Ano 1 Ginecologia 9-230710-183123-1689063358
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GINECOLOGIA
ENDOMETRIOSE
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SUMÁRIO
ENDOMETRIOSE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
3. Etiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.1. T
eoria da menstruação retrógrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.2. T eoria imunológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.3. T eoria da metaplasia celômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3.4. T eoria da disseminação linfática/hematogênica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3.5. Teoria iatrogênica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3.6. T eoria dos restos embrionários ou mülleriana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
4. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.1. Fatores hormonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.2. F atores genéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.3. Fatores ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
8. D
iagnóstico diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
8.1. Quadros ginecológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
8.2. Q uadros não ginecológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
9. C
lassificação da endometriose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
10. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
10.1. C
onduta expectante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
10.2. Dor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
10.3. C asos especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2
ENDOMETRIOSE
importância/prevalência
u A endometriose é uma doença benigna muito frequente nas mulheres em idade reprodutiva.
u Infelizmente, ainda é subdiagnosticada. Para pensar no diagnóstico de endometriose, precisamos ficar
atentos aos principais sinais e sintomas, como dor e infertilidade.
u Para se lembrar do quadro clínico, lembre-se da dica do Prof. Kitamura: os 6 Ds da endometriose!
u O tratamento deve ser individualizado. E, para a maior parte das pacientes, ele é clínico!
u É um tema que vai cair cada vez mais nas provas!
É uma patologia benigna caracterizada pela pre- Endometriose se refere ao tecido endometrial fora da
sença de tecido endometrial (estroma e glândulas cavidade uterina. Já a adenomiose ocorre quando há
tecido endometrial dentro do miométrio. Portanto, são
endometriais) ectópico (fora da cavidade uterina).
conceitos diferentes e não devem ser confundidos. Falo
sobre a adenomiose no capítulo de sangramento uterino
anormal.
BASES DA MEDICINA
3
Endometriose Ginecologia
Percebemos que há uma incidência maior em Nessa teoria, o que se propõe é que esse fluxo mens-
pacientes com determinados sinais e sintomas: trual retrógrado conteria células endometriais viáveis
u Mulheres em geral: 10%-15%. que iriam se fixar e crescer em locais ectópicos.
u Mulheres com infertilidade: 20%-50%. Pontos a favor: pacientes com alterações anatômi-
u Mulheres com dor pélvica crônica: 20%-50%. cas que dificultam ou impedem o fluxo menstrual
normal pela vagina (septo vaginal), e que teriam
u Dismenorreia: 50%.
maior fluxo retrógrado, têm maior prevalência de
Portanto, em pacientes com infertilidade, dor pélvica endometriose.
crônica e dismenorreia, é sempre importante pensar Pontos contra: não explica por que somente uma
em endometriose. parte das mulheres com menstruação retrógrada
Em mulheres jovens/adolescentes, alguns casos tem endometriose ou a presença de lesões de
estão associados a malformações mullerianas e endometriose em locais extrapélvicos ou as lesões
a quadros de obstrução do canal vaginal (septo em homens (forma muito rara).
vaginal).
3.2. TEORIA IMUNOLÓGICA
3. E TIOLOGIA
BASES DA MEDICINA
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Endometriose
O surgimento da endometriose
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Endometriose Ginecologia
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Endometriose
Obliteração
do orifício de
saída uterino
Metástase linfovascular Restos embrionários
Menstruação
Células-tronco
retrógrada
Endometriose
Fatores mecânicos/
Metaplasia celômica
anatômicos
Fatores imunes
Fonte: SanarFlix.
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Endometriose Ginecologia
6. LOCAIS DE ACOMETIMENTO
BASES DA MEDICINA
De acordo com vários estudos, sabe-se que fatores que Locais mais comuns de lesões:
aumentam os níveis estrogênicos estão associados ao u Ovário (local + comum).
risco de endometriose; por exemplo, menarca precoce, u Fundo de saco posterior (de Douglas)/Região
menopausa tardia, infertilidade e malformações uterinas.
Isso se deve, como explicado no tópico anterior, à resposta retrocervical.
alterada do tecido endometrial ectópico ao estrógeno. u Ligamentos uterossacros.
Sendo assim, espera-se que situações que reduzem o u Fossa ovariana.
nível de estrógeno diminuem o risco de endometriose,
como, por exemplo, a supressão ovariana, a menopausa u Peritônio pélvico.
e a amenorreia. Além disso, há evidências de aumento u Intestino (retossigmoide, íleo e apêndice cecal).
da endometriose e severidade da doença em mulheres
com parentes de primeiro grau acometido. Inclusive, u Bexiga.
mulheres com história familiar apresentam risco 7 vezes u Ureter.
maior de desenvolver doença mais grave, bilateral e mais
precoce, sugerindo fortemente um padrão hereditário
u Cicatrizes abdominais.
da doença. Alguns estudos evidenciaram a presença de u Diafragma.
2 principais genes que, alterados, estão implicados na
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Endometriose
BASES DA MEDICINA
BASES DA MEDICINA
Fonte: Acervo Sanar.
Para entender o porquê da dor, lembre-se de que as lesões
respondem a estímulos hormonais e geram respostas
inflamatórias locais mais intensas no período menstrual.
7. D IAGNÓSTICO
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Endometriose Ginecologia
Lesões que podem invadir bexiga e ureteres podem DIA A DIA MÉDICO
ser assintomáticas ou apresentar sintomas, geral-
mente cíclicos (relacionados ao período menstrual),
Avaliar um quadro álgico nem sempre é fácil. Faz parte
como disúria e hematúria. de dia a dia do médico.
Quadros mais graves, como os que invadem/compri-
mem ureter, podem levar a quadro de hidronefrose/
É muito interessante tentar ser objetivo e até “quan-
obstrução urinária.
tificar” a dor. Então, para todos os sintomas álgicos,
podem ser usadas escalas de dor para avaliação
7.2.2. Endometriose intestinal
de resposta ao tratamento clínico e à progressão
Também pode ser assintomática. de sintomas.
Quando os sintomas existem, podem ser cíclicos Um exemplo seria usar uma escala visual analógica
(relacionados ao ciclo menstrual), como disquezia, para avaliação da dor.
constipação ou diarreia, sangramento intestinal
(hematoquezia) e dores abdominais.
A dor não é necessariamente relacionada à extensão da Mas e em casos de endometriose mais leve?
doença. Vemos pacientes com muitas lesões infiltrativas A resposta inflamatória no local da doença pode
e assintomáticas, e pacientes com lesões mínimas e
levar a alterações da qualidade dos óvulos e da
quadros de dor incapacitante.
receptividade endometrial.
7.2.3. Infertilidade
BASES DA MEDICINA
Lembre-se do começo do capítulo: até metade das
mulheres com infertilidade podem ter endometriose. Então, as aderências causadas pela endometriose podem
E quais seriam os motivos para isso? impedir a captura e o transporte do oócito pela tuba ute-
rina. Além do impedimento mecânico da ovulação e da
Vamos lá: as lesões podem levar a aderências, fertilização, alterações nas funções ovariana e imune, bem
alterando a anatomia da pelve e até obstruindo as como na implantação, estão relacionadas à infertilidade.
tubas uterinas (essa é a causa de infertilidade por
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Endometriose
DICA
Qual o procedimento padrão-ouro
7.2.4. 6 Ds da endometriose para diagnosticar a endometriose?
Mnemômnico para se lembrar do quadro clínico W A laparoscopia com biópsia das lesões
da Endometriose. é o procedimento mais eficiente, mas
ele não deve ser indicado para todas as
6 Ds (dismenorreia, dor pélvica crônica, dispareunia, pacientes!
dificuldade para engravidar, dor/ dificuldade cíclica
para urinar, dor/dificuldade cíclica para evacuar).
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Endometriose Ginecologia
CA-125: Não é e não deve ser utilizado para diag- Patologias que podem fazer diagnóstico diferencial
nóstico. com endometriose:
u Não é sensível e nem específico para o diagnós-
tico da endometriose.
8.1. QUADROS GINECOLÓGICOS
u Vale lembrar que pode estar aumentado em pa-
cientes sem lesões, pacientes com patologias u Doença inflamatória pélvica.
benignas (leiomiomas, adenomiose, cistos be-
nignos de ovários, ascite) e patologias malignas
u Adenomiose.
(câncer de ovário, câncer de endométrio). u Tumores ovarianos.
u Pode ser utilizado para seguimento pós-opera-
tório em alguns casos.
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Endometriose
Não ginecológico
u Síndrome do intestino irritável.
Cistite intersticial
u Cistite intersticial.
u Fibromialgia. Infecção crônica do trato urinário
Cálculo renal
Quadro 2. Diagnóstico diferencial da endometriose.
Doença inflamatória intestinal
Diagnóstico diferencial da endometriose
Síndrome do intestino irritável
Ginecológico
Diverticulite
Doença inflamatória pélvica
Linfadenite mesentérica
Abscesso tubo-ovariano
Distúrbios musculoesqueléticos
Salpingite Fonte: Elaborado pelo autor.
Endometrite
Leiomioma em degeneração
A endometriose é classificada em:
Gravidez ectópica u Superficial (peritoneal).
Outras complicações da gravidez u Ovariana (endometrioma de ovário).
u Profunda (lesões infiltrativas com mais de 5 mm
de profundidade).
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Endometriose Ginecologia
• “Chama de vela”
• Excrescência glandulares Existe uma classificação cirúrgica da Sociedade
Vermelha
• Petéquia peritoneal Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) que
• Áreas de hipervascularização avalia e pontua as lesões de EDT com o intuito de
• Opacificações brancas estadiar a doença. Tal classificação tem algumas
• Aderências subovarianas falhas, como não inserir as lesões profundas e não
Branca • Defeito, falha ou janela peritoneal correlacionar as lesões com os sintomas da doença,
• Lesões amarronzadas (amarelo amar- além de haver falta de fatores prognósticos. Além
ronzadas), em “café com leite” disso, não é possível delimitar tratamentos visando
Fonte: FEBRASGO². tanto ao controle da dor quanto à melhora fertilidade
com base nessa classificação.
BASES DA MEDICINA
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Endometriose
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Endometriose Ginecologia
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Endometriose
Além da retirada das lesões, liberam-se as aderências Endometriomas pequenos em pacientes assintomá-
pélvicas com o objetivo de restabelecer a anatomia normal
ticas geralmente podem ser seguidos clinicamente.
da pelve feminina.
Alguns guidelines orientam operar se o endome-
trioma for > 4 cm (esse valor pode variar: 5 cm,
Se há desejo reprodutivo, deve ser conservadora,
6 cm…), de preferência com cistectomia (retirada de
preservando útero e ovários e tentando restabelecer
todo o cisto com sua cápsula), já que as pacientes
a anatomia local.
evoluem com menos dor e menos recorrência do
que com punção, drenagem ou coagulação.
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Endometriose Ginecologia
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Endometriose
Endometriose
Tratamento
Teorias Quadro clínico Diagnóstico
individualizado
Ressonância
Metaplasia celômica Dor pélvica acíclica Infertilidade
magnética
USGTV com
Iatrogênica Dispareunia FIV x Cirurgia
preparo intestinal
Dor/Dificuldade
para urinar cíclica
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Endometriose Ginecologia
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Endometriose
QUESTÕES COMENTADAS
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Endometriose Ginecologia
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Endometriose
Questão 8
⮦ endossalpingiose
⮧ distopia genital.
⮨ obstrução intestinal crônica intermitente.
⮩ endometriose profunda.
⮪ espasmos musculares de assoalho pélvico.
Questão 9
Questão 10
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Endometriose Ginecologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Endometriose
Assertiva I: VERDADEIRA. Uma das teorias mais acei- Y Dica do professor: A paciente da questão apresenta
tas é a do implante peritoneal do endométrio cau- lesões suspeitas de endometriose à USG transvagi-
sado por menstruação retrógrada. nal e tem dismenorreia progressiva como sintoma
Assertiva II: VERDADEIRA. A endometriose acomete álgico. Não deseja engravidar no momento. Inicial-
10 a 15% das pacientes na menacme e está presen- mente para essa paciente, poderíamos propor um
te em cerca de 20 a 50% das mulheres inférteis ou tratamento hormonal visando ao controle do qua-
com dor pélvica crônica. dro clínico. Como opções de tratamento hormonal,
temos tanto o anticoncepcional combinado (que
Assertiva III: VERDADEIRA. Existe uma relação entre pode ser realizado com intervalos ou de forma con-
endometriose e exposição estrogênica. tínua) como o progestagênio isolado (nesse caso,
Assertiva IV: FALSA. O padrão-ouro é laparoscopia contínuo). Pela história, não há indicação cirúrgi-
com biópsia e estudo anatomopatológico das le- ca nem necessidade de realização de ressonância
sões, mostrando tecido endometrial. magnética, pois a paciente já fez um bom exame
para visualização de lesões (US transvaginal com
✔ resposta: D preparo intestinal).
✔ resposta: C
Questão 4 dificuldade:
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Endometriose Ginecologia
Alternativa A: INCORRETA. Na maioria das vezes, o Alternativa D: CORRETA. A região retrocervical é lo-
exame especular vaginal é normal em casos de cal frequente de aparecimento de endometriose,
endometriose. que costuma ser multifocal, então é interessante
Alternativa B: INCORRETA. O CA-125 não é critério uma ultrassonografia com preparo intestinal para
investigação de outros focos.
para diagnóstico de endometriose, pois possui uma
baixa especificidade, podendo elevar-se em várias Alternativa E: INCORRETA. Tal hipótese não justifica-
outras situações que não a endometriose. ria os achados do exame físico.
Alternativa C: INCORRETA. Dor à mobilização do colo ✔ resposta: D
do útero não confirma a endometriose, pois existem
outras condições que podem causar essa alteração,
Questão 9 dificuldade:
como a doença inflamatória pélvica, por exemplo.
Alternativa D: INCORRETA. A USG pélvica simples Y Dica do professor: O enunciado está meio pobre,
pode até ser útil para identificar endometriomas mas, se considerarmos que é consulta de rotina
ovarianios, mas dificilmente irá visualizar as lesões e não há relato de queixas, mantemos o método
retovaginais (para essas, seria melhor uma USG anticoncepcional e seguimos ambulatorialmente.
transvaginal com preparo intestinal). Não há propósito em seriar marcador tumoral no
Alternativa E: CORRETA. O melhor método diagnós- momento.
tico é a laparoscopia, pois é possível visualizar pe- ✔ resposta: A
quenos implantes superficiais, apesar de não ser
indicada em todos os casos.
resposta: E Questão 10 dificuldade:
✔
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