POLÃ CIA MILITAR DO CEARÃ (Material)

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HISTÓRIA DO CEARÁ

PROF. WESLEY GUERRA

CEARÁ COLONIAL

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O Ceará foi para Portugal uma região periférica. Território de difícil ocupação. Algumas razões: correntes aéreas e
marítimas (que dificultavam o acesso a costa cearense), a agressividade do meio físico (litoral de difícil atracagem, secas
e outros), a reação dos indígenas à presença do invasor português e a presença constante de estrangeiros na região.

*Em fins do século XVII e início do século XVIII, o Ceará foi integrado ao projeto colonial de Portugal, com
base na pecuária.

O espanhol Vicente Yañez Pinzón, experiente navegador e companheiro de Cristóvão Colombo na viagem de descobrimento
da América, em 1492, teria, em fins de janeiro ou início de fevereiro do ano de 1500, atingido o Ceará num cabo ao qual
chamou de Santa Maria de la Consolacion (que seria hoje Ponta Grossa, no município de Icapuí) visitando em seguida
uma outra área onde cravou uma cruz que dias depois seria encontrada por um outro navegador espanhol, Diogo de Lepe,
que chamou a região de Rostro Hermoso (que corresponderia ao atual Mucuripe, Fortaleza).

Indígenas

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Duas importantes correntes de interiorização do território cearense no período colonial:

Sertão de fora (dominada pelos pernambucanos, que se deslocavam pela faixa mais próxima do litoral, seguiram pela
Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, em direção do Maranhão)

Sertão de dentro (controlada pelos baianos, que vinham pelo interior nordestino, abrangendo a região que vai do médio
São Francisco ao rio Parnaíba (PI), ocupando o sul da capitania cearense.

Algodão

- A cotonicultura tornou-se a principal atividade econômica

- Cotonicultura brasileira impulsionada pela Revolução Industrial e pela Independência dos EUA.

*Não se pense, entretanto, que o crescimento da lavoura algodoeira excluiu a atividade pecuarista: pelo
contrário, acomodaram-se uma à outra, dando origem ao binômio gado/algodão.

Ouro

Registraram-se tentativas malsucedidas de encontrar minas de prata e ouro nas serras doso Cocos e Ibiapaba, no ano de
1744, e no vale do Cariri, em 1750.

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Açúcar

Ainda no século XVIII, por volta de 1731, encontramos no Cariri as chamadas engenhocas (espécies de
engenhos pequenos, com uma moenda de madeira movida a tração animal), que, além de açúcar, produziam
mel, cachaça e, principalmente, rapadura, iguaria de grande aceitação na culinária popular. Era uma produção
voltada para o mercado local – a rapadura destinava-se às feiras das vilas carirenses e regiões limítrofes. Não
alcançava, porém, grandes preços.

Presença da Igreja Católica no Ceará

A Igreja Católica se fez presente no Ceará desde as primeiras tentativas de conquista da terra. Algo
compreensível, afinal a expansão colonial portuguesa era legitimada pelo Papa, conforme a necessidade de
expandir a fé cristã.

*Sobressaíram-se três missões em torno de Fortaleza: Parangaba, Paupina (Messejana) e Caucaia, e o aldeamento de
Ibiapaba.

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Vinculado a Pernambuco

Ceará passou a condição de capitania subalterna a Pernambuco em 1656

*A expansão da cotonicultura seria fundamental para possibilitar a separação entre Ceará e Pernambuco em 1799, e o
estabelecimento de comércio direto com Portugal.

Seca

As secas apresentam grande importância para a compreensão da história cearense, influenciando no dia a dia
dos habitantes, no movimento das populações e mesmo na produção da cultura local. A seca, assim, é um
fenômeno não apenas climático, mas também social e cultural.

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REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817

A participação cearense na Revolução de 1817 era importante para os pernambucanos. De início, evitaria que a Coroa
abrisse uma outra frente de combate ao movimento (o que, no final das contas, acabou ocorrendo, pois, o então
governador cearense Inácio Sampaio enviou tropas para conter a revolta). Depois, a posição estratégica do Ceará facilitaria
a propagação da insurreição para as demais capitanias do norte (Piauí, Maranhão e Pará).

A Revolução de 1817 foi sufocada, mas suas causas, não. O descontentamento das classes dominantes só
aumentaria nos anos seguintes, provocando vários confrontos, entre estes a Confederação de 1824, a mais
importante rebelião da região, na qual o Ceará e a família Alencar tiveram importante participação.

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CEARÁ NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

No Crato surge um movimento pró-independência sob a chefia de Tristão Gonçalves e José Pereira Filgueiras.

A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR

A revolta iniciou-se em Pernambuco e propagou-se pelo Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Alagoas, contando
com apoio popular, inclusive. D. Pedro I logo enviou forças para sufocar a Confederação.

A 9 de janeiro de 1824, numa atitude bastante ousada, mas que evidenciava o descontentamento dos “patriotas” e a
radicalização política do momento, a Câmara de Campo Maior de Quixeramobim, sob a influência do Pe. Inácio de Loiola
Albuquerque e Melo (mais tarde Pe. Mororó), em protesto contra a “horrorosa perfídia de D. Pedro I declarou excluído do
trono do imperador e decaída a dinastia Bragantina”, proclamando-se um governo salvador republicano, cujo comando
das armas deveria ser entregue a José Pereira Filgueiras.

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✓ Em abril de 1825, instalava-se em Fortaleza, sob a presidência de Conrado Jacob Niemeyer, a comissão militar
que deveria condenar à morte os revolucionários cearenses, dentre eles: Pe. Mororó, João de Andrade Pessoa
Anta, Francisco Miguel Pereira Ibiapina, Feliciano José da Silva Carapinima, Luís Inácio de Azevedo Bolão, Frei
Alexandre da Purificação, Antônio Bezerra de Sousa e Menezes e José Ferreira de Azevedo. Os três últimos,
contudo, tiveram a pena comutada em degredo para a Amazônia

✓ Os condenados deveriam morrer na forca, mas como ninguém quis fazer as vezes de carrasco, foram arcabuzados
em 1825, no antigo Campo da Pólvora, depois chamado Praça dos Mártires (este nome é uma homenagem a
estes “heróis” cearenses, ali executados), atual Passeio Público.

SEDIÇÃO DE PINTO MADEIRA

Insurreição do Crato

✓ Pode-se dizer que os fuzilamentos dos líderes rebeldes na Praça dos Mártires, a morte de Tristão Gonçalves e a
debandada dos adesistas do interior, a facção “patriota”/liberal praticamente sumiu do firmamento político da
província nos anos posteriores à Confederação. Os “corcundas” era senhores absolutos do Ceará.

✓ O Ceará vivia um dos períodos mais trágicos de sua história. O ano de 1825 herdara os resquícios da Confederação
do Equador. Nos sertões, grupos de populares, armados na refrega, vagavam sem rumo certo, matando,
espancando ou expulsando remanescentes liberais ou indivíduos acusados de cumplicidade, estupravam
mulheres, praticavam vinditas pessoais.

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❑ No dia 13 de maio de 1831, com a chegada de um navio inglês, vindo de Pernambuco para Fortaleza, os cearenses
souberam da abdicação de D. Pedro I. os segmentos liberais, adesistas e mesmo populares saíram às ruas
para celebrar o acontecimento, e a machadadas derrubaram a forca do Campo da Pólvora (no atual Passeio
Público) a qual deveria ter sido usada para executar os revolucionários de 1824.

❑ Os segmentos liberais do Crato conseguiram, em julho de 1831, a cassação do posto de coronel de milícias
de Pinto Madeira, sob o pretexto de que havia sido ilegalmente promovido. Determinaram ainda a sua
prisão. Ao mesmo tempo, o novo governo interino da província, nas mãos de Manuel Antônio da Rocha Lima,
determinou o início de uma devassa contra os habitantes de Jardim (localização das terras de Pinto Madeira).
Acusavam Madeira de estar preparando uma revolta de cunho restaurador, visando reconduzir D. Pedro I ao
trono.

❑ Ante as ameaças e perseguições dos liberais e, de fato, estando Pinto Madeira ligado a conspirações
absolutistas e restauradoras nacionais, partiu para o embate. Contando com a influência da vila de Jardim,
e tendo o estímulo de Pe. Antônio Manuel de Sousa, passou a articular uma revolta.

❑ A historiadora Keile Fêlix destaca que possivelmente o objetivo de Pinto Madeira e dos demais revoltosos das
províncias vizinhas que defendiam o retorno de D. Pedro I seria separar as províncias do norte e formar um
Império chamado “Amazonas” ou “Equador”.

❑ Região Metropolitana do Cariri: Somando-se aos municípios de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, foram
incluídos os municípios limítrofes de Caririaçu, Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda, Santana do
Cariri. Tem como área de influência a região sul do Ceará e a região da divisa entre o Ceará e os estados
de Pernambuco, Paraíba e Piauí.

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❑ O Vale do Jaguaribe é uma região socioeconômica no estado brasileiro do Ceará, que compreende os
municípios de Russas, Jaguaruana, Morada Nova, Limoeiro do Norte, Jaguaribe, Tabuleiro do Norte, Quixeré,
Jaguaretama, Alto Santo, Pereiro, Iracema, Jaguaribara, São João do Jaguaribe, Ererê e Potiretama.

INÍCIO DA REVOLTA

(Sedição de Pinto Madeira)

Em Várzea Alegre, a 6 de fevereiro de 1832, aconteceu o primeiro embate entre as forças governistas com os sediciosos,
os quais, derrotados, fugiram para o Alto Cariri. O governo cearense põe a prêmio a cabeça de Pinto Madeira e do vigário
Antônio Manuel de Sousa.

O CEARÁ REGENCIAL

❑ Período regencial é como ficou conhecido o decênio de 1831 a 1840 na História do Brasil, compreendido entre
a abdicação de D. Pedro I e a "Declaração da Maioridade", quando seu filho D. Pedro II teve a maioridade
proclamada.

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❑ Quando da eleição dos 28 membros da Assembleia Provincial (instalada a 7 de abril de 1835), havia no Ceará
duas parcialidades: liberais ou “chimangos de um lado, e conservadores e “caranguejos” do outro.

❑ No Partido Liberal ou Chimango, chefiado pelo então


presidente da província Pe. José Martiniano de Alencar,
enfileiravam-se as mais importantes famílias latifundiárias
cearenses, das quais faziam parte os antigos “patriotas”,
remanescentes dos movimentos de 1817 e 1824.

❑ O Partido Conservador ou “Caranguejo”


reunia, a princípio, comerciantes, militares e
fazendeiros “corcundas”, apresentando uma
menor expressividade na política cearense
durante boa parte da década de 30.

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