2022 - Machava, Virgínia Elisa

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO ACADÉMICO REALIZADO NA ESCOLA PRIMÁRIA


COMPLETA MAXAQUENE “B” - CIDADE DE MAPUTO, DE 14 DE FEVEREIRO
À 06 DE MAIO DE 2022.

Virgínia Elisa Machava

Supervisor: dr. Nelson Lucas Mahetane Buque

Maputo, Novembro de 2022


Virgínia Elisa Machava

Relatório de estágio académico realizado na Escola Primária Completa Maxaquene “B”


- Cidade de Maputo, de 14 de Fevereiro à 06 de Maio de 2022.

Relatório de Estágio Académico apresentado em


cumprimento parcial dos requisitos exigidos para a
obtenção do grau de Licenciatura em Organização e
Gestão da Educação, na Faculdade de Educação da
Universidade Eduardo Mondlane, sob supervisão do
dr. Nelson Buque e orientação do Professor Adolfo
António Simbine.

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Licenciatura em Organização e Gestão da Educação

Maputo, Novembro de 2022


Folha de aprovação

Orientador

_________________________

(Prof. Adolfo António Simbine)

Supervisor

_________________________

(dr. Nelson Lucas Mahetane Buque)

i
Júri de Avaliação

Presidente

_____________________________________

Supervisor

______________________________________

Oponente

_______________________________________

Maputo, Novembro de 2022

ii
Declaração de honra

Eu, Virgínia Elisa Machava, declaro, por minha honra, que este relatório de estágio académico
nunca foi apresentado por outro autor para obtenção de qualquer grau ou num outro âmbito e
que constitui o resultado do meu labor individual, estando indicado ao longo do texto e nas
referências bibliográficas todas as fontes utilizadas.

Maputo, Novembro de 2022

______________________________

(Virgínia Elisa Machava)

iii
Dedicatória

Aos meus pais, João Júlio Zucula e Virgínia Francisco Machava;

Ao meu esposo, Sérgio Luís Monteiro;

Ao meu filho, Sinésio Sérgio Monteiro.

iv
Agradecimentos

Agradeço a Deus pelo dom da vida, pela saúde e pela proteção até esta fase.

A Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane, vai um agradecimento aos


docentes da Licenciatura em OGED, especialmente ao meu supervisor dr. Nelson Lucas
Mahetane Buque pela paciência na orientação da realização deste trabalho. Sem deixar de lado
todos os colaboradores da Faculdade.

Agradeço a Escola Primária Completa Maxaquene “B”, pela oportunidade de aplicar os


conhecimentos teóricos adquiridos durante a formação e experiência prática adquirida durante
o período de estágio. Muitíssimo obrigada.

Aos meus colegas da turma de Licenciatura em OGED 2018 pós-laboral, pela troca de
conhecimentos e experiências durante a formação.

Ao meu esposo, Sérgio Luís Monteiro pelo apoio incondicional durante a formação, muitíssimo
obrigada.

Aos meus pais, pelo apoio desde o início da minha educação formal e a todos que apoiaram de
forma directa e indirecta, muito obrigada a todos.

v
Lista de abreviaturas

ADE Apoio Directo as Escolas

COVID-19 Coronavirus disease

DN1 Docente de Nível 1

DN3 Docente de Nível 3

DN4 Docente de Nível 4

EPC Escola Primária Completa

FACED Faculdade de Educação

IE Instituição de Ensino

MINEDH Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano

NEE Necessidades Educativas Especiais

OGED Organização e Gestão da Educação

OPB Orçamento Participativo do Bairro

PEA Processo de Ensino e Aprendizagem

PEE Plano Estratégico da Educação

PIA Processo do Individual do Aluno

SDEJT Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia

SNE Sistema Nacional de Educação

UEM Universidade Eduardo Mondlane

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

vi
Lista de figuras e tabelas

Tabelas

Tabela 1. Directores da EPC- Maxaquene “B” ......................................................................... 3


Tabela 2. Efectivos Escolares 2022 do início do ano ............................................................... 4
Tabela 3. Número de professores por classe ............................................................................. 4
Tabela 4. Funcionários não docentes da EPC Maxaquene "B" ................................................ 6
Tabela 5. Plano de Actividades ................................................................................................. 8
Tabela 6. Composição dos processos dos professores. ........................................................... 20
Tabela 7. Levantamento estatístico de 03 de Março ............................................................... 22
Tabela 8. Dificuldades encontradas pelos autores .................................................................. 24

Figuras

Figura 1. Organograma da EPC Maxaquene "B" ..................................................................... 6

Imagens
Imagem 1. Livros Escolares .................................................................................................... 14
Imagem 2. Alunos na comemoração do dia do Livro.............................................................. 17
Imagem 3. Alunos durante a aula............................................................................................ 19
Imagem 4. Levantamento estatístico de alunos com NEE....................................................... 23

vii
Índice
Folha de aprovação ..................................................................................................................... i

Júri de Avaliação........................................................................................................................ii

Declaração de honra ................................................................................................................. iii

Dedicatória ................................................................................................................................ iv

Agradecimentos ......................................................................................................................... v

Lista de abreviaturas ................................................................................................................. vi

Lista de figuras e tabelas ..........................................................................................................vii

I. Introdução .......................................................................................................................... 1

II. Apresentação da instituição ............................................................................................... 2

III. Plano de actividades ............................................................................................................. 8

IV. Actividades desenvolvidas................................................................................................. 10

4.1. Apresentação ..................................................................................................................... 10

4.1.1. Leitura de documentos da instituição: regulamento interno, plano anual de actividades,


efectivos do ano 2022 .......................................................................................................... 10

4.1.2. Reunião de apresentação com o orientador, membros da direcção, professores e


funcionários não docentes .................................................................................................... 11

4.2. Sector Pedagógico ............................................................................................................. 13

4.2.1. Distribuição do manual do professor e livros escolares para os alunos ..................... 13

4.2.1.1. Importância do livro no Processo de Ensino e Aprendizagem (PEA) ................ 14

4.2.2. Participação na organização do evento de comemoração do dia do livro ................. 15

4.2.3. Assistência de aula ..................................................................................................... 16

4.2.3.1. Importância da assistência as aulas ..................................................................... 17

4.3. Sector Administrativo ....................................................................................................... 19

4.3.1. Organização de processos do aluno e do professor ................................................... 19

4.3.2. Participação no processo de levantamento dos dados estatísticos de 3 de Março ..... 20

4.3.2.1. Dever da escola na inclusão de alunos com NEE ............................................... 23


4.3.3. Verificação do procedimento de transferências de alunos ......................................... 25

4.3.3.1. Pais e encarregados vs Escolha da instituição de ensino (IE) ............................. 25

V. Conclusão ............................................................................................................................ 27

VI. Recomendações ................................................................................................................. 28

Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 29

ANEXOS ................................................................................................................................. 31
I. Introdução
Este trabalho foi elaborado no âmbito do estágio académico realizado na Escola Primária
Completa Maxaquene “B” e serve de requisito para a conclusão do curso de Licenciatura em
Organização e Gestão da Educação da Faculdade de Educação. Este trabalho debruça-se sobre
as actividades desenvolvidas durante 12 semanas, de 14 de Fevereiro à 6 de Maio de 2022, em
dois sectores da escola, o sector pedagógico e o sector administrativo.

O estágio académico é uma actividade realizada pelo estudante cujo objectivo é conciliar a
aprendizagem adquirida na teoria com a realização do trabalho prático, permitindo a aquisição
de experiência prática e materialização do currículo do curso de Organização e Gestão da
Educação.

Ao longo deste trabalho faz-se a descrição minuciosa sobre os procedimentos aplicados na


realização de cada actividade prática na Escola Primária Completa Maxaquene “B” que levou
ao alcance do objectivo do estágio.

Este trabalho segue a seguinte estrutura, sem contar com os elementos pré-textuais: a
introdução que faz parte do capítulo 1 onde se faz a introdução do trabalho; no capítulo 2 dá-
se a apresentação da Escola Primária Completa Maxaquene “B”; no terceiro capítulo apresenta-
se o plano de actividades e o processo da sua elaboração; no capítulo 4 é onde se desenvolve o
trabalho, isto é, faz-se a descrição das actividades; no capítulo 5 apresentam-se as conclusões
relativamente ao processo de estágio; no capítulo 6 apresentam-se as recomendações
direccionadas a Escola Primária Completa Maxaquene “B”; e por fim, apresentam-se as
referências bibliográficas que foram consultadas e citadas ao longo do corpo deste trabalho.

1
II. Apresentação da instituição

A Escola Primária Completa Maxaquene “B”, é uma Instituição Pública sob tutela do
Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano, localiza-se na Cidade de Maputo, no
Distrito Municipal KaMaxaqueni no Bairro Maxaquene “B”, entre a Rua da Malhangalene e a
Avenida Milagre Mabote. É constituída por quatro (4) blocos com dez (10) salas, tem quatro
(4) casas de banho, um (1) bloco administrativo com três (3) gabinetes, sendo um (1) para o
director da escola, um (1) para o director pedagógico e um (1) gabinete para a chefe da
secretaria. Neste bloco funciona também a secretaria da escola.

A EPC- Maxaquene “B” existe desde 1986 e foi fundada pela comunidade do mesmo bairro de
modo a responder a demanda da falta de vagas nas escolas mais próximas para a integração
dos seus educandos para os estudos.

Inicialmente a escola foi construída usando material precário (caniço), recursos alocados pela
comunidade, passados alguns anos, de modo a melhorar as condições da escola, a comunidade
resolveu substituir o caniço pelas chapas de zinco acumuladas pelos moradores locais.

A comunidade não parou por aí, até que na década noventa uniram esforços e substituíram as
chapas de zinco por uma construção convencional (cimento).

Em 2002, a escola foi beneficiária de uma construção de raiz com material convencional
patrocinada pela Engen Petroleum Moçambique, LDA (empresa fornecedora de combustíveis).

Em 2014, a escola beneficiou de uma reabilitação que consistiu na pintura de quatro (4) blocos
na parte interna e externa, na colocação de vidros nas janelas, no gradeamento de portas e
janelas em três (3) blocos de salas de aulas, através do fundo OPB (Orçamento Participativo
do Bairro) proveniente do Conselho Municipal de Maputo.

2
Tabela 1. Directores da EPC- Maxaquene “B”

Directores da EPC- Maxaquene “B”


Período Nome do Director/Directora
1992 Lucas Sidumo
1993-2004 Jorge Manhiça
2005 Maria Fernanda Chau
2006-2018 Maria José Matusse
2018- actualidade Adolfo António Simbine

Fonte: adaptado do Historial da EPC- Maxaquene “B” (2021)

A escola funciona apenas no período diurno e tem um total de 10 salas de aulas equipadas com
mobiliário para os alunos. Tem um total de 264 carteiras das quais 238 encontram-se em óptimo
estado, 26 carecem de manutenção. Possui 10 secretárias para os professores.

Missão
 Formar cidadãos de qualidade para servir a sociedade.

Valores
 Cultura de paz, cultura de trabalho, convivência social, valores éticos, solidariedade
interna e boas maneiras.

Objectivos
 Transmitir ao aluno conhecimentos, valores e habilidades que sirvam à vida individual
e responder as necessidades e exigências da comunidade onde está inserido e da
sociedade em geral, procurar oferecer um ensino de qualidade, através da formação
científica, sócio-cultural, promover maior frequência da rapariga na escola, envolver
encarregados de educação na resolução dos problemas da escola.

A EPC- Maxquene “B” é financiada pelo Estado através do ADE (Apoio Directo as Escolas)
dado anualmente. Este patrocínio garante o funcionamento da instituição através do pagamento
da factura de água, compra de energia eléctrica, compra de material de higiene e manutenção
da escola. Além do ADE, a EPC- Maxaquene “B” também tem recebido apoios de
Organizações Não-Governamentais para manter o seu bom funcionamento e garantir uma
educação rumo a qualidade.

3
Para o ano lectivo de 2022, a EPC- Maxaquene “B” contou com os seguintes efectivos no
início do ano:

Tabela 2. Efectivos Escolares 2022 do início do ano

Classe Homens Mulheres Homens e Mulheres


1ª 89 101 190
2ª 89 78 167
3ª 83 86 169
4ª 90 82 172
5ª 100 71 171
6ª 96 69 165
7ª 213 171 384
Total 760 658 1418

Como se ilustra na tabela no geral a escola possui uma disparidade de género que favorece os
rapazes e é mais acentuado na 7ª classe, apesar de que se verifica uma tendência contraditória
na primeira classe, onde a disparidade favorece as mulheres.

Tabela 3. Número de professores por classe

Classe Homens Mulheres Homens e Mulheres


1ª 2 2 4
2ª 1 2 3
3ª 2 2 4
4ª 0 4 4
5ª 0 3 3
6ª 1 3 4
7ª 4 5 9
Total 10 21 31

Fazendo uma confrontação com o número de alunos, constatou-se que o rácio professor-alunos
é elevado. Por exemplo: segundo os dados apresentados na tabela 2, a 5ª classe conta com um
total de 171 alunos e a tabela 3 mostra que somente 3 professoras é que leccionam a 5ª classe.
Confrontando esses dados, indicam que 1 professora está para 57 alunos. Com esse número de
alunos, há limitações para materializar o ensino centrado no aluno, visto que a duração da aula

4
não permite com que todos alunos possam participar ou que as professoras deem atenção
particular para ajudar os alunos que tenham dificuldades de aprendizagem em algumas
matérias.

A escola é gerida por uma direcção composta pelo director da escola, que é um professor
nomeado pelo Administrador do Distrito sob proposta do Director dos Serviços Distritais de
Educação, Juventude e Tecnologia, pelo Director Adjunto Pedagógico e Chefe da Secretaria.

Em termos de funções o director da escola dirige, coordena e controla a escola e a representa


no plano interno e externo, zela pelo cumprimento das leis, regulamentos, instruções
superiores, em suma o director deve estar presente e orientar todos os processos do dia-dia da
escola.

O director adjunto pedagógico zela essencialmente pela parte pedagógica, tem a


responsabilidade de formar turmas, elaborar calendários, planos de avaliação, o director
adjunto é também responsável pela classificação dos professores. A chefe da secretaria zela
pela parte administrativa da escola, o controlo da efectividade, assiduidade dos funcionários,
organização de processos de alunos e de funcionários docentes e não docentes.

A Escola Primária Completa Maxaquene “B” conta com um corpo docente composto por
professores que possuem o nível de licenciatura, nível médio e nível básico e que estão
integrados nas carreiras DN1, DN3 e DN4, respectivamente.

Para a realização de actividades administrativas e outros serviços necessários para o bom


funcionamento do processo de ensino e aprendizagem, a escola possui sete funcionários não
docentes, dos quais 4 são efectivos, ou seja, possui um vínculo contratual com o Estado e os 3
funcionários não docentes, contratados pela escola que é o caso dos guarda, auxiliares e agentes
de serviço.

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Tabela 4. Funcionários não docentes da EPC Maxaquene "B"

H M HM
Efectivos 0 04 04
Contratados 01 02 03
Total 01 06 07

Os funcionários e os órgãos de gestão da escola estão interligados e trabalham de forma


coordenada para o alcance dos objectivos estabelecidos e eles estão organizados tendo em conta
a disposição apresentada no organograma abaixo.

Figura 1. Organograma da EPC Maxaquene "B"

Director da escola

Conselho de Escola

Director Adjunto Chefe da secretaria

Coordenadores de
ciclo

Delegados

Directores de turma Professores

Coor Coor Coor Coor Coor Coor Funcionários


d. d. d. d. d. d.
Des não docente
Gén Saúd Cult Prod Turn
port
ero e ura ução o
o

Chefes de turma

Alunos

Fonte: Regulamento Interno da EPC- Maxaquene “B”

A partir deste organograma pode verificar-se a forma como a escola está estruturada e dos
diferentes órgãos que a compõem. No topo da estrutura encontram-se o director da escola e o

6
Conselho de Escola que aparece como um órgão de apoio. Temos ainda o director adjunto e
chefe da secretaria.

Na parte intermédia da estrutura estão os coordenadores de ciclos, no caso do primeiro e


segundo ciclos, os directores de turma e os professores. Na base encontram-se os funcionários
não docentes e os diferentes coordenadores para as áreas de género, desporto, saúde, cultura,
produção e turno e ainda os alunos.

Uma análise a esta estrutura permite constatar que está desactualizada. Actualmente, na
estrutura das escolas primárias do ensino público o órgão máximo de gestão é o Conselho de
Escola e não o director da escola como estabelece o Regulamento do Ensino Básico.

O Conselho de Escola para além de ser o órgão máximo da escola, constitui o elo entre a escola
e a comunidade e assegura a participação activa de todos os grupos intervenientes no processo
de educação.

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III. Plano de actividades

O estágio académico que dá origem a este trabalho foi realizado na Escola Primária Completa
Maxaquene “B” durante doze semanas. As actividades realizadas foram antecedidas pela
elaboração de um plano de actividades que inclui a relação da área de actividades, objectivos
e actividades.

O plano apresentado na tabela 5 foi elaborado em coordenação com o orientador de estágio e


o supervisor de estágio.

Tabela 5. Plano de Actividades

Período Área Actividades/tarefas


 Leitura de documentos da instituição:
regulamento interno, plano anual de actividades,
Apresentação

efectivos do ano 2022.


1ª semana __________
 Reunião de apresentação com o orientador,
membros da direcção, professores e funcionários
não docentes.
 Distribuição do manual do professor e livros
didácticos para os alunos;
De 2ª a 8ª  Participação na organização do evento de
Pedagógica
semana
comemoração do dia do livro;
 Assistência de aula.
 Organização de processos do aluno;
 Participação no processo de levantamento dos dados
De 9ª a 12ª Administrativ estatísticos de 3 de Março;
semana a
 Verificação do procedimento de transferências de
alunos.
Este plano de actividades foi elaborado tendo em conta o plano de actividades da EPC-
Maxaquene “B” para que a realização do estágio não alterasse as actividades já planificadas e
também para que a estagiária tivesse o apoio de todos os funcionários da escola, visto que
estariam a trabalhar nas mesmas actividades.

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O curso de licenciatura em OGED confere competências para trabalhar na gestão de uma
instituição de ensino, as actividades foram planificadas para as duas principais áreas da escola:
Administrativa e Pedagógica.

Na área Administrativa, as principais actividades foram:

 Organização de processos do aluno;


 Participação no processo de levantamento dos dados estatísticos de 3 de Março;
 Verificação do procedimento de transferências de alunos.

E na área Pedagógica:

 Distribuição do manual do professor e livros didácticos para os alunos;


 Participação na organização do evento de comemoração do dia do livro;
 Assistência de aula.

De referir que ficou acordado durante a elaboração do plano de actividade que a estagiária
podia participar na realização de outras actividades que não estivessem no plano, desde que as
mesmas ajudassem a enriquecer o estágio.

9
IV. Actividades desenvolvidas
As actividades foram desenvolvidas sob orientação do orientador de estágio e com apoio dos
demais professores, funcionários não docentes e alunos.

Neste ponto serão descritas as actividades desenvolvidas durante as 12 semanas de estágio,


partindo das actividades relacionadas com a apresentação da escola, as actividades
desenvolvidas no sector pedagógico e administrativo. A medida que se faz a descrição das
actividades, traz-se algumas referências teóricas para contrastar e trazer uma discussão que
relacione a prática com a teoria.

4.1. Apresentação

A apresentação é um momento de ambientação com a nova realidade, no caso com a realidade


da Escola Primária Completa de Maxaquene “B”, que consistiu em saber quem é quem na
escola, quem faz ou é responsável por que actividades ou sector, que regras regulam as relações
e o funcionamento da escola e quais aspectos culturais são defendidos e praticados pelos
membros da escola. Foi um momento para dar a conhecer o âmbito do estágio e clarificar
dúvidas para os elementos envolvidos no processo.

As actividades realizadas durante o processo de apresentação duraram uma semana e foram:


leitura de documentos da escola e reuniões com professores e funcionários não docentes.

4.1.1. Leitura de documentos da instituição: regulamento interno, plano anual de


actividades, efectivos do ano 2022

A primeira semana do estágio académico começou a leitura de documentos fundamentais para


a compreensão do funcionamento da escola. Sob orientação do orientador do estágio foram
realizadas leituras do Regulamento Interno, Plano Anual de Actividades e Registos dos
Efectivos do Ano 2022.
O Regulamento Interno da Escola é um documento essencialmente normativo e prescreve as
competências, funções de cada elemento ou órgão da escola, indica quem responde a quem e
estabelece regras e formas de relação e comunicação entre a direcção, professores, alunos,
funcionários não docentes, pais e encarregados de educação, comunidade local e outros
intervenientes envolvidos nas actividades da escola.
O uso de regulamentos na organização de acordo com Robbins (2009) confere a formalização
da organização.

10
A formalização se refere ao grau em que as tarefas dentro da organização são padronizadas. E
como refere o autor supracitado, a formalização ou uso de regulamentos garante que o
responsável pela actividade:

(…) tem pouca autonomia para decidir o que, quando, e como deve ser feito. Espera-se que os
funcionários transformem os mesmos insumos, sempre da mesma forma, produzindo um
resultado consistente e uniforme. Nas organizações altamente formalizadas existem descrições
explícitas de tarefas, muitas regras organizacionais e procedimentos claramente definidos sobre
os processos do trabalho (p. 355).

O Regulamento Interno da Escola Primária Completa Maxaquene “B” reflecte a descrição feita
por Robbins (2005) já que possui de forma detalhada o que cada funcionário ou grupo de
funcionários devem fazer e como devem proceder durante a execução de suas actividades.

Com a leitura do Regulamento Interno da Escola foi possível conhecer a estrutura


organizacional da escola, as competências de cada órgão, as regras aplicadas aos membros da
escola e os direitos e deveres que assistem e devem ser cumpridos pela comunidade escolar
(Maximiano, 2006).

O Plano Anual da Escola é um documento que possui as actividades a serem desenvolvidas na


e pela escola ao longo do ano e a sua calendarização. Este documento é feito com envolvimento
de toda a comunidade escolar e é aprovado pelo Conselho de Escola e cabe a direcção de escola
garantir a sua implementação ao longo do ano.

O Plano Anual resulta do processo de planificação que consiste em prever as actividades a


desenvolver para que se alcancem os objectivos estabelecidos (Chiavenato, 2012). O Plano
Anual da escola possui as actividades a serem desenvolvidas ao longo do ano lectivo
envolvendo actividades de natureza pedagógica e administrativas, os períodos de férias e
feriados.

4.1.2. Reunião de apresentação com o orientador, membros da direcção, professores e


funcionários não docentes

Depois da leitura dos documentos foram feitas reuniões de apresentação sempre acompanhadas
de perto pelo orientador. A reunião com o orientador teve como objectivo a planificação das
actividades subsequentes e a definição dos objectivos das reuniões com os membros da
direcção, professores e funcionários não docentes.

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A reunião com os membros da direcção serviu para apresentar os termos de referência do
estágio, esclarecer dúvidas em relação ao âmbito do estágio e ajudou a criar um clima positivo
que facilitou a comunicação ao longo de todo processo. As reuniões com os professores e
funcionários foram orientadas pelo orientador e procurava também uma apresentação e
clarificação do papel da estagiária na escola e as áreas de trabalho.

De acordo com Ramalho et al (s/d), fazer com que colaborador/estagiário se sinta parte do novo
meio de trabalho, ajuda-o a ter uma satisfação e motivação trabalhando com o que gosta da
área que irá actuar.

Em seu estudo, Teodoro (2015) explica que o processo de integração abrange três aspectos,
sendo eles:

1) Acolhimento – diz respeito à recepção do novo colaborador e à familiarização dele


com a organização, envolve a apresentação dos colegas de trabalho, dos procedimentos,
das políticas, dos sistemas, dos documentos, dentre outros elementos;

Para o caso da estagiária, esta etapa foi materializada através do encontro de apresentação
realizado na presença da maioria dos colaboradores com os quais a estagiária ia trabalhar nas
actividades planificadas.

2) Aprendizagem (treinamento) – envolve a transmissão de conhecimentos necessários


para o desempenho das funções;

Essa etapa, acompanhou a realização de todas as actividades na medida em que fazia-se a troca
de conhecimentos entre a estagiária e os colaboradores da EPC Maxaquene “B” para a melhor
materialização das actividades.

3) Resultados – o novo integrante é apresentado aos resultados esperados de sua actuação,


de suas atitudes e comportamentos, tanto em nível do sector onde actuará quanto no
âmbito da organização como um todo.

Para o caso da estagiária, esta etapa corresponde a apresentação do relatório de estágio onde
são descritas as actividades que foram desenvolvidas, as constatações, conclusões e
recomendações deixadas como proposta para melhoria do local de estágio.

12
4.2. Sector Pedagógico

Da segunda a oitava semana foram desenvolvidas actividades no sector ou área pedagógica da


escola. A área pedagógica da escola zela pelo processo de ensino e aprendizagem e todas as
componentes ou elementos que dele dependem. Na prática, este sector, atende os docentes,
alunos e preocupa-se com a melhoria do ensino e aprendizagem.

No que diz respeito ao estágio, foram realizadas três actividades: distribuição de manuais
escolares, participação na comemoração do dia do livro e assistência ás aulas.

4.2.1. Distribuição do manual do professor e livros escolares para os alunos

O manual do escolar traz orientações para o trabalho do professor e aluno na sua tarefa de
ensinar e aprender, respectivamente. O manual do escolar é um material rico que contribui para
o andamento das aulas, mas também outros aspectos da área pedagógica, (Morgado, 2006).

Para Viseu e Morgado (2019) o manual do escolar é um instrumento de trabalho muito utilizado
pelos professores e alunos e estes veiculam perspectivas oficiais expressas nos documentos
curriculares e influenciam significativamente a forma como cada professor idealiza e
concretiza essas perspectivas.

No nosso contexto são produzidos manuais para professores e alunos e estes constituem um
elemento importante para o ensino e aprendizagem e conferem autonomia ao professor e ao
aluno.

A Escola Primária Completa Maxaquene “B” recebe livros dos Serviços Distritais de
Educação, Juventude e Tecnologia e os distribui pelos professores (manual do professor) e
alunos (livro do aluno). Para além do livro no formato físico, os professores também recebem
livros em formato electrónico de todas as classes e todas as disciplinas.

A distribuição do livro do aluno é feita por turma e à medida que se entregam os livros aos
alunos, faz-se registo. O registo é feito numa ficha com o nome do aluno, o livro por disciplina
e o estado do livro recebido.

Estas fichas servem para comprovar a recepção e para elaborar um relatório com as estatísticas
dos alunos que receberam os livros e são enviadas para as autoridades competentes e são
arquivadas na secretaria da escola.

13
Imagem 1. Livros Escolares
Fonte: Fotografia capturada pela estagiária

4.2.1.1. Importância do livro no Processo de Ensino e Aprendizagem (PEA)

Segundo Medeiros (2014), “É preciso que a escola resgate a importância da leitura, como
hábito prazeroso na vida do ser humano e preparando-o para actuar como cidadão. Nesse
sentido, a leitura nunca se fez tão necessária nos bancos escolares. É papel da escola propiciar
aos alunos os livros e os conhecimentos necessários para compreender, adaptar-se e construir
suas próprias opiniões com relação ao contacto com diferentes esferas sociais.”

Solé (1998), acrescenta que a leitura dos livros compõe-se de acções que devem ser utilizadas
em etapas (antes, durante e depois da leitura) contando com a interacção activa e reflexiva do
aluno-leitor. Estas acções terão maior ou menor grau de dificuldade para o aluno dependendo
da clareza e coerência do conteúdo abordado nos textos.

As estratégias usadas de modo adequado, ajudarão o aluno a construir o sentido de qualquer


texto, as etapas das estratégias divididas em antes, durante e depois da leitura para a busca da
compreensão textual não precisam necessariamente, seguir uma determinada ordem, já que as
mesmas devem adequar-se às necessidades do aluno de forma individual, vai depender de sua
expectativa em relação à construção de sentido do texto.

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A escola tem, portanto, a responsabilidade de auxiliar o aluno na adaptação de estratégias, de
forma a fortalecer a relação afectiva entre o aluno e o livro, ajudando-o na construção do seu
percurso enquanto leitor e construtor da sua autonomia e conhecimento.

4.2.2. Participação na organização do evento de comemoração do dia do livro

O Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, comemorado no dia 23 de Abril de cada ano
foi instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) com o intuito de incentivar a leitura, homenagear os autores e reflectir sobre os
direitos do autor.

Nessa data as instituições, sobretudo as instituições de ensino realizam vários eventos para
incentivar os alunos a ler e a desenvolver interesse pela literatura.

Foi no contexto da comemoração deste dia que se realizou um evento na EPC Maxaquene “B”,
envolvendo toda a comunidade escolar com o objectivo de incentivar os alunos a ler e a ter
gosto pela leitura.

O evento consistiu na realização de uma exposição de livros, actividades de leituras individual


e conjunta e espaços ou momentos de reflexão sobre a importância da leitura.

Nesta actividade a participação começou na concepção com a contribuição em ideias e depois


na concretização onde prestou-se apoio aos alunos na selecção de livros e nas dinâmicas de
leitura em grupo, produção de cartazes e na montagem da exposição.

Segundo Frantz (2001), a escola deve ir além de uma educação que prepara o aluno para leitura
de mundo, e sim, buscar uma educação libertadora, humanizante, transformadora. Isso só é
capaz se esta passar pelo caminho da leitura.

15
Imagem 2. Alunos na comemoração do dia do Livro1
Fonte: Fotografia capturada pela estagiária.

4.2.3. Assistência de aula

Em termos gerais a observação de aulas é uma actividade realizada no âmbito da supervisão


ou avaliação do desempenho dos professores. É uma actividade prevista no Manual de
Directrizes para a Supervisão do Ensino Primário e nos Decretos nº 18/2019 de 21 de
Novembro e n.º 55/2009 que regulamentam a avaliação de professores.

De acordo com o Decreto nº 18/2019 a assistência de aulas pode ser feita três vezes por ano
pelo director adjunto pedagógico, sendo que as duas primeiras são assistência de
acompanhamento e a terceira é para a classificação.

Para se fazer assistência de aulas é necessário: possuir conhecimentos dos conteúdos e métodos
de ensino aplicáveis a cada classe e disciplina do ensino primário; ter uma ficha de observação;
escolher uma sala; deixar o professor indicar o lugar onde se deve sentar; fazer anotações na
ficha de avaliação o decurso da aula; no final da aula deve-se fazer uma reunião de reflexão
com o professor sobre a aula (Viseu & Morgado, 2018).

1
Os rostos dos alunos foram censurados pela falta de autorização dos encarregados de educação.

16
A realização desta actividade realizou-se em equipa, o orientador de estágio e a estagiária. A
assistência de aulas foi feita em 4 turmas da escola e foi baseada na Ficha de Acompanhamento
do Pessoal Docente anexa ao Decreto nº 18/2019.

A observação das aulas focou nas seguintes dimensões ou critérios: planificação do processo
de ensino e aprendizagem; domínio dos conteúdos da sua área de actividades; uso de métodos
no processo de ensino e aprendizagem; avaliação do processo de ensino e aprendizagem;
produção, utilização, conservação e actualização de materiais didácticos e resultados de
aprendizagem dos alunos.

Após as aulas realizaram-se reuniões de reflexão com os professores onde discutiu-se,


essencialmente, aspectos relacionados com a planificação, métodos de ensino e avaliação das
aprendizagens. As reuniões tiveram um carácter dialógico e todos os intervenientes
participaram com ideias positivas para melhorar o desempenho dos professores.

4.2.3.1. Importância da assistência as aulas

Segundo Reis (2011), a assistência de aulas constitui um processo colaborativo entre o


professor e o mentor ou supervisor. Ambos devem desempenhar papéis importantes antes,
durante e após a observação de forma a assegurar benefícios mútuos no desenvolvimento
pessoal e profissional.

Zagury (2006) diz que “ser professor nunca foi tarefa fácil”. Em nenhum dos modelos
pedagógicos descritos. Temos que desfazer o mito que com um bom professor os alunos
aprendem sem qualquer esforço. Não podemos esquecer que o aluno é parte activa no processo
ensino-aprendizagem. Se ele não se dispuser a dedicar tempo e esforço para as actividades
escolares, só o esforço do professor e da instituição de ensino não bastam.

Sobre a frequência em que os professores devem ser assistidos, Reis (2011) afirma que,

A frequência das observações deverá depender do nível de experiência e de desenvolvimento


profissional dos professores em processo de supervisão: um professor em início de carreira
necessitará de uma observação mais frequente (eventualmente, com periodicidade semanal) do
que um professor em período probatório com vários anos de experiência noutra área disciplinar.
Neste último caso, uma periodicidade mensal poderá ser uma opção. Contudo, esta decisão
dependerá forçosamente dos níveis de conhecimento profissional, experiência e confiança de
cada docente (pp 25-26).

17
De acordo com o autor, os professores que estejam na fase inicial devem ser assistidos com
mais frequência em relação aos professores com mais experiências. E esta prática deve ser
continua e frequente.

Watson-Davies (2009) sugere que a observação e a reflexão se centrem em dois aspectos:


primeiro, em que se pretende que o professor melhore as suas competências; outro, que
encoraje o professor a inovar através da adopção de uma nova abordagem, metodologia ou
actividade. Estes dois focos poderão ser trabalhados durante um período lectivo e,
posteriormente, alterados de acordo com as necessidades evidenciadas pelos professores.

Imagem 3. Alunos durante a aula.


Fonte: Fotografia capturada pela estagiária.

Um dado importante na imagem 3, é que a mesma mostra-nos que a EPC- Maxaquene “B” está
comprometida com o cumprimento das normas de prevenção da Covid-19. É visível o
distanciamento social entre os alunos, e o uso da máscara de protecção.

Esta actividade foi importante, na medida em que permitiu a aplicação dos conhecimentos
adquiridos durante o módulo de psicopedagogia. Viu-se na prática a importância de um plano
de aula para melhor organização do processo de ensino-aprendizagem.

18
4.3. Sector Administrativo

O sector administrativo da escola compreende um conjunto de serviços essenciais que


contribuem para o sucesso da principal tarefa da escola, o processo de ensino e aprendizagem.
Este sector a excepção do director de escola e director adjunto pedagógico é ocupado por
funcionários não docentes e tem como representante a chefe da secretaria.

As actividades realizadas neste sector, em termos de espaço, ocorreram na secretaria da escola


e consistiram na organização de processos do aluno e do professor, participação no
levantamento de dados de 3 de Março e verificação de procedimento de transferência de alunos.

4.3.1. Organização de processos do aluno e do professor

O Processo Individual do Aluno (PIA) comporta um conjunto de documentos e fichas que


permitem fazer o acompanhamento do aluno ao longo de todo o seu percurso escolar, no caso
da primeira à sétima classe ou sexta classe a partir do próximo ano lectivo. Neste processo são
registadas sobre o percurso educativo do aluno: as notas, o seu comportamento, registos de
transferências de uma escola para outra, acompanhado de notas das avaliações feitas e sobre a
desistência na frequência de aulas.

O PIA fica arquivado na secretária da escola e pode ser consultado pelos professores,
directores, pelos pais e encarregados de educação do aluno e pelo próprio aluno.

A organização do PIA foi feita de acordo com o artigo 49 do Regulamento do Ensino Básico:
boletim de matrícula e de propinas, fichas de cadastro e certidão de nascimento. No caso de
alunos da 7ª classe o PIA deve conter a declaração de passagem da quinta classe.

19
No caso dos professores, existem dois (2) processos:

Tabela 6. Composição dos processos dos professores.

Processo Administrativo Processo Individual


 Nomeação provisória;  Bilhete de Identidade;
 Termo de início de funções;  Nuit;
 Nomeação definitiva;  NIB;
 Termo de contrato;  Declaração de Serviço Militar;
 Título de provimento de promoção;  Registo Criminal;
 Título de mudança de carreira;  Certificados de habilitações;
 Comprovativo de contagem de  Curriculum Vitae.
tempo;
 Avaliação de desempenho 2019 a
2021.

A organização dos processos precede a arquivação que é feita observando princípios da


arquivologia: são organizados por ano de ingresso, classe e ordem alfabética. O que facilita a
sua localização (Martins, 1992). E Freiberger (2012) afirma que o arquivo pode ser considerado
como um conjunto de soluções utilizadas para assegurar a administração, manutenção e
destinação dos documentos, possibilitando fornecer e recuperar as informações contidas nos
documentos de uma maneira conveniente.

4.3.2. Participação no processo de levantamento dos dados estatísticos de 3 de Março

A estatística é uma ciência que se dedica à colecta, análise e interpretação de dados. Preocupa-
se com os métodos de recolha, organização, resumo, apresentação e interpretação dos dados,
assim como tirar conclusões sobre as características das fontes donde estes foram retirados,
para melhor compreender as situações (Lakatos & Marconi, 2004).

O levantamento de dados estatístico é um processo que consiste na captação de informações


qualitativas e ou quantitativas para o uso secundário após análise por meio de técnicas
específicas.

O levantamento estatístico de 3 de Março enquadra-se no Sistema de Informação Estatística da


Educação, onde estão descritos os procedimentos de colecta, processamento, análise,

20
disseminação de informação estatística para a gestão do Sistema Nacional de Educação (SNE).
De acordo com o MINEDH (2013):

O sistema de informação estatística da educação foi instituído em 1976, e, desde então, tem
recolhido dados sobre alunos matriculados, professores em exercício e resultados escolares, ou
seja, dados estatísticos sobre o aproveitamento escolar. Este sistema é um pilar fundamental no
domínio da produção das estatísticas para o diagnóstico, monitoria e avaliação do
desenvolvimento da educação e, de um modo geral, constitui base importante para a gestão,
administração e planificação da educação, bem como para apoiar o processo da tomada de
decisões (p. 6).

No levantamento estatístico de 3 de Março fez-se a recolha dos seguintes dados: código e nome
da escola, incluindo a sua localização administrativa, província, distrito, posto administrativo,
localidade; alunos matriculados, desagregados por idade e sexo, classe, ramos e especialidades,
repetentes, alunos internos; turmas mistas e puras; professores em exercício com ou sem
formação psicopedagógica; salas de aulas por tipo de material de construção e professores por
turnos leccionados.

A recolha de dados estatísticos é precedida pelo desenho dos inquéritos estatísticos, processo
que exige a definição de variáveis, conforme o objectivo que se pretende alcançar com os dados
recolhidos. Variável, em Estatística, é um atributo, mensurável ou não, sujeito à variação
quantitativa ou qualitativa, no interior de um conjunto. A definição das variáveis é feita pela
Direcção de Planificação e Cooperação, em coordenação com os outros sectores do Ministério
da Educação. Esta coordenação, que é extensiva aos utilizadores das estatísticas da educação
externos, permite a exaustividade dos dados a serem recolhidos (MINEDH, 2013).

Na escola a recolha de dados foi feita com base num questionário de 4 páginas direccionado a
professores e alunos. Registam-se neste questionário informações sobre as habilitações dos
professores, trabalhadores não docentes, novos ingressos, número de alunos órfãos, número de
alunos com necessidades educativas especiais e outras informações.

Após o preenchimento dos questionários por turma, fez-se a verificação cuidadosa dos dados
fornecidos pelos alunos de modo que os dados correspondam à realidade. Depois dessa
verificação os questionários foram entregues à secção pedagógica para a elaboração da síntese
dos dados da escola que, posteriormente, foi enviada para o SDEJT.

21
Anualmente, o dia 03 de Março é reservado para o levantamento estatístico a nível das escolas.
Para o ano de 2022 não foi diferente. Abaixo a tabela apresenta os dados do levantamento
estatístico feito no dia 03 de Março do corrente ano sobre o número de alunos matriculados.

Tabela 7. Levantamento estatístico de 03 de Março

Classe Homens Mulheres Homens e Mulheres


1ª 94 97 191
2ª 86 79 165
3ª 110 99 209
4ª 62 69 131
5ª 99 69 168
6ª 96 69 165
7ª 208 150 358
Total 755 632 1387

Este levantamento evidencia também a disparidade de género, tendo como a maioria, os


rapazes. Essa disparidade constitui um desafio a EPC- Maxaquene “B”, visto que faz parte dos
objectivos, promover maior frequência da rapariga na escola.

Também nota-se uma redução de 41 alunos do número registado nos efectivos do início do ano
lectivo e essa redução foi causada pela transferência de alunos para outras escolas.

Imagem 4. Levantamento estatístico de alunos com NEE

Fonte: Levantamento estatístico de 03 de Março

22
A EPC- Maxaquene “B” está a trabalhar para a inclusão de alunos com Necessidades
Educativas Especiais (NEE) tendo um total de 27 alunos dos quais 24 são do EP1 e 3 são do
EP2. Destacam-se os alunos com deficiência intelectual. Importa referir que a EPC-
Maxaquene “B” ainda não possui condições para trabalhar com alunos com deficiência visual
e auditiva. Porém, tem feito adaptações para trabalhar com alunos com deficiência parcial e
apenas preparada para receber alunos com deficiência física motora, visto que a escola tem
rampas de acesso, casas de banho com apoio e outros mecanismos.

4.3.2.1. Dever da escola na inclusão de alunos com NEE

Segundo Capuano (2013), em 1994 foi realizada em Salamanca, Espanha, a Conferência


Mundial de Educação Especial, onde foi criada a Declaração de Salamanca, que aborda sobre
princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. Desde então o
termo “necessidades educativas especiais (NEE)” e a expressão “educação inclusiva” passaram
a abranger desde pessoas com dificuldades de aprendizagem decorrentes de condições
económicas e socioculturais, até pessoas com algum tipo de deficiência, altas habilidades ou
condutas típicas.

Segundo o Plano Estratégico da Educação (PEE) 2020-2029, para o Ensino Primário o


objectivo geral é “Assegurar que todas as crianças tenham a oportunidade de concluir o Ensino
Primário inclusivo e de qualidade.” E o primeiro objectivo estratégico para este subsistema é
“Assegurar o acesso e participação equitativos de todas as crianças, até ao final do Ensino
Primário, com foco na redução das disparidades regionais, de género e de integração de
crianças com NEE”.

Para o subsistema do Ensino Primário, o órgão central que tutela o SNE, está comprometido
com a questão da inclusão de alunos com NEE, visto que defende que haja materialização dessa
inclusão e nesse processo o trabalho das escolas é de extrema relevância.

Sendo a EPC Maxaquene “B”, uma instituição de ensino formal, deve e está a assumir a
responsabilidade de materializar a inclusão, mesmo que não esteja completamente preparada
para a inclusão a todos os níveis.

23
A seguir são apresentadas algumas dificuldades apresentadas pela literatura para a
materialização da inclusão nas escolas.

Tabela 8. Dificuldades encontradas pelos autores

Dificuldade encontrada Autor (es)


Escassez de disciplinas nos cursos Lima, Santos e Silva (2007); Silva e Silva (2009);
de formação de professores Gutierres Filho et al. (2011); Alves e Duarte (2006)
Despreparo dos professores para Lima, Santos e Silva (2007); Gorgatti et al. (2004);
lidar com o Aluno com NEE Tessaro et al. (2005); Marques, Silva e Silva (2008);
Costa (2010); Alves e Duarte (2006); Silveira e
Neves (2006); Vitaliano (2007); Luiz et al. (2008);
Strapsson e Carniel (2007)
Limitações físicas e psicológicas do Lima, Santos e Silva (2007)
aluno
Estrutura física da escola Lima, Santos e Silva (2007); Silva e Silva (2009);
Palma e Manta (2010); Gorgatti et al. (2004)
Preconceito dos demais alunos com Lima, Santos e Silva (2007); Tessaro et al. (2005);
o Aluno com NEE Marques, Silva e Silva (2008)
Políticas públicas educacionais Lima, Santos e Silva (2007); Gutierres Filho et al.
garantem apenas a matrícula e o (2011); Silva, Souza e Vidal (2008); Mendes (2006)
acesso do aluno com NEE
Superprotecção exercida pelos pais Alves e Duarte (2006); Silveira e Neves (2006)
Ausência de profissionais de apoio Alves e Duarte (2006), Luiz et al. (2008);
Falkenbach e Lopes (2010)
Falta de recursos ou de adaptações Alves e Duarte (2006), Rosa (2008); Falkenbach e
necessárias Lopes (2010); Silveira e Neves (2006)
Fonte: Adaptado de Capuano (2013)

Fazendo um contraste com a realidade da EPC Maxaquene “B” apresenta a maioria das
dificuldades apresentadas na tabela anterior com maior destaque nas seguintes:

 Despreparo dos professores para lidar com o Aluno com NEE;


 Estrutura física da escola;
 Falta de recursos ou de adaptações necessárias.

24
4.3.3. Verificação do procedimento de transferências de alunos

Esta actividade consistiu em verificar os processos individuais dos alunos de modo a garantir
que se cumpra os requisitos estabelecidos do Regulamento do Ensino Básico.

Os alunos que pretendiam fazer transferência da EPC Maxaquene “B” para outra escola, os
seus processos deviam conter: a confirmação de existência de vaga na escola que pretende
frequentar; requerimento dirigido ao director da escola com o pedido de transferência; processo
de aluno completo e declaração de transferência emitida pela secretaria.

Os alunos que se transferem de outras escolas para a EPC Maxaquene “B” devem apresentar o
documento de pedido de vaga com a sua respectiva resposta positiva. Em ambos os casos os
processos devem conter uma Declaração de Passagem.

4.3.3.1. Pais e encarregados vs. Escolha da instituição de ensino (IE)

De acordo com Costa (2010), as escolhas relativas ao estabelecimento de ensino são estratégias
utilizadas por diferentes famílias, que variam de acordo com a obtenção de informações e os
laços sociais aos quais elas têm acesso.

Segundo Nogueira (2013), nem todas as famílias estão equipadas para escolher a “boa” escola,
pois as diferentes famílias pertencentes a distintas classes sociais não têm a mesma condição
de escolha por haver uma “diversidade de projectos educacionais das famílias, pelas
expectativas dos pais em relação à escolarização dos filhos, pela valorização e representação
que as famílias têm da escola”.

Segundo Patto (1998), o sistema público de ensino, em sua maioria, atende famílias advindas
das camadas populares e de fracções inferiores das camadas médias, que acessarão as
instituições de educação básica pública por não terem condições económicas para ingressar em
instituições particulares.

Costa e Koslinski (2011, 2012) evidenciam a existência de um “quase-mercado”, marcado pela


hierarquização entre as escolas e por uma forte desigualdade de oportunidades educacionais.
Estes trabalhos demonstram que, por falta de opção e condições económicas, famílias de
camadas populares e uma parcela das camadas médias são obrigadas a acessar as escolas que
fazem parte do sistema público de ensino, que nem sempre oferecem uma educação de
qualidade, no entanto há escolas públicas que se destacam por sua boa reputação, fazendo com
que as famílias concorram para acessar estes estabelecimentos.

25
Às diferenças existentes em cada família, a forma de mobilização frente à escolarização dos
filhos também se modifica, pois cada uma desenvolverá dinâmicas e formas de socialização
distintas, que impactarão de forma positiva ou negativa na trajectória escolar da prole. Isso
porque a escola terá sentidos e significados diferentes para cada família, influenciando dessa
forma na intensidade de investimento que cada uma atribuirá a este instrumento de ascensão.

Para Soares e Collares (2006), os pais vêm ocupando um papel de destaque na vida escolar dos
filhos, assumindo com maior autonomia as escolhas educacionais e apropriando-se dos
serviços de apoio extra-escolares. Este movimento se deve ao processo de massificação das
oportunidades de escolarização, obrigando as famílias, principalmente as de camadas médias,
a intensificarem os investimentos e estratégias educativas com a finalidade de aumentar as
chances de ascensão social e escolar para seus filhos.

A existência de um “quase-mercado” de Instituições de Ensino e a mudança de condições


económicas por parte dos pais e encarregados de educação, culmina com as mudanças ou
transferências verificadas nas escolas públicas. Os encarregados optam por tirar seus
educandos de escolas públicas para escolas privadas. Em outros casos, tiram os filhos de
escolas públicas para outras escolas públicas dependendo dos indicadores que esses pais
evidenciam.

26
V. Conclusão

O trabalho realizado por uma escola primária é de extrema importância e garante a educação
de crianças e adolescentes por isso, fazer parte do grupo de profissionais que actuam nesta área
é desafiador e ao mesmo tempo, uma oportunidade para aprender.

Como foi enunciado nos pontos anteriores, o objectivo do estágio académico consistiu em
conciliar a aprendizagem adquirida na teoria com a realização do trabalho prático, permitiu a
aquisição de experiência prática e materialização do currículo do curso de Organização e
Gestão da Educação.

As experiências vivenciadas e as actividades realizadas permitiram ir ao encontro do objectivo


definido. Portanto, foi possível aplicar os conhecimentos adquiridos nas diversas disciplinas
do curso de Licenciatura em Organização e Gestão da Educação em aspectos como
planificação, organização, execução e avaliação.

Este estágio académico não se traduziu apenas em aplicar conhecimentos, mas, serviu para
adquirir novos conhecimentos à medida que se realizavam as actividades, que se interagia com
professores, funcionários não docentes e alunos. A apreciação de documentos também permitiu
que se desenvolvessem novos conhecimentos.

Este estágio académico realizado na Escola Primária Completa Maxaquene “B” permitiu
vivenciar uma realidade nova e a visualização na prática das dinâmicas de funcionamento de
uma organização escolar. O que é completamente diferente da percepção que se tem quando se
olha apenas para a teoria.

Em suma, o estágio, para além dos conhecimentos especificados, permitiu o desenvolvimento


de habilidades profissionais, sobre tudo a comunicação interpessoal.

27
VI. Recomendações
Depois de realizado o estágio académico e partindo das experiências vividas neste processo,
apresentam-se as seguintes recomendações para a Escola Primária Completa Maxaquene “B”:

 Fazer a actualização do organograma da escola de acordo com o novo Regulamento do


Ensino Básico;
 Acrescentar estratégias para incentivar a leitura por parte dos alunos;
 Incentivar a adesão e retenção da rapariga para reduzir a disparidade de género na EPC-
Maxaquene “B”;
 Intensificação na criação de condições infraestruturais para inclusão de mais alunos
com NEE.

28
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Especiais Na Educação Física No Ensino Regular, TCC, Centro Universitário de


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30
ANEXOS

31
Anexo 1: Carta de pedido de estágio

32
33
Anexo 2: Resposta da EPC Maxaquene “B” a carta de pedido de estágio.

34
Anexo 3: Termos de Referência do Estágio

35
36
37
38
Anexo 4: Credencial para o Estágio

39
Anexo 5: Avaliação de desempenho

40
41
42

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