Voltage_inverter_using_high_frequency_transformer_

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Inversor de Tensão Utilizando Transformador de

Alta Freqüência com Modulação PWM

Voltage Inverter Using High Frequency Transformer


with PWM Modulation

Gerson Osviani1; Ana Paula Bolognini2; Carlos Henrique Gonçalves Treviso3

Resumo
Este artigo apresenta uma nova topologia de inversor de freqüência formado por quatro conversores
forward em paralelo. Estes conversores apresentam uma modificação para evitar que um circuito interfira
no funcionamento do outro. A potência resultante é de 800W, com freqüência de chaveamento de
20kHz. É apresentada uma completa análise das etapas de operação, bem como os procedimentos de
projeto para a correta operação dessa topologia. Resultados de simulação, que correspondem ao
funcionamento completo do circuito, são apresentadas para validar a análise do sistema.
Palavras-chave: Inversor. Conversor forward. Modulação PWM. Alta freqüência.

Abstract
This paper introduces a new frequency inverter topology with four forward converters, in a parallel
topology configuration. These converters were modified to prevent one circuit to interfere on the
functioning of other The resulting power is 800W, with 20kHz switch frequency. A complete analysis
of the stages and procedures for the correct operation of the topology is presented. Simulation results,
which correspond to the complete functioning of the circuit, are also presented, to validate the analysis
of the system.
Key words: Inverter. Forward converter.; PWM Modulator. High frequency.

Introdução núcleos magnéticos em altas freqüências. A saída


do transformador é sempre proporcional à entrada.
Os conversores DC/DC podem ser definidos
como circuitos que transformam uma determinada Um exemplo simples é apresentado na Figura 1.
tensão contínua em outra também contínua. Neste circuito, uma chave é acionada fechando a
malha e transferindo a tensão para a o enrolamento
O processo de transformação se dá por meio do
primário do transformador. A tensão de saída aparece
chaveamento de transformadores compostos de
no enrolamento secundário.

1
Engenheiro Eletricista graduado na Universidade Estadual de Londrina.
2
Mestranda em Engenharia Elétrica na Universidade Estadual de Londrina.
3
Mestre e Doutor em Engenharia Elétrica (área de Sistemas de Energia) respectivamente em 1994 e 1999, pela Universidade
Federal de Uberlândia. Docente do Departamento de Engenharia Elétrica na Universidade Estadual de Londrina. E-mail:
[email protected]

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Durante o período que a chave está fechada o conversor é composto por conversores DC/DC
núcleo é magnetizado. A desmagnetização do mesmo controlados por PWM para obter diferentes formas
é feita enquanto a chave está aberta, pelo enrolamento de onda na saída.
de desmagnetização.
A saída pode ser um sinal quadrado, triangular,
senoidal ou outro qualquer. A freqüência também
pode ser de diversos valores. Estas características
do circuito são definidas pela aplicação do circuito.
As principais aplicações dos inversores são
NoBreaks, acionamento de motores e amplificadores
de áudio.
Na maioria dos inversores são necessárias pelo
menos quatro chaves para gerar a tensão alternada
na saída. Quando são acionadas duas delas, a carga
Figura 1. Circuito de um Conversor DC/DC é conectada diretamente à fonte e quando são
acionadas as demais chaves, a carga é conectada
O sinal que aciona a chave da Figura 1 é modulado inversamente.
em largura de pulso (PWM – Pulse Width Quando o controle é feito por PWM, existe um
Modulation). Ou seja, quanto maior a largura do tempo morto entre os pulsos. Este tempo morto
pulso que aciona a chave, maior a transferência de permite o melhor controle da tensão de saída e
energia para a carga presente no secundário. também que esta seja variável segundo uma
Para evitar que o sinal de saída seja uma onda referência, controlando assim o valor médio e o valor
quadrada semelhante à PWM de acionamento da rms.
chave, são adicionados ao circuito da Figura 1 alguns A Figura 3 apresenta o circuito de um inversor. É
componentes com a função de filtrar a componente um conversor full-bridge.
AC do sinal de saída do transformador, gerando uma
saída DC ou semelhante a uma dada referência.
A Figura 2 traz o circuito completo do conversor
DC como exemplo. É um forward com
transformador.

Figura 3. Inversor com quatro chaves

A geração dos sinais de controle das chaves é


feita a partir da comparação de uma referência (sinal
Figura 2. Circuito completo de um conversor DC/DC
desejado na saída) e uma onda triangular. O resultado
desta comparação é uma PWM que tem a freqüência
Um tipo de conversor DC/AC muito utilizado é da onda triangular e tem a modulação da largura de
o inversor de tensão. A partir de uma tensão de pulsos obedecendo à referência. No caso dos
entrada contínua é gerada uma saída alternada. O inversores, ainda é necessário que a PWM seja

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dividida entre as chaves. Ou seja, quando a referência é
positiva, as chaves 1 e 4 recebem os pulsos, quando a
referência é negativa, as chaves 2 e 3 recebem os pulsos.
Os resultados da simulação do circuito da Figura
3 são mostrados na Figura 4.
Os parâmetros para a simulação são:
Figura 6. Saída do inversor
– tensão de alimentação de 12V
– freqüência de chaveamento de 500Hz
– carga de saída de 100W Uma aplicação dos inversores merece um realce:
– onda senoidal como referência. a alimentação de equipamentos com retificação a
diodo na entrada, como por exemplo, o computador.
A Figura 4A mostra a onda senoidal usada como
Nesses aparelhos, a corrente de entrada possui picos
referência para o controle. A Figura 4B traz a
que podem saturar o indutor do filtro de saída do
referência invertida durante a parte negativa do ciclo
inversor.
e a triangular utilizada na comparação.
As simulações dos circuitos apresentados na
Figura 7 servem para facilitar a compreensão desta
situação. As fontes de alimentação são de 110V, as
cargas são de mesma potência, aproximadamente
800W. O primeiro circuito apresenta apenas a carga
resistiva conectada à saída do inversor. O segundo
apresenta uma ponte completa, um capacitor para
retificar a onda senoidal fornecida pela fonte e a carga
resistiva. O valor do capacitor de 440mF foi
Figura 4. Referência senoidal e triangular escolhido considerando uma carga composta por
duas fontes de computadores de 400W com um
A Figura 5 traz os pulsos gerados para as chaves capacitor de 220mF em cada uma.
já separados. A Figura 5A mostra os pulsos que vão
gerar os sinais positivos sobre a carga. A Figura 5B
mostra os pulsos que vão gerar os sinais negativos.

Figura 7. Uma carga resistiva e uma carga com ponte de


diodo

Os resultados da simulação são apresentados na


Figura 8. A Figura 8A mostra a corrente na fonte
Figura 5. Pulso das chaves 1 e 4 e pulsos das chaves 2 e 3 com apenas a carga resistiva. A Figura 8B mostra a
corrente na fonte com a ponte retificadora e a carga
resistiva.
A Figura 6 apresenta o sinal de saída resultante
da simulação. Este sinal aparece sobre a carga, depois
do filtro de saída, conforme mostrado na Figura 3.

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O transformador tem os enrolamentos primário,
secundário e de desmagnetização. O enrolamento
primário é conectado à fonte, o secundário é
conectado à saída e o de desmagnetização serve para
desmagnetizar o núcleo sobre a fonte.
O transformador de isolação pode ter os
enrolamentos do primário e do secundário isolados.
Isso garante maior segurança ao usuário em circuitos
que trabalham com altas tensões no primário.
A chave é usada para produzir uma corrente
pulsada no enrolamento primário do transformador,
que é acionada por um circuito de controle que
compara a saída do conversor com uma referência.
O filtro de saída filtra a componente alternada do
sinal quadrado, que sai do secundário do
transformador, dessa maneira, a carga recebe apenas
uma tensão contínua (DC).
Figura 8. Correntes de saída
O diodo de desmagnetização evita que o
enrolamento de desmagnetização tenha corrente
A simulação anterior mostrou que os picos de
durante o período em que a chave está acionada. O
corrente na saída do inversor, com o uso de aparelhos
diodo retifica a saída do transformador evitando que
com retificação em ponte completa na entrada,
a corrente do indutor atue sobre ele. O diodo de roda
podem ser até 2,4 vezes maiores do que com o uso
livre fornece o caminho para a corrente do indutor
de uma carga resistiva.
enquanto a chave está aberta.
Com o objetivo de obter o inversor de tensão,
No instante em que a chave é acionada, a tensão
utilizando o transformador de alta freqüência,
do enrolamento primário aparece no enrolamento
teremos como base o Conversor forward
secundário, multiplicado pela relação de espiras (n).
Convencional, como mostra a figura 9.
A tensão do secundário vai produzir uma corrente
através do diodo D1, carregar o indutor e o capacitor
e fornecer energia para a carga. No enrolamento de
desmagnetização aparece o valor da tensão da fonte,
fazendo com que exista o dobro desta tensão sobre o
diodo D3, caso essa relação seja de 1:1.
Quando a chave é aberta, as tensões nos
enrolamentos do transformador invertem seus
Figura 9. Conversor Forward valores. Com isso, o enrolamento de
desmagnetização vai atuar, desmagnetizando o
O conversor forward é composto por um transformador sobre a fonte. O diodo D1 vai
transformador de isolação, uma chave, um filtro de bloquear, isolando o circuito do transformador do
saída, um diodo de desmagnetização, um diodo de circuito do filtro de saída. Assim, o indutor e o
retificação e um diodo de roda livre. capacitor suprirão a energia para a carga. E o caminho

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de corrente entre a carga e o indutor vai ser feito do secundário geram campos magnéticos que se
através do diodo D2. anulam, como mostra a Equação 1.5 (MELLO,
1990).
Para a relação de transformação de 1:1 entre os
enrolamentos do primário e de desmagnetização, o Np.Ip = Ns.Is (1.5)
tempo de desmagnetização deve ser o mesmo que o
de magnetização. Por isso, a máxima largura de pulso
que este conversor suporta é 0,5. Qualquer valor A energia armazenada em um núcleo magnético
acima deste provoca a saturação do transformador. é dada pela Equação 1.6 (MELLO, 1990).

A relação de transformação é dada pela Equação 1 2


E= .L.I (J)
1.1 (MELLO, 1990). 2 (1.6)

Nprimário
n= (1.1) A corrente de magnetização pode saturar o núcleo,
N sec undário
caso sua energia armazenada seja maior que a energia
que o núcleo usado suporte. Para evitar isso, é
E a tensão no secundário é dada pela Equação
necessário que a escolha do núcleo considere essa
1.2 (MELLO, 1990).
possibilidade.
A partir do cálculo do produto das áreas (Ap), é
Vprimário
V sec undário = (V) (1.2) possível escolher o núcleo mais adequado. Então se
n
calcula o Ap considerando a energia que será
armazenada no núcleo, o que é feito com a Equação
Usando D como a largura de pulso da PWM de 1.7 (RASHID, 1993).
acionamento da chave e VD1 como a tensão em D1,
a tensão de saída sobre a carga é obtida pela Equação z
 2.E.10 4 
1.3 (MELLO, 1990). Ap =   (cm 4 ) (1.7)
 ku.kj.Bmáx 
 
D.Vprimário
Vsaída = − VD1 ( V ) (1.3) Onde:
n
ku – fator de utilização das janelas
As relações de largura de pulso máxima e mínima kj – coeficiente de densidade de corrente nos fios
estão definidas na Equação 1.4 (MELLO, 1990).
Bmáx – densidade máxima de fluxo (T)
1 - constante que depende do núcleo utilizado
Ve min z=
D min = .Dmáx 1− x
(1.4) (MELLO, 1990). (1.8)
Vemáx
Esta maneira de calcular o Ap não é utilizada para
escolher o núcleo, porque suas variáveis somente
O projeto do transformador inicia-se com a
serão definidas no final do projeto do transformador.
escolha do núcleo mais adequado.
Esta equação vai ser utilizada para confirmar a
As correntes presentes no transformador são a do possibilidade de uso no núcleo escolhido.
primário (Ip), a do secundário (Is) e a de
No caso do conversor forward, a equação
magnetização (Img). Obedecendo à relação de
utilizada para o cálculo do Ap e a escolha do núcleo
espiras do transformador, as correntes do primário e
é a Equação 1.9 (MELLO, 1990).

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 2,65.Ps.10 4 
z Is (1.15)
Ap =   4
(cm ) Ip = (A)
 kj.B.f  (1.9) n
 
A corrente de magnetização é obtida pela Equação
1.16 (MELLO, 1990).
Onde:
Dmáx.Vemáx (1.16)
Ps – potência de saída Im g = (A)
Lp.f
f – freqüência de chaveamento
Ve min densidade de fluxo (T) (MELLO,- O número de espiras do enrolamento de
B= .Bmáx
Vemáx 1990). (1.10) desmagnetização e a indutância de desmagnetização
são equacionados de maneira semelhante ao
Escolhido o núcleo, a próxima etapa é o cálculo enrolamento do primário. Isso porque a energia de
de determinados parâmetros do transformador. O magnetização é igual à energia de desmagnetização.
primeiro item é o número de espiras do primário e Então o número de espiras do enrolamento de
do secundário, obtido através da Equação 1.11 desmagnetização é igual ao número de espiras do
(MELLO, 1990). enrolamento do primário.
Para o equacionamento dos fios, é necessário o
Ve min .Dmáx cálculo da densidade de corrente (J) para o núcleo
Np ≥ (1.11)
Ae.B.f usado. A densidade de corrente é obtida com a
Onde: Equação 1.17 (MELLO, 1990).
Dmáx – largura de pulso máxima que o conversor (1.17)
J = 397.Ap −0,12 ( A / cm 2 )
permite, no caso do forward é 0,5
Ae – área efetiva do núcleo (cm 2 ) .
A área de cobre de cada enrolamento será dada
As indutâncias do transformador (Lp e Ls) são pela Equação 1.18 (MELLO, 1990).
dadas por meio da relação entre o número de espiras
Ieficaz (1.18)
e o fator de indutância (Al), Equações 1.12 e 1.13 Acu = (cm 2 )
J
(MELLO, 1990). O valor do Al depende do núcleo
utilizado e pode ser encontrado com o uso da Tabela A condução de correntes alternadas em
em Mello, (1990). condutores de secção transversal produz o efeito
Lp = Np 2 .Al (H) (1.12) pelicular ou “Skin”. Quanto maior a freqüência,
menor a profundidade de condução. Para evitar isso,
são utilizados diversos fios em paralelo,
Ls = Ns 2 .Al (H) (1.13) considerando o raio do fio menor que a máxima
profundidade de corrente para a freqüência de
chaveamento usada.
As correntes médias do primário e do secundário
são obtidas pelas Equações 1.14 e 1.15 (MELLO, A Figura 10 mostra a bitola do fio que pode ser
1990), respectivamente, a partir da corrente de saída utilizada pela freqüência de chaveamento. Qualquer
(Io). Esta corrente é definida nas especificações do valor acima da linha pode ser utilizado numa
projeto. determinada freqüência, porque o raio é menor que
a profundidade de corrente em uma dada freqüência
 Io  (1.14)
Is =  Io + .Dmáx (A) (TREVISO, 1999).
 10 

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O Al é dado pela Equação 1.21 (MELLO, 1990).

Ae 2 .Bmáx 2
Al = (H / esp) (1.21)
2.E

Como o Al é uma característica do núcleo, ele só


pode ser alterado adicionando ao caminho magnético
um meio que diminua o Al. Esse meio é chamado de
entreferro e é dado pela Equação 1.22 (MELLO,
1990).

µ 0 .Ae
lg = (m)
Figura 10. Fios usados pela freqüência de chaveamento 2.Al (1.22)
O número de espiras é dado pela Equação 1.23
O filtro de saída serve, fundamentalmente para (MELLO, 1990).
filtrar as componentes alternadas que saem do
secundário do transformador. Conforme a freqüência L (1.23)
N=
Al
de corte, ele obtém na saída uma fonte DC.
O filtro é composto de um indutor em série com O dimensionamento dos fios é igual ao processo
a carga e um capacitor em paralelo com a mesma. usado para os enrolamentos do transformador.
O projeto do filtro de saída será em função da
freqüência de corte, dada pela Equação 1.19
A Nova Topologia Proposta para o Inversor
(SEDRA; SMITH, 2000).
A nova topologia de inversor de tensão será
1
fc = (Hz ) formada por quatro conversores forward,
2π LC
(1.19) alimentados com tensão DC de 12V, com tensão de
Onde: saída senoidal de 110V eficaz e baixa Distorção
fc – freqüência de corte Harmônica Total (THD – Total Harmonic
L – valor do indutor Distortion).
C – valor do capacitor. A nova topologia de um inversor de tensão é
A energia máxima é dada por. formada por quatro conversores forward
modificados, em paralelo, como mostrado na Figura
1
.L. (Io )
2
E= (J ) 11. Esta topologia considera os conversores A e B
2 (1.20) como geradores de pulsos positivos na carga. A
ligação em paralelo destes conversores ocasiona um
ciclo ativo máximo (Dmáx) para a saída do circuito,
Com a energia obtida na Equação 1.20 (MELLO,
1990) e substituindo na Equação 1.7 (RASHID, ou seja, igual a 1,0. Enquanto um conversor está
1993), obtém-se o Ap necessário para o indutor. E desmagnetizando o núcleo, o outro está fornecendo
com ele, obtém-se o núcleo. energia. O mesmo acontece com os conversores C e
D, em paralelo, que são geradores de pulsos
Definido a máxima energia que o indutor vai
negativos. As chaves utilizadas na Figura 12 são
armazenar e o núcleo que vai ser utilizado, o próximo
passo é o cálculo do Al que vai ser necessário no núcleo. MOSFETs, e estas são usadas quando a freqüência

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de chaveamento é maior que 20kHz. Elas são desmagnetizando o núcleo através do enrolamento
acionadas para permitir que os diodos conduzam nos de desmagnetização e os sinais provenientes dos
instantes definidos, atuando como roda livre da demais conversores sobre o enrolamento do
corrente do filtro e da carga durante o tempo morto. secundário podem interferir.
O sinal de acionamento das chaves é modulado Como cada chave possui um diodo intrínseco
em largura de pulso (PWM – Pulse Width permitindo condução do source para o drain, é
Modulation). A potência do inversor será de 800W necessário o uso da chave 3 para evitar a condução
com freqüência de chaveamento de 20kHz. de corrente pela chave 2 durante os períodos em que
a saída atinge valores negativos.
Neste trabalho, é analisada a operação do
conversor forward, mostrado na Figura 11 em Os tempos de condução das chaves 1, 2 e 3 são
diagrama de blocos. iguais e em fase.
Os diodos servem para a roda livre da corrente
do filtro e da carga durante o tempo morto. As chaves
são MOSFETs que serão acionados para permitir que
os diodos conduzam nos instantes definidos.
A Figura 13 mostra a ligação dos diodos de roda
livre com a chave ligada em série. Ela permite o
controle sobre os tempos de condução do diodo.
Figura 11. Nova topologia de inversor

As saídas dos quatro conversores são ligadas


conforme a Figura 11. O uso de chaves no secundário
é necessário para evitar que um conversor interfira
no funcionamento dos demais.
Figura 13. Diodos de Roda Livre

A Figura 14 apresenta os componentes de cada


conversor no circuito de potência da nova topologia
apresentada.

Figura 12. Circuito de cada inversor

As chaves 2 e 3 da Figura 12 isolam o secundário


durante o período em que o conversor não está
transferindo energia. Neste período, ele vai estar Figura 14. Cada conversor

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Uma característica deste conversor é a observado, a chave M13 é complementar das chaves
bidirecionalidade de transferência de energia entre a M1, M2, M3, M4, M5 e M6; e a chave M14 é
fonte e a carga. Quando são utilizadas cargas não complementar das chaves M7, M8, M9, M10, M11
resistivas, existem as potências reativas que são e M12.
entregues à carga e devolvidas à fonte durante as
etapas de funcionamento.

Procedimento Proposto
Um período de funcionamento do inversor pode
ser dividido em dez etapas distintas.
Tabela 1. Descrição das etapas de funcionamento do
conversor
Etapa Descrição Figura 16. Formas de onda
1 Transferência de energia para a carga com conversor A
2 Transferência de energia para a carga com conversor B
3 Descarga de energia através do conversor C
A linha em negrito indica o caminho das correntes
4 Descarga de energia através do conversor D para a respectiva etapa:
5 Transferência de energia para a carga com conversor C
6 Transferência de energia para a carga com conversor D
7 Descarga de energia através do conversor A
Primeira Etapa: transferência de energia para a
8 Descarga de energia através do conversor B carga com conversor A: as chaves M1, M2 e M3 são
9 Tempo morto entre os conversores A e B acionadas para que o conversor A transfira energia
10 Tempo morto entre os conversores C e D para a carga. Neste instante, os demais conversores
estão desacoplados, livres para que desmagnetizem
No secundário dos conversores está conectada uma seus núcleos, caso seja necessário.
carga não resistiva, formada pelo filtro de saída mais a
carga. Por isso existem ciclos de transferência de energia
para a carga e ciclos de descarga da carga na fonte.
O tempo morto é o período em que não há
transferência de energia e é usado o diodo de roda
livre para manter a corrente armazenada no indutor.
A Figura 15 mostra as etapas de funcionamento
do conversor referenciadas na Tabela 1.

Figura 17. Primeira Etapa

Segunda Etapa: transferência de energia para a carga


com conversor B: quando as chaves M4, M5 e M6
Figura 15. Etapas de funcionamento do conversor são acionadas para que o conversor B transfira
energia para a carga.
A Figura 16 apresenta a carta de tempos da
comutação dos transistores. Como pode ser

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Quinta Etapa: transferência de energia para a carga
com conversor C: a carga já está descarregada e as
chaves M7, M8 e M9 são acionadas para que o
conversor C transfira energia para a carga. É
semelhante à etapa 1, porém, agora, com sinal
negativo de tensão sobre a carga.

Figura 18. Segunda Etapa

Terceira Etapa: descarga de energia através do


conversor C: as chaves M7, M8 e M9 são acionadas
para que o conversor C transfira energia para a carga.
Mas, como o indutor ainda está carregado por causa
da etapa anterior, a transferência de energia é feita Figura 21. Quinta Etapa
da carga para a fonte através do conversor C.

Sexta Etapa: transferência de energia para a carga


com conversor D: as chaves M10, M11 e M12 são
acionadas para que o conversor D transfira energia
para a carga.

Figura 19. Terceira Etapa

Quarta Etapa: descarga de energia através do


conversor D: as chaves M10, M11 e M12 são
acionadas para descarregar a carga na fonte pelo Figura 22. Sexta Etapa
conversor D.
Sétima Etapa: descarga de energia através do
conversor A: as chaves M1, M2 e M3 são acionadas
para que o conversor A transfira energia para a carga.
Mas, como o indutor ainda está carregado por causa
da etapa anterior, a transferência é feita da carga para
a fonte através do conversor A.

Figura 20. Quarta Etapa

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Décima Etapa: tempo morto entre as chaves C e D:
a chave M14 é acionada fornecendo um caminho para
a corrente I CARGA durante o tempo entre o
acionamento dos conversores C e D. O não
acionamento da chave M14 deve ser garantido
durante as etapas 1, 2, 7 e 8 e entre elas, para evitar
um curto circuito na saída dos conversores A e B.

Figura 23. Sétima Etapa

Oitava Etapa: descarga de energia através do


conversor B: as chaves M4, M5 e M6 são acionadas
para descarregar a carga na fonte pelo conversor B.

Figura 26. Décima Etapa

Procedimento de Projeto
Os parâmetros iniciais do projeto devem
considerar a associação que é feita com os
conversores para implementar o novo inversor.
A potência de saída pretendida do inversor é de
Figura 24. Oitava Etapa 800W. Portanto, pode-se considerar que a potência
de cada conversor será de 200W.
Nona Etapa: tempo morto entre as chaves A e B: a A tensão de entrada é de 12V para todos os
chave M13 é acionada fornecendo um caminho para a conversores. A tensão de saída do inversor será 110V
corrente ICARGA, durante o tempo entre o acionamento eficaz em tensão alternada. Para isso, é necessário
dos conversores A e B. O controle deve garantir que a um nível de tensão entregue na saída do
chave M13 não seja acionada durante as etapas 3, 4, 5 transformador maior que o valor máximo entregue à
e 6 e nos intervalos delas. Isso provocaria um curto carga. Com uma relação de espiras dos
circuito na saída dos conversores C e D. transformadores (n) de 0,05, tem-se uma tensão de
saída de 240V no secundário, sendo 50% maior que
o valor de pico de tensão entregue à carga,
possibilitando assim, uma margem para compensar.
A corrente eficaz na saída do inversor será.

Ps 800 (4.1)
Io TOTAL = = = 7,3 ( A )
Vs 110

Figura 25. Nona Etapa

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Portanto, a corrente eficaz no enrolamento Com os valores das áreas de cobre necessárias
secundário de cada conversor será. para cada enrolamento, foi utilizado fita de cobre de
0,3mm x 25mm para o primário, 2 fios 20 AWG, em
IoTOTAL paralelo, para o secundário e 2 fios 20 AWG, também
Is = = 1,85 ( A) (4.2)
4 em paralelo, para o desmagnetizante. O fio 20 AWG
tem uma área de cobre igual a 5,18.10-3 cm2.

Conseqüentemente, a corrente eficaz no O fio 20 AWG corresponde a um valor que pode


enrolamento primário de cada conversor será. ser utilizado na freqüência de 20kHz, segundo a
Figura 10.
1,85
Ip = = 37 ( A) Os valores dos componentes do filtro de saída
0,05 (4.3)
devem ser calculados em função de freqüência de
corte necessária. O cálculo da freqüência de corte e
Considerando que a tensão de entrada varia entre o valor da função de ripple são feitos com a Equação
10V e 14V e Bmáx de 0,3T, o valor de B obtido é 1.19 (SEDRA; SMITH, 2000).
0,21T Equação 1.10 (MELLO, 1990). A freqüência de chaveamento dos
Considerando o parâmetro x igual 0,12 para transformadores dos conversores é igual a 20kHz e
núcleos do tipo EE (MELLO, 1990), o valor do eles trabalham de forma a se complementarem dois
parâmetro z é 1,14 Equação 1.8 (MELLO, 1990). a dois. Assim, a onda de tensão pulsada sobre o
indutor tem uma freqüência de 40kHz.
Com esses valores e considerando kj de 397, o
valor do produto das áreas necessário para o projeto Para a escolha do núcleo a ser utilizado no indutor
é de 3,72 cm4 Equação 1.9 (RASHID, 1993). Por do filtro passa-baixa é necessário considerar a
meio da Tabela presente em Mello (1990), o menor máxima energia que vai ser armazenada. Essa
núcleo que pode ser utilizado é o EE 42/21/15. Mas máxima energia ocorre nos picos de corrente de saída.
por disponibilidade do núcleo EE 42/21/20, este foi Ao alimentar cargas com retificador em ponte
adotado. completa na sua entrada, os picos de corrente podem
ser dados pela Equação 4.4 (SEDRA; SMITH, 2000).
Considerando o Dmáx igual a 0,5, o número de
espiras do primário é 5,0 Equação 1.11. E o número  Vp 
de espiras do secundário é 100 Equação 1.1 i Dmáx = IL  1 + 2π  (4.4)
 2 ⋅ VR 
(MELLO, 1990).  

O valor da indutância do primário é 0,12mH


Onde:
Equação 1.12 (MELLO, 1990). E a indutância do
secundário é 47,5mH Equação 1.13 (MELLO, 1990). IDmáx – corrente de pico

Com o valor da indutância do enrolamento Il – corrente eficaz


primário, o valor da corrente de magnetização obtido Vp – tensão de pico
é de 2,92A Equação 1.16 (MELLO, 1990).
Vr – tensão de pico a pico
O valor da densidade de corrente para este núcleo
Considerando a freqüência de 60Hz, tensão de
é de 319,3 A/cm2 Equação 1.17 (MELLO, 1990).
pico de 110V, a carga de 21,1W e a capacitância de
A área de cobre necessário para o primário é de 440mF, o valor da tensão de pico a pico é facilmente
5,17.10-2cm2. Para o secundário, é 5,64e-03 cm2. E encontrado pela Equação 4.5.
para o desmagnetizante é 9,14.10-3cm2.

102 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 25, n. 1, p. 91-106, jan./jun. 2004
1
VR = VP
2 ⋅ f ⋅C ⋅ R
(4.5)

Para o projeto proposto, tem um valor de corrente


de 41,53A.
Por meio da Equação 1.19 (SEDRA; SMITH,
2000) e utilizando um capacitor de 10mF com uma
freqüência de corte de 3kHz, encontra-se facilmente Figura 27B. Comparador e Separador de Pulsos
o valor do indutor de 280mH.
Para este pico de corrente e esse valor de
indutância, faz-se necessário a utilização de núcleo
de ar, visto que o núcleo de ferrite não suportaria
esse pico de energia.
Enrolando 180 espiras em um tubo de diâmetro
de 2cm com 9cm de comprimento, chegou-se a
indutância de 280mH.
A área necessária de cobre para o indutor é de
22,86.10-3cm2, levando-se em conta o efeito pelicular,
pois tem-se a componente da corrente em alta
freqüência. Isso corresponde a 14 fios de bitola 25
AWG. O fio 25 AWG tem uma área de cobre igual a
1,62.10-3 cm2 e pode ser utilizado com freqüências
de 40kHz, conforme indica a Figura 10.

Resultados de Simulação e Experimentais


Resultados de Simulações Figura 27C. Multiplexador

Para simular o funcionamento da nova topologia


de inversor de tensão, foi utilizado o software
PSpice® AD 8.0. O circuito completo simulado é
apresentado nas Figuras 27A, 27B 27C, 28 e 29.

Figura 27A. Amplificador diferencial da saída e somador


inversor com compensador integrador proporcional Figura 28. Isolador

Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 25, n. 1, p. 91-106, jan./jun. 2004 103
Resultados Experimentais
Para a verificação do funcionamento da nova
topologia de inversor de tensão, os circuitos
apresentados nas Figuras 27A, 27B, 27C, 28 e 29
foram implementados.
O resultado dos testes é apresentado na Figura
31. É a onda presente na saída do conversor sobre
uma carga resistiva.

Figura 29. Circuito de Potência

Os parâmetros utilizados foram:

Tabela 2. Parâmetros de Simulação e Dispositivos


Utilizados

Simulação Dispositivos Utilizados


Primário do transformador VDSmáx = 24V e IRMS = 16,5A IRFZ48N
VDS = 55V e ID = 64A
Secundário do Transformador VDSmáx = 240V e IRMS = 1,8A IRF740
VDS = 400V e ID = 10A
Diodos VDSmáx = 240V e IRMS = 3,6A IRF740
VDS = 400V e ID = 10A
Diodos de desmagnetização VRmáx = 24V e IRMS = 2,9A UF5404
VR = 400V e ID = 3A
Diodos de magnetização VRmáx = 240V e IRMS = 3,6A MUR850
VR = 500V e ID = 8A

Figura 31. Tensão de saída do protótipo


Também devido à freqüência de trabalho, todos
os diodos são retificadores ultra-rápidos (Ultra-fast
Recovery). A simulação produziu as formas de onda Como se pode observar na Figura 31, a forma de
da Figura 30. onda é puramente senoidal, devido à implementação
de uma malha fechada e ajustes do controle
facilmente conseguido no laboratório, bastando
trocar alguns capacitores.

Fotografia do Protótipo
Depois de verificados os resultados de simulação,
foi implementado e testado em laboratório o
protótipo do conversor com malha fechada, como
Figura 30. Tensão de saída da simulação mostrado na Figura 32.

A Figura 30 mostra uma pequena distorção na


forma de onda, devido a dificuldade de se ajustar as
freqüências de corte do circuito de controle com a
do circuito de potência.

104 Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 25, n. 1, p. 91-106, jan./jun. 2004
Com a relação de transformação, o inversor
proposto é capaz de compensar as quedas de tensão
presentes na entrada, já que a tensão de saída do
transformador apresenta um margem de
compensação de 50% em relação àquela entregue à
carga.
Esta topologia, composta por quatro conversores
em paralelo, oferece um rendimento como uma
estrutura de um único estágio de conversão,
justificando sua aplicação comercial apesar de
possuir um número considerável de chaves, sendo
Figura 32. Foto do circuito implementado em laboratório esta uma desvantagem, pois aumenta o custo do
protótipo em torno de 30% se comparado à estrutura
Conclusão convencional. Devido ao seu rendimento e
flexibilidade de projeto, esta proposta de inversão
Neste trabalho foi apresentado uma nova pode ser utilizada em sistemas de amplificadores de
topologia de inversor de tensão, utilizando áudio.
transformador de alta freqüência e modulação PWM.
A simulação do circuito e os testes do protótipo
produziram bons resultados, inclusive com baixo Referências
nível de ruído, apesar da necessidade de isolar um MELLO, L. F. P. Análise e Projeto de Fontes Chaveadas.
conversor do outro, aumentando o número de São Paulo: Editora Érica Ltda, 1990. 281p.
componentes e, conseqüentemente aumentando a RASHID, M. H. Eletrônica de potência: circuitos,
complexidade do projeto. dispositivos e aplicações. 2.ed. São Paulo: Makron Books,
1993.
Com a divisão de potência entre os quatro SEDRA, A. S.; SMITH, K. Circuitos de Microeletrônica.
conversores forward, foi possível o projeto de um São Paulo: MAKRON Books, 2000.
inversor de potência elevada (800W) com núcleos TREVISO, C. H. G. Retificador de 6kW, Fator de
magnéticos pequenos (EE 42/21/20). Potência Unitário, Trifásico, Comutação Não-dissipativa
na Conversão CC/CC e Controle Sincronizado em
Freqüência. Tese (Doutorado)- Uberlândia, 1999.

Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 25, n. 1, p. 91-106, jan./jun. 2004 105

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