Pensamento Científico?
Pensamento Científico?
Pensamento Científico?
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Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira
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Fonte: Shutterstock.
qual diversas grandes potências reservam uma parcela de seu PIB para investir
em ciência e tecnologia, mas não encontrou nenhuma explicação dentro de um
contexto histórico apropriado que detalhasse as principais características do
conhecimento científico.
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Sem um contexto adequado é impossível discutir o que é conhecimento
científico, bem como explicar quais seriam suas características e o porquê desse
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tipo de conhecimento ser único em sua espécie. Por causa dessa dificuldade de
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disciplina atribuída a eles para avaliar suas hipóteses e teorias, bem como
questionar suas bases analisando a possível compatibilidade com os resultados
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da ciência.
c. A psicanálise não parece ser uma ciência, ou talvez seja uma pseudociência,
porque suas principais hipóteses não constituem uma teoria científica. Mais
ainda, algumas alegações sobre possíveis entidades ou objetos não podem ser
testadas ou demonstradas empiricamente. Ela também tem outro ponto falho,
que consiste na ausência de uma formalização lógica adequada da qual seja
possível a extração objetiva do significado de um conceito central no campo.
“
para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são
autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer.
— Carl Sagan, entrevista de 1996.
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CONCEITO-CHAVE
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CONHECIMENTO CIENTÍFICO: SISTEMATICIDADE, FALIBILIDADE E
QUESTIONABILIDADE
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o filósofo Hegel buscou desenvolver a dialética dentro de seu sistema filosófico,
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admitindo alguns pressupostos da tese original, como a ideia de que existe uma
unidade dos opostos e a noção segundo a qual todas as coisas mudam. No
entanto, Hegel foi muito pouco claro sobre o que ele queria dizer com “dialética”,
de modo que até hoje não existe um consenso entre filósofos sobre o que ela é:
uma lógica não clássica, que romperia com o Princípio da Não Contradição da
ciência moderna; uma ontologia das coisas; ou simplesmente ambas. Apesar do
extenso debate filosófico sobre a dialética, ela não conseguiu ganhar espaço em
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admitida por filósofos científicos – ou seja, filósofos que estão em dia com os
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resultados da ciência e tecnologia –, que assumem que a ciência produz um tipo
de conhecimento mais profundo e verdadeiro.
em que tudo deve ser questionado, que advoga por um questionamento absoluto,
irresponsável, descontrolado e, portanto, dogmático. A questionabilidade
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Rand. A objetividade se refere à pretensão clara e objetiva na formulação de
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enunciados científicos, evitando o subjetivismo interpretativo, que é a noção
segundo a qual é possível a extração de diversas interpretações e múltiplos
o objetivo da ciência não seria mais a verdade. No entanto, essa concepção ignora
que todas as revoluções científicas são sempre parciais, que elas nunca rompem
característica positiva da ciência, pois ela foi atualizada com os dados da genética
e da biologia molecular, revelando um panorama ainda mais abrangente sobre a
nos seres humanos modernos. No entanto, a ciência não progride apenas com
base em experimentos, ela precisa de racionalidade.
formas, pelo menos: a ideia de que todo discurso científico é debatível de forma
organizada (com o exercício do uso da razão) ou a ideia de que o raciocínio
formal é um alicerce na construção do conhecimento científico. A primeira ideia
pressupõe tacitamente características anteriormente explicadas, como as noções
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racionalmente conhecimentos e problemas científicos, enquanto a segunda
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exprime a ideia de que a construção de conceitos lógicos e formais serve para
pois são necessários sempre símbolos e expressões matemáticas não apenas para
representar objetos, mas também para quantificar os dados oriundos da
fornecer uma explicação mais adequada com base nos dados e nas evidências da
investigação científica, de modo que não é um mero exercício lógico destituído de
valor empírico.
coisas.
ASSIMILE
1. O conhecimento científico advoga pelo princípio de racionalidade, de
modo que seu discurso é universalmente compreensível.
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evidências da realidade.
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3. Toda a atividade científica cultiva o questionamento cético moderado
ou razoável, que é orientado pela evidência.
do que um cientista pensa a respeito. Pelo mesmo motivo, a ciência não deve ser
comparada com a política, pois seu conhecimento não é decidido como
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uma suposta ideologia contrária à aceita pelo Estado, como aconteceu no caso
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dos geneticistas de plantas na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS).
pureza genética”.
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Carnap, durante a emergência do positivismo lógico do Círculo de Viena. Esse
círculo era formado por um grupo de cientistas e filósofos interessados nos
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problemas filosóficos, históricos e sociológicos da ciência. A despeito dos mitos
que circulam sobre o círculo, eles defendiam teses bastantes heterogêneas,
A tese verificacionista de Carnap postulava que uma proposição tem sentido se, e
somente se, existir alguma circunstância que permita sua verificação. Se não
Karl Popper.
Karl Popper enfatizou que a tese não era suficiente como um critério para
proposições, além de diversos outros problemas enumerados em sua obra A
Lógica da Pesquisa Científica (2013), argumentando que a condição de
verificabilidade não é suficiente para que uma proposição ou teoria seja
refutação, a teoria não é considerada científica. Com isso, Popper lançou as bases
de sua hoje conhecida tese: o falseacionismo.
REFLITA
1. Dado o sucesso do conhecimento científico na explicação de diversos
fenômenos da realidade, o que torna a ciência um campo confiável?
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contemporânea, por que é importante adotar o ceticismo científico?
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3. Por que a lógica é um elemento indispensável dentro do conhecimento
científico?
contempla disciplinas que lidam com aspectos formais do método científico, que
usam seu aspecto de racionalidade para investigar problemas matemáticos,
lógicos e semânticos. Para clarificar essa abrangência, é necessária uma distinção
rápida sobre esses dois tipos de ciências: a ciência fática (ou factual) e a ciência
formal.
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da ciência e ao enriquecimento cultural através da atividade de divulgação
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científica.
EXEMPLIFICANDO
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O ceticismo, argumenta Sagan, é uma ferramenta indispensável para não deixar
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enganar a nós mesmos.
a. Uma abordagem filosófica que adota a suspensão de juízo pela impossibilidade de provar algum
fenômeno.
d. Uma abordagem que consiste na dúvida metódica ou razoável aplicada a situações e afirmações
destituídas de boas evidências.
Correto!
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O que significa verificacionismo?
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a. Um critério de demarcação entre ciência e pseudociência.
Correto!
proposição tem sentido se, e somente se, existir uma circunstância que
permita sua verificação. Se não existir, a proposição não faria outra coisa
senão trazer pseudoproblemas. Nos anos 1930, essa tese foi duramente
criticada pelo filósofo da ciência Karl Popper. Em comparação com o
permita sua refutação. Se não existir, a teoria não pode ser considerada
científica.
d. Um axioma matemático.
Questão 3
A lógica é uma ciência formal, embora possa ser aplicada na ciência fática com o
objetivo de proporcionar melhor clareza e objetividade para os enunciados
científicos. Seu uso evita a ambiguidade da linguagem ordinária, facilita o
entendimento conceitual e impede a contradição no conhecimento científico. A
dialética, por outro lado, tolera contradições e ambiguidades da linguagem
ordinária. No entanto, ela ainda é considerada por muitos como uma ferramenta
essencial para a ciência, os quais acabam ignorando suas implicações com o
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Princípio da Não Contradição de Aristóteles e defendendo que ela serve como
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uma técnica de comparabilidade entre ideias aparentemente distintas, a partir
da qual, de alguma forma, seria possível a extração de uma nova ideia ou
hipótese.
a. Friedrich Hegel.
b. Friedrich Nietzsche.
c. Martin Heidegger.
d. Aristóteles.
e. Heráclito.
Correto!
REFERÊNCIAS
BUNGE, M. La Ciencia, su Método y su Filosofía. [S.l.]: Editora Sudamericana,
2014.
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Philosophy. [S.l.]: Editora Open Court, 2003.
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MARCONDES, D. Textos Básicos de Filosofia e História das Ciências: a revolução
científica. [S.l.]: Editora Zahar, 2016.
SAGAN, C. O Mundo Assombrado Pelos Demônios: a ciência vista como uma vela
no escuro. [S.l.]: Editora Companhia de Bolso, 2006.