Guia de Psicoeducação

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GUIA DE PSICOEDUCAÇÃO

APRESENTAÇÃO
Usar recursos é uma forma eficaz de clarear e elucidar
as práticas e conceitos que você entende que são importantes
para o seu paciente. Os recursos nesta coleção são um
importante apoio/complemento que você pode agregar a
outras cartas com técnicas, livros, vídeos, filmes, quadros
explicativos etc.

O QUE É A PSICOEDUCAÇÃO?
Um dos maiores objetivos de um psicólogo é ajudar o
seu cliente a se tornar independente para poder tocar a vida
por conta própria. Ou seja, é na terapia que ele aprenderá a
lidar com as questões trazidas quando não tiver mais o
psicólogo ao seu lado, desenvolver as habilidades necessárias.
Assim, dominar as estratégias de psicoeducação é essencial
para todo terapeuta de sucesso.
É o famoso “não dê o peixe, ensine a pescar”. No
entanto, existirão situações nas quais você precisará apagar
alguns incêndios que estão ocorrendo. Nesses casos, você
também dará alguns peixes enquanto ensina sobre a pesca. Ou
seja, acolherá e acalmará o paciente para que ele se sinta bem
e possa, de fato, começar a aprender novas habilidades.
Porém, ensinar alguém nem sempre é uma tarefa
simples. Apesar da faculdade de psicologia explicar sobre
abordagens e técnicas, ela falha na hora de te ensinar a
repassar esse conhecimento de forma assertiva aos seus
pacientes.

EXPLICANDO A TÉCNICA
Antes de pular de cabeça em como realizar uma
psicoeducação bem feita, é importante entender em que
consiste essa técnica.
“Psico” se refere à parte da psicologia. Ou seja, são as
técnicas que você quer ensinar, os termos e todo o arcabouço
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prático e teórico que fazem sentido para aquele caso. Já a


“educação” diz respeito à parte pedagógica, de transmitir a
mensagem e o ensino para o paciente.
Você, como terapeuta, pode ter dificuldade em qualquer
uma dessas duas partes. Por isso, o primeiro passo é entender
qual é o seu maior desafio hoje.
Afinal, pode ser que você não saiba como resolver o
problema do paciente, que não saiba quais técnicas podem ser
usadas. Esse é um problema na parte da psico. Assim como
pode ser que você veja de forma clara qual o melhor caminho
para ajudar o paciente, mas não saiba como ensinar isso a ele.
Nesse caso, o desafio está na educação.
No entanto, vale ressaltar que essa prática envolve
também aspectos sociais, emocionais e comportamentais. Por
ela, o terapeuta é um agente de mudanças que precisa estar
atento a todas essas esferas.

POR QUE PSICOEDUCAR?


Estudos já comprovaram que a psicoeducação é uma
forma eficaz de fazer com que a terapia tenha ótimos resultados.
Ela permite que o cliente, familiares próximos e/ou cuidadores
do paciente entendam o que pode ser feito no seu cotidiano para
lidar melhor com o motivo que os trouxe para a terapia.
Um estudo, por exemplo, mostrou que a psicoeducação
fez com que um grupo de pessoas que convivia com alguém
acometido por Alzheimer tivesse até 80% mais ações positivas
do que quem não teve acesso à psicoeducação. Outro mostrou
que pacientes com esquizofrenia tiveram uma grande melhora
no seu quadro ao aprenderem sobre a sua condição e sobre quais
técnicas poderiam aplicar.

PSICOEDUCAÇÃO E TCC
A forma como a Terapia Cognitivo Comportamental
(TCC) faz uso da psicoeducação é uma das suas maiores
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vantagens frente às outras abordagens que existem, com base


nas várias pesquisas que já comprovaram a sua eficácia.
Na TCC, a psicoeducação aparece quando você ensina o
cliente sobre o modelo cognitivo, as hipóteses diagnósticas, o
processo terapêutico, as técnicas e estratégias que vocês irão
criar juntos e muito mais.
Levando em conta que a TCC é uma abordagem com um
foco claro e prático, fazer com que o paciente entenda o
processo e o que ele precisa aplicar na sua vida é fundamental.

COMO UTILIZAR A TÉCNICA DA


PSICOEDUCAÇÃO COM SEU
PACIENTE

Por ser um ponto importante para o avanço do paciente,


você precisa se certificar de que, como terapeuta, está se
esforçando para realizar uma boa psicoeducação e, dessa
forma, passar o seu conhecimento de uma forma que o
paciente entenda e possa aplicar.
Porém, essa tarefa pode ser mais difícil do que parece.
Por passar anos e anos estudando psicologia, alguns conceitos
e ideias podem já parecer muito óbvios para você, de forma
que seja complicado simplificar e tornar aquilo palpável para o
paciente.
Mas fique tranquilo, pois a seguir você verá algumas
dicas do que você pode observar e cuidados que precisa ter
ao aplicar a psicoeducação na prática clínica:

1. Entenda a demanda
“Um problema bem definido já é metade de um
problema resolvido” disse Charles Kettering, que foi líder de
pesquisa na General Motors por quase 30 anos.
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Saber exatamente com o que você está lidando, as


expectativas do cliente para a terapia e o que ele entende por
aquele sofrimento ou situação que vem passando é essencial
para o processo terapêutico.
Até dentro do quadro de uma mesma psicopatologia,
como a depressão, pode ser que seus pacientes tenham
necessidades diferentes. Ou seja, a psicoeducação que
funcionou com um, pode não ser efetiva para outro.

2. Saiba como o paciente aprende


Hoje em dia já se sabe que existem muitas formas
diferentes de aprender. Por isso, saber quais métodos são mais
efetivos para o seu paciente faz toda a diferença.
Afinal, não adianta passar livros e textos extensos para
alguém que não gosta de ler. Mas pode ser que essa mesma
pessoa ame podcasts e, dessa forma, vá se dedicar mais a ouvir
um audiobook, por exemplo.
Pergunte ao paciente o que ele gosta de fazer, como ele
desenvolveu suas habilidades no passado e, assim, explore
essas descobertas e aptidões que ele já tem dentro de si.

3. Use informações reais


Nos casos em que o paciente resiste à ideia de colocar
em prática os combinados da sessão, é comum que ele não
esteja acreditando ou confiando no que você sugere.
Por isso, antes de iniciar a prática, você pode trazer
dados, informações reais, notícias e relatos de pessoas que já
tiraram proveito do que você acredita que será bom para o seu
paciente.
E, claro, ao fazer isso, tenha certeza de passar a
informação de forma que ele vá entender. Não será efetivo, por
exemplo, falar sobre artigos científicos complexos para
alguém com baixo nível de escolaridade – seja coerente com o
caso!

4. Descomplique a psicoeducação
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Um erro de muitos psicólogos é falar muito


“psicologuês” com seus pacientes. Esse é um grande obstáculo
para a educação do cliente porque, para aprender e assimilar
algo, é preciso entender o conteúdo.
Como você se sentiria se um físico com várias
especializações conversasse com você sobre física usando o
mesmo vocabulário da sua última tese? Acredito que ficaria
perdido assim como eu (a menos que você seja um psicólogo
com um super interesse por física).
Se coloque no lugar do outro. Leve em conta que o
paciente pode não saber do assunto que você está falando e
pergunte se ele está conseguindo entender. Usar vocabulário
simples, comparações e analogias são boas formas de passar
por cima dessa barreira do aprendizado.

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