terra”.
sua grandeza. Essa veneração ecoa a adoração
à besta em Apocalipse 13:4, contrastando for- Primeiro cai o império, depois os seus alia-
temente com a reverência verdadeira dirigida a dos e agora a sua capital. Um anjo poderoso lan-
Deus, como expressa em Miqueias 7:18. ça no mar uma pedra de moinho para ilustrar o
Enquanto os comerciantes choram por suas modo como Babilônia cairá. Deus ordenou que o
perdas financeiras, os cristãos de todas as eras — profeta Jeremias descrevesse a destruição da ca-
santos, apóstolos e profetas — regozijam-se. A pital do império babilônico em um rolo: “Quan-
queda de Babilônia é vista como uma confirma- do você terminar de ler este rolo, amarre nele uma
ção da justiça divina e do fim do mal. O louvor pedra e atire-o no Eufrates. Então diga: ‘Assim
que se ouve não é de vingança, mas de adoração Babilônia afundará para não mais se erguer, por
a Deus, que faz o bem prevalecer e recompen- causa da desgraça que trarei sobre ela. E seu povo
sa cada um segundo suas obras. Assim como a cairá” (Jeremias 51:63, 64).
queda da Babilônia histórica foi um sinal de li- João, em seguida, explica que três tipos de
bertação para os judeus, a queda da Babilônia atividades da vida social de Roma cessarão: As
espiritual sinaliza a salvação iminente para o Re- diversões (vers. 22) representada pelos instru-
manescente. O chamado para que os redimidos mentos musicais em silêncio; os negócios (vers.
de todas as eras louvem a Deus por Sua justiça é 22), pois o trabalho cessara, e a vida doméstica
atendido no capítulo 19 de Apocalipse. (vers. 23), pois as festas seriam interrompidas e a
cidade ficaria em silêncio.33
21
Então um anjo poderoso levantou uma pedra do O silêncio que reinará na cidade denuncia a
tamanho de uma grande pedra de moinho, lan- sua morte. A única coisa que ficará em suas ruas
çou-a ao mar e disse: “Com igual violência será será o sangue dos fiéis que foram mortos. Este
lançada por terra a grande cidade da Babilônia, sangue denuncia o real motivo da queda da cida-
para nunca mais ser encontrada. 22Nunca mais se de. Os poderes do mal que tentaram exterminar
ouvirá em seu meio o som de harpistas, dos mú- o Remanescente serão finalmente derrotados.
sicos, dos flautistas e dos tocadores de trombeta.
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2
A obra de Deus
pela salvação
Apocalipse 19:1-21:4
concluída
(Apocalipse 19:1-8)
1
Depois disso ouvi no céu algo semelhante à voz de uma grande multidão, que exclamava: “Aleluia!
A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus, 2pois verdadeiros e justos são os seus juízos. Ele
condenou a grande prostituta que corrompia a terra com a sua prostituição. Ele cobrou dela o sangue
dos seus servos”. 3E mais uma vez a multidão exclamou: “Aleluia! A fumaça que dela vem, sobe para
todo o sempre”. 4Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus,
que estava assentado no trono, e exclamaram: “Amém, Aleluia! “ 5Então veio do trono uma voz, con-
clamando: “Louvem o nosso Deus, todos vocês, seus servos, vocês que o temem, tanto pequenos como
grandes! “ 6Então ouvi algo semelhante ao som de uma grande multidão, como o estrondo de muitas
águas e fortes trovões, que bradava: “Aleluia! pois reina o Senhor, o nosso Deus, o Todo-poderoso. 7Re-
gozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua
noiva já se aprontou. 8Foi-lhe dado para vestir-se linho fino, brilhante e puro”. O linho fino são os atos
justos dos santos.
Grande Multidão. Agora, a voz de “uma grande multidão” é ouvida no céu. Quem são eles? São
os salvos de todas as épocas que João chamou para louvar a Deus: “Celebrem sua vitória, ó céus, e
todos vocês, santos, apóstolos e profetas, porque Deus julgou a favor de vocês contra ela” (Apocalipse
18:20). O capítulo 19 do Apocalipse é uma resposta a esse chamado.
Hino de Louvor. Nos capítulos 18 e 19 do Apocalipse, encontramos sete cânticos sobre Babilô-
nia. Os três primeiros são lamentos tristes dos que ficaram na cidade destruída, enquanto os outros
quatro são hinos de louvor a Deus cantados por aqueles que decidiram deixá-la.34
A primeira estrofe do hino, que aparece nos versículos 1 a 8, declara que a salvação vem do nos-
so Deus (vers. 1). O foco não é o resgate da perseguição de Babilônia, mas a erradicação do mal do
universo.
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A obra de Deus pela salvação da humanidade concluída
João observa os salvos cantando “Aleluia”, morar juntos, o casal comprometido já era consi-
uma expressão hebraica que significa “Louvem a derado casado. O noivado de Cristo com a igreja
Yahweh”. Essa palavra, frequentemente encontra- aconteceu quando Ele veio à Terra.
da no livro de Salmos, onde 15 salmos começam
ou terminam com ela, é mencionada quatro vezes Era prática comum o noivo oferecer um
nesse segmento. Não aparece em nenhum outro dote à família da noiva. Cristo deu Sua vida pelos
lugar do Novo Testamento. Vanni observa que seu crentes, Sua noiva. Após ressuscitar e ascender
uso cria uma espécie de fundo musical, uma voz ao céu, Jesus prepara um lar para receber Sua
secundária que prolonga e dá ao trecho inteiro um noiva (João 14:1-3). Entre Sua primeira e segun-
tom de alegria grata e emocionada.35 Esse hino da vindas, a noiva se prepara para as bodas.
(vers. 1-8) inspirou o “Aleluia” de Handel.
No dia do casamento, o noivo saía ao entar-
Por eras, os servos de Deus se perguntaram decer com seus amigos mais próximos para bus-
por que Ele permitiu a injustiça. Agora, quando car a noiva na casa dos sogros. A cerimônia era
Deus faz justiça contra aqueles que perseguiram simples, e a festa podia durar dias ou semanas. A
Seu povo, eles O louvam. “Somente agora [na celebração do casamento entre Cristo e a igreja
eternidade], sob a perspectiva escatológica, a começará com Sua segunda vinda.38
Igreja pode entender que Deus não estava indife-
rente, mas sim atento e presente em tudo”.36 A Noiva. Em Apocalipse 21:9, a Cidade
Santa, a Nova Jerusalém, é chamada de “a Noi-
Para Sempre. O versículo 3 diz que a fuma- va do Cordeiro”. Em outras passagens, a Igreja é
ça das ruínas de Babilônia “sobe para sempre”. vista como a noiva. A cidade é a noiva, mas não
Claramente, há uma hipérbole aqui. A ênfase está é apenas um conjunto de edifícios; ela deve ser
na destruição total da cidade, não na duração do habitada. A Igreja, como comunidade, é a noiva,
seu castigo. O apóstolo Judas menciona que as e os indivíduos são convidados para a festa de
cidades de “Sodoma, Gomorra e as cidades vi- casamento.39
zinhas […] servem de exemplo do fogo eterno”
(versículo 6). Embora Jeremias tenha dito que João afirma que “a noiva já se aprontou”. O
Sodoma “foi destruída num instante” (Lamen- tempo de preparação é agora, e é Cristo, o Noivo,
tações 4:6). A punição que seus habitantes so- quem ajuda a noiva a se preparar (Efésios 5:25-27).
freram teve consequências eternas, mas não du-
rou eternamente. Beasley-Murray concorda: “Se O Linho Fino. Para a cerimônia, a noiva ves-
considerarmos o novo céu e a nova terra de Apo- te linho puro e resplandecente. O anjo esclarece
calipse 21:1 como uma criação totalmente nova, que essa vestimenta simboliza “os atos justos dos
a expressão ‘para sempre’ (3) deve ser limitada santos” (vers. 8). No entanto, as boas obras dos fi-
aqui […]; as cinzas da cidade destruída desapa- éis não vêm do esforço humano, mas são um pre-
recerão com a velha terra”.37 sente de Deus, pois “foi-lhe concedido vestir-se”
(vers. 8). Paulo instruiu os filipenses a trabalha-
O Casamento do Cordeiro. Após relatar rem em sua salvação “com temor e tremor”, pois
a queda de Babilônia e a celebração de seu jul- é Deus quem opera neles o querer e o realizar, se-
gamento, uma voz do santuário anuncia o casa- gundo Sua boa vontade (Filipenses 2:12,13). So-
mento do Cordeiro. A metáfora do casamento mos pecadores, e nossa natureza tende ao mal e se
para descrever a relação dos fiéis com Deus é afasta de Deus. Qualquer boa ação de um crente é
comum tanto no Antigo quanto no Novo Tes- fruto da atuação de Deus em sua vida.
tamento (Isaías 54:5; 62:5; Jeremias 2:32; 6:2;
Oseias 2:19, 20; Mateus 22:1-14; 25:1-13; 1Co- 9
E o anjo me disse: “Escreva: Felizes os convidados
ríntios 11:2; Efésios 5:25-27). para o banquete do casamento do Cordeiro! “ E acres-
centou: “Estas são as palavras verdadeiras de Deus”.
A descrição das bodas do Cordeiro segue a
tradição de um casamento oriental. O compro- Esta é uma das sete bem-aventuranças do
misso se formalizava no noivado, e geralmente a livro do Apocalipse. O anjo garante que suas
consumação ocorria um ano depois. Mesmo sem palavras são “verdadeiras palavras de Deus”. Na
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ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
cultura bíblica, o conceito de verdade está mais definir o verdadeiro profeta como a pessoa que
ligado à confiança do que à realidade factual. recebeu de Cristo a mensagem que leva à huma-
Portanto, quando o anjo diz que as palavras são nidade, cuja vida e palavras são um testemunho
verdadeiras, ele quer dizer que são dignas de vivo de Jesus Cristo”.43
confiança, são fiéis.
A Bíblia Viva interpreta a parte final do ver-
Os participantes da festa do Cordeiro são sículo 10 assim: “O propósito central da profecia
chamados de “convidados”. Ladd destaca que é dar testemunho de Jesus”.
“ninguém vai à festa de casamento por mérito
próprio; todos devem receber um convite de Deus 11
Vi o céu aberto e diante de mim um cavalo
(veja Mateus 22:3; Lucas 14:17; 17:14). A salvação branco, cujo cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro.
sempre começa com o chamado de Deus”.40 Ele julga e guerreia com justiça. 12Seus olhos são
como chamas de fogo, e em sua cabeça há muitas
10
Então caí aos seus pés para adorá-lo, mas coroas e um nome que só ele conhece, e ninguém
ele me disse: “Não faça isso! Sou servo como você mais. 13Está vestido com um manto tingido de san-
e como os seus irmãos que se mantêm fiéis ao tes- gue, e o seu nome é Palavra de Deus. 14Os exércitos
temunho de Jesus. Adore a Deus! O testemunho de do céu o seguiam, vestidos de linho fino, branco
Jesus é o espírito de profecia”. e puro, e montados em cavalos brancos. 15De sua
boca sai uma espada afiada, com a qual ferirá as
João parece confundir a voz do anjo com a nações. “Ele as governará com cetro de ferro”. Ele
de Cristo, e por isso se prostra aos pés do anjo. pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus to-
O anjo, no entanto, impede João de fazer isso, do-poderoso. 16Em seu manto e em sua coxa está
explicando que ele é apenas um servo como o escrito este nome: REI DOS REIS E SENHOR
próprio profeta. A adoração é devida somente a DOS SENHORES.
Deus (Mateus 4:10).
João testemunhou uma série de visões ce-
Testemunho de Jesus. Testemunhar sobre lestiais, começando com “uma porta aberta no
Jesus foi o motivo pelo qual João foi exilado em céu” (Apocalipse 4:1), seguida pelo templo aber-
Patmos (Apocalipse 1:9). A expressão “Testemu- to (Apocalipse 11:19), e finalmente o “céu aber-
nho de Jesus” pode ser entendida de duas formas. to” (Apocalipse 19:11), simbolizando o caminho
Pode referir-se ao testemunho que os cristãos desimpedido para a segunda vinda de Cristo.
dão sobre Jesus. Swete comenta que “ter o espí- Ele emprega a imagem de um conquistador lide-
rito profético, que torna alguém um verdadeiro rando um exército para descrever o retorno do
profeta, manifesta-se numa vida de testemu- Senhor, que vem como juiz de toda a terra para
nho sobre Jesus”.41 Barclay diz que “o verdadeiro aplicar a justiça divina (João 5:22; Atos 17:31; 2
profeta, aquele que realmente tem o espírito de Timóteo 4:8). Embora a ideia de punição possa
profecia, é quem com palavras e vida testemu- parecer estranha em um mundo que frequen-
nha sobre Jesus, transmitindo e perpetuando o temente rejeita tal conceito, a figura de Cristo
testemunho de Deus que Jesus deu durante Seu como juiz também incorpora Sua natureza mi-
ministério terreno”.42 sericordiosa.
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A obra de Deus pela salvação da humanidade concluída
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ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
1
Vi descer do céu um anjo que trazia na mão em uma Terra desolada. João usa a imagem de
a chave do abismo e uma grande corrente. 2Ele um prisioneiro acorrentado em uma caverna
prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, para ilustrar o aprisionamento de Satanás no
Satanás, e o acorrentou por mil anos; 3lançou-o abismo, algo que os demônios temem profunda-
no abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para mente (Lucas 8:31).
assim impedi-lo de enganar as nações até que ter-
minassem os mil anos. Depois disso, é necessário A corrente que prende Satanás representa
que ele seja solto por um pouco de tempo. uma sequência de circunstâncias fora do con-
trole do diabo e seus anjos. Sem ninguém para
A Prisão de Satanás. No capítulo 19, João tentar, o Inimigo está condenado a um estado de
esclarece que os ímpios foram mortos pela mani- inatividade desesperadora por mil anos, um cas-
festação de Cristo, enquanto os salvos estão com tigo severo para uma mente que passou seis mil
Ele na glória. Satanás e seus anjos são deixados anos enganando o mundo.45
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A obra de Deus pela salvação da humanidade concluída
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ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
trarão respostas para as questões relacionadas à o tempo, Gogue e Magogue passaram a simbolizar,
orientação divina de suas vidas na Terra. na cultura judaica, tudo o que se opõe a Deus. Os
Em segundo lugar, para os redimidos, a rabinos ensinavam que eles tentariam conquistar
morte foi definitivamente derrotada. A segunda Jerusalém, mas seriam derrotados pelo Messias.
morte não tem poder sobre eles. A morte não João emprega essa imagem para representar todas
pode aprisionar aqueles que entregaram suas vi- as forças que se opõem a Deus e ao Seu povo.50
das a Jesus. Eles participarão da Sua ressurreição
e triunfarão sobre a morte, assim como Cristo O fim dos ímpios. Os perdidos ressuscita-
fez (Hebreus 2:14, 15). O crente não teme a mor- rão no fim do milênio e formarão um exército
te física; ela não é o fim (Filipenses 1:21). poderoso para atacar a cidade santa. Prontos
Em terceiro lugar, os salvos serão sacerdotes para invadir a Nova Jerusalém, serão consumi-
de Deus e de Cristo. O termo latino para sacer- dos por fogo que desce do céu. A palavra grega
dote, pontifex, significa construtor de pontes. O “katesthio”, traduzida como “devorou”, também
sacerdote constrói uma ponte entre os homens e pode significar “consumir”. Os ímpios serão ani-
Deus. De acordo com o ritual do santuário, ele quilados, não sofrendo eternamente no inferno.
era a única pessoa com o direito de se aproximar O castigo terá um fim definitivo, conforme ex-
da presença de Deus. Os redimidos terão o direi- presso em Malaquias 4:1 e Salmos 37:10, 20.
to permanente de livre acesso à presença de Deus Antes da sentença final, todos os poderes
e dirigirão o culto a Deus na eternidade. do mal reconhecerão a justiça de Deus. Esse é o
Por fim, os resgatados reinarão com Cristo, cumprimento da escritura em Filipenses 2:9-11,
recebendo em suas próprias vidas a realização de onde todos reconhecerão Jesus Cristo como Se-
Cristo. Até mesmo o maior pecador será um rei nhor, para a glória de Deus Pai.
em Cristo.49
11
Depois vi um grande trono branco e aquele
Felizes são os que participam da primeira que nele estava assentado. A terra e o céu fugiram da
ressurreição. Esta é a quinta “bem-aventurança” sua presença, e não se encontrou lugar para eles. 12Vi
do Apocalipse. Não é difícil entender a razão da também os mortos, grandes e pequenos, de pé dian-
felicidade dos salvos. O que viverão durante o te do trono, e livros foram abertos. Outro livro foi
milênio é apenas um preâmbulo do que os salvos aberto, o livro da vida. Os mortos foram julgados de
desfrutarão eternamente. acordo com o que tinham feito, segundo o que estava
registrado nos livros. 13O mar entregou os mortos que
7
Quando terminarem os mil anos, Satanás será nele havia, e a morte e o Hades entregaram os mortos
solto da sua prisão 8e sairá para enganar as na- que neles havia; e cada um foi julgado de acordo com
ções que estão nos quatro cantos da terra, Gogue o que tinha feito. 14Então a morte e o Hades foram
e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. Seu lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a segunda
número é como a areia do mar. 9As nações mar- morte. 15Se o nome de alguém não foi encontrado no
charam por toda a superfície da terra e cercaram livro da vida, este foi lançado no lago de fogo.
o acampamento dos santos, a cidade amada; mas
um fogo desceu do céu e as devorou. 10O diabo, Livros foram abertos. Neste julgamento, tanto
que as enganava, foi lançado no lago de fogo que os grandes quanto os pequenos comparecerão.
arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a São mencionados dois livros: o primeiro registra
besta e o falso profeta. Eles serão atormentados dia todas as ações dos homens (Daniel 7:10). Neste
e noite, para todo o sempre. caso, Barclay lembra que
Gogue e Magogue. No final dos mil anos, Sa- “o simbolismo significa que no curso de
tanás será libertado de sua prisão e organizará os nossa vida estamos escrevendo a história de nos-
ímpios para o conflito final entre o bem e o mal. so triunfo ou fracasso aos olhos de Deus, a histó-
As forças do Inimigo são denominadas Gogue e ria de nosso destino, uma espécie de prontuário e
Magogue. A primeira menção a este príncipe e sua expediente que nos honrará ou envergonhará no
terra ocorre em Ezequiel 38 e 39, onde Gogue, da dia do Juízo. Não é tanto Deus o que nos julga,
terra de Magogue, príncipe de Meseque e Tubal, senão nossos mesmos, pela maneira que temos
atacaria a terra de Israel, mas seria derrotado. Com escolhidos viver nossas vidas.”51
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A obra de Deus pela salvação da humanidade concluída
O mar entregou os mortos. Na antiguida- queles que se perderam. Agora, ele foca na re-
de, não ser sepultado era visto como uma tragé- compensa dos que foram redimidos.
dia, pois acreditava-se que o espírito do falecido
ficaria vagando. João assegura que mesmo aque- Novo céu e nova terra. A esperança do
les que morreram no mar e não foram sepulta- povo de Israel era a restauração da terra ao seu
dos comparecerão ao julgamento divino. A mor- estado original, como o Éden, conforme Isaías
te não impede ninguém de comparecer ao juízo 65:17 e 66:22.
final, pois Deus ressuscitará a todos.
O mar. No Apocalipse, o mar é menciona-
Lago de fogo. A morte e o Hades (sepultu- do 26 vezes, simbolizando sofrimento e separação
ra) serão derrotados. Aqueles que não estão ins- para João, que estava exilado em uma ilha. A bes-
critos no Livro da Vida serão aniquilados para ta surgiu do mar para perseguir o povo de Deus
sempre. O conflito terminou, as tribulações e lu- (Apocalipse 13:10), e o comércio marítimo enri-
tas acabaram. Cânticos de vitória ressoam pelo queceu os mercadores da Babilônia (Apocalipse
céu, enquanto os redimidos cantam em louvor: 18:17-24). Finalmente, o mar devolveu os mortos
“Digno é o Cordeiro que foi morto e reviveu, para julgamento (Apocalipse 20:13). Assim, a au-
triunfante Conquistador.”52 sência do mar na nova Terra (Apocalipse 21:1) re-
presenta a eliminação de todo mal e sofrimento.53
O novo céu e a nova terra (Apocalipse 21:1-4)
Nova Jerusalém. A cidade santa é descrita
1
Então vi um novo céu e uma nova terra, pois como uma “noiva”, simbolizando a alegria e bele-
o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; za do casamento. A morada dos salvos é detalha-
e o mar já não existia. 2Vi a cidade santa, a nova da no capítulo 21 do Apocalipse.
Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus,
preparada como uma noiva adornada para o seu A presença de Deus e de Jesus torna o céu
marido. 3Ouvi uma forte voz que vinha do trono especial. O tabernáculo de Deus contrasta com
e dizia: “Agora o tabernáculo de Deus está com os o tabernáculo no deserto, onde Deus prometeu
homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus habitar entre Seu povo (Êxodo 25:8). Na eterni-
povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu dade, os salvos seguirão o Cordeiro onde quer
Deus. 4Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. que Ele vá, desfrutando de uma proximidade es-
Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, pecial com Deus, que se revelará em toda a Sua
nem dor, pois a antiga ordem já passou”. glória. O sofrimento será esquecido, e o povo de
João, até este ponto, detalhou o destino da- Deus encontrará um lugar de descanso eterno.
- 25 -
3
Cumprimento
das promessas Apocalipse 21:5-22:5
ao vencedor
N
este ponto do relato, a história da salvação avança para sua conclusão. O texto bíblico
agora revela o “verdadeiro mundo que Deus deseja, um mundo sem maldade”. A descida
da Nova Jerusalém, mencionada aqui, é um dos eventos que marcam o fim profético do
Apocalipse. A Festa das Cabanas ou dos Tabernáculos (em hebraico, Sucot), celebrada no
calendário judaico, encontra seu significado pleno: “Todos os sobreviventes das nações que atacaram
Jerusalém subirão ano após ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para festejar a Festa dos
Tabernáculos” (Zacarias 14:16).
Nesta seção do Apocalipse, a herança dos redimidos é ilustrada com três símbolos distintos. O
céu é apresentado sob três perspectivas diferentes: o tabernáculo (cap. 21:1-8), a cidade (cap. 21:9-26)
e o jardim (cap. 21:1-5).55
João declara que o céu, a terra e o mar não mais existirão como os conhecemos. Ele baseia a
descrição de sua visão nos capítulos 21 e 22 na linguagem de Gênesis 1 a 3. Deus promete restaurar
tudo que se perdeu no Jardim do Éden, e o ministério de Cristo torna isso possível. O plano original
de Deus se concretiza. No novo céu e na nova terra que Deus criará, “não se lembrarão das coisas
passadas, nem mais se recordarão” (Isaías 65:17).
Como mencionado anteriormente, o mar era temido pelos povos antigos (Gênesis 1:2; Salmo 18:1-
16; Jó 26:10). Ellen G. White comenta sobre isso: “O mar separa amigos. É uma barreira entre nós e os
que amamos. Nossas relações são interrompidas pelo vasto e profundo oceano. Na Nova Terra, o mar
não existirá, e ‘não haverá galé com remos’. No passado, muitos que amavam e serviam a Deus foram
acorrentados aos seus lugares nas galés, forçados a cumprir a vontade de homens cruéis e sem mise-
- 26 -
Cumprimento das promessas ao vencedor
ricórdia. O Senhor observou seu sofrimento com decaiu a tal ponto que Jesus chamou o templo
simpatia e compaixão. Graças a Deus, na Terra de “covil de ladrões” (Mateus 21:13) e previu sua
renovada, não haverá correntezas violentas, nem destruição (Mateus 22:7; Lucas 21:20). Deus pro-
oceano devorador, nem ondas tumultuadas e ru- mete, então, um novo tipo de cidade, que João
gidoras.”56 chama de Nova Jerusalém.59
A cidade santa celestial foi criada por Deus.
Este trecho da autora evidencia que o novo O fato de ela descer do céu indica que não é a ve-
mar terá um propósito diferente e novos signifi- lha Jerusalém reconstruída, como pensam os dis-
cados na Nova Terra. pensacionalistas, mas uma cidade celestial proje-
tada e construída por Deus (Hebreus 11:10). Ela
2
Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que é descrita como uma noiva que se encontra com
descia do céu, da parte de Deus, preparada como seu noivo no dia do casamento, uma imagem
uma noiva adornada para o seu marido. 3Ouvi usada tanto no Antigo quanto no Novo Testa-
uma forte voz que vinha do trono e dizia: “Ago- mento para se referir ao povo de Deus (Cantares
ra o tabernáculo de Deus está com os homens, 6:10; Isaías 54; Efésios 5:25-27; Apocalipse 19:7).
com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; A palavra grega “neos” (novo), que qualifi-
o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. ca a Jerusalém celestial, denota algo totalmente
4
Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não novo e original. Não é uma cidade antiga reur-
haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem banizada ou reformada. A mudança é radical em
dor, pois a antiga ordem já passou”. 5Aquele que todos os aspectos, pois Deus afirma: “Estou fa-
estava assentado no trono disse: “Estou fazendo zendo novas todas as coisas!” (vers. 5).
novas todas as coisas!” E acrescentou: “Escreva
isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas O novo tabernáculo simboliza o desejo de
de confiança”. Deus de restaurar a relação que tinha com a hu-
manidade antes da queda. Durante a peregrina-
Aqui temos a promessa de comunhão eterna ção no deserto, Ele instruiu Moisés a construir
com Deus e as bênçãos que acompanharão esse um tabernáculo para estar com Seu povo (Êxodo
fato. O profeta descreve a Cidade Santa em dois 25:8; Ezequiel 48:35). A presença de Deus se ma-
momentos do capítulo. Na segunda referência, ele nifestava no tabernáculo e no templo através da
adiciona muitos detalhes “com termos e relações shekináh. A encarnação do Filho de Deus foi um
novas, inconcebíveis na fase atual da criação”.57 passo além nessa busca, com Cristo, Deus habi-
Doukhan lembra que o profeta às vezes dei- tou entre nós (João 1:14). Uma poderosa voz do
xa de lado a ordem cronológica dos eventos para céu anuncia que agora os redimidos viverão na
focar em algum detalhe que considera importante. companhia pessoal de Deus para sempre.
Neste ponto, ele se detém sobre a Nova Jerusalém, Como mencionado na introdução, o livro
avançando da periferia ao centro e revelando suces- do Apocalipse foi estruturado de acordo com o
sivamente sete maravilhas. O primeiro panorama calendário religioso judaico, marcado pelos sá-
(Apocalipse 21:10-27) mostra (1) a cidade como bados cerimoniais. Nesta parte da visão, ele faz
um todo brilhando como cristal, com (2) suas por- referência ao último desses sábados, a Festa das
tas e muros de pedras preciosas e (3) a praça prin- Cabanas ou Tabernáculos, o Sucot. O povo pere-
cipal de ouro. O segundo panorama (Apocalipse grino encontra, enfim, descanso de sua jornada
22:1-5) revela o centro da praça com (4) o rio da terrena. Ao longo do livro, João faz diversas re-
água da vida, (5) a árvore da vida, (6) o Trono de ferências ao santuário celestial. Aqui, ele indica
Deus e, por fim, (7) o próprio Senhor Deus.58 que a função da edificação se tornou obsoleta,
pois o plano da salvação foi consumado. O san-
A cidade santa é assim chamada pelos escri- tuário não é mais necessário, pois Deus agora
tores bíblicos, como a antiga Jerusalém (Daniel está em comunhão direta com seus filhos (con-
9:24; Mateus 27:53), por abrigar o templo onde forme o versículo 22). “Três vezes neste versícu-
Deus manifestava sua presença ao povo (1Reis lo, o apóstolo usa a preposição ‘com’, enfatizando
8:10, 11; 2Crônicas 5:13, 14; 7:2, 3). No entanto, o fato extraordinário de que Deus estará com os
para ser verdadeiramente santa, o povo também seres humanos por toda a eternidade, habitando
deve ser santo. Com o tempo, a espiritualidade entre eles.”60
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ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
O contraste entre o tabernáculo terrestre e fonte da água da vida. O vencedor herdará tudo
a presença eterna de Deus é evidente. Em nossa isto, e eu serei seu Deus e ele será meu filho. Mas
vida agitada e conturbada, o contato com Deus é os covardes, os incrédulos, os depravados, os as-
esporádico e, muitas vezes, acidental. Nossa in- sassinos, os que cometem imoralidade sexual, os
constância espiritual e as realidades que nos cer- que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os
cam dificultam nossa comunhão com Deus. No mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo
céu, a presença de Deus será constante. que arde com enxofre. Esta é a segunda morte”.
A descrição de Deus habitando entre seu Em grego, a expressão “Está feito” é plural:
povo cumpre a promessa de Apocalipse 7:15: “Elas estão feitas”, o que significa que os planos
“Por isso, estão diante do trono de Deus e o ser- de Deus são tão certos como se já estivessem rea-
vem dia e noite em seu santuário; e aquele que lizados (veja Jó 42:2). O futuro não é incerto para
está assentado no trono estenderá sobre eles o quem confia em Deus.
seu tabernáculo”. Uma promessa semelhante foi Deus se apresenta como “o Alfa e o Ômega,
feita a Israel: “Minha morada estará com eles; eu o Princípio e o Fim” tanto no início quanto no
serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Então, final do Apocalipse (cap. 1:8; 21:6), prometendo
quando o meu santuário estiver entre eles para restaurar o mundo ao seu estado original.63
sempre, as nações saberão que eu, o Senhor, san- O coração humano convertido anseia pela
tifico Israel” (Ezequiel 37:27, 28). comunhão com Deus (Salmo 42:2), e Deus pro-
mete saciar essa sede: “A quem tiver sede, darei
O fim do sofrimento é retratado como uma de beber gratuitamente da fonte da água da vida”.
mãe que consola o filho triste; Deus enxugará to- De acordo com o Comentário Bíblico Adventis-
das as nossas lágrimas (vers. 4). As lágrimas sim- ta, essa expressão pode ser entendida como “da
bolizam as tristezas do passado que nos acompa- nascente daquela água que é vida em si mesma”.64
nham. As palavras que confortaram os persegui- Uma oferta semelhante da graça de Deus a quem
dos nos tempos de Jesus também serviram para tem sede espiritual é mencionada novamente em
encorajar e inspirar todos os que vieram depois. Apocalipse 22:17.65
Os questionamentos sobre o silêncio de Deus du- Ao mencionar a água da vida, o profeta con-
rante nosso sofrimento encontram resposta aqui. trasta com aqueles que beberam do cálice de ouro
A principal causa de sofrimento e lágrimas, oferecido pela grande meretriz Babilônia (Apoca-
a morte, que escravizava e aterrorizava a huma- lipse 17:4; 18:3). Um ritual com água era parte da
nidade (Hebreus 2:14, 15), foi abolida no fim Festa dos Tabernáculos, onde o sacerdote retirava
do milênio (Apocalipse 20:14). Sua eliminação água do tanque de Siloé com um cântaro de ouro.
ocorreu devido à presença de Deus. “No novo O povo celebrava cantando: “Com alegria vocês
sistema, todos os males que amaldiçoaram e pe- tirarão água das fontes da salvação” (Isaías 12:3).
saram sobre a existência humana desaparecerão Foi durante uma cerimônia dessas que Jesus apre-
diante de Deus.”61 sentou o inesquecível convite: “Se alguém tem
“Estou fazendo novas todas as coisas!” (vers. sede, venha a mim e beba” (João 7:37).
5). Esta é a experiência definitiva do povo de Os redimidos terão uma relação íntima
Deus, o propósito da vida espiritual, o objetivo com Deus, semelhante à de um pai com um filho
de toda justiça, a realização de todos os sonhos e amado, estando próximos do trono de Deus de
o domínio completo sobre o pecado e o ego. Este uma maneira única. Deus chama os redimidos
é o céu que existe além da morte, da ressurreição de filhos, uma honra que inclui a intimidade e a
e do julgamento.62 autoridade de governar.
A salvação, no sentido bíblico, não é apenas
a libertação da humanidade do domínio do pe- Pecados que ameaçam a alma. Quanto aos
cado, mas também inclui a redenção do corpo e pecados que ameaçam a alma, Deus prometeu a
até mesmo da natureza (Romanos 8:19-21). vida eterna gratuitamente no versículo 6. No en-
Na conclusão desta passagem, Deus asse- tanto, João enfatiza que a ética não deve ser se-
gura ao profeta que o que está sendo revelado é parada da salvação, nem a moralidade da religião.
confiável, pois Ele é fiel. Ele afirma: “Está feito. A salvação é um presente divino, mas o pecador
Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A deve perseverar durante as provações e vencer a
quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da tentação. O verdadeiro filho de Deus vive uma
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Cumprimento das promessas ao vencedor
vida de obediência (Jeremias 7:23; 11:4) e é guia- envolvidos com pecados sexuais de todas as or-
do pelo Espírito Santo em busca de santidade (Ro- dens. Os feiticeiros são os que praticam a magia
manos 8:14; 2 Tessalonicenses 2:13; 1 Pedro 1:2). e encantamento. Para o Comentário Bíblico Ad-
Neste ponto João dá uma mensagem para ventista pode ser aplicado também aos que “ao
aqueles que imaginam que o cristianismo só tra- uso de substâncias químicas para produzir uma
ta de coisas futuras e que não tem muito a dizer sensação de entorpecimento”.66 Idólatras refere-
para a vida atual. -se aos povos pagãos, mas pode incluir os cris-
Ele afirma que os covardes não tomarão pos- tãos que praticam o paganismo (1Coríntios 5:9-
se do reino. Estes são os que por medo desistem 11; 10:7). Os mentirosos incluem os que ensinam
diante da provação (Mateus 13:21). Eles recua- falsas doutrinas. “Contudo, ninguém que ame a
ram diante da ameaça do martírio. Contudo, o mentira, fale a mentira, ou pratique a mentira,
profeta também fala daqueles que temem perder obterá o reino.”67
prestígio, dinheiro, emprego ou mesmo o apoio Esta advertência mostra que existe uma ín-
da família. Eles não eram mal caráter. Eram co- tima relação entre a vida futura e a presente. Em
vardes pois tinham medo de fazer o que era di- meio a descrição da herança dos salvos João abre
reito e por esta razão perderam a salvação. Obe- um parêntese para levar o seu leitor a reflexão.
decer a Deus requer coragem. Você está vivendo a altura de um remido? Nos-
Os incrédulos são os que não tem fé, ou seja, sa certeza de sermos aceitos em Cristo não nos
não permaneceram fiéis (veja Apocalipse 14:12). acomodou e não nos sentimos desafiados a lutar
Eles não confiaram em Deus até o fim. Pode ser contra o pecado? Estamos lidando com o pecado
aplicado aos que pensam que são um sinal de de forma leviana? Será que não deixamos de car-
erudição duvidar da Palavra de Deus. Os abomi- regar as nossas cruzes?
náveis são aqueles que adoraram a besta (Apoca-
lipse 17:4, 5). Quando o profeta faz referência aos A cidade (Cap. 21:9-26)
assassinos inclui os perseguidores e assassinos do
povo de Deus a quem os mártires pedem que 9
Um dos sete anjos que tinham as sete ta-
seja feito justiça (Apocalipse 6:9, 10). Pode estar ças cheias das últimas sete pragas aproximou-se
falando também dos assassinos de reputações e e me disse: “Venha, eu lhe mostrarei a noiva, a
intolerantes. Os impuros são os que estiveram esposa do Cordeiro”. 10Ele me levou no Espírito a
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ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
um grande e alto monte e mostrou-me a Cidade Quando o anjo leva João a um alto monte,
Santa, Jerusalém, que descia do céu, da parte de quer nos lembrar que a Nova Jerusalém trans-
Deus. 11Ela resplandecia com a glória de Deus, e o cende em tudo a Babilônia mística que foi des-
seu brilho era como o de uma joia muito preciosa, truída. Ela aponta para a vitória divina sobre o
como jaspe, clara como cristal. 12Tinha uma gran- sistema apóstata do tempo do fim. Deste ponto,
de e alta muralha com doze portas e doze anjos ele é levado a contemplar novamente a Cidade
junto às portas. Nas portas estavam escritos os no- Santa, que ele já havia visto no início do capítulo
mes das doze tribos de Israel. 13Havia três portas (vers. 2). Ele agora vai observar detalhes que ti-
ao oriente, três ao norte, três ao sul e três ao oci- nham passado despercebidos no primeiro olhar.
dente. 14A muralha da cidade tinha doze funda- Deslumbrado com a beleza da cidade, o autor
mentos, e neles estavam os nomes dos doze apósto- esforça-se para expor a exuberância daquilo que
los do Cordeiro. 15O anjo que falava comigo tinha está vendo. Ele então recorre a todas as referências
como medida uma vara feita de ouro, para medir possíveis que conhecemos de tudo o que é belo. O
a cidade, suas portas e seus muros. 16A cidade era ouro terá o esplendor brilhante do cristal e as pedras
quadrangular, de comprimento e largura iguais. mais brilhantes e preciosas formarão os fundamen-
Ele mediu a cidade com a vara; tinha dois mil e tos da cidade (vers. 18-20). A descrição é poética e
duzentos quilômetros de comprimento; a largura e as palavras do vidente são mais poderosas que qual-
a altura eram iguais ao comprimento. 17Ele mediu quer tratado de filosofia sobre a vida futura.
a muralha, e deu sessenta e cinco metros de espes-
sura, segundo a medida humana que o anjo estava A muralha da cidade. O anjo mede a cidade,
usando. 18A muralha era feita de jaspe e a cidade não para julgar como foi feito pelo profeta no ca-
de ouro puro, semelhante ao vidro puro. 19Os fun- pítulo 11, mas para destacar a grandeza da cidade.
damentos dos muros da cidade eram ornamenta- Segundo o anjo, a muralha que cerca a cidade tem
dos com toda sorte de pedras preciosas. O primeiro sessenta e cinco metros de espessura. Muitas cida-
fundamento era ornamentado com jaspe; o segun- des antigas tinham muralhas largas onde podiam
do com safira; o terceiro com calcedônia; o quarto passar carruagens. Pessoas pobres costumavam
com esmeralda; 20o quinto com sardônio; o sexto morar nas muralhas, como o caso de Raabe (Jo-
com sárdio; o sétimo com crisólito; o oitavo com sué 2:15). As muralhas serviam para proteger os
berilo; o nono com topázio; o décimo com crisó- habitantes da cidade contra os ataques inimigos.
praso; o décimo primeiro com jacinto; e o décimo Por isso, elas representavam segurança. João está
segundo com ametista. 21As doze portas eram doze usando uma figura que fazia muito sentido para
pérolas, cada porta feita de uma única pérola. A os leitores de seu tempo. Ele está relembrando que
rua principal da cidade era de ouro puro, como os salvos estarão protegidos do mal.
vidro transparente.
As portas e os fundamentos da cidade. Nas
A noiva do Cordeiro. Em Apocalipse 17, portas estão escritos os nomes das doze tribos de
João foi convidado por um anjo que levava uma Israel. Os fundamentos da cidade têm o nome
das sete pragas para ver a meretriz que estava dos 12 apóstolos lembrando que a Igreja foi
assentada sobre muitas águas (Apocalipse 17:1). construída sobre o alicerce dos apóstolos e pro-
Talvez o mesmo anjo o convide para ver algo fetas (Efésios 2:2). Isso nos ensina que a cidade
diferente. Lá se tratava de Babilônia, aqui ele vê vai receber os salvos da antiga e da nova aliança,
uma bela e pura mulher, digna de ser a noiva do ou seja, todas as eras.
Cordeiro. Esta noiva é uma cidade, a Nova Jeru- Os doze fundamentos devem estar coloca-
salém. A imagem é contrastante. Para ver a ci- dos um do lado do outro, caso contrário, seria
dade de Babilônia, João é levado para o deserto impossível ver o nome de todos os apóstolos.
(Apocalipse 17:3). Para observar a Santa Cidade, Outro vínculo com o Antigo Testamento é visto
ele é levado para um alto monte. A cidade caída aqui. O peitoral do sumo sacerdote era composto
era meretriz, e a nova é a noiva do Cordeiro. Ba- de doze pedras, cada uma com o nome de uma
bilônia era a cidade da morte, enquanto a Nova das tribos de Israel (Êxodo 28:15-21).
Jerusalém é a da vida. Uma é a cidade do pecado, A cidade possui três portas de cada lado,
a outra era santa, pura e perfeita. Uma surgiu da permitindo acesso de todas as direções. Jesus
terra e a outra veio do céu.68 disse: “pessoas virão do oriente e do ocidente, do
- 30 -
Cumprimento das promessas ao vencedor
norte e do sul, e ocuparão os seus lugares à mesa ágata, azul-claro; esmeralda, verde-vivo; sardô-
no Reino de Deus” (Lucas 13:29). Essa profecia nica, vermelho-cárneo; sárdio, vermelho-vivo;
se cumpre na Nova Jerusalém, onde todos têm crisólito, amarelo-brilhante; berilo, verde-mar;
acesso à presença de Deus.69 topázio, amarelo-palha; crisópraso, verde-claro;
É significativo que tanto a Nova Jerusalém jacinto, azul-safira; ametista, violeta.”75
(vers. 16) quanto o lugar santíssimo do santuário
terrestre tinham formato cúbico (1Reis 6:20). No As portas da cidade serem feitos de pérolas
santíssimo estava a arca da aliança (Hebreus 9:3, carrega forte mensagem. O mesmo autor comenta:
4), símbolo da presença de Deus. Jeremias profe-
tizou que Jerusalém será chamada de “O Trono “Pérolas são formadas pelos sofrimentos.
do Senhor” (Jeremias 3:17). Na antiga aliança, Quando um grão de areia penetra na concha de
apenas o sumo sacerdote tinha acesso ao Santo uma ostra, parece haver só uma coisa que essa
dos Santos, mas agora os remidos poderão estar humilde criatura tem de fazer. Negar a existência
na presença de Deus (Apocalipse 22:3, 4).70 O do grão de areia é tolo, pois ele está ali. Rebelar-se
cubo na cultura antiga era símbolo de perfeição. é inútil. Assim, humilde e pacientemente, a ostra
No texto original, é mencionado que o muro começa a construir camada após camada de uma
da cidade tem doze mil estádios de comprimento substância espessa, leitosa, que por fim cobre a
e largura. O número doze é usado no Apocalipse arestas do grão de areia, deixando sobretudo uma
para se referir a autoridade. Cada estádio mede delicada cobertura que ao endurecer-se tonar-se,
cerca de 185 metros. A Nova Versão Internacio- uma bela pérola. Assim a provação é suportada e
nal atualizou as medidas dizendo que ela tinha o infortúnio se transforma em bênção. Todos, ao
dois mil e duzentos quilômetros de comprimen- entrarem nesta preciosa cidade, terão de passar
to. João não deixa claro se está falando do perí- pelas portas de perola, símbolo do sofrimento.
metro ou do lado. Se ele está falando do períme- Pela abundante graça de Deus eles transforma-
tro, então ela tem 550 quilômetros de cada lado. ram suas provas em triunfos; cada torturante pe-
Essa medida corresponde aproximadamente ao cado foi coberto com a justiça de Cristo.”76
tamanho da área do estado de São Paulo.71
“Por mais incerta que seja a proporção exa- 22
Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor
ta ou o tamanho da cidade celestial, é certo que Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo.
suas glórias excederão em muito nossa mais ou- 23
A cidade não precisa de sol nem de lua para bri-
sada imaginação. Ninguém precisa se preocu- lharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina,
par, pois haverá espaço suficiente para todos que e o Cordeiro é a sua candeia. 24As nações andarão
desejarem morar ali. Na casa do Pai há ‘muitas em sua luz, e os reis da terra lhe trarão a sua glória.
moradias’ (João 14:2). Qualquer que sejam as di- 25
Suas portas jamais se fecharão de dia, pois ali não
mensões, podemos ter a certeza de que tudo será haverá noite. 26A glória e a honra das nações lhe
perfeito. Os santos entenderão o significado das serão trazidas. 27Nela jamais entrará algo impuro,
figuras usadas por João quando virem a cidade.”72 nem ninguém que pratique o que é vergonhoso ou
Existem diversos tipos de jaspe, com varia- enganoso, mas unicamente aqueles cujos nomes es-
das cores. Há aquelas que são verdes escuros, tão escritos no livro da vida do Cordeiro.
enquanto outras possuem uma mistura de cores.
A maior parte dessa pedra preciosa é de cor ver- No versículo 3, Deus é apresentado como
de clara com veios avermelhados. George Ladd convivendo com os salvos. Aqui, João afirma que
acredita que a “palavra para ‘jaspe’ não se limita- não será mais necessário o templo na cidade. A
va na antiguidade a pedra deste nome. Mas en- obra de Cristo no santuário celestial foi o centro
globava todas as pedras preciosas transparentes. do plano da redenção. Neste ponto do relato, a
Este jaspe talvez fosse como um diamante.”73 salvação está completa. Agora, Deus Pai e o Filho
O profeta menciona doze tipos de pedras são o templo. Os remidos vão passar a eternidade
preciosas usadas nos fundamentos da cidade. adorando a divindade. Deus habitará no meio do
Não existe acordo quanto à correta identificação seu povo e haverá comunhão permanente com
de todas as pedras. As cores das pedras refletem Ele, sem intermediários e obstáculos. Por isso,
as cores do arco-íris.74 Roy Allan Anderson ex- Ellen G. White escreveu: “A definição do céu é a
plica que a “safira, azul celeste; calcedônia, ou presença de Cristo”.77
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ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
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Cumprimento das promessas ao vencedor
o triunfo da vida sobre a morte. As folhas da ár- nome de Deus escrito em suas testas. Entre os
vore da vida são para a cura das nações (vers. 2). utensílios que o sumo sacerdote deveria usar,
A palavra grega usada aqui e traduzida por cura Moisés foi instruído: “Faça um diadema de ouro
é terapia, que deu origem à nossa palavra em puro e grave nele como se grava um selo: Con-
português terapia. sagrado ao Senhor” (Êxodo 28:36). Escrevemos
Quando se afirma que não haverá mais nosso nome naquilo que nos pertence. Ter o
maldição está se remetendo ao que aconteceu nome divino gravado na testa indica que sere-
na queda do homem. Naquele dia, o homem, a mos Seu “tesouro pessoal” (Malaquias 3:17).
mulher, a serpente e a criação foram amaldiçoa- A promessa de que Deus será a luz da ci-
dos (ver Gênesis 3:14-19). Agora, com o fim do dade é repetida na parte final desta passagem.
Grande Conflito, esta anátema é removida. Isso Aqui também se afirma que reinaremos para
mudou por causa da presença do próprio Deus. sempre (vers. 5). O texto não diz sobre quem
“Os seus servos o servirão” (vers. 3) revela que eles reinarão, mas isso não é tão importante. O
a principal alegria dos salvos na eternidade será que vale ser destacado é que teremos parte no
adorar ao Senhor que tanto os amou. reinado de Cristo. O Comentário Bíblico Ad-
Os remidos verão a face de Deus (versículo ventista explica que “é provável que se trate de
4). Em nossa condição pecaminosa, não pode- uma figura representando a felicidade dos re-
mos vê-lo porque morreríamos (Êxodo 33:20). midos. Eles não mais estarão sob jugo opressor
Hoje, é possível apenas ver a Deus pela fé. Na de algum poder que os persegue. Desfrutarão a
eternidade, a fé dará lugar à vista. Eles terão o liberdade e a fartura dos reis”.81
- 33 -
4
Epílogo Apocalipse 22:6-21
O
s versículos que vamos analisar agora são o epílogo do livro do Apocalipse. Com a visão
da Nova Jerusalém, as profecias de João se encerraram. Neste ponto do livro, o autor segue
o padrão das cartas escritas naquele tempo e explica a razão da mensagem apresentada.
João resume o que tem a dizer em três pontos: (1) Ele reafirma a autoridade da profecia
recebida (vers. 6, 7, 16, 18, 19); (2) confirma a certeza da vinda de Cristo (vers. 6, 7, 10-12, 20) e (3) e
estimula o leitor a guardar as palavras da profecia (vers. 10-15).
Há uma certa dificuldade de se identificar quem está falando o que na seção final do Apocalipse.
Várias vozes são ouvidas ao mesmo tempo. Isso levou alguns a imaginarem que João apenas fez rápi-
das anotações e não revisou o que escreveu. Essa conclusão é apressada. Quem acha isso, talvez não se
tenha notado o caráter cúltico dessa parte final do livro. O texto segue o padrão de uma reunião litúr-
gica, onde cada participante do culto se manifestando, como se fosse uma leitura responsiva. O grupo
de leitores do livro que desde o começo (Apocalipse 1:3) havia sido colocado em atitude de escuta
agora tem a oportunidade de se manifestarem. Leia com atenção a passagem e para facilitar a iden-
tificação dos participantes colocamos em colchete o personagem que possivelmente esteja falando:
[ANJO] 6O anjo me disse: “Estas palavras são dignas de confiança e verdadeiras. O Senhor, o
Deus dos espíritos dos profetas, enviou o seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve
hão de acontecer”.
Neste ponto, há um esforço no sentido de demonstrar ao leitor que o livro é autêntico e que está
validado na experiência do verdadeiro profeta de Deus. João se identifica com os demais profetas,
ao demostrar que possui o “espírito dos profetas”. O termo é uma expressão idiomática e refere-se ao
próprio profeta (1Coríntios 14:32) sobre controle do Espírito Santo quando em visão. As palavras,
as mensagens e as visões recebidas por João têm origem em Deus que inspirou os profetas do Antigo
Testamento. Elas devem ser recebidas com a mesma autoridade.
[CRISTO] 7”Eis que venho em breve! Feliz é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro”.
Jesus já havia prometido que em breve viria (Cap. 2:16; 3:11). Essa expressão aparece mais duas
vezes no epílogo ainda (vers. 12 e 20). A comunidade cristã tem a expectativa do eminente retorno
do Senhor. Ela precisa viver a tensão entre o tempo que está próximo, mas o fim que ainda não veio.
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Epílogo
A ênfase de Cristo não é tanto sobre o tempo da idólatras e todos os que amam e praticam a men-
vinda, mas sobre o fato de que ela vai ser inespe- tira. 16”Eu, Jesus, enviei o meu anjo para dar a
rada. Os discípulos de Cristo devem estar sem- vocês este testemunho concernente às igrejas. Eu
pre prontos para receber o Senhor nas nuvens. sou a Raiz e o Descendente de Davi, e a resplan-
Esta é a sexta das sete bem-aventuranças en- decente Estrela da Manhã”.
contradas no livro do Apocalipse (cap. 1:3; 14:13; O destino final. A sentença dada por Cristo
16:15; 19:9; 20:6 e 22:14). A profecia não foi dada no versículo 11 é o decreto feito no fim do juízo
para satisfazer a curiosidade intelectuais quan- investigativo. Hoje é permitido às pessoas vive-
to ao futuro, mas foi escrita para levar a Igreja a rem conforme as suas escolhas. Contudo, existe
viver debaixo da vontade de Deus. Ela foi dada um ponto em que não há mais retorno. Quando
para animar os crentes a permanecerem firmes Cristo vier, cada pessoa já terá deixado bem clara
diante da perseguição e do ódio do mundo que a sua posição, que tomou antes do fechamento
perece. A vinda inesperada e a devida prepara- da porta da graça, um tempo antes, e não haverá
ção para esse evento é o um dos objetivos pelo mudança.
qual foi escrito o livro do Apocalipse. Hoje ainda vivemos debaixo da graça e as
[JOÃO] 8Eu, João, sou aquele que ouviu e pessoas têm oportunidade de se arrependerem.
viu estas coisas. Tendo-as ouvido e visto, caí aos Contudo, haverá um tempo em que todos esta-
pés do anjo que me mostrou tudo aquilo para rão tão certos de suas decisões que não vão mu-
mim, para adorá-lo. dar de opinião mais. Elas estarão além da mise-
[ANJO] 9Mas ele me disse: “Não faça isso! ricórdia divina:
Sou servo como você e seus irmãos, os profetas, “Haverá uma hora em que será tarde demais
e como os que guardam as palavras deste livro. para o arrependimento. ‘Não somente é verdade
Adore a Deus! “ 10Então me disse: “Não sele as que as dificuldades os últimos dias tenderão a fi-
palavras da profecia deste livro, pois o tempo xar o caráter de cada indivíduo de acordo com
está próximo. os hábitos que formou, mas também é que virá
O profeta é tocado com as revelações que a hora em que será impossível mudar — em que
recebeu e de forma imprudente presta homena- não haverá mais oportunidade para arrependi-
gem ao anjo. É claro que o anjo rejeita esta ação. mento de um lado ou para apostasia de outro’.
Não fazia sentido receber tal veneração, pois só Considerando a sua ideia de iminência do fim,
Deus merece ser adorado. O anjo está apenas João se transporta na sua imaginação até o fim,
cumprindo a sua missão. Ele é tão servo de Deus quando o arrependimento será de fato impossí-
quanto o profeta era. vel — quando a posição que a pessoa tomou a
O anjo ordenou a João que não selasse as favor de Cristo ou do Anticristo será determi-
profecias do Apocalipse (vers. 10). Quando um nante, final e irrevogável”.
profeta recebia mensagens que estavam muito Cristo vem. Ele reafirma a promessa de vol-
além do seu tempo, a ordem divina era para selar tar: “Eis que venho em breve!” Deus é maravi-
a profecia (Isaías 8:16; Daniel 12:4, 9). Como as lhoso, concedendo não apenas a vida eterna de
profecias do Apocalipse têm pronto cumprimen- graça ao pecador (vers. 14, 17), mas também re-
to, então João deveria publicá-las dando a maior compensará cada ato de fidelidade com galardão
divulgação possível ao seu conteúdo. (Mateus 10:42; 1 Coríntios 3:8). Ele retribuirá
[CRISTO] 11Continue o injusto a praticar cada ato de bondade e misericórdia praticado pe-
injustiça; continue o imundo na imundície; con- los crentes. No contexto do Apocalipse, as boas
tinue o justo a praticar justiça; e continue o san- obras pelas quais o cristão será recompensado
to a santificar-se”. 12”Eis que venho em breve! A incluem paciência na tribulação, perseverança
minha recompensa está comigo, e eu retribuirei na perseguição e fidelidade a Cristo (Apocalipse
a cada um de acordo com o que fez. 13Eu sou o 13:10; 14:12).
Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Prin- No versículo 13, três títulos são aplicados
cípio e o Fim. 14”Felizes os que lavam as suas a Cristo: Alfa e Ômega, o Primeiro e o Último,
vestes, para que tenham direito à árvore da vida Princípio e Fim. Esses nomes também são atri-
e possam entrar na cidade pelas portas. 15Fora buídos ao Pai (cap. 1:8; 21:6). Alfa e Ômega são
ficam os cães, os que praticam feitiçaria, os que as primeiras e últimas letras do alfabeto grego.
cometem imoralidades sexuais, os assassinos, os Assim como é possível escrever todas as palavras
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ENAR 2024 - Conhecendo o livro do Apocalipse - Parte 3 | Apostila de Estudos
com o alfabeto, Cristo é a expressão máxima do manhã é baseada na profecia de Balaão: “Uma
amor divino. Ao chamá-lo de Primeiro e Últi- estrela surgirá de Jacó; um cetro se levantará de
mo, a passagem destaca Sua eternidade (Isaías Israel” (Números 24:17). Cristo é “a estrela da
41:4; 44:6). Já o fato de ser o Princípio e o Fim alva” que nasce no coração crente (2 Pedro 1:19).
lembra que Ele deu origem e mantém todas as [ASSEMBLEIA] 17O Espírito e a noiva
coisas (João 1:1-4; Hebreus 1:3). Os três títulos dizem: “Vem!” E todo aquele que ouvir diga:
deste versículo resumem a obra de Cristo no pla- “Vem!” Quem tiver sede, venha; e quem quiser,
no da salvação. “Todas as coisas criadas devem a beba de graça da água da vida.
vida a Cristo, todas encontram seu fim no rela- [JOÃO] 18Declaro a todos que ouvem as
cionamento com Ele”. Se todas as coisas devem palavras da profecia deste livro: se alguém lhe
sua existência a Ele, então Cristo tem o direito acrescentar algo, Deus lhe acrescentará as pragas
de ser nosso juiz supremo. Por isso, Ele pode re- descritas neste livro. 19Se alguém tirar alguma
compensar os fiéis (vers. 12). palavra deste livro de profecia, Deus tirará dele a
Mandamentos ou vestes? O versículo 14 sua parte na árvore da vida e na cidade santa, que
cita a última das sete bem-aventuranças prome- são descritas neste livro.
tidas no Apocalipse. Existe uma variante textual [CRISTO] 20Aquele que dá testemunho
que merece destaque aqui. Enquanto a ACF diz: destas coisas diz: “Sim, venho em breve!”
“Bem-aventurados aqueles que guardam os seus [ASSEMBLEIA] Amém. Vem, Senhor Jesus!
mandamentos” (Apocalipse 22:14), as demais ver- [JOÃO] 21A graça do Senhor Jesus seja com
sões modernas seguem a ARA: “Bem-aventurados todos. Amém.” (Apocalipse 22:1-21).
aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue A obra do Espírito Santo permeia o livro do
do Cordeiro]” (veja NVI, NVT, IBB, mas fazem Apocalipse. Ao longo das mensagens dirigidas às
supressão da frase “no sangue do Cordeiro”). sete igrejas da Ásia, foi enfatizado que elas ouvis-
Quando se compara o texto grego, não é di- sem o que o Espírito Santo tinha a dizer (Apoca-
fícil perceber que houve uma confusão na hora lipse 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22). Agora, o Espírito
de fazer a cópia do texto, o que permitiu as duas e a Igreja fazem um convite juntos para que os
variações. A transliteração a seguir vai mostrar a não salvos bebam da água da vida, ou seja, acei-
diferença: hoi poiountes tas entolas autou, “que tar Sua obra na vida dos pecadores.
guardam Seus mandamentos”, e hoi plumon- Há uma manifestação trinitária na parte fi-
tes tas stolas auton, “que lavam suas vestiduras”. nal do Apocalipse. No capítulo 21, Deus Pai se
Ambas as versões são possíveis e estão em har- apresenta como Aquele que dá salvação e que vai
monia com o ensino de João. viver em comunhão eterna com Seus filhos (veja
É privilégio e liberdade dos santos comer da vers. 3-7). No capítulo seguinte, é ouvida a voz
árvore da vida e desfrutar a imortalidade com Je- de Jesus (cap. 22:16). Agora, no versículo 17, é o
sus Cristo. Espírito Santo quem fala. No fechamento, a di-
No versículo 15, parece que João faz uma vindade dá a última palavra.
citação fora da linha de pensamento que ele está No último apelo, Igreja e Espírito unem
desenvolvendo. Ele está enfatizando o fato de a voz para oferecer a vida eterna ao mundo. A
que apenas os remidos terão entrada na cidade Igreja é chamada de Noiva, uma imagem retirada
santa. Ele usa a imagem de cães que ficavam nas de Apocalipse 21:9, 10. O apelo é individual. A
entradas das cidades remexendo no lixo. Eles oferta é universal.
eram animais imundos. Os vis e sem escrúpu- Advertência aos leitores. João acrescen-
los serão deixados de fora (Filipenses 3:1; Salmo ta uma advertência contra aqueles que querem
22:16, 20). distorcer a mensagem que foi apresentada. Em
O Messias. No versículo 16, Cristo é apre- um primeiro momento, parece que ele ameaça a
sentado como o Messias, o filho de Davi: “Eu pessoa que produzisse uma falsa cópia no texto
sou a Raiz e o Descendente de Davi, e a resplan- bíblico. Este aviso lembra o feito por Moisés, em
decente Estrela da Manhã”. Ele é tanto a origem Deuteronômio 4:2: “Nada acrescentem às pa-
(raiz) da dinastia davídica quanto seu descen- lavras que eu lhes ordeno e delas nada retirem,
dente. Estas palavras remetem a Isaías 11:1: “Um mas obedeçam aos mandamentos do Senhor, o
ramo surgirá do tronco de Jessé, e das suas raí- Deus de vocês, que eu lhes ordeno” (veja tam-
zes brotará um renovo”. A imagem da estrela da bém Deuteronômio 12:32). Flávio Josefo lembra
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Epílogo
que ao longo dos séculos os copistas do texto “A perda apresentada aqui é tão completa e es-
bíblico zelaram por sua reprodução: “Pois, em- magadora que nada nesta vida conseguiria com-
bora longas eras tenham se passado, ninguém se pensá-la, nem mesmo remotamente.”
aventurou a acrescentar, ou, ou remover, ou alte- A última palavra de Cristo é a confirmação
rar uma sílaba” (Contra Apion, 1:8). de que Ele virá em breve (vers. 20). João respon-
O foco de João é diferente. Ele quer que seus de com a palavra hebraica Amém, que tem o sen-
leitores aceitem a autoridade divina das profecias tido de “Assim seja” e a expressão litúrgica de ori-
reveladas e que não distorçam sua mensagem. A gem aramaica Maranata! (ver 1Coríntios 16:22),
advertência dada ao leitor tem o objetivo de prote- que significa O Senhor vem! Se Cristo não voltar,
ger o livro. As pessoas costumam usar as profecias o plano da salvação não será completo.
conforme lhes é conveniente. Usam a parte que Diante das provações que o povo de Deus
lhes convém e esquecem daquelas que não lhes deverá passar antes de entrar na Eternidade, é
agrada. O livro de Apocalipse não deve ser manu- preciso receber a graça do Senhor Jesus para ser
seado assim. Acrescentar ou retirar qualquer par- mais do que vencedores. Que esta graça não seja
te enquanto tenta-se interpretar suas mensagens recebida em vão!
pode desagradar a Deus e tem suas consequên- “O grande conflito terminou. Pecado e pe-
cias. O profeta recomenda cautela aos que procu- cadores não mais existem. O Universo inteiro
ram interpretar o livro do Apocalipse. Eles devem está purificado. Uma única palpitação de harmo-
fazê-lo com humildade, operosidade e fidelidade. nioso júbilo vibra por toda a vasta criação. Da-
Aquele que distorce o sentido da palavra quele que tudo criou emanam vida, luz e alegria
profética deve sofrer três grandes perdas eternas: por todos os domínios do espaço infinito. Desde
(1) a perda da imortalidade, sofrendo, em conse- o minúsculo átomo até ao maior dos mundos,
quência, a morte eterna; (2) a perda de qualquer todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua
participação na vida da nova Terra; e (3) a perda serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus
de todas as bênçãos e promessas do Apocalipse. é amor.”
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ENAR 2019 - Conhecendo a Divindade | Apostila de Estudos
Referências bibliográficas:
1
ANDERSON, Roy A. As revelações do Apocalipse. 26
WHITE, Ellen G. O Grande Conflito, p. 382, 383.
Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1990, p. 182. 27
WHITE, idem, p. 655, 656.
2
WHITE, Ellen G. Testemunhos para ministros, p. 433. 28
Ellen G. White entendia que o Anjo de Apocalipse
3
WHITE, Ellen G. O Grande conflito, p. 649. 18:1 representava o povo de Deus nos últimos
4
OLIVEIRA, Arilton. Apocalipse: A batalha final. Jacareí, dias. Ela acreditava que esse anjo era simbólico e
SP: Ed. do Autor, 2016, p. 223. que representava um “movimento” religioso: “Mas
5
LADD, George. Apocalipse: introdução e comentário. Deus ainda tem um povo em Babilônia; e, antes
São Paulo: Vida Nova, 1999, p.152. de sobrevirem Seus juízos, esses fiéis devem ser
6
WHITE, Ellen G. Comentário Bíblico, vol. 7, p. 992. chamados a sair, para que não sejam participantes
7
Idem, p. 154. dos seus pecados e não incorram nas suas pragas.
8
STEFANOVIC, Ranko. O Apocalipse de João: Esta a razão de ser o movimento simbolizado pelo
Desvendando o último livro da Bíblia. Casa anjo descendo do Céu, iluminando a Terra com
Publicadora Brasileira, 2018, p.9, 92. sua glória, e clamando fortemente com grande voz,
9
WHITE, Ellen G. O Grande Conflito, p. 627, 628. anunciando os pecados de Babilônia.” — O Grande
10
Comentário bíblico adventista, vol. 7, p. 931. Conflito, p. 604.
11
OLIVEIRA, idem, p. 226. 29
A ideia de que a obra do outro anjo de Apocalipse
12
HERÓDOTO, História, v. 1, p. 95-97, 18:1 se cumpre em duas fases é defendida por Ellen G.
13
Ibidem, p. 229. White com as seguintes palavras: “Os que caminham
14
SUMMERS, Ray. A mensagem do Apocalipse: Digno na luz não necessitam ter nenhuma ansiedade,
é o Cordeiro. Rio de Janeiro: JUERP, 1972, p. 175. salvo no derramamento da última chuva não serem
15
WHITE, Ellen G. O Grande Conflito, p. 588. batizados com o Espírito Santo. Se recebemos a
16
SUMMERS, idem, p. 176, 177. luz do glorioso anjo que ilumina toda a Terra com
17
WHITE, Ellen. G. Comentário bíblico, vol. 7, p. 993. sua glória, isto nos permitirá ver se nosso coração
18
The Review and Herald, 13 de maio de 1902. estar purificado, vazio do eu, voltado para o Céu
19
WHITE, Ellen G. O Grande Conflito, p. 381. e pronto para receber a chuva serôdia.” — WHITE,
20
WHITE, Ellen. G. Evangelismo, p. 365. Ellen G. Signs of the Times, 1° agosto 1892, citado em
21
ANDERSON, idem, p. 194. Princípios de vida da Palavra de Deus. Santo André,
22
LADD, idem p. 164. SP: Casa Publicadora Brasileira, s.d., p. 412.
23
STEFANOVIC, idem, p. 99. 30
DOUCKHAN, Jacques B. Secretos del Apocalipsis.
24
LADD, idem p. 166. Buenos Aires: ACES, 2011, p. 178.
25
WHITE, Ellen G. O Grande Conflito, p. 382. 31
DOUCKHAN, idem, p. 179.
- 38 -
Referências bibliográficas
32
BEASLEY-MURRAY. G. R. O novo comentário da A mensagem e o significado do Apocalipse. Rio de
Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 1476, Janeiro: JUERP, 1976, p. 167.
33
SUMMERS, idem, p. 180, 181. 63
RANKO, Stefanovic. O Apocalipse de João:
34
MAXWEEL, c. Marvym. Uma nova era segundo as Desvendando o último livro da Bíblia. Tatuí, SP: Casa
profecias do Apocalipse. Tatuí, SP: Casa Publicadora Publicadora Brasileira, 2018, p. 109.
Brasileira, 1998, p.479. 64
COMENTÁRIO, ibidem, p. 990.
35
VANNI, H. Apocalipse: Uma assembleia litúrgica 65
RADMACHER, E. D.; ALLEN, R. B.; HOUSE, H.
interpreta a histórica. São Paulo: Paulinas, 1984, p. W. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento
178, 179. com recursos adicionais. Rio de Janeiro: Central
36
VANNI, idem, p. 179. Gospel,2010, p. 797.
37
BEASLEY-MURRAY. G. R. O novo comentário da 66
Ibidem, p. 991.
Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 1478. 67
ANDERSON, Roy Allan. As revelações do Apocalipse.
38
FEYERABEND, Henry. Apocalipse verso por verso: Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,1990, p. 226.
Como entender os segredos do último livro da Bíblia. Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova,
Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004, p. 164, 1997, p. 1484.
165. 68
MCDOWELL, ibidem, p. 169.
39
FEYERABEND, ibidem, p. 165, 166. 69
RANKO, ibidem, p. 110.
40
LADD, George. Apocalipse: Introdução e comentário. 70
RANKO, ibidem, p. 110
São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 184. 71
MARXELL, C. Mervyn. Uma nova era segundo as
41
Citado por BARCLAY, William. Apocalipsis. Buenos profecias do Apocalipse. Tatuí, SP: Casa Publicadora
Aires, La Aurora,1975, p. 426, 427. Brasileira, 1998, p. 552, 553. Ver também Urias Smith.
42
BARCLAY, William. Apocalipsis. Buenos Aires, La As profecias do Apocalipse. Itaquaquecetuba, SP:
Aurora,1975, p. 427. Vida Plena, s.d., p. 362.
43
Ibidem. 72
COMENTÁRIO ASD p. 993.
44
BEASLEY-MURRAY. G. R. O novo comentário da 73
LADD, ibidem, p. 209.
Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 1480. 74
SMITH, U. As profecias do Apocalipse.
45
SMITH, Urias. As profecias do Apocalipse. Itaquaquecetuba, SP: Vida Plena, s.d., p. 366.
Itaquaquecetuba, SP: Vida Plena, s.d., p. 346. 75
ANDERSON, ibidem, p. 227. Veja também
46
BARCLAY, ibidem, p. 444. RADMACHER, ibidem, p. 799.
47
WHITE, Ellen G. O Grande Conflito, p. 661. 76
ANDERSON, ibidem, p. 227, 228.
48
STEFANOVIC, Ranko. O Apocalipse de João: 77
Comentário Bíblico Adventista, Ellen G. White, vol.
Desvendando o último livro da Bíblia. Tatuí, SP: Casa 7, p. 1106.
Publicadora Brasileira, 2018, p. 108. 78
Ibidem.
49
BARCLAY, ibidem, p. 445. 79
Ibidem.
50
BARCLAY, ibidem, p. 446, 447. 80
Ibidem.
51
BARCLAY, ibidem, p. 449. 81
Ibidem, p. 996.
52
WHITE, Ellen G. Atos dos apóstolos, p. 602.
53
STEFANOVIC, ibidem, p. 20, 21.
54
VANNI, H. Apocalipse. São Paulo: Paulinas, 1984,
p.184.
55
SUMMERS, R. Digno é o Cordeiro: Uma interpretação
do Apocalipse Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Batista, 1957, p.283-287.
56
Comentário Bíblico Adventista, Ellen G. White, vol. 7,
p. 1105 (Maranata, p. 343).
57
VANNI, ibidem, p. 185.
58
DOUKHAN, J. B. Secretos del Apocalipsis. Buenos
Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2011,
p. 211.
59
COMENTÁRIO bíblico adventista, vol. 7, p. 989.
60
COMENTÁRIO, ibidem.
61
LADD, George. Apocalipse: Introdução e comentário.
São Paulo: Vida Nova, 199, p. 206.
62
MCDOWELL, E. A. A soberania de Deus na história:
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Quem é Deus?
O Espírito Santo