13 WER 2020 Paper 19
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1 Introdução
Tim Brown, CEO da IDEO, uma empresa de consultoria localizada em Palo Alto,
Califórnia, define o DT como “uma disciplina que utiliza a sensibilidade e os métodos
do designer para corresponder as necessidades das pessoas com o que é
tecnologicamente factível e o quê uma estratégia de negócios viável pode converter em
valor para o cliente e oportunidade de mercado” [22]. Os irmãos Kelley, fundadores da
IDEO, definem o DT como “uma maneira de encontrar necessidades humanas e criar
novas soluções utilizando as ferramentas e mindsets de praticantes de design” [23].
O processo de DT corresponde a uma abordagem estruturada e inovativa para o
desenvolvimento de produtos, serviços e modelos de negócios, fornecendo um processo
estruturado para a elicitação de requisitos. Embora não exista um consenso formal a
respeito das etapas que compõem o método [16], o processo é reconhecido pela
utilização de um “Diamante Duplo”, com quatro passos definidos de divergência,
convergência, divergência e convergência. A primeira fase (divergente) nasce de um
processo de definição do problema, divergindo para buscar os motivos por trás da
necessidade. A segunda fase apresenta a convergência desse processo de brainstorming
para uma síntese inicial. Daí, a terceira fase (divergente) nasce dessa síntese e parte
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para a ideação de soluções que atendam a resolução do problema. Por fim, a quarta e
última fase (convergente) se refere à prototipação dos conceitos gerados na fase anterior
e à validação.
3 Metodologia da Revisão
3.1 Referência
A Revisão Sistemática de Literatura utilizou como referência o artigo de Kitchenham
et al. [24].
RQ2. Quais são as sugestões dos autores para melhorias do Design Thinking?
O intuito da RSL foi de buscar por estudos de caso ou relatos de experiência do uso
do Design Thinking em projetos de desenvolvimento de software que tenham
apresentado relação direta com a área de Engenharia de Requisitos. Dessa forma,
definiu-se a string de busca como: "design thinking" AND ("case study" OR "experi-
ence report") AND ("software" OR "development") AND ("requirements engineering"
OR "requirements elicitation" OR "requirements activities").
Foram encontrados um total de 155 artigos inicialmente aderentes à seleção nos 4
portais de busca. Após a seleção inicial, realizaram-se dois filtros sequenciais, somente
de título e de resumo, removendo-se da lista de artigos os casos de falso-positivo, que
não possuíam qualquer relação com a temática de pesquisa. Intencionalmente, não foi
realizado um filtro de datas em qualquer momento da revisão, nem quanto ao formato
do documento a ser utilizado. Optou-se por não se fazer inicialmente um filtro de língua
em que o artigo se encontrava disponível, embora após a etapa de filtro de resumo,
todos os artigos já se encontravam em inglês ou português. Essa atividade foi feita pelo
primeiro autor do artigo. A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos em cada portal.
Feita a seleção dos 14 artigos, a revisão foi conduzida através da leitura e análise de
cada artigo de forma independente. Para responder às perguntas de pesquisa, realizou-
se a catalogação e posterior categorização dos itens de interesse a partir das declarações
dos pesquisadores em seu texto original. Buscou-se não se fazerem inferências a
respeito de cada experimentação conduzida. Essa etapa foi realizada por apenas o
primeiro autor do artigo, com a revisão pelo segundo autor das declarações e da
categorização.
4 Resultados
4.2 RQ1
A primeira pergunta de pesquisa (RQ1) teve o objetivo de identificar problemas
associados com o DT para a ER. Dentre os 14 artigos, foram identificados um total de
29 pontos levantados pelos autores como problemas ou desafios da abordagem. Como
forma de categorização adotada, os itens foram organizados segundo a classificação de
categorias da área de conhecimento de Requisitos de Software do SWEBOK [25]. A
Tabela 2 apresenta as categorias com o resultado da RQ1. O detalhamento dos
problemas encontrados dentro de cada categoria é apresentado na sequência.
Com o uso da abordagem, não é óbvio diferenciar entre cenários “as-is” e cenários
“to-be” da perspectiva do usuário para compor o mapa de histórias [4].
A correta aplicação da abordagem e a obtenção de bons resultados são diretamente
dependentes da experiência e conhecimento das pessoas que participam da atividade
de DT, tanto a respeito da abordagem e métodos de Engenharia de Software e de
processos quanto do contexto da informação [5, 6, 7, 11].
O DT enfrenta desafios referentes à disponibilidade dos clientes no momento
adequado. Enquanto um estágio está em construção, é natural que esteja sendo
discutida outra questão, e os resultados não são imediatamente relevantes [7, 11].
Outros. Nesta categoria foram listadas as questões encontradas que não se encaixavam
diretamente em nenhuma das definidas pelo SWEBOK:
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4.3 RQ2.
A segunda pergunta de pesquisa (RQ2) buscou identificar as propostas dos autores para
melhoria do processo de DT. Foram identificadas 10 sugestões de melhoria que são
apresentadas a seguir:
[1] Além dos papéis clássicos de gestão de projeto, é interessante ter-se uma pessoa
com responsabilidade estabelecida de projetar o software de acordo com os
requisitos do usuário, de forma a garantir o foco necessário dos projetos no design
do ponto de vista do usuário e evitar conflitos de interesse na medida do possível,
dado que um arquiteto pode, em caso de dúvida, decidir contra o usuário a favor de
uma solução técnica mais simples.
[2] Os autores sugerem a participação de um designer para facilitar o processo de
DT, e apontam para uma correlação direta quanto à qualidade dos protótipos criados.
[4] Na primeira parte divergente do processo de DT, os autores sugerem a utilização
de uma "pesquisa 360 graus", se referindo à observação e entrevistas com usuários
e fontes secundárias, como analistas, pensadores e competidores em domínios
análogos e adjacentes (buscar além de informações diretas com o usuário,
benchmarks).
[4] Mapas de história de usuários podem servir como uma ferramenta para preencher
a lacuna entre a empatia e insights adquiridos com práticas de DT e o backlog para
construir a solução.
[5] O processo de DT pode ser abordado em rodadas.
[6] Para permitir que todas as pessoas envolvidas no projeto desenvolvam um
entendimento comum, os autores utilizaram protótipos de modelos formais
combinados com animações interativas específicas do domínio, de forma a facilitar
com que os usuários finais fornecessem feedback sobre o modelo durante a
simulação iterativamente.
[9] Os autores apontam que a utilização de artefatos físicos podem ser eficientes para
representar uma ideia ou conceito abstratos, simplificando os objetivos do projeto
para os participantes.
[14] Assim como para mudanças em uma companhia, o suporte intenso da gestão
para o DT é essencial como forma de evitar os passos iniciais que podem parecer
ineficazes ou demorados, e as eventuais flutuações de moral nas equipes.
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5.1 Limitações
A RSL buscou por identificar questões problemáticas e sugestões de melhoria da
técnica do Design Thinking associada a projetos de Engenharia de Software que
possuíssem relação direta com a Engenharia de Requisitos. Apesar de a abordagem se
manifestar sobremaneira nesta etapa, é possível que existam também potenciais
impactos em outras etapas do ciclo de vida do software que não são capturadas por esta
revisão. Desta forma, reconhece-se que a revisão seja não exaustiva, dado que se buscou
por trabalhos que falavam explicitamente sobre a Engenharia de Software, mas é
possível que outros artigos sobre o tema tenham sido ignorados. Também ressalta-se
que, apesar de seguir as recomendações de Kitchenham et al. [24] para a condução de
revisão sistemática com a redução de viés dos pesquisadores, a revisão individual de
cada dado extraído dos artigos não passou por uma atividade de peer review.
Ademais, é importante ressaltar que a principal questão desta revisão é a RQ1,
referente aos problemas associados. Assim, as sugestões de melhoria podem ser vistas
como um subproduto desta, e poderia ser razoável a criação de uma RSL específica
para responder a RQ2 de forma mais abrangente.
Ainda, uma limitação natural da RSL é a de que nem sempre é possível capturar
todas as informações de interesse para responder uma pergunta de pesquisa somente
através do artigo publicado, dado que a revisão corresponde a um estudo secundário e,
portanto, se limita nos elementos que os autores de cada artigo julgaram mais relevantes
de serem relatados.
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