Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente Do Egrégio Tribunal de Justiça Do Estado de Alagoas-Al

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Para conferir o original, acesse o site https://www2.tjal.jus.br/pastadigital/sgcr/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0707279-87.2020.8.02.0058 e código ht5r5e7M.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por DARLAN FRANCISCO ROCHA DOS SANTOS e www2.tjal.jus.br, protocolado em 08/01/2021 às 00:00 .
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR
PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
ALAGOAS-AL

DARLAN FRANCISCO ROCHA DOS SANTOS, advogado


inscrito na OAB/AL 13.592, vem a presença de Vossa Excelência, com
fulcro no artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, e nos artigos
647 e 648, inciso I, do Código de Processo Penal, impetrar

HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR

em favor de LUCAS SALUSTIANO DA SILVA, brasileiro,


convivente, agricultor, filho de Vanuzia Rozendo da Silva, portador do
CPF nº 704.700.964-70, nascido em 10/08/1995, alagoano de
Arapiraca, residente e domiciliado no Sítio Cajarana, Zona Rural,
Arapiraca/AL, contra ato ilegal praticado pelo MM. Juiz da 8ª Vara
Criminal de Arapiraca-AL, no processo de nº 0707279-
87.2020.8.02.0058, pelas razões de fato e de direito a seguir delineadas.

1. DOS FATOS

O paciente está na iminência de ser cerceado de sua liberdade


tendo em vista que apesar desta defesa ter apresentado a defesa prévia
nos autos 0707279-87.2020.8.02.0058 às fls. 131/139, com pedido
de revogação da prisão preventiva ou, alternativamente, substituição
por medidas cautelares diversas, o MM. Juízo de primeiro grau negou a
revogação da preventiva, ordenando a expedição do mandado de prisão,
conforme fls. 146/147 dos autos.
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Versam os autos sobre um homicídio qualificado ocorrido no
dia 15 de agosto do corrente ano, onde supostamente seriam os Autores
VALMIR NOIA DA SILVA, PAULO CORREIA SANTOS, EVERTON ALVES
DE MENEZES e LUCAS SALUSTIANO DA SILVA, tendo como vítima
Genivaldo Ulisses Tenório.

Denúncia apresentada e recebida pelo Juízo de piso, fls.


79/84, a qual decretou a prisão preventiva do paciente.

Como dito, após o recebimento da denúncia, foi


apresentada Defesa Prévia pelo paciente, requerendo a revogação
da prisão preventiva ou, alternativamente, substituição por
medidas cautelares diversas, tendo em vista que há no processo
RÉU CONFESSO, SR. VALMIR NOIA DA SILVA, ONDE AFIRMA,
CATEGORICAMENTE, QUE ELE QUEM MATOU A VÍTIMA E AINDA
AFIRMA QUE NÃO TEVE AJUDA DE NINGUÉM (minuto 1:40 e
03:35), em depoimento gravado prestado a Autoridade Policial,
conforme vídeo disponível neste link:
https://drive.google.com/file/d/1cV9ymrwTo0ikdO7dD8K34B1a_F
OtpnZn/view?usp=sharing

Contudo, nobre Julgador, apesar da gritante ausência de


indícios de autoria e materialidade pelo Paciente, o Juízo a quo,
ignorando o depoimento do Réu confesso, indeferiu o pedido de
revogação da preventiva, alegando, tão somente a necessidade de
manutenção da mesma para garantir a ordem pública:

Outrossim, a defesa do acusado Lucas Salustiano da


Silva apresentou pedido de revogação às fls. 131-139,
argumentando, em linhas gerais, a ausência de requisitos
para a decretação da prisão preventiva. Ora, a decretação
restou devidamente fundamentada no item "II" de fls. 80-
82, sendo necessária para garantia da ordem pública e
para conveniência da instrução processual. Nesse
descortinar, mantenho a coerência já destacada na
decisão supracitada, não estando abrangida por
quaisquer elementos ou fatos novos que justifiquem a
alteração da segregação. Dessa forma, MANTENHO a
segregação cautelar do acusado, determinando ao
cartório que cumpra as demais disposições anteriores.
(GRIFOS NOSSOS).
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Ora Excelência, é inconcebível manter uma ordem de
prisão a uma pessoa que não guarda nenhuma relação ao fato!

O Juízo de primeiro grau agiu com manifesta ilegalidade


ao manter a prisão de um cidadão, trabalhador, pai de dois filhos
menores (doc. anexo), que não tem nenhuma relação com o crime
praticado, fato este confirmado pelo próprio autor do crime, que
afirma, por diversas vezes em seu depoimento que agiu sozinho e
sem ajuda de ninguém!

Assim, diante do quadro fático brevemente desenhado acima,


não resta outra saída senão a impetração da presente ordem de Habeas
Corpus em favor do paciente, a fim de que este Tribunal faça cessar, de
imediato, o constrangimento ilegal cometido pela autoridade coatora
contra o paciente, mormente diante das assertivas jurídicas a seguir,
vejamos:

2. DO DIREITO.

a) Da nulidade das decisões de fls. 79 e 153 dos autos, por violação ao


Princípio da Motivação (art. 93, IX, da CF/88).

Ao compulsar os autos, verifica-se que ambas as decisões que


mantiveram a prisão preventiva do paciente padecem de nulidade
absoluta por violação ao princípio da fundamentação/motivação das
decisões do poder judiciário, talhado no artigo 93, inciso IX, da CF/88,
in verbis:

Artigo 93, inciso IX, CF/88 – Todos os julgamentos


dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado no
sigilo não prejudique o interesse público à informação;

Reza referido princípio que toda decisão que for proferida,


deve não só ser clara, mas deve, acima de tudo, fazer-se correlacionar
com os dados contidos nos autos. Deve o julgador indicar as razões que
o levaram a decidir daquela forma. Dito princípio proíbe argumentação
genérica, vazia. Ordena o devido apontamento de razões para a
justificação das premissas adotadas pelo julgador ao decidir.
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Conforme letra constitucional, a ausência de fundamentação
nas decisões gera nulidade absoluta, ou seja, vício insanável, devendo-
se imediata desconsideração de seus efeitos endoprocessuais e
extraprocessuais.

O Ministro Ayres Brito, no julgamento do HC nº 105.879/PE,


fez importantes considerações sobre o instituto, alegando tratar-se de
"garantia processual que junge o magistrado a coordenadas
objetivas de imparcialidade e propicia às partes conhecer os
motivos que levaram o julgador a decidir neste ou naquele
sentido".

Por fim, diante da temática esposada, segue em resumo à


tudo a seguinte assertiva: “Se a decisão não for devidamente
fundamentada, se torna nula. Se nula, perde seus efeitos”. É o que deve
ocorrer no presente caso.

Da análise da decisão de fls. 153/154, verifica-se que a


autoridade coatora decidiu por bem indeferir o pedido de revogação
da prisão preventiva sob o argumento de que não havia mudança na
situação fática do processo, usando, para manter a segregação do
paciente, dos argumentos lançados na decisão proferida quando do
recebimento da denúncia (fls 79/84). Assim, a decisão de fls. 79/84
é que merece análise detalhada por parte do impetrante e deste
colegiado.

E aí, nesta decisão é que está presente a generalidade a qual


foi utilizada para embasar a prisão do Paciente, vejamos:

De outra banda, quanto ao periculum libertatis, os


elementos acostados ao caderno processual são
suficientes para demonstrar a necessidade da prisão para
garantia da ordem pública e por conveniência da
instrução criminal.

Questiona-se Excelência: quais elementos? O próprio


acusado do cometimento do homicídio, Valmir Noia da Silva, disse
em seu depoimento prestado na delegacia, no minuto 01:40 do
vídeo, que cometeu o homicídio.

Após, no minuto 03:35, ele afirma que cometeu o crime


sozinho e que não teve a ajuda de ninguém, o que novamente
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afirma no minuto 08:39 do mesmo depoimento
(https://drive.google.com/file/d/1cV9ymrwTo0ikdO7dD8K34B1a_
FOtpnZn/view?usp=sharing).

Não há nenhum elemento nos autos ou ainda colhido pela


autoridade policial que sequer indique que o paciente tenha tido
participação neste homicídio!

Neste ponto que insurge a absoluta falta de fundamentação da


decisão, eis que a expressão utilizada pelo Juízo de que “elementos
acostados ao caderno processual” não pode substituir a indicação dos
motivos reclamados pela norma constitucional.

Questiona-se novamente: Quais os elementos? Não há


indicação dos elementos que justifiquem a manutenção da preventiva.
Em verdade, a fundamentação é vazia, genérica, abstrata, razão porque
nula qualquer decisum daí advindo.

b) Da Falta de Requisitos para a Decretação da Prisão


Preventiva – EXISTÊNCIA DE RÉU CONFESSO

Compulsando-se os autos, em especial a peça acusatória que


ensejou a Prisão Preventiva, é evidente que não estão presentes os
requisitos para a sua decretação, sendo suficiente a imposição de
medidas cautelares diversas, conforme passe-se a demonstrar.

Conforme se verifica, o paciente é primário, possui bons


antecedentes, residência fixa, trabalho lícito e convive
maritalmente com a mãe do seu segundo filho (documentos
anexos), inexistindo motivação para a manutenção da cautelar, em
face da ausência da necessidade de meio tão gravoso quanto a
prisão, podendo assim o mesmo responder ao devido processo em
liberdade provisória.

Outrossim, eventual cerceamento da liberdade do paciente


trará prejuízos não só ao próprio, como também a sua família que
depende do seu trabalho para sobreviver.

Ademais, o acusado está devidamente identificado e possui


ainda endereço declarado nos autos.
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É cristalino em nosso ordenamento jurídico que para a
decretação da prisão preventiva é necessário a comprovação
fundamentada da sua extrema necessidade, uma vez que a prisão é
uma medida dura e de exceção, devendo ser executada apenas quando
inexistirem outras medidas menos gravosas que não maculem a
presunção de inocência ou não culpabilidade, assim como dispõe o
artigo 312 do CPP.

Note-se que a excepcionalidade característica das medidas em


descortino tem por base: 1) a sua necessidade para assegurar a
aplicação da lei penal, garantir a regularidade da investigação ou da
instrução processual, ou ainda para evitar a reiteração na prática de
infrações penais e 2) adequação à gravidade do crime, às circunstâncias
do fato e à condição pessoal do investigado, tal qual prevê o Art.
282,incisos I e II, do Código de Processo Penal, com redação dada pela
Lei n. 12.403/11.

Outrossim, desde a entrada em vigor da Lei 12.403/11, os


requisitos autorizadores da segregação cautelar restaram modificados,
culminando em inevitável abrandamento da atuação estatal no que
tange à prisão na fase processual. Inúmeros requisitos legais:

1. Existência de prova da ocorrência do fato e de indício


suficiente de autoria (art. 312, in fine, CPP), caracterizando o fumus
comissi delicti;

2. Necessidade de garantia da ordem Pública, da ordem


econômica, ou por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, caracterizando o periculum libertatis;

3. Que o crime seja doloso e punido com pena privativa de


liberdade máxima abstrata superior a 04 (quatro) anos; ou que o réu
seja reincidente em crime doloso; ou se o crime envolver violência
doméstica, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência; ainda, é permitida a prisão preventiva quando houver
DÚVIDA sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer
elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
imediatamente em liberdade após a identificação.
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Assim, é necessário o preenchimento destes 3 requisitos
para decretação da preventiva, onde o Paciente não preenche
nenhum!

Já em relação ao fumus comissi delitci extrai-se do


Inquérito Policial, de que todos que foram ouvidos, nenhuma
testemunha afirma com certeza absoluta o envolvimento do
Acusado no homicídio praticado.

Ao contrário, extrai-se do Relatório Policial, precisamente


as fls. 52, que o Denunciado Valmir Noia da Silva, afirmou ser o
autor do crime, este motivado por ter a vítima roubado a sua
genitora.
Nos autos, nenhuma testemunha afirma ter visto o
paciente participando do ocorrido. Ficam apenas no “ouvi dizer”.

Em depoimento colhido na delegacia, o acusado Valmir


Noia, afirma, categoricamente no minuto 03:35 do vídeo, que
COMETEU O CRIME SOZINHO E QUE NÃO TEVE A AJUDA DE
NINGUÉM, O QUE NOVAMENTE AFIRMA NO MINUTO 08:39 DO
MESMO DEPOIMENTO.

As demais testemunhas afirmam que “ouviram falar” ou


“souberam” que houve a participação do Paciente Lucas neste
homicídio, no entanto não sabem sequer precisar qual foi esta
participação.

OU SEJA, NÃO HÁ NOS AUTOS NENHUM ELEMENTO QUE


INDIQUE ACERCA DA AUTORIA DO PACIENTE!!!

Igualmente, como já exposto, o Paciente é primário, não há


registro de condenação transitada em julgado, tampouco de maus
antecedentes em relação ao mesmo. A despeito da gravidade do delito, é
pacífico nas Cortes Superiores que a gravidade abstrata do delito não é,
por si só, motivação idônea a justificar a Prisão Preventiva, não
subsistindo O PERICULUM LIBERTATIS.

Bem sabido que há muito os Tribunais rechaçam referenciada


argumentação de determinar a prisão de alguém com fundamento em
questões relacionadas à sensação de impunidade e credibilidade da
justiça. A defesa não fará maiores considerações sobre tal temática, tão
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somente indicando julgados que referendam a argumentação ora
lançada.

STJ - HABEAS CORPUS HC 116852 RO 2008/0215147-0


(STJ)
Data de publicação: 01/12/2008
Ementa: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS.
HOMICÍDIO CONSUMADO - PRISÃO PREVENTIVA
MANTIDA COM BASE NA GRAVIDADE DO CRIME E
MERAS CONJETURAS, SEM APOIO EM FATOS
CONCRETOS CLAMOR SOCIAL E CREDIBILIDADE DA
JUSTIÇA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. ORDEM
CONCEDIDA. A prisão preventiva constitui uma exceção,
e só deve ser determinada em casos excepcionais, não a
justificando a simples gravidade do crime e meras
conjeturas sem apoio em fatos concretos, posto que estas
não afastam a presunção de não-culpabilidade. O clamor
social não pode se sobrepor à presunção constitucional
de inocência, nem à credibilidade da justiça está na
determinação indiscriminada de prisão preventiva, sem
apoio em fatos concretos, mas na independência,
imparcialidade e honestidade de seus membros, assim
como na capacidade de agilizar a prestação jurisdicional,
distribuindo-a de forma efetiva. Ordem concedida para
revogar o decreto de prisão preventiva.

TJ-PR - Habeas Corpus Crime HC 6966445 PR 0696644-


5 (TJ-PR)
Data de publicação: 26/08/2010
Ementa: Habeas Corpus. Roubo (artigo 157, § 2º, incisos
I, II e V). Prisão preventiva. Liberdade Provisória.
Indeferimento. Indícios de autoria e prova de
materialidade. Pressupostos neutros. Gravidade genérica,
clamor social e credibilidade da justiça não justificam a
manutenção da custódia como garantia da ordem
pública. Ordem Concedida.

STF - Habeas Corpus 96.483-4 / ES - Relator: Ministro


Celso de Mello. No mesmo sentido HC 96.095
Ementa: “Habeas Corpus” – Decisão de Pronúncia –
Prisão decretada com fundamento no clamor público e na
suposta tentativa de evasão. Caráter extraordinário da
privação cautelar da liberdade individual. Utilização, pelo
magistrado, na manutenção da prisão cautelar, de
critério incompatíveis com a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal – Situação de injusto constrangimento
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configurada – Afastamento, em caráter excepcional, no
caso concreto, da incidência da Sumula 691/STF –
Habeas Corpus concedido de ofício. O clamor público não
basta para justificar a decretação ou a manutenção da
prisão cautelar – O estado de comoção social e de
eventual indignação popular, motivado pela repercussão
de prática de infração penal, não pode justificar, só por
si, a decretação ou a manutenção da prisão cautelar do
suposto autor do comportamento delituoso, sob pena de
completa e grave aniquilação do postulamento
fundamental da liberdade. O clamor público –
precisamente por não constituir causa legal de
justificação da prisão processual – não se qualifica como
fator de legitimação da privação cautelar da liberdade do
réu.

STJ - HABEAS CORPUS HC 84726 ES 2007/0134697-1


(STJ)
Data de publicação: 05/11/2007
Ementa: HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO MINISTERIAL
PROVIDO. SENTENÇA CONDENATÓRIA REFORMADA
PARA RECONHECER O ÓBICE AO APELO EM
LIBERDADE. GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO.
REPERCUSSÃO SOCIAL DO CRIME. ABALO À ORDEM
PÚBLICA. DEMORA NA SUBMISSÃO DO ACUSADO A
JULGAMENTO. ALEGADA SENSAÇÃO DE IMPUNIDADE.
NECESSIDADE DE ATRIBUIR CREDIBILIDADE ÀS
INSTITUIÇÕES DO ESTADO. RÉU QUE PERMANECEU
SOLTO DURANTE O TRÂMITE PROCESSUAL SEM
CAUSAR PREJUÍZO À INSTRUÇÃO. MOTIVAÇÃO
INIDÔNEA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS.
ORDEM CONCEDIDA. 1. Hipótese na qual o Colegiado de
origem deu provimento ao recurso ministerial,
determinando a expedição de mandado de prisão em
desfavor do réu, tendo entendido que a gravidade do
delito, evidenciada pelas circunstâncias do crime, a
demora na submissão do acusado ao Tribunal do Júri, o
fato deste ter sido condenado pelo Conselho de Sentença,
a comoção social e o abalo à ordem pública causados
pelo delito, assim como a necessidade de atribuir
credibilidade às instituições do Estado, evidenciariam a
necessidade da medida constritiva de liberdade, devendo
ser vedado o apelo em liberdade. 2. As afirmações a
respeito da gravidade do delito trazem aspectos já
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subsumidos no próprio tipo penal, mormente na
hipótese, na qual as circunstâncias do crime adotadas
como fundamento para o decreto prisional não
desbordam das normalmente verificadas em homicídios
qualificados. 3. Abalo à ordem pública causado pelo
delito que não pode ser considerado após o transcurso de
18 anos desde a sua consumação, sendo certo que todos
os crimes, ainda mais os dolosos contra a vida, causam
intranquilidade social, contudo, tal sentimento não
constitui motivação cautelar suficiente para a vedação do
apelo em liberdade. 4. A demora do processo, o fato de o
réu ter sido condenado a 13 anos de reclusão, a alegada
grave perturbação à ordem pública causada pelo crime, o
que propiciaria forte sentimento de impunidade e de
insegurança, assim como a alegada grave perturbação à
ordem pública causada pelo crime, assim como a alegada
repercussão social e a necessidade de atribuir
credibilidade às instituições do Estado, não constituem
motivação idônea para o óbice ao direito de aguardar o
julgamento do recurso de apelação em liberdade. 5.
Verificado que o réu permaneceu solto durante toda a
instrução do feito, não tendo causado obstáculo à
instrução criminal, sobressai a carência de
fundamentação capaz de justificar o seu recolhimento
para apelar, pois a determinação de custódia deve se
fundar em fatos concretos que indiquem que a prisão se
faz necessária. 6. Embora as condições pessoais
favoráveis não sejam garantidoras de eventual direito ao
apelo em liberdade, estas devem ser devidamente
valoradas quando não demonstrada a presença de
requisitos que justifiquem a medida constritiva
excepcional. 7. Ordem concedida para cassar o acórdão
recorrido, bem como restabelecer a sentença
condenatória, a fim de ver reconhecido o direito do
paciente ao apelo em liberdade, determinando a
expedição de alvará de soltura em seu favor, se por outro
motivo não estiver preso.

Portanto, considerando que ausentes os requisitos que


pudessem motivar a conversão em prisão preventiva, não
subsistem motivos à manutenção da prisão cautelar, conforme
precedentes sobre o tema:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO


QUALIFICADO. PRISÃO PREVENTIVA FUNDAMENTADA
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NO CLAMOR PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O decreto
de prisão preventiva deve demonstrar, com base em
circunstâncias concretas existentes nos autos, a real
indispensabilidade da medida para assegurar a
ordem Pública, a instrução criminal ou a aplicação da
lei penal. 2. O magistrado não teceu
argumentação idônea à decretação da prisão
preventiva do ora Paciente, uma vez que baseou- se
tão-somente no clamor Público gerado pelo delito,
o que,por si só, não tem o condão de justificar
a prisão cautelar. Precedentes. 3. Ordem concedida para
revogar a prisão preventiva do Paciente, se por outro
motivo não estiver preso, sem prejuízo de que seja
decretada nova custódia, respaldada em fundamentação
concreta. (STJ - HABEAS CORPUS HC 84592 PE
2007/0132353-1.Data de publicação: 19/11/2007).

EMENTA: EMBARGOS INFRINGENTES - LESÃO


CORPORAL E AMEAÇA - DECRETAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA - IMPOSSIBILIDADE -
EXCEPCIONALIDADE DA PRISÃO CAUTELAR. No
processo penal brasileiro a prisão cautelar, antes do
trânsito em julgado, deve ser entendida como medida
excepcional, sendo cabível exclusivamente quando
comprovada a sua real necessidade, pautando-se em
fatos e circunstâncias do processo, que preencham os
requisitos previstos no artigo 312 do Código de Processo
Penal. Ausentes os requisitos do artigo 312 do Código de
Processo Penal, não há como se decretar a prisão
preventiva. (TJ-MG - Emb Infring e de Nulidade:
10433150282450002 MG, Relator: Maria Luíza de
Marilac, Data de Julgamento: 10/04/2018, Data de
Publicação: 20/04/2018)

c) Da Possibilidade de Aplicação de Medidas Cautelares Diversas da


Prisão

Caso nao seja acatado o pedido principal, da concessão da


liberdade provisória, cumpre discutir acerca da viabilidade da
transmudação da prisão imposta em medidas diversas, cautelares,
como previsto legalmente, tendo em vista que o indiciado possui
residência fixa, alem de ser primário e possuir bons antecedentes.
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Ademais, acrescente-se que o artigo 319 do Código de
Processo Penal apresenta algumas das medidas cautelares diversas da
prisão que podem ser aplicadas ao caso aqui apresentado.

Como já mencionado a prisão cautelar só deve ser adotada


como medida extrema, e tanto a prisão quanto as medidas cautelares
devem se adequar aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade e
preencher o binômio: ADEQUAÇÃO E NECESSIDADE.

E no presente caso, é claro que há outras maneiras de se


atender à necessidade deste Juízo, sem atentar contra o direito
fundamental da liberdade do Requerente, aplicando-lhe as medidas
cautelares que melhor se adequar.

Sendo assim, percebe-se que é cabível a aplicação de


medida cautelar diversa da prisão, em favor do Paciente, sem
prejuízo do MONITORAMENTO ELETRÔNICO.

III – DA ORDEM LIMINAR

No presente caso os requisitos são cumpridos com louvor:

a) Quanto ao fumus boni iuris – in casu é a previsão


constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF), a
orientação segundo a qual a segregação cautelar somente pode ser
efetivada se presentes os requisitos legais, a ausência de adequação
fundamentação da decisão emanada do juízo coator, o visível
constrangimento ao qual o paciente vem sendo submetido, sendo
desrespeitado o teor do pacto de São José da Costa Rica, a Constituição
da Republica Federativa do Brasil o Código de Processo Penal, o Código
Penal e a Lei de Execuções Penais.

b) Quanto ao periculum in mora – consiste no fato de eventual


tardar na resposta do poder dos juízes, contristando a liberdade sem a
devida formação de culpa e posicionamento definitivo, muito menos sem
restar cabalmente demonstrada sua necessidade, impingir ao paciente
desnecessário prolongamento no seu suplício consistente em
permanecer segregado durante a instrução do feito apesar de, como já
alhures mencionado, fazer jus a responder o processo em liberdade,
discutindo no foro civilizado dos homens de bem, meritum causae,
exercendo a ampla defesa e, ao final provando sua inocência.
fls. 222

Para conferir o original, acesse o site https://www2.tjal.jus.br/pastadigital/sgcr/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0707279-87.2020.8.02.0058 e código ht5r5e7M.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por DARLAN FRANCISCO ROCHA DOS SANTOS e www2.tjal.jus.br, protocolado em 08/01/2021 às 00:00 .
Isto posto, encontra-se o paciente sob induvidoso
constrangimento ilegal, circunstância "contra a lei” que deverá ser
remediada - urgentemente - por esse Egrégio Tribunal.

Apontada a ofensa à liberdade de locomoção do paciente,


encontra-se presente no caso o fumus boni iuris.

No mesmo sentido, verifica-se a ocorrência do periculum in


mora. Pois, a liberdade do paciente, somente ao final, importará em
inaceitável e injusta manutenção de violação ao seu status libertatis.

Presentes os requisitos autorizadores da medida liminar,


aguarda-se sua concessão.

V – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, REQUER, em favor do paciente LUCAS


SALUSTIANO DA SILVA filho de Vanuzia Rozendo da Silva, a
concessão da presente ordem de habeas corpus para que,
preliminarmente, seja deferido o pleito liminar em seu favor,
cancelando, imediatamente, o mandado de prisão pendente em seu
desfavor, bem como, no mérito, seja confirmada dita liminar, em
definitivo, para conceder ao paciente o direito de aguardar o julgamento
em liberdade, tudo com fundamento nos artigos já citados no presente
writ, sugerindo também, no ponto, caso esta Câmara Criminal entenda
necessário, a imposição de medidas cautelares diversas da prisão,
previstas no artigo 319, do Código de Processo Penal.

Nestes Termos,
Pede Deferimento

Maceió - AL, 29 de dezembro de 2020.

DARLAN FRANCISCO ROCHA DOS SANTOS


OAB/AL 13.592
OAB/AL 10.309
ELIZ REBECA SANTOS BALBINO
fls. 223

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