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CAP PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Departamento de Engenharia Elétrica

Alex Sandro Soares Granje


Gregory Alex Severiano Gomes

LOCALIZAÇÃO DE FALTAS DE ALTA IMPEDÂNCIA EM LINHAS DE


TRANSMISSÃO PELO MÉTODO DAS ONDAS VIAJANTES

Contagem
2024
Alex Sandro Soares Granje
Gregory Alex Severiano Gomes

LOCALIZAÇÃO DE FALTAS DE ALTA IMPEDÂNCIA EM LINHAS DE


TRANSMISSÃO PELO MÉTODO DAS ONDAS VIAJANTES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Engenharia Elétrica da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Elétrica.

Orientadora: Profa. Viviane Reis de Carvalho

Contagem
2024
Às pessoas com quem convivemos ao longo
desses anos de curso, que nos incentivaram
e que certamente tiveram impacto na nossa
formação acadêmica. Aos nossos pais e
família, pelo incentivo e carinho.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradecemos a Deus, pela vida, pela força e pela proteção que tornaram
possível a realização deste trabalho.

Aos nossos pais, expressamos nossa profunda gratidão pelo amor incondicional, pelo
carinho, pela educação exemplar, por sempre acreditarem em nós e pelo constante incentivo
que nos impulsionou a alcançar este marco importante.

À nossa orientadora, Profa. Viviane, nossa sincera gratidão por tornar possível a
realização deste trabalho. Seu apoio, confiança, amizade e sábia orientação foram fundamentais
no desenvolvimento deste trabalho.

À Doutora Rose, coordenadora do curso, agradecemos pela sua dedicação incansável,


pelo seu compromisso em sempre buscar incentivar os alunos e pela atenção e cuidado
constantes que demonstrou para com todos nós.

Aos professores do Departamento de Engenharia Elétrica da PUC Minas, agradecemos


por sempre estarem dispostos a colaborar, compartilhando seus conhecimentos e experiências,
que foram de grande valia para a nossa formação.

Por fim, agradecemos a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
realização deste trabalho.
EPÍGRAFE

“A educação, qualquer que seja ela, é sempre uma


teoria do conhecimento posta em prática.”
Paulo Freire
RESUMO

Este trabalho analisa a aplicação do método das ondas viajantes na localização de faltas
em linhas de transmissão de energia elétrica. A motivação para este estudo é a necessidade de
manter a confiabilidade e a disponibilidade da energia elétrica, um recurso vital para a
sociedade moderna, que pode ser comprometido devido a faltas em linhas de transmissão. O
objetivo é disseminar o conhecimento sobre o tema, além de otimizar a eficiência e
assertividade na identificação dessas faltas e, consequentemente, reduzir o tempo de
indisponibilidade da rede. Para isso, foram realizados uma revisão bibliográfica abrangente,
estudo do conceito das Ondas Viajantes em linhas de transmissão, análise de softwares e
modelos para simulações de Sistemas Elétricos de Potência, implementação dos modelos das
linhas de transmissão e dos componentes do sistema em estudo utilizando softwares, e análise
dos modelos implementados para ocorrências de falhas em linhas de transmissão. Os resultados
das simulações confirmaram que a utilização do método das ondas viajantes resultou em
menores erros na localização das faltas, em comparação com o método de impedância. Além
disso, o método das ondas viajantes provou ser eficiente e muito promissor, apresentando
vantagens em termos de velocidade e precisão na localização de faltas, sendo resistente a
interferências que envolvem mudanças de impedância. Através dos resultados, identifica-se a
oportunidade de explorar ainda mais o potencial das ondas viajantes, não somente após a
ocorrência de uma falta, mas também na fase pré-falta, atuando de forma preventiva na
identificação e correção de condições anormais antes da manifestação de uma falha,
aumentando ainda mais a eficiência das proteções dos ativos e da localização de faltas,
fortalecendo a robustez do sistema elétrico.

Palavras-chaves: localização de faltas, ondas viajantes, proteção de sistemas elétricos


de potência.
ABSTRACT

This work analyzes the application of the traveling wave method in locating faults in
electrical power transmission lines. The motivation for this study is the need to maintain the
reliability and availability of electrical energy, a vital resource for modern society, which can
be compromised due to faults in transmission lines. The objective is to disseminate knowledge
on the topic, in addition to optimizing efficiency and assertiveness in identifying these faults
and, consequently, reducing network unavailability time. To achieve this objective, a
comprehensive literature review was carried out, study of the concept of “Traveling Waves” in
transmission lines, analysis of software and models for simulations of Electrical Power
Systems, implementation of models of transmission lines and system components under study
using software, and analysis of models implemented for occurrences of failures in transmission
lines. The simulation results confirmed that the use of the traveling wave method resulted in
smaller errors in fault location, compared to the impedance method. Furthermore, the traveling
wave method proved to be efficient and very promising, presenting advantages in terms of
speed and accuracy in locating faults, being resistant to interference involving impedance
changes. Through the results, the opportunity to further explore the potential of traveling waves
is identified, not only after the occurrence of a fault, but also in the pre-fault phase, acting
preventively in the identification and correction of abnormal conditions before the
manifestation of a failure, further increasing the efficiency of asset protection and fault location,
strengthening the robustness of the electrical system.

Keywords: fault location, traveling waves, protection of electrical power systems.


LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Linha de transmissão ................................................................................... 19
Figura 2 - Mapa do Sistema de Transmissão - Horizonte 2027 ................................... 20
Figura 3 - Curto-circuito trifásico ................................................................................. 22
Figura 4 - Composição de uma falta assimétrica .......................................................... 22
Figura 5 - Faltas Fase-Terra, Bifásica e Bifásica-Terra, respectivamente.................... 23
Figura 6 - Esquema básico de um sistema de proteção ................................................ 24
Figura 7 - Estrutura básica de um esquema de proteção .............................................. 25
Figura 8 - Falta monofásica em uma linha de transmissão ......................................... 30
Figura 9 - Diagrama sequência negativa para falta monofásica ................................... 30
Figura 10 - Diagrama de Bewley-Lattice ..................................................................... 33
Figura 11 - modelo por fase da linha de transmissão curta .......................................... 36
Figura 12 - Modelo π da linha de transmissão média ................................................... 37
Figura 13 - Modelo por fase da linha de transmissão longa ......................................... 37
Figura 14 - Modelo de linha de transmissão Bergeron ................................................. 38
Figura 15 - Estrutura básica de um sistema de sincronização ...................................... 44
Figura 16 - Tela inicial da versão gratuita do software PS Simul, mostrando recursos
disponíveis. ............................................................................................................................... 46
Figura 17 - Exemplo de um desenho (draft, esquema) de simulação de descargas
atmosféricas. ............................................................................................................................. 47
Figura 18 - Exemplo de dados de saída de uma simulação. ......................................... 47
Figura 19 - Diagrama de Bewley-Lattice de propagação de ondas. ............................. 48
Figura 20 - Modelagem de um sistema de transmissão. .............................................. 48
Figura 21 - Representação sistema equivalente. ........................................................... 49
Figura 22 - Filtros Ondas Viajantes - Sinais de Corrente. ............................................ 49
Figura 23 - Parâmetros geométricos do modelo da linha de transmissão. .................. 50
Figura 24 - Parâmetros calculados do modelo Bergeron. ............................................. 51
Figura 25 - Resultados da simulação da falta. .............................................................. 53
Figura 26 - Modelagem do sistema. ............................................................................. 54
Figura 27 - Resultado da simulação (trajetória de impedância vista pelo relé). ........... 55
Figura 28 - Resultado da simulação (trajetória de impedância vista pelo relé). ........... 56
Figura 29 - Resultado simulação (trajetória de impedância vista pelo relé). .............. 56
Figura 30 - Oscilografia da ocorrência de uma falta em uma linha de transmissão ..... 58
Figura 31 - Oscilografia da ocorrência de uma falta em uma linha de transmissão. .... 58
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Linha de transmissão curta .......................................................................... 36


Tabela 2 - Linha de transmissão média ....................................................................... 36
LISTA DE SIGLAS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica


DIT Demais Instalações de Transmissão
FAI Faltas de Alta Impedância
FFT Transformada Rápida de Fourier
FST Terminal de Seção de Ponto de Falha
FLT Terminal de Linha de Alimentação
GD Geração Distribuída
GPS Sistema de Posicionamento Global
IED Dispositivo Eletrônico Inteligente
IEDs Dispositivos Eletrônicos Inteligentes
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBRs Energias baseadas em inversor
IRIG-B Padrão Específico de Sincronização de Tempo
LT Linha de Transmissão
LTs Linhas de Transmissão
ONS Operador Nacional Do Sistema
PV Parcela Variável
SE Subestação
SIN Sistema Interligado Nacional
TC Transformador de Corrente
TCs Transformadores de Corrente
TP Transformador de Potencial
TPs Transformadores de Potencial
TW Traveling Waves
LISTA DE SÍMBOLOS

I Corrente
Km Quilômetros
kV Quilovolts
lT Comprimento total da linha
m Metros
ms Milissegundos
p.u. Por unidade
R Resistência
t Tempo
V Volts
VA Volt-ampere
Vf Tensão de fase
Vl Tensão de linha
VAr Volt-ampere reativo
W Watt
Θ Velocidade de propagação da onda
Y Admitância Shunt por unidade de comprimento
Z Impedância
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13

1.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 14

1.1.1 Objetivos Específicos ................................................................................ 14

1.2 Justificativa.................................................................................................... 15

1.3 Metodologia ................................................................................................... 16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 18

2.1 O Sistema Elétrico de Potência Brasileiro .................................................. 18

2.2 Ocorrências no sistema de transmissão ...................................................... 20

2.2.1 Faltas ........................................................................................................ 21

2.3 Proteção dos Sistemas Elétricos de Potência .............................................. 23

2.3.1 Estrutura Básica de um Sistema de Proteção ......................................... 24

2.4 Métodos de localização de Faltas em Linhas de Transmissão .................. 28

2.4.1 Método de impedância ............................................................................. 28

2.4.2 Método de ondas viajantes (TW) ............................................................. 31

2.5 Características de Falta de Alta Impedância. ............................................ 34

2.6 Modelos das linhas de transmissão.............................................................. 35

2.7 Trabalhos Relacionados ............................................................................... 39

3 METODOLOGIA PARA APLICAÇÃO DAS ONDAS VIAJANTES ........... 43

3.1 Escolha do Software para Simulação .......................................................... 45

3.2 Implementação do Modelo da LT no Software PS SIMUL ...................... 48

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ......................................................... 52

4.1 Comparação entre os métodos de localização de faltas ............................. 53

4.2 Resultados utilizando as simulações ............................................................ 55

4.3 Discussão sobre a eficácia das ondas viajantes e suas vantagens ............. 57

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 61
13

1 INTRODUÇÃO

A energia elétrica é um recurso vital para a sociedade moderna, alimentando nossas


casas, empresas e infraestruturas críticas. Ela é a força motriz por trás de muitas das
conveniências e necessidades da vida moderna, desde a iluminação e o aquecimento de nossas
casas até a alimentação de nossos dispositivos eletrônicos e a operação de nossas indústrias. No
entanto, a confiabilidade e a disponibilidade desse recurso podem ser comprometidas devido a
ocorrências em linhas de transmissão. Essas ocorrências em sua maioria estão relacionadas a
faltas que podem ser causadas por uma variedade de fatores, incluindo condições climáticas
adversas, falhas de equipamentos e danos físicos às linhas de transmissão.

A localização de faltas em linhas de transmissão é um tópico muito importante na


manutenção e operação de sistemas de energia elétrica. As linhas de transmissão, sendo um dos
elementos mais vulneráveis do sistema, são frequentemente sujeitas a curtos-circuitos, e estes
correspondem à maior parte de faltas nas linhas de transmissão. Esses curtos-circuitos podem
causar uma corrente relativamente grande, que pode danificar mecanicamente o equipamento
elétrico conectado ao sistema. Portanto, é essencial ter um equipamento que possa detectar a
localização da falha para acelerar o processo de reparo, especialmente se a falta for permanente.

A localização eficiente e rápida dessas faltas é fundamental para minimizar o tempo de


indisponibilidade e os impactos econômicos e sociais associados às interrupções no
fornecimento de energia. A localização precisa de faltas em linhas de transmissão é um desafio
devido a vários fatores. O layout geográfico e o terreno acidentado podem tornar algumas
seções das linhas de transmissão de energia elétrica difíceis de alcançar. Além disso, a
determinação precisa da distância até a falta a partir de uma subestação de energia pode ser
afetada por vários fatores estocásticos, como resistência de falta, impedâncias equivalentes da
linha de transmissão, variação da carga e imprecisões nas medições dos parâmetros da linha de
transmissão.

As características da linha de transmissão, incluindo sua exposição, dimensões e


localização distante dos centros urbanos em áreas de difícil acesso, adicionam complexidade à
localização de faltas. O método convencional de identificação do local da falta pode apresentar
desafios e problemas, tornando a tarefa ainda mais difícil.
14

A maioria dos métodos de localização de faltas depende da estimativa de fasores dos


dados de tensão e corrente do sistema, levando em consideração sua componente fundamental.
No entanto, mesmo esses métodos têm suas limitações e precisam ser continuamente
aprimorados para aumentar a precisão e eficiência na localização de faltas.

O tema central deste trabalho concentra-se na investigação das perturbações em linhas


de transmissão ocasionadas por curtos-circuitos. A análise aborda o conceito de localização de
faltas através do método das ondas viajantes em tais linhas. Nos sistemas de transmissão de
energia elétrica, a ocorrência de faltas representa um desafio significativo para a confiabilidade
e disponibilidade do fornecimento de eletricidade. A localização eficiente e rápida de faltas em
linhas de transmissão é fundamental para reduzir o tempo de indisponibilidade e minimizar os
impactos econômicos e sociais associados a interrupções no fornecimento de energia.

1.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo é analisar, através de simulações, a aplicação do método


das ondas viajantes na localização de faltas, em especial as faltas de alta impedância, em linhas
de transmissão de energia elétrica, em comparação a outros métodos utilizados, com o propósito
de otimizar a eficiência e assertividade na identificação dessas faltas e, consequentemente,
reduzir o tempo de indisponibilidade da rede.

1.1.1 Objetivos Específicos

Para atingir o objetivo geral estabelecido neste estudo, cumpriu-se os seguintes


objetivos específicos.

a) Revisão bibliográfica abrangente sobre os demais métodos utilizados na


localização de faltas em linhas de transmissão de energia elétrica;

b) Estudo e compreensão do conceito das Ondas Viajantes em linhas de


transmissão;
15

c) Análise de softwares e modelos disponíveis para simulações de Sistemas


Elétricos de Potência e seus devidos parâmetros e dispositivos e escolher o
software que melhor atenda os parâmetros técnicos que necessitamos simular.

d) Implementação dos modelos das LTs e dos componentes do sistema em estudo


utilizando softwares. Fundamentada numa revisão dos padrões usados nesse
ambiente, garantindo que os componentes sejam modelados e configurados
corretamente, de modo a tornar o sistema mais adequado para análise;

e) Análise dos modelos implementados para ocorrências de faltas em linhas de


transmissão, identificar suas localizações e comparar os resultados entre
técnicas de proteção convencionais e aquelas que empregam a técnica de ondas
viajantes, com o objetivo de validar o método proposto;

f) Apontar quais as oportunidades e desafios para implementação da técnica de


ondas viajantes, baseado nos resultados das simulações, na revisão bibliográfica
e no cenário atual, frente as proteções convencionais já utilizadas.

1.2 Justificativa

Nos sistemas de transmissão atuais, ocorrências de interrupções representam um desafio


significativo para a infraestrutura energética, não apenas impactando o fornecimento de
eletricidade, mas também causando danos econômicos e sociais substanciais. A necessidade de
implementar métodos de localização mais eficientes se torna urgente quando consideramos a
importância crucial da precisão na identificação do ponto exato onde ocorreu a falta em uma
linha de transmissão elétrica.

Segundo Furse (2021), podemos inferir que a imprecisão na localização tem


consequências graves para segurança, eficiência e os custos na transmissão nos Sistemas de
Transmissão de Energia, podendo resultar em respostas inadequadas por parte das equipes de
manutenção, levando a atrasos na restauração do serviço elétrico e aumentando os custos
operacionais. Além disso, equipamentos sensíveis podem ser afetados desnecessariamente
quando as ações corretivas são aplicadas em locais errados, resultando em perdas financeiras
16

adicionais. Essa ineficácia na detecção e correção de faltas também afeta negativamente a


qualidade de vida das comunidades atendidas, pois prolonga os períodos de interrupção e causa
desconforto aos consumidores.

Panahi (2021) destaca o aumento significativo no interesse por métodos mais eficazes
na localização de faltas em linhas de transmissão de energia elétrica, atribuindo-o à crescente
complexidade dos sistemas elétricos e à necessidade premente de garantir sua operação
confiável. Este contexto tem motivado numerosos estudos que visam aprimorar os métodos
existentes, com o intuito de elevar ainda mais a confiabilidade das redes elétricas. A busca por
métodos mais precisos de localização de faltas é de suma importância na engenharia elétrica,
dado o impacto considerável que a imprecisão pode exercer sobre a estabilidade e a
confiabilidade dos sistemas elétricos.

No contexto atual, merece destaque a pesquisa sobre o método de localização de faltas


por ondas viajantes, fundamentado na detecção de ondas geradas durante falhas na linha, sugere
a implementação de sistemas de proteção de alta velocidade, especialmente diante do aumento
da geração distribuída e da necessidade crescente de confiabilidade em sistemas com fontes de
energia alternativas. A análise detalhada dos transitórios causados pela falha, explorada pelo
método das ondas viajantes, demonstra ser uma abordagem promissora para a localização
precisa e rápida dessas interrupções. Suas vantagens vão além da simples mitigação dos
impactos mencionados anteriormente, alcançando a otimização de recursos, o aprimoramento
da confiabilidade e o aumento da eficiência operacional das redes de transmissão elétrica como
demonstrado por Lin (2012). Dessa forma, o método das ondas viajantes emerge como um tema
de extrema relevância na engenharia elétrica e na gestão de sistemas de energia.

1.3 Metodologia

O presente trabalho propõe uma investigação no campo da engenharia elétrica,


focalizando o emprego do método das ondas viajantes na localização de faltas, com o propósito
de aprimorar a resiliência de sistemas elétricos de potência. Para atingir esse objetivo, é adotada
uma abordagem de pesquisa, alicerçada em uma revisão bibliográfica abrangente sobre os
métodos usuais de localização de faltas em linhas de transmissão.
17

O objetivo exploratório da pesquisa visa a compreensão do conceito das Ondas


Viajantes em linhas de transmissão, explorando suas potencialidades e limitações. A análise
quantitativa é conduzida avaliando-se softwares e modelos computacionais voltados à
simulação de Sistemas Elétricos de Potência. A escolha do software baseia-se na capacidade de
atender aos parâmetros técnicos essenciais, garantindo simulações realistas e precisas.

A coleta de dados é realizada por meio da implementação de modelos de linhas de


transmissão e componentes do sistema elétrico, utilizando o software selecionado. A
fundamentação desses modelos é resultado de uma revisão dos padrões empregados nesse
contexto, garantindo que os componentes fossem configurados de maneira adequada para
análise. Posteriormente, na etapa de análise dos dados, que compreende a simulação de
ocorrências de falhas nas linhas de transmissão, identificando suas localizações, a comparação
dos resultados entre técnicas de proteção convencionais (com valores já considerados pela
natureza da prática que podem ser coletados em ocorrências conhecidas) e aquelas que
incorporam o método de ondas viajantes tem como objetivo validar a eficácia do método
proposto.

Assim, a metodologia adotada, enfatizando a revisão bibliográfica, modelagem,


simulação e análise comparativa, proporciona uma compreensão aprofundada do potencial do
método das ondas viajantes na localização de faltas.
18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta seção realiza-se uma análise da literatura relacionada aos conceitos mais
significativos e pertinentes para a pesquisa em questão. O foco está na detecção de faltas em
linhas de transmissão, diferentes tipos de faltas, a utilização de estudos de oscilografia para a
proteção de sistemas elétricos de potência e a propagação de ondas viajantes.

O futuro dos sistemas de transmissão elétrica deve ser moldado com base em lições
aprendidas no passado, levando em consideração tanto os êxitos quanto os fracassos,
incorporando as tecnologias existentes e compreendendo todos os componentes das últimas
inovações, bem como suas possíveis aplicações. Os sistemas elétricos de potência e em
particular os sistemas de transmissão e conexão com os de distribuição é uma parte vital e
importante para integrar a sociedade (DUNCAN, 2012).

Ao ocorrer uma falta, as empresas concessionárias de distribuição buscam uma


sistemática que seja possível isolar, com agilidade e precisão, as partes do sistema que estejam
com defeito e garantir o reestabelecimento de forma a atender a demanda de carga necessária.
Isso tem como efeito a redução de custos e a diminuição de riscos em colapsar o sistema,
garantindo maior confiabilidade e satisfação ao consumidor (GONZAGA, 2017).

A localização de faltas auxilia os operadores do sistema elétrico de potência, reduzindo


a ocorrência no distúrbio de tensão e corrente e contribuindo na continuidade e no fornecimento
de energia elétrica (COSTA, 2012).

As faltas em linhas de transmissão podem bloquear o fornecimento de eletricidade em


um determinado circuito ou região de uma cidade. Embora possam, em alguns casos, não
bloquear completamente devido à redundância do sistema que permite encontrar caminhos
alternativos para a energia em outras linhas de transmissão, a confiabilidade do sistema é
afetada. Essa redundância, no entanto, não é sempre suficiente para evitar problemas, podendo
até mesmo gerar sobrecargas nos sistemas de operação. Em situações onde há pequenas
subestações ou subestações para conexão de acessantes, a falha em um dos trechos pode retirar
de operação toda a linha, desligando as subestações conectadas (NUNES, 2017).

2.1 O Sistema Elétrico de Potência Brasileiro

O sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um sistema hidro-


termo-eólico de grande porte, com predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos
19

proprietários. O Sistema Interligado Nacional é constituído por quatro subsistemas: Sul,


Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da região Norte. A interconexão dos sistemas
elétricos, por meio da malha de transmissão, propicia a transferência de energia entre
subsistemas, permite a obtenção de ganhos sinérgicos e explora a diversidade entre os regimes
hidrológicos das bacias.

Figura 1 - Linha de transmissão

Fonte: O Empreiteiro (2023).

As instalações de transmissão são aquelas pertencentes às empresas que receberam


outorga da União para prestar o serviço público de transmissão de energia elétrica. São
classificadas pela regulamentação como instalações integrantes da Rede Básica, Demais
Instalações de Transmissão (DIT) e instalações de Interligação Internacional.

A Resolução Normativa ANEEL nº 67, de junho de 2004, estabelece os critérios para


composição de Rede Básica e das Demais Instalações de Transmissão (DIT). Integram a Rede
Básica do SIN as instalações de transmissão que atendem aos seguintes critérios. (ANEEL,
2004)

a) Linhas de transmissão, barramentos, transformadores de potência e


equipamentos de subestação em tensão igual ou superior a 230 kV;

b) Transformadores de potência com tensão primária igual ou superior a 230 kV e


tensão secundária e terciária inferiores a 230 kV, bem como as respectivas
conexões e demais equipamentos ligados ao terciário.

Embora sejam classificadas separadamente, as interligações internacionais recebem,


para fins técnicos e comerciais, o mesmo tratamento das instalações da Rede Básica (Operador
Nacional Do Sistema - ONS).
20

Figura 2 - Mapa do Sistema de Transmissão - Horizonte 2027

Fonte: ONS (2023).

O sistema elétrico de potência desempenha um papel fundamental na sociedade


moderna, proporcionando o fornecimento de energia elétrica para diversos setores, desde
residências até indústrias. No entanto, a confiabilidade e a continuidade do fornecimento de
eletricidade são desafios significativos, uma vez que interrupções nas linhas de transmissão
elétrica podem resultar em impactos econômicos e sociais consideráveis (MONTENEGRO et
al., 2015).

A confiabilidade dos sistemas elétricos e a qualidade do atendimento do mercado de


energia estão diretamente ligadas à eficiência da expansão desses sistemas, que, por sua vez,
dependem de um planejamento adequado. A capacidade instalada de geração do SIN é
composta principalmente por usinas hidrelétricas, mas nos últimos anos, devido ao crescimento
da Geração Distribuída (GD), notadamente com a instalação de usinas eólicas e fotovoltaicas,
tem apresentado uma expansão significativa e uma crescente complexidade nos sistemas de
transmissão.

2.2 Ocorrências no Sistema De Transmissão

As linhas de transmissão aéreas são componentes cruciais de um sistema elétrico, dada


a sua extensa abrangência. Estas linhas estão constantemente expostas a condições climáticas
adversas, como descargas atmosféricas, tempestades, ventos fortes, poluição e altas insolações.
21

Tais fatores podem causar uma variedade de falhas, interrompendo o funcionamento normal
das linhas e podendo até levar à falência do sistema elétrico.

No contexto do Brasil, com sua vasta extensão territorial, as linhas de transmissão


podem percorrer distâncias que variam de centenas a milhares de quilômetros, ficando expostas
às intempéries. Isso faz com que, entre todos os equipamentos que compõem o sistema elétrico,
as linhas de transmissão tenham a maior probabilidade de apresentar problemas.

2.2.1 Faltas

O termo “falta elétrica” é usado para descrever uma situação em que um sistema elétrico
se desvia acidentalmente de suas condições normais de operação. As causas mais comuns de
uma falta elétrica incluem curto-circuito ou a interrupção das condições normais de operação
de um condutor devido a sobretensões e sobrecorrentes.

Os problemas mais comuns incluem faltas fase-terra, fase-fase, fase-fase-terra e faltas


trifásicas. Cada uma dessas falhas representa um desafio único para a manutenção e operação
eficiente do sistema elétrico.

Um curto-circuito é caracterizado por:

a) Correntes com valores significativamente acima do valor nominal e quedas de


tensão;

b) Variação da impedância aparente, que é a relação entre a tensão e a corrente no


local onde o relé está instalado;

c) Aparecimento das componentes inversa (sequência negativa) e homopolar


(sequência zero) da tensão e/ou corrente, caso o defeito seja desequilibrado.

No contexto de um sistema de potência, existem dois tipos principais de faltas elétricas,


classificadas com base no módulo e no ângulo de fase da tensão e corrente: as faltas simétricas
e as faltas assimétricas.

Uma falta elétrica simétrica é caracterizada por um equilíbrio no sinal de sua corrente.
A forma de onda das suas senóides é simétrica em relação ao eixo do tempo e apresenta uma
característica estacionária. No entanto, é importante notar que o valor da tensão nas três fases é
zero no local da falta.
22

Para caracterizar falta trifásica podemos dizer que essa falta é um curto-circuito trifásico
descreve a condição em que os três condutores de um sistema trifásico estão eletricamente
conectados entre si. Tal curto-circuito pode ser igualmente denominado de falta simétrica ou
falta sólida. Dependendo da configuração do sistema trifásico, ou seja, com ou sem o condutor
neutro, o curto-circuito trifásico pode ser considerado como franco ou envolvendo a terra
(FRAZÃO, 2019).
Figura 3 - Curto-circuito trifásico

Fonte: Frazão (2019).

Por outro lado, uma falta elétrica assimétrica apresenta uma componente exponencial
de natureza transitória. Esta componente é amortecida durante um certo período até que o sinal
da corrente atinja um estado de regime permanente.

Os curtos-circuitos assimétricos representam a maior parte das faltas que ocorrem nos
sistemas elétricos, sendo a falta fase-terra a mais comum. Este tipo de falta afeta os sistemas de
transmissão de forma indiscriminada, conforme observado por Frazão (2019).
Figura 4 - Composição de uma falta assimétrica

Fonte: UFRN (2006).

Os tipos de faltas assimétricas podem ser caracterizados como (MAMEDE, 2013):


23

a) Falta fase-terra: Este é o tipo mais comum de falta e ocorre quando uma fase
se conecta à terra. Isso resulta em um desequilíbrio no sistema, pois a corrente
flui para a terra a partir da fase afetada;
b) Falta bifásica: Esta falta ocorre quando duas fases se conectam entre si sem
envolver a terra. Isso também resulta em um desequilíbrio, pois a corrente flui
entre as duas fases afetadas;
c) Falta bifásica-terra: Este tipo de falta ocorre quando duas fases se conectam à
terra. Isso causa um desequilíbrio no sistema, pois a corrente flui para a terra a
partir das duas fases afetadas.

Figura 5 - Faltas Fase-Terra, Bifásica e Bifásica-Terra, respectivamente

Fonte: elaborado pelo próprio autor.

Onde é RF é a resistência de falta.

2.3 Proteção dos Sistemas Elétricos de Potência

A proteção dos sistemas elétricos de potência é crucial para a continuidade do


fornecimento de energia aos consumidores e para a segurança dos equipamentos de alto custo
que integram o sistema elétrico. Com o advento de novas tecnologias, a proteção digital por
meio de relés microprocessados tem se desenvolvido significativamente nos últimos anos.

Os principais objetivos da proteção de sistemas elétricos de potência são: garantir o


fornecimento de energia com mínimas interrupções e assegurar a segurança dos equipamentos
e instalações. Portanto, um sistema de proteção deve ser capaz de processar corretamente um
possível defeito ou falta (termo usado para indicar um desvio acidental das condições normais
de operação), além de responder rapidamente, iniciando ações corretivas para retornar à
condição normal de operação o mais rápido possível.
24

2.3.1 Estrutura Básica de um Sistema de Proteção


Um defeito sempre altera os valores de corrente e tensão. Assim, as grandezas
observadas pelo sistema devem estar necessariamente relacionadas às mudanças nas correntes
ou tensões, seja em magnitude ou ângulo.

Como descreve Mamede (2013), de forma geral, o esquema básico de funcionamento


de um relé de proteção pode ser entendido pela ilustração da Figura 5, que descreve os seus
diversos componentes.
Figura 6 - Esquema básico de um sistema de proteção

Fonte: Mamede Filho (2013).

a) Unidade de entrada: Recebe informações de distúrbios do sistema elétrico


através de transformadores de corrente e de potencial, e envia esses sinais à
unidade de conversão do relé de proteção. Também oferece isolação elétrica
entre o sistema e os dispositivos de proteção;
b) Unidade de conversão de sinal: Recebe os sinais dos transformadores e os
transforma em sinais adequados para o funcionamento dos relés. É específica
da proteção com relés secundários;
c) Unidade de medida: Compara as características dos sinais recebidos (módulos
da corrente e tensão, ângulo de fase, frequência etc.) com valores pré-
estabelecidos. Se os sinais de entrada excedem os valores ajustados, a unidade
envia um sinal à unidade de saída;
d) Fonte de tensão auxiliar: Fornece energia às unidades de medida e saída, além
da unidade de acionamento. Geralmente é uma bateria, mas em alguns
dispositivos pode ser um circuito interno que converte a corrente em uma
pequena tensão;
25

e) Unidade de saída: Pode ser uma pequena bobina acionando um contato auxiliar
ou uma chave semicondutora;

f) Unidade de acionamento: Normalmente é uma bobina montada no corpo do


elemento de desconexão do sistema, que pode ser um disjuntor ou um
interruptor. É característica dos sistemas de proteção com relés secundários.

Com base nessa abordagem, é fornecida uma visão geral da estrutura de proteção, como
detalhado na Figura 6. A seguir, é apresentada uma descrição resumida do funcionamento
desses dispositivos.
Figura 7 - Estrutura básica de um esquema de proteção

Fonte: Mamede Filho (2013).

Os elementos dessa estrutura, conformes descritos na legenda da imagem, são os


seguintes:

a) TC: transformador de corrente;

b) TP: transformador de potencial;

c) D: disjuntor responsável pela desconexão do sistema;

d) F: fonte auxiliar de corrente que supre os diversos elementos envolvidos na


proteção. Em geral, trata-se de uma fonte de corrente contínua;

e) A: elemento de avaliação das medições de corrente e tensão (relé de proteção)


que tem as seguintes funções: gerenciar as condições operacionais do
componente elétrico protegido; decidir, a partir dos valores recebidos de
corrente e tensão, as condições em que se dará a operação de desconexão;
26

f) B: elemento lógico da estrutura de proteção; recebe as informações do elemento


de avaliação, procede à comparação com os valores ajustados e, se for o caso,
libera o sinal de atuação para o interruptor ou disjuntor;

g) C: elemento que modula o sinal de disparo do interruptor ou disjuntor;

h) S: elemento de sinalização óptica ou visual de todas as operações realizadas na


estrutura básica de proteção;

i) K: elemento responsável pela recepção de sinais de comando originados ou não


de outros pontos distantes da parte do sistema sob proteção.

Testemunha-se um aumento na complexidade dos sistemas de potência, impulsionado


pela crescente demanda por eletricidade, integração de fontes de energia renovável,
interconexão de redes e avanços tecnológicos na geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica. Como resultado, a necessidade de métodos eficientes para a localização de faltas em
sistemas de transmissão tornou-se crucial (Silveira, 2001).

Logo, resume-se que um sistema básico de proteção consiste em um disjuntor,


transformador de corrente (TC), transformador de potencial (TP) e o relé de proteção que
podemos detalhar da seguinte forma: (Mamede, 2013)

a) Disjuntor: Os disjuntores são equipamentos fundamentais para a proteção e


eficiência operacional das redes elétricas de média e alta tensão. Os disjuntores
de alta tensão são dispositivos eletromecânicos criados para interromper o fluxo
de corrente elétrica em situações anormais, como curtos-circuitos ou
sobrecargas. Eles são compostos por contatos elétricos, mecanismos de
acionamento e sistemas de controle. Quando uma falha ocorre no sistema
elétrico, os contatos do disjuntor se abrem rapidamente, interrompendo a
corrente e prevenindo danos aos equipamentos e à rede.
b) Transformador de Corrente - TC: são equipamentos que reduz os níveis de
corrente para garantir a segurança do pessoal e dos equipamentos, bem como
proporcionar isolamento galvânico entre o circuito de potência e o circuito de
proteção, além de filtrar e reduzir ruídos e melhorar o índice de distorção
harmônica
27

De acordo com Kindermann (1997), o transformador de corrente tem basicamente três


finalidades:

a) Isolar os instrumentos de medição, controle e relés do circuito de Alta Tensão;


b) Fornecer no seu secundário uma corrente proporcional à do primário;
c) Fornecer no secundário uma corrente de amplitude adequada para ser usada
pelos medidores e pelos relés.

Geralmente, o TC fornece uma corrente nominal de 5A, como resultado da padronização


dos equipamentos de proteção, controle e medição.

a) Transformador de Potencial (TP): são equipamentos que reduz o nível de tensão


para permitir que os instrumentos de medição e proteção operem
adequadamente. Eles transmitem uma tensão com as mesmas características da
tensão primária da rede de transmissão, mas com um módulo reduzido. Eles
consistem em um enrolamento primário e um enrolamento secundário, cuja
relação de transformação permite obter no secundário um valor padrão de
tensão, que é geralmente 115V ou 115/√3 V;
b) Relé de Proteção Digital: Um relé de proteção digital é um dispositivo
gerenciado por um microprocessador, usados para proteger sistemas elétricos
de média e alta tensão. Ele incorpora software para entrada de dados e definição
de parâmetros, simulando o funcionamento de um relé eletromecânico. Os
sinais de corrente do Transformador de Corrente (TC) e Transformador de
Potencial (TP) são adquiridos por amostragem. Muitas das lógicas que eram
executadas através de cablagem são agora realizadas por operações lógicas
internamente ao relé. Portanto, os relés digitais oferecem uma solução eficiente
e precisa para a proteção do sistema elétrico.

As linhas de transmissão de energia elétrica, com sua grande extensão, são componentes
vitais dos sistemas elétricos de potência e são sujeitas a maioria das faltas nesses sistemas.
Quando ocorre uma falha permanente, os disjuntores são abertos e o próximo passo é localizar,
reparar e religar a linha afetada. Durante o período de indisponibilidade da linha, ocorrem
penalizações monetárias regidas pela regulamentação do setor, conhecida como Parcela
Variável (PV). Portanto, existe uma forte correlação entre a velocidade do reparo e a
receita/lucratividade do empreendimento.
28

2.4 Métodos de localização de Faltas em Linhas de Transmissão

Para minimizar o tempo de reparo de uma falha em uma linha de transmissão, é essencial
utilizar métodos eficazes de localização de faltas. Dentre os vários métodos disponíveis,
podemos citar:

a) Método de impedância, que utiliza dados de um terminal da linha;

b) Método de impedância, que utiliza dados de dois terminais da linha;

c) E o recente método de ondas viajantes (TW).

2.4.1 Método de impedância

Os relés de distância são dispositivos que operam com base na relação entre a tensão e
a corrente, ambos representados como fasores. A grandeza calculada tem dimensão em Ohms,
representando a impedância, que é a razão entre a tensão e a corrente.

A função de impedância, codificada como número 21 de acordo com a norma ANSI, é


amplamente empregada para proteção de linhas de transmissão. O nome “função de
impedância” deriva da relação entre a impedância da linha protegida e seu comprimento,
expressa em ohms por quilômetro.

Essa correlação permite que a impedância medida seja associada à distância até o ponto
de curto-circuito. Assim, a função de impedância consegue determinar a localização de uma
falha na linha de transmissão, com base nas características de impedância do sistema elétrico.

2.4.1.1 Método de impedância que utiliza dados de um terminal da linha

O primeiro (e mais simples) método, se baseia na impedância aparente e utiliza medidas


de um único terminal é notável por suas vantagens, conforme destacado por Kawady e Stenzel
(2002). Esses métodos dependem exclusivamente das informações disponíveis nos
equipamentos de medição e são facilmente implementados e simulados. Uma outra vantagem
significativa é que eles não requerem meios de comunicação para sua implementação, além de
serem facilmente implementados em relés de proteção digitais ou gravadores digitais de falhas,
como mencionado por Saha, Izykowski e Rosolowski (2010).
29

O método de localização de faltas por impedância com um terminal é um procedimento


simples que estima a localização de uma falha em uma linha de transmissão. Ele funciona
medindo as tensões e correntes localmente e, em seguida, calculando a impedância até o ponto
de falha. A razão entre essa impedância medida e a impedância total da linha fornece uma
porcentagem que indica a localização do defeito ao longo da linha (COELHO, 2018).

No entanto, este método tem dificuldades para lidar com certas características dos
sistemas elétricos. Por exemplo, ele pode não funcionar bem quando há “infeed“ (quando a
corrente de falta é alimentada por mais de uma fonte), quando os sistemas não são homogêneos
(quando há variações nas propriedades elétricas ao longo da linha), quando há impedâncias
mútuas em circuitos duplos (ou seja, quando a corrente em uma linha afeta a outra), e quando
há faltas de alta resistência. Esses fatores podem tornar as estimativas do método menos
precisas (COELHO, 2018).

2.4.1.2 Método de impedância que utiliza dados de dois terminais da linha todo de
impedância

O método de localização de faltas por impedância com dois terminais é capaz de corrigir
erros causados pela impedância da falta e por alterações na configuração do sistema de energia.
Contudo, a necessidade de dados de ambos os terminais exige um meio de comunicação. O
método com dois terminais, é um aprimoramento que utiliza medidas de tensão e corrente de
ambos os terminais da linha para determinar a localização de uma falha. Este método é mais
preciso do que o método de um terminal, pois tem mais informações disponíveis para o cálculo.
Esses métodos podem ser divididos em duas categorias: aqueles que utilizam dados não
sincronizados e aqueles que utilizam dados sincronizados (COELHO, 2018).

Neste método, considera-se um sistema com duas fontes localizadas nas barras S e R,
interligadas por uma linha de transmissão com impedância Z. Quando ocorre uma falta
monofásica com resistência RF no ponto ‘m’, ambas as fontes contribuem para o curto-circuito
através das correntes IS e IR formando a corrente IF. Os relés de proteção instalados nas
subestações medem as correntes IS e IR e as tensões VS e VR. Essas medidas são então usadas
para calcular a localização da falha, (COELHO, 2018).
30

Figura 8 - Falta monofásica em uma linha de transmissão

Fonte: Ramadoni Syahputra (2013).

Onde, no desenho são representados pelas legendas:

a) ZS é a impedância da fonte;
b) ZR é a impedância remota da fonte;
c) m é a localização da falta em p.u. do comprimento da linha;
d) ZL é a impedância da linha de transmissão;
e) RF é a resistência de falta.

O circuito de sequência negativa da falha, como ilustrado na Figura 8, é escolhido por


ser imune ao carregamento da linha e ao acoplamento mútuo. Esta representação descreve a
falha mencionada anteriormente.

Figura 9 - Diagrama sequência negativa para falta monofásica

Fonte: Andrei Coelho (2018).


31

A partir da Figura 9, é possível gerar duas equações com duas incógnitas (COELHO,
2018).

São elas:

𝑉2𝐹 = 𝑉2𝑆 − 𝐼2𝑆 ⋅ 𝑚 ⋅ 𝑍2𝐿 (1)

𝑉2𝐹 = 𝑉2𝑅 − 𝐼2𝑅 ⋅ (1 − 𝑚) ⋅ 𝑍2𝐿 (2)

Igualando ambas as equações, logo o valor de m pode ser calculado por:

𝑉2𝑆 −𝑉2𝑅 +𝑍2𝐿 ⋅𝐼2𝑅


𝑚= (3)
𝑍2𝐿 ⋅(𝐼2𝑆 +𝐼2𝑅 )

Na equação estão representadas as:

a) m : Localização da falta em p.u. do comprimento da linha, ou seja, representa a


porcentagem da linha até o ponto de falha, medido a partir da barra S;

b) 𝐼2𝑆 𝑒 𝐼2𝑅 : Correntes de sequência negativa;

c) 𝑍2𝐿 : Impedância de sequência negativa da linha;

d) 𝑉2𝑆 𝑒 𝑉2𝑅 : Tensões nas barras S e R respectivamente.

Nota-se que a fórmula depende das tensões e correntes locais e remotas (todas medidas
pelos relés instalados nos terminais) e da impedância de sequência negativa da linha (um valor
conhecido e igual à impedância de sequência positiva). Em suma, essa expressão simples utiliza
todas as informações disponíveis para determinar a localização das falhas com boa precisão,
porém a precisão da localização baseada na metodologia da impedância aparente é fortemente
influenciada pelas estimativas das correntes durante a falta. A aplicação deste método requer a
disponibilidade de tensões e correntes locais sincronizadas no tempo.

2.4.2 Método de Ondas Viajantes (TW)

Já o método de localização de faltas por ondas viajantes, se baseia na detecção e análise


de ondas geradas por transitórios de faltas em linhas de transmissão. Silveira et. al (2001)
32

exploraram a técnica de decomposição “wavelet” para aprimorar a detecção de ondas viajantes,


enfatizando a importância da abordagem inovadora para melhorar a eficácia e precisão na
localização de faltas.

A metodologia em questão tem suas raízes nos anos 1930, sendo amplamente utilizada
até a década de 1940 em linhas ou cabos subterrâneos desenergizados (Galle et al, 1993).
Embora sua precisão fosse superior às metodologias de localização baseadas na impedância
aparente, foi progressivamente deixada de lado na década de 1950, devido às limitações
tecnológicas da época que resultavam em baixa confiabilidade e problemas de manutenção,
levando à perda de interesse e confiança Saha, Izykowski e Rosolowski (2010).

Os métodos baseados em Onda Viajante (TW) fundamentam-se na teoria de propagação


e reflexão de ondas. Quando um defeito ocorre, os sinais de tensão e corrente se propagam na
forma de onda em direção aos terminais da linha com uma velocidade próxima à velocidade da
luz. A localização do defeito pode ser determinada através de medições precisas dos tempos de
chegada das ondas aos terminais e da análise das propriedades físicas dessas ondas após o
defeito. No entanto, para obter resultados mais precisos, esta técnica exige frequências de
amostragem elevadas.

Para Saha, Izykowski e Rosolowski (2010), o avanço da tecnologia de transdutores


permitiu a captura de sinais transitórios durante falhas com uma alta taxa de amostragem. Isso
possibilitou um uso mais eficaz e aprimorado dos métodos de análise de falhas baseados em
ondas viajantes. Esse progresso habilitou a aplicação de ferramentas de análise de sinais, como
a “Transformada Wavelets” (TW), facilitando a análise de transitórios localizados.

Segundo Andrade (2017), o conceito de Wavelets começou a ser empregado na


literatura a partir de 1980 e provém de uma síntese de várias ideias originadas em diferentes
disciplinas, como matemática, física e engenharia. A Transformada Wavelet é uma técnica de
análise de sinal que permite mudanças na extensão do tempo, mas não na forma. Ela é realizada
através da escolha de funções básicas adequadas, conhecidas como “wavelets”. Essas funções
permitem deslocamento no tempo e no espectro, além de dilatação e compressão, o que as torna
ideais para análise de sinais transitórios de tensão e corrente. A Transformada Wavelet supera
a limitação da Transformada Rápida de Fourier (FFT) ao fornecer uma resolução temporal
melhor para altas frequências. Isso é particularmente útil na análise de sinais transitórios, onde
a informação pode estar contida em componentes de alta frequência do sinal. A aplicação da
33

Transformada Wavelet produz coeficientes que podem ser compactados mais facilmente, pois
as informações são estatisticamente concentradas em apenas alguns coeficientes. Isso torna a
Transformada Wavelet uma ferramenta poderosa para a compactação de dados. Além disso, a
Transformada Wavelet pode fornecer a frequência dos sinais e o tempo associado a essas
frequências, tornando-a muito adequada para aplicação em vários campos. No contexto da
análise de sinais de tensão e corrente, as “wavelets” biortogonais têm se mostrado
particularmente eficazes.

Silveira et. al (2001) resume que a Transformada Wavelet é uma operação linear que
decompõe um sinal em diferentes escalas com diferentes níveis de resolução. A Transformada
de Wavelet fornece uma representação local (no tempo e na frequência) de um determinado
sinal, esta localização no tempo permite que distúrbios em sinais sejam detectados, tão logo
esses se iniciem.

Outras abordagens têm sido propostas para a localização de faltas em sistemas elétricos.
Xu e Dong (2014) apresentaram um método revolucionário que utiliza ondas viajantes e o ponto
de reflexão nas barras adjacentes para detectar e localizar faltas, destacando a aplicação de
conceitos avançados, como ondas viajantes e análise de reflexão. Para Silveira et. al (2001),
quando uma falha acontece em uma linha de transmissão, ela gera ondas que se propagam em
ambas as direções a partir do local da falta. Uma estratégia para lidar com essa situação é o uso
do Diagrama de Bewley-Lattice. Este diagrama, desenvolvido por L. V. Bewley, organiza de
forma eficaz as reflexões que ocorrem durante os transitórios na linha de transmissão.
Figura 10 - Diagrama de Bewley-Lattice

Fonte: Silveira et. al (2001).

O diagrama mostra que a distância x da falta pode ser calculada a partir do terminal A
pelas seguintes equações (SILVEIRA et. al, 2001):

Para faltas não aterradas:


34

𝜗(𝑡𝐴2 −𝑡𝐴1 )
𝑥= (4)
2

Onde:

a) 𝜗 - Velocidade de propagação da onda;

b) 𝑡𝐴1 - Tempo de propagação da primeira frente de onda do ponto de falta até o


terminal A;

c) 𝑡𝐴2 - Tempo de propagação, considerando-se o tempo de retorno dessa primeira


onda até o ponto de falta e desse ponto novamente ao terminal A.

Para faltas aterradas:

𝜗(𝑡𝐴2 −𝑡𝐴1 )
𝑥 = 𝑙𝑇 ⋅ (5)
2

Onde 𝑙 𝑇 é o comprimento total da linha.

A localização precisa e rápida de faltas em linhas de transmissão é crucial para garantir


a continuidade do fornecimento de energia elétrica, minimizar os impactos econômicos e
sociais negativos e otimizar a operação do sistema de energia. Essas abordagens podem
contribuir significativamente para a proteção e aprimoramento da confiabilidade das redes
elétricas.

Apesar dos avanços no campo da localização de faltas, ainda existem desafios a serem
superados, como a adaptação a sistemas de transmissão híbridos (YONGGANG et al., 2022) e
a crescente integração de recursos baseados em inversores (MAHMOUD et al., 2023). Portanto,
a pesquisa futura é necessária para aprimorar a precisão e eficiência desses métodos em cenários
complexos.

2.5 Características de Falta de Alta Impedância.

Vianna (2016), descreve que as faltas de alta impedância (FAI) ocorrem quando um
condutor energizado entra em contato com uma superfície de baixa condutividade, como o solo
ou vegetação. Essas faltas representam um desafio significativo para os sistemas de proteção
baseados em impedância devido a várias razões técnicas:
35

a) Baixa Corrente de Falta: As FAI geram correntes de falta muito menores do que
as faltas típicas de baixa impedância, o que pode ser insuficiente para ativar os
relés de proteção.

b) Características Intermitentes e Não-Lineares: As FAI podem apresentar


comportamento intermitente e não-linear, dificultando a detecção consistente
por métodos convencionais (GHADERI, 2017).

c) Influência do Tipo de Solo: A impedância da falta pode variar


significativamente dependendo do tipo de solo e das condições de umidade, o
que afeta a precisão da localização da falta.

d) Riscos Associados: As FAI podem não ser detectadas imediatamente,


representando riscos de segurança como incêndios e choques elétricos, além de
danos a equipamentos e interrupções no fornecimento de energia.

e) Dificuldade de Modelagem: A modelagem precisa das FAI é complexa devido


à sua natureza variável e dependente de muitos fatores ambientais e
operacionais.

Essas desvantagens técnicas das FAI destacam a necessidade de desenvolver métodos


de detecção e localização mais eficazes, como os que utilizam ondas viajantes, que são menos
afetados por essas limitações e podem oferecer respostas mais rápidas e precisas.

2.6 Modelos das linhas de transmissão

Para a representação e estudo de linhas, são utilizadas simplificações através de modelos


baseados no comprimento da linha. O comprimento elétrico de uma linha de transmissão varia
de acordo com o nível de tensão ao qual está associada, como descrito por Kindermann (1997).

A Tabela 1 apresenta características das linhas curtas, os comprimentos característicos


de uma Linha de Transmissão curta em relação à tensão da linha, são apresentados na tabela
abaixo.
36

Tabela 1 - Linha de transmissão curta


LINHA DE TRANSMISSÃO CURTA
Tensão de Linha (VL) Comprimento Máximo (L)
VL < 150KV 80 km
150KV ≤ VL < 400KV 40 km
VL≥ 400KV 20 km
Fonte: Geraldo Kindermann, 1997.

Para linhas curtas, é adotado o modelo de impedância série que é representado pela
resistência da linha de transmissão (RLT), em série com a reatância da linha (jXLT), como pode
ser visto na Figura 11.
Figura 11 - modelo por fase da linha de transmissão curta

Fonte: Geraldo Kindermann, 1997.

Os comprimentos característicos de uma Linha de Transmissão média em relação à


tensão da linha, são apresentados na Tabela 2 a seguir.
Tabela 2 - Linha de transmissão média
LINHA DE TRANSMISSÃO MÉDIA
Tensão de Linha (VL) Comprimento Máximo (L)
VL < 150KV 80km ≤ L ≤ 200km
150KV ≤ VL < 400KV 40km ≤ L ≤ 200km
VL≥ 400KV 20km ≤ L ≤ 100km
Fonte: Geraldo Kindermann, 1997.

O modelo π (pi) representa a linha de transmissão média como uma combinação de


elementos concentrados (indutância e capacitância), ou seja, os capacitores shunt estão nas
extremidades da impedância série, como mostrado na Figura 12.
37

Figura 12 - Modelo π da linha de transmissão média

Fonte: Geraldo Kindermann, 1997.

Para as Linhas Longas a representação é mais complexa. Pode-se, entretanto, fazer um


modelo pi idêntico ao das LTs médias, apenas com os valores de Ż e Ý corrigidos pelas
expressões abaixo:

𝑠𝑒𝑛ℎ(𝛾⋅𝑙)
𝑍𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 = 𝑍 ⋅ (6)
𝛾⋅𝑙

𝛾⋅𝑙
𝑡𝑎𝑛𝑔ℎ
2
𝑌𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 = 𝑌 ⋅ 𝛾⋅𝑙 (7)
2

Onde:

a) l → comprimento da Linha de Transmissão;

b) 𝛾 → constante de propagação, dado pela expressão = 𝓨Z;

c) 𝓨→ admitância Shunt por unidade de comprimento;

d) Z → impedância série por unidade de comprimento.

Do ponto de vista de curto-circuito, dependendo do caso, pode-se efetuar algumas


simplificações, como, por exemplo, desprezar as reatâncias Shunt. Assim, o circuito
equivalente por fase é o mostrado na Figura 13.
Figura 13 - Modelo por fase da linha de transmissão longa

Fonte: Geraldo Kindermann, 1997.


38

Em estudos de transitórios eletromecânicos, é comum utilizar modelos tradicionais para


representar as linhas de transmissão. No entanto, esses modelos podem não ser adequados em
todas as situações, como no caso das ondas viajantes.

Pereira Júnior (2022) descreve que para calcular sinais fiéis, além dos tradicionais
modelos agrupados como PI e RL, há outros modelos diferentes com parâmetros distribuídos
capazes de reproduzir ondas viajantes, dando destaque para o modelo de Bergeron.

Bergen (2000), descreve que o modelo de Bergeron é essencialmente um modelo ideal


representado por uma indutância distribuída L e uma capacitância C. Este modelo (Figura 14)
vai um passo além ao incluir uma propriedade de resistência agrupada para aproximar as perdas
do sistema.
Figura 14 - Modelo de linha de transmissão Bergeron

Fonte: Bergen, 2000.

𝑉 = 𝑉2 𝑐𝑜𝑠ℎ(𝛾𝑥) + 𝑍𝑐 𝐼2 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝛾𝑥) (8)


𝑉
𝐼 = 𝐼2 𝑐𝑜𝑠ℎ(𝛾𝑥) + 𝑍2 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝛾𝑥) (9)
𝑐

Como o interesse é nas condições terminais:


𝑉1 = 𝑉2 𝑐𝑜𝑠ℎ(𝛾𝑙) + 𝑍𝑐 𝐼2 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝛾𝑙) (10)
𝑉
𝐼1 = 𝐼2 𝑐𝑜𝑠ℎ(𝛾𝑥) + 𝑍2 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝛾𝑙) (11)
𝑐

Onde as equações são a relação desejada entre as tensões e correntes por fase nas duas
extremidades da linha de transmissão. O relacionamento é especificado pela impedância em
39

série Z e admitância shunt y em combinação em seu efeito na constante de propagação 𝛾 =


𝑧
√𝑧𝑦 e na impedância característica 𝑍𝑐 = √𝑦.

2.7 Trabalhos Relacionados

Devido ao aumento da complexidade dos sistemas de potência, importantes publicações


ressaltam a necessidade de métodos mais eficientes para a localização de faltas nos sistemas de
transmissão.

No artigo de Silveira, Seara e Zürn (2001), é apresentada uma abordagem inovadora


para a localização de falhas em linhas de transmissão de energia elétrica. O estudo tem como
objetivo aprimorar a detecção de ondas viajantes geradas por falhas nesses sistemas, fazendo
uso da técnica de decomposição wavelet. Propõe um método para localização digital de faltas
em linhas de transmissão utilizando a TW. A metodologia baseia-se na decomposição dos sinais
de corrente e tensão em diferentes escalas de tempo e frequência, permitindo identificar com
precisão os instantes de chegada das ondas viajantes aos terminais da linha. A partir desses
instantes, um algoritmo é aplicado para estimar a distância entre a falha e cada terminal da linha.
O método se destaca pela sua simplicidade de implementação e robustez em relação a diferentes
tipos de falhas e condições do sistema. Os resultados indicam que sua integração é viável em
relés de proteção numéricos, não apenas para uma localização precisa de falhas, mas também
para a atuação eficiente desses relés em caso de ocorrência de falhas em sua área de supervisão.
Os autores afirmam que algoritmos baseados em transformada wavelet têm um potencial
significativo para contribuir com uma nova geração de relés de proteção e dispositivos de
medição. Além disso, pesquisas adicionais estão em andamento para ampliar a aplicabilidade
da metodologia a diferentes modelos de sistemas de transmissão, incluindo linhas não
transpostas com parâmetros dependentes da frequência, linhas multi-terminais e linhas de
circuitos paralelos.

Xu e Dong (2014) apresentam um método inovador para a localização de falhas em


sistemas elétricos. O estudo propõe um método de localização de falha de onda viajante de
extremidade única baseado na cabeça de onda refletida do barramento adjacente. O método
utiliza a Transformada Wavelet para identificar a chegada da onda refletida e um algoritmo de
máxima verossimilhança para estimar a localização da falha. O método é testado em diferentes
cenários de falha e demonstra alta precisão e robustez. O método proposto se destaca como uma
alternativa promissora aos métodos tradicionais de localização de falhas em sistemas elétricos.
40

Através da aplicação de conceitos avançados, como ondas viajantes e análise de reflexão, a


técnica oferece maior precisão e eficiência na detecção e localização de falhas.

Nascimento et al (2021) apresentam uma abordagem inovadora para a localização de


faltas em linhas de transmissão de energia elétrica. Utilizando uma combinação de técnicas
avançadas, como a Transformada Wavelet, o Filtro Savitzky-Golay e o algoritmo Least Mean
Squares (LMS), os autores propõem um método eficaz para identificar e localizar faltas em
linhas de transmissão. Esta abordagem se destaca pela sua capacidade de detectar de forma
precisa e rápida a ocorrência de falhas, contribuindo assim para a melhoria da confiabilidade e
segurança dos sistemas elétricos. O estudo detalha o processo de implementação dessas
técnicas, destacando sua aplicabilidade e eficácia na prática. Além disso, os autores fornecem
resultados experimentais que demonstram a viabilidade e o desempenho do método proposto
em diferentes cenários. Em suma, o artigo oferece uma contribuição significativa para o campo
da engenharia elétrica, apresentando uma abordagem inovadora e eficaz para a localização de
faltas em linhas de transmissão, com potencial para impactar positivamente a operação e
manutenção de sistemas elétricos.

No artigo de Yonggang et al. (2022), foi apresentado um algoritmo inovador para a


localização de falhas em linhas de transmissão híbridas. A pesquisa propôs uma abordagem que
utiliza intervalos de tempo das ondas viajantes corrigidas como base para a detecção e
localização precisa de falhas em linhas de transmissão com componentes híbridos. Esta
estratégia emerge como uma alternativa promissora aos métodos tradicionais, oferecendo maior
precisão e eficiência na detecção de defeitos. O estudo destacou a aplicação desses intervalos
de tempo corrigidos como uma técnica avançada, permitindo uma análise mais precisa dos
eventos de falha em sistemas de energia elétrica com configurações híbridas. Além disso, a
seção de falha pôde ser identificada e a distância até o ponto de falha foi calculada utilizando a
diferença de tempo medida para corresponder ao intervalo de tempo na equação. Paralelamente,
o intervalo de tempo foi corrigido em certa medida considerando a influência do erro de
comprimento da linha, e a otimização do resultado de localização da falha foi realizada. O modo
FST ( “fault point-section terminal”, que é o método proposto por este estudo) pôde eliminar
efetivamente a influência do erro de comprimento da linha na localização da falha e no cálculo
do ponto de inspeção da linha, e o resultado do cálculo é preciso e válido, principalmente se
compararmos com o método anterior, FLT ( fault point-line terminal) que não considerava tais
correções. Em suma, o estudo de Bai et al. (2022) contribui significativamente para o campo da
41

proteção de sistemas elétricos, fornecendo uma abordagem mais eficaz e precisa para a
localização de falhas em linhas de transmissão híbridas.

O artigo de Manson, Calero e Guzman (2022) explorou várias inovações tecnológicas


para aprimorar a proteção de linhas em sistemas de energia elétrica do futuro. Os autores
abordaram desafios significativos enfrentados pela infraestrutura elétrica, especialmente com a
crescente integração de recursos de geração renovável e convencional. Um dos principais focos
do artigo foi a proteção em sistemas com recursos baseados em inversores (IBRs), como fontes
fotovoltaicas, eólicas e de energia de bateria. Os IBRs apresentam características de corrente
de falta diferentes dos geradores síncronos tradicionais, tornando os métodos de proteção
convencionais menos confiáveis. A imprevisibilidade das amplitudes e ângulos de voltagem e
corrente durante transientes apresenta desafios adicionais para os esquemas de proteção
baseados em ângulos de fase. Para superar esses desafios, os autores propuseram o uso de
proteção diferencial de corrente de linha, destacando sua eficácia em redes com IBRs. Essa
abordagem baseia-se na comparação das correntes entrando e saindo de uma linha,
proporcionando uma detecção precisa de falhas internas. A proteção diferencial de corrente de
linha demonstrou ser robusta mesmo em sistemas com contribuição limitada de corrente de
falta de fontes baseadas em eletrônica de potência. Além disso, o artigo discutiu o papel crucial
das comunicações digitais na implementação eficaz de esquemas de proteção diferencial.
Tecnologias como multiplexação no domínio do tempo, comutação de pacotes e multiplexação
por divisão de comprimento de onda foram exploradas para fornecer canais de comunicação
confiáveis entre os relés de proteção. Outro aspecto abordado no artigo foi a localização de
falhas, destacando a importância de algoritmos avançados para identificar a localização precisa
das faltas. Métodos tradicionais, como os baseados em impedância, foram comparados com
técnicas modernas, como a localização de falhas baseada em ondas viajantes (TW), que
demonstraram uma precisão superior e maior disponibilidade de linhas de transmissão. Em
resumo, este artigo tem a finalidade maior de agrupar informações sobre os desenvolvimentos
de tecnologias e técnicas no cenário das Proteções Elétricas aplicados em grids no futuro ,
demonstrando e fazendo predições de soluções inovadoras e eficazes, por exemplo, para os
desafios emergentes na integração de recursos de geração renovável e convencional.

No artigo de Abdelrahman, Kharchouf e Mohammed (2023), é apresentada uma


abordagem inovadora para lidar com os desafios de proteção em sistemas de energia elétrica
com alta penetração de recursos baseados em inversores (IBRs). O estudo tem como objetivo
melhorar a detecção e localização de falhas em linhas de transmissão, utilizando uma
42

combinação de análise de ondas viajantes (TW) e redes neurais artificiais (ANN). A


metodologia proposta baseia-se na decomposição dos sinais de corrente e tensão em diferentes
escalas de tempo e frequência, por meio da transformada wavelet discreta (DWT), permitindo
a identificação precisa dos instantes de chegada das ondas viajantes aos terminais da linha. A
partir desses instantes, um algoritmo baseado em redes neurais artificiais é aplicado para estimar
a distância entre a falha e cada terminal da linha, possibilitando uma localização precisa e
eficiente das falhas. Os resultados obtidos indicam que a integração dessa abordagem é viável
em relés de proteção numéricos, não apenas para uma localização precisa de falhas, mas
também para a atuação eficiente desses relés em caso de ocorrência de falhas em sua área de
supervisão. Os autores destacam que essa abordagem representa uma contribuição significativa
para uma nova geração de relés de proteção e dispositivos de medição, demonstrando potencial
para melhorar a confiabilidade e a eficiência dos sistemas de energia elétrica com alta
penetração de recursos baseados em inversores. Além disso, ressaltam que pesquisas adicionais
estão em andamento para ampliar a aplicabilidade da metodologia a diferentes modelos de
sistemas de transmissão, incluindo linhas não transpostas com parâmetros dependentes da
frequência, linhas multi-terminais e linhas de circuitos paralelos.
43

3 METODOLOGIA PARA APLICAÇÃO DAS ONDAS VIAJANTES

A utilização das ondas viajantes representa uma ótima abordagem para detectar e
localizar faltas em linhas de transmissão de energia elétrica. Com o avanço tecnológico e a
implementação dessas tecnologias nos sistemas de proteção do sistema elétrico, tornou-se
possível aplicar efetivamente o método (CESÁRIO, 2023).

Pode se destacar alguns benefícios da alta taxa de amostragem, como a detecção pré-
falta (A alta taxa permite identificar sinais anômalos antes mesmo de ocorrer a falta real),
análise de distúrbios (como sujeira em isoladores, podem ser detectados e tratados rapidamente)
e manutenções (com dados detalhados, as equipes de manutenção podem antecipar problemas
e corrigi-los antes que causem indisponibilidade na rede).

Destaca-se a capacidade atual de processamento o que permite análises complexas em


tempo real, como a detecção de ondas viajantes. Algoritmos sofisticados podem ser aplicados
para interpretar os dados amostrados. Os relés modernos utilizam dessas altas taxas de
amostragem, o que permite a detecção muito mais rápida de distúrbios, como variações de
corrente e tensão, se compararmos com métodos convencionais proporcionando uma agilidade
maior no processo decisório sobre qual atuação será tomada quando ocorrer faltas.

A aquisição de dados nos terminais é fundamental para o monitoramento e proteção


eficazes das linhas de transmissão. A combinação de fibra óptica e sistema de posicionamento
global (GPS) permite a sincronização eficiente dos terminais de aquisição de dados, garantindo
a integridade e confiabilidade do sistema elétrico.

O sistema de GPS (Sistema de Posicionamento Global) é um sistema de geolocalização


por satélite. Ele utiliza uma constelação de satélites artificiais ativos que orbitam a Terra. O
GPS fornece informações precisas sobre a posição geográfica, altitude e velocidade em
qualquer horário e condição climática.

Zimath (2011), destaca a importância do sincronismo temporal para a correta operação


dos equipamentos elétricos. Atualmente, sua utilização é imprescindível em aplicações como
medição de sincrofasores e localização de faltas por ondas viajantes, pois possibilita a precisa
sincronização de dados que são disponibilizados por distintos equipamentos.

O formato IRIG-B, um código de tempo serial, é padrão para sincronização de


equipamentos em instalações elétricas, geralmente em conjunto com o GPS. O sinal de IRIG-
44

B pode ser transmitido de duas formas: DC shift (mais simples e preciso, usado atualmente) e
Modulated (mais complexo e menos usado). Anteriormente, a transmissão era feita por par
trançado ou cabo coaxial blindado, mas recentemente a fibra óptica tem sido adotada, apesar
do custo mais alto, por evitar problemas de interconexões elétricas e otimizar a precisão da
sincronização (PEREIRA JÚNIOR, 2017).

O GPS fornece uma fonte de clock precisa para os dispositivos de comunicação, como
IEDs e switches. Para otimizar a confiabilidade do processo da sincronização, a redundância da
fonte de clock pode ser realizada também, de acordo com o exemplo na Figura 15.

Figura 15 - Estrutura básica de um sistema de sincronização

Fonte: Schweitzer 2015.

Com o uso das tecnologias atuais, é possível georreferenciar e sincronizar terminais de


monitoramento ao longo das linhas de transmissão. Esses terminais coletam dados em tempo
real, incluindo informações sobre corrente, tensão e outras grandezas elétricas relevantes para
análise instantânea da condição da linha. A transmissão desses dados em alta velocidade é
essencial para a detecção de faltas e para a manutenção preditiva e corretiva.

As oscilografias são registros que capturam as variações temporais das grandezas


elétricas, como tensão e corrente. Quaisquer anomalias na transmissão, defeitos em
componentes do sistema e outras condições atípicas podem causar deformações nas formas de
45

onda, que servem como pistas importantes para identificar problemas potenciais antes que se
transformem em falhas no sistema. Nesse contexto, a análise das oscilografias desempenha um
papel crucial na melhoria do sistema elétrico e na prevenção de problemas. (SILVA, 2010)

Destaca-se como técnica utilizada para analisar as oscilografias no domínio do tempo a


reflectometria no domínio do tempo, que mede o tempo de ida e volta das ondas para localizar
a falha. Essa reflexão causa uma perturbação no formato de onda da fase afetada pela falta.

As altas taxas de amostragem das oscilografias permitem analisar as formas de ondas,


em momentos muito próximos do real momento da falta. Essa proximidade permite a análise
detalhada, onde se observa o padrão das refrações das ondas viajantes.

As ondas viajantes têm diferentes frequências e velocidades de propagação. A


frequência está relacionada ao tipo de falha (curto-circuito, falta à terra, etc.), enquanto a
velocidade depende das características da linha de transmissão, como comprimento e
impedância.

3.1 Escolha do Software para Simulação

Os softwares de simulação de transitórios eletromagnéticos desempenham um papel


crucial na análise do comportamento dinâmico e transitório de sistemas de transmissão de
energia elétrica. Entre as diversas ferramentas disponíveis, destacam-se algumas opções
amplamente utilizadas como o PSCAD, o ATP, o EMTP-RV e o DIgSILENT PowerFactory.

É fundamental destacar que a escolha do software adequado depende das necessidades


específicas do projeto, incluindo precisão, capacidade de modelagem e facilidade de uso.
Aspectos como esses devem ser cuidadosamente considerados ao selecionar a ferramenta mais
apropriada para a análise de transitórios em sistemas elétricos de potência.

Além dessas ferramentas comerciais, existem opções acadêmicas e comerciais


disponíveis no mercado. Neste trabalho, optou-se pelo uso do PS Simul devido à sua eficiência
e precisão na simulação de transitórios em sistemas elétricos de potência, facilidade na
implementação dos sistemas a serem analisados, devido sua interface ser mais gráfica. Além
disso, os desenvolvedores disponibilizam uma versão free do software para uso (CONPROVE,
2024).
46

O Power System Simulator (PS SIMUL) é um software desenvolvido no Brasil pela


empresa CONPROVE, com sua primeira versão lançada em 2014, encontra-se disponível
gratuitamente no site da empresa em versão limitada para estudantes. O PS Simul permite que
os usuários modelem sistemas de potência complexos, sistemas de controle e simulem
transitórios eletromagnéticos, principalmente no domínio do tempo. Com uma interface
amigável, o PS Simul oferece uma variedade de recursos para facilitar a obtenção e avaliação
de resultados, entrada de dados e visualização como pode ser visto na Figura 16 (CONPROVE,
2024).

Figura 16 - Tela inicial da versão gratuita do software PS Simul, mostrando


recursos disponíveis.

Fonte: PS Simul (2024).

Aqui estão alguns diferenciais que foram decisivos para a escolha pelo PS Simul para
uso no desenvolvimento deste trabalho:

a) Testes Múltiplos Automatizados: O software permite a alteração de uma ou


mais constantes do sistema para realizar testes automatizados;

b) Faltas em Linhas de Transmissão: É possível aplicar faltas sem a necessidade


de dividir manualmente (no esquema) a linha de transmissão. A seguir, na
Figura 17, um exemplo de um esquema no PS SIMUL;
47

Figura 17 - Exemplo de um desenho (draft, esquema) de simulação de descargas


atmosféricas.

Fonte: PS Simul (2024).

c) Simulação do Sistema Modelado: O PS Simul envia sinais analógicos para os


conjuntos de testes, reproduzindo tensões e correntes nos dispositivos em teste
como demonstrado na Figura 18;
Figura 18 - Exemplo de dados de saída de uma simulação.

Fonte: PS Simul (2024).

d) Diagrama Bewley-Lattice: Esse diagrama permite extrair informações da


simulação no PS SIMUL, como mostrado na Figura 19, auxiliando o usuário na
localização de faltas. Para utilizá-lo, é necessário definir o comprimento da
linha e o tempo de propagação da onda viajante. O usuário pode ajustar
manualmente os tempos de chegada da onda viajante e aplicar filtros e derivadas
aos sinais para facilitar a identificação.
48

Figura 19 - Diagrama de Bewley-Lattice de propagação de ondas.

Fonte: PS Simul (2024).

3.2 Implementação do Modelo da LT no Software PS SIMUL

Baseado nos modelos pares LTs vistos anteriormente, será implementado e simulado a
ocorrência de uma falta em uma linha de transmissão e utilizar o método de detecção de faltas
por ondas viajantes através do diagrama de Bewley.

Para isso a modelagem mostrada na Figura 20 foi construída utilizando o software Ps


Simul.
Figura 20 - Modelagem de um sistema de transmissão.

Fonte: PS Simul (2024).

Nessa modelagem foram utilizados alguns blocos parametrizados de forma a se


aproximar mais as características reais de um sistema de transmissão.
49

O circuito modelado é composto de dois sistemas equivalentes separados, mostrado em


separado na Figura 21, por uma linha de transmissão. Cada equivalente representará um sistema
com tensão de 430 kV e uma impedância de curto-circuito (RL).

Figura 21 - Representação sistema equivalente.

Fonte: PS Simul (2024).

Além disso, foram representadas as capacitâncias dos equipamentos tais como TC's e
transformadores conectados ao terminal. O valor da capacitância foi definido como constante
para que seja possível avaliar a sua influência nas ondas viajantes (Conprove, 2024).

Os sinais de corrente foram tratados através de um filtro passa-alta em cascata com filtro
passa-baixa, isso facilitará a identificação das ondas viajantes e análise no diagrama de Bewley
, eliminando a faixa de frequência indesejada. (Figura 22) Os sinais filtrados são enviados para
a tela de saída de dados.

Figura 22 - Filtros Ondas Viajantes - Sinais de Corrente.

Fonte: PS Simul (2024).


50

Para o caso em estudo, a linha foi parametrizada importando dados de sua geometria,
mostrado na Figura 23, a fim de identificar a velocidade de propagação da onda viajante,
utilizando as características usuais.
Figura 23 - Parâmetros geométricos do modelo da linha de transmissão.

Fonte: PS Simul (2024).

Para esse tipo de análise foi escolhido o modelo de Bergeron que se mostrou um modelo
adequado, capaz de reproduzir o tempo de propagação da onda viajante, dado as suas
características já mencionadas anteriormente. Com os parâmetros geométricos da linha calcula-
se os dados do fator de propagação da linha, como mostra a Figura 24.
51

Figura 24 - Parâmetros calculados do modelo Bergeron.

Fonte: PS Simul (2024).

Baseado nos trabalhos anteriormente apresentados, após a ocorrência de uma falta em


uma linha de transmissão, ondas de tensão e corrente se propagam em ambos os sentidos da
LT. Ao encontrar nova descontinuidade, tais ondas se refletem e retornam ao ponto de defeito,
onde haverá novas reflexões e refrações.
52

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste trabalho, simulou-se uma ocorrência a aproximadamente 70,21 km da SE1 no


instante t = 1 ms. As ondas de tensão e corrente que se propagam na linha podem ser
visualizadas na tela de saída de dados do software Ps Simul.

Utilizando o Diagrama de Bewley, (CONPROVE, 2024) é possível estimar a distância


de uma falta em relação ao terminal de medição utilizando a equação:

𝐿 + (𝑇2 −𝑇1 ) .𝑉
𝑑= (12)
2

Sendo:

a) d - Distância da falta em relação ao ponto de medição;

b) L - Comprimento da LT em Km;

c) 2 - Tempo de chegada da segunda reflexão;

d) T1 - Tempo de chegada da primeira reflexão;

e) V - Velocidade de propagação das ondas.

Para a ocorrência simulada, o tempo de propagação (calculado pelo software) é de


aproximadamente 436,21 us, logo a velocidade de propagação é de:
𝐿
𝑉= (13)
𝑡
Sendo:

a) 𝑉 → 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑝𝑎𝑔𝑎çã𝑜;
b) 𝐿−> 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝐿𝑇;
c) 𝑡−> 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑝𝑎𝑔𝑎çã𝑜.

Logo:
127,65
𝑉 = 436,21 ×10−6𝑠 = 292.632,662 𝐾𝑚/𝑠 (14)
53

Considerando como referência a subestação SE1, temos que a diferença entre T2 e T1 é


de aproximadamente 43,6 us. Dessa forma uma distância da falta de:
127,65 ∗(43,6 .10−6 ⋅ 292632,662)
𝑑= = 70,21 𝐾𝑚 (15)
2

(ou seja, aproximadamente 55% da LT de 127,65 km de comprimento)

Os valores calculados podem ser confirmados com os valores obtidos na simulação da


Figura 25, onde os valores calculados são os mesmos dos valores simulados.
Figura 25 - Resultados da simulação da falta.

Fonte: PS Simul (2024)

4.1 Comparação Entre os Métodos de Localização de Faltas

Para analisar as interferências na localização de faltas por impedância, através do


software Ps Simul, utilizaremos o modelo de representação mostrado na Figura 26.
54

Figura 26 - Modelagem do sistema.

Fonte: PS Simul (2024).

No modelo mostrado na Figura 25, valores de tensão e corrente são adquiridos através
do TC e TP, respectivamente. Esses sinais são enviados para o bloco para cálculo da
impedância, o valor calculado é comparado com o valor da impedância da linha, e caso a
impedância vista pelo relé seja menor do que a impedância da LT(respeitando a zona de
alcance), o relé envia um sinal para a abertura do disjuntor.

A linha implementada possui o mesmo comprimento da linha simulada utilizando o


método das ondas viajantes, 127,65 km, com uma impedância característica de 6,8 + j77,7
ohms. Para a simulação, foi inserida uma falta no ponto 70,21 km, ou seja, 54,98 % da linha.

Como é mostrado por Oliveira (2024) de modo geral, a distância de falta utilizando o
método de impedância, pode ser obtido por:

𝑧𝑅𝐸
𝐷𝐹 = ⋅ 𝐶𝐿𝑇 (16)
𝑧𝐿𝑇

Onde:

a) 𝐷𝐹 - Distância da falta
b) 𝑧𝑅𝐸 - Impedância vista pelo relé.
c) 𝑧𝐿𝑇 - Impedância da Linha de Transmissão.
d) 𝐶𝐿𝑇 - Comprimento da linha

Com os dados da ocorrência descrita, se espera que:


55

𝑍𝑅𝐸
70,21 = ∗ 127,7 → 𝑧𝑅𝐸 = 42,93 𝛺 (17)
78

4.2 Resultados Utilizando as Simulações

No primeiro cenário, a simulação foi realizada utilizando uma RF=0 , o resultado é


mostrado na Figura 27.
Figura 27 - Resultado da simulação (trajetória de impedância vista pelo relé).

Fonte: PS Simul (2024).

Neste caso, temos que a distância da falta é de:

42,41
𝐷𝐹 = ∗ 127,7 → 𝐷𝐹 = 69,43 𝑘𝑚 (18)
78

No segundo cenário, a simulação foi realizada utilizando uma 𝑅𝐹 = 10 𝛺, o resultado é


mostrado na Figura 28.
56

Figura 28 - Resultado da simulação (trajetória de impedância vista pelo relé).

Fonte: PS Simul (2024).

Neste caso, temos que a distância da falta é de:

47,66
𝐷𝐹 = ∗ 127,7 → 𝐷𝐹 = 78 𝑘𝑚 (19)
78

No terceiro cenário, a simulação foi realizada utilizando uma 𝑅𝐹 = 15 𝛺, o resultado é


mostrado na Figura 29.
Figura 29 - Resultado simulação (trajetória de impedância vista pelo relé).

Fonte: PS Simul (2024).


57

Neste caso, temos que a distância da falta é de:

52,76
𝐷𝐹 = ∗ 127,7 → 𝐷𝐹 = 86 𝑘𝑚 (21)
78

A partir das simulações, é possível observar que a resistência de falta interfere no cálculo
da distância da falta ocorrida na linha e que a partir do valor de resistência de falta igual a 14,31
ohms (considerando os parâmetros da LT), o valor da impedância de falta, interfere na
identificação da necessidade de trip do disjuntor, pelo relé.

Esses resultados demonstram que os métodos de localização de faltas por impedância,


apesar de serem amplamente utilizados, apresentam algumas desvantagens significativas
principalmente quando as faltas ocorrem com um alto valor de impedância. Essas limitações
podem levar a atrasos na localização de faltas e, em alguns casos, a falhas na proteção do
sistema, o que ressalta a importância de explorar e implementar métodos alternativos, que
oferecem vantagens em termos de velocidade e precisão. (LIMA et al., 2019).

4.3 Discussão Sobre a Eficácia das Ondas Viajantes e Suas Vantagens

Para análise do comportamento das ondas viajantes em um caso de falta real, foi
utilizado a oscilografia de uma linha de 430 KV de uma subestação, onde está instalado um relé
SEL-T401L, um dos recentes modelos que possui a tecnologia de localização de faltas pelo
método das ondas viajantes.

Podemos observar na Figura 30, que ocorre uma falta na fase A no instante 80 ms,
demonstrada pela elevação do valor da corrente IA e, também, pelo afundamento de tensão na
respectiva fase.
58

Figura 30 - Oscilografia da ocorrência de uma falta em uma linha de transmissão

Fonte: SEL SynchroWAVe Event (2024).

Fazendo uma análise baseada nas ondas viajantes utilizando os recursos disponíveis no
relé, podemos configurar a exibição do diagrama de Bewlley-Lattice e assim analisar os dados
de ocorrência da falta real.
Figura 31 - Oscilografia da ocorrência de uma falta em uma linha de transmissão.

Fonte: SEL SynchroWAVe Event (2024).

Na Figura 31, tem-se as informações do comprimento da linha e a localização estimada


da falta em relação aos seus terminais. Pode-se observar que os valores calculados através da
simulação estão de acordo com o registrado no arquivo da falta real.
59

5 CONCLUSÃO

Este trabalho abordou os principais métodos de localização de faltas, analisando as


técnicas de ondas viajantes e de impedância. Foram realizadas simulações que buscaram
replicar o mais próximo possível as características reais, além da análise de eventos em uma
linha de transmissão.

A análise mostrou que o método de impedância, apesar de ser amplamente reconhecido


e utilizado, enfrenta desafios ao lidar com faltas de alta impedância. Isso pode resultar em
atrasos significativos na localização de faltas e, em casos extremos, afetar a proteção da
infraestrutura crítica dos sistemas de energia elétrica. Ele pode sofrer alterações nos resultados
de localização de faltas (devido a contato com galhos, aves, presença de umidade, etc).

Em contrapartida, a utilização das ondas viajantes provou ser eficiente e muito


promissora, apresentando vantagens em termos de velocidade e precisão na localização de
faltas, sendo resistente a interferências que envolvem mudanças de impedância. Além disso, a
possibilidade de estimar a localização da falta com uma ótima precisão, conforme demonstrado
pelas simulações e comprovado por dados de eventos reais, enfatiza a eficiência do método. A
literatura recente ressalta a importância dessa técnica e a análise de oscilografias reais oferece
uma base concreta para a validação dos resultados das simulações.

As simulações realizadas neste estudo confirmaram que a utilização do método das


ondas viajantes resultou em menores erros na localização das faltas. Com a evolução dos relés
digitais, possibilitando a operação desses dispositivos em altas taxas de resolução em MHz, é
viável a aplicação desse método para aprimorar o desempenho das linhas de transmissão quando
sujeitas a faltas, proporcionando uma localização mais rápida e precisa do ponto de falta. Uma
estimativa precisa do local da falta restringe a área de busca, agiliza a identificação do defeito,
facilita a restauração rápida do sistema, melhora as taxas de continuidade de serviço e,
consequentemente, previne interrupções prolongadas, que são comuns em linhas de transmissão
extensas.

Para trabalhos futuros, identifica-se a oportunidade de explorar ainda mais o potencial


das ondas viajantes, não somente após a ocorrência de uma falta, mas também na fase pré-falta,
atuando de forma preventiva na identificação e correção de condições anormais antes da
manifestação de uma falha. Essa abordagem pode aumentar ainda mais a eficiência das
proteções dos ativos e da localização de faltas, fortalecendo a robustez do sistema elétrico.
60

O desenvolvimento deste trabalho proporcionou um entendimento das características


necessárias para a aplicação do método das ondas viajantes. Assim, torna-se promissora a
adoção de métodos que acompanhem a inovação e a evolução contínua dos sistemas elétricos,
como o das ondas viajantes, que representa uma alternativa para superar as limitações dos
métodos convencionais e garantir uma resposta rápida e eficaz em situações críticas,
preservando a integridade e a confiabilidade da transmissão de energia elétrica.
61

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