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Problemas do Design Thinking para a Engenharia de

Requisitos: uma Revisão Sistemática da Literatura


Fábio Avigo de Castro Pinto1 e Fábio Levy Siqueira2
1
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Brasil. [email protected]
2
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Brasil. [email protected]

Resumo. Tido como uma estratégia de inovação no campo do Design e trazido


como ferramenta à Engenharia de Software, o Design Thinking (DT) é uma
abordagem promissora em crescente utilização nas etapas da Engenharia de
Requisitos (ER), por focar no cliente final do software através de uma técnica
iterativa estruturada em fases definidas. Este processo, entretanto, pode trazer um
viés ao desenvolvimento de software por desconsiderar outros stakeholders que
usualmente participam em processos tradicionais e direcionar todos os esforços
de requisitos para o usuário. De forma a identificar a existência de problemas
trazidos à ER com a aplicação do DT e de desafios ainda existentes na área não
endereçados diretamente pela abordagem, este artigo apresenta uma revisão
sistemática da literatura de relatos de uso ou de estudos de caso de aplicação do
DT a projetos de software na etapa de requisitos. Além dos problemas de ER
levantados pelos autores em estudos primários, a revisão também identificou as
sugestões de aprimoramento do método. Os resultados apontam para a existência
de problemas na área que ainda não são resolvidos pela aplicação do processo de
DT.

Palavras-chave: Design Thinking, Engenharia de Requisitos, Revisão


Sistemática da Literatura.

1 Introdução

Atualmente, o mercado é influenciado por uma série de fatores complexos – tecnologias


emergentes, processos de globalização e alteração constante de requisitos –, o que faz
com que o ciclo de vida de um serviço se torne mais curto. Esta situação conduz a um
conflito entre as ferramentas e métodos existentes e utilizados no passado, os quais não
se adequarão aos novos requisitos de desenvolvimento de produtos e serviços. Para
sustentá-los, as companhias deveriam buscar outras possibilidades aplicando novas
abordagens para criação de valor [19].
Neste contexto, uma nova ferramenta é o Design Thinking (DT), desenvolvido em
Stanford, refinado pela IDEO e incentivado por Hasso Plattner, um dos fundadores do
SAP [20]. Essa abordagem define um processo de times para o design da solução de
um problema [21]. Nele, é comum que os participantes desenvolvam empatia pelo
usuário final, redefinam o problema, combinem diferentes perspectivas, realizem
brainstorming de soluções e desenvolvam protótipos. O DT experimentou um ganho
2

em popularização na economia na última década, dado o seu framework prático e que


leva a benefícios claros para as companhias [20].
No entanto, apesar de a técnica representar uma potencial solução para algumas
questões tradicionais da ER, por elicitar necessidades do usuário, em vez de requisitos
[17], sendo considerada, inclusive, como uma “forma moderna de Engenharia de
Requisitos” [26], até mesmo entusiastas da abordagem, como Uebernickel e Hehn,
apresentam que há desafios ainda a serem superados, como capacidades limitadas de
sucesso devido à dependência da experiência individual dos participantes ou ainda
problemas de qualidade de requisitos em termos de rastreabilidade, adequação,
completude e consistência [27].
Com isso, este trabalho investiga os problemas do Design Thinking relatados pela
comunidade científica. Essa análise contribui com a área ao indicar pontos para
pesquisas futuras que busquem melhorar a integração dessa técnica com as atividades
de Engenharia de Requisitos. Inicialmente, realizou-se pesquisa para identificação
quanto à existência de Revisão Sistemática de Literatura (RSL) que já contemplasse a
temática, e, embora tenham sido encontrados artigos correlatos que são detalhados na
seção 2.2, verificou-se a inexistência nos principais portais acadêmicos de uma RSL
analisando os problemas e sugestões de melhoria do Design Thinking.
A revisão apresentada neste artigo está estruturada da seguinte forma: A Seção 2
apresenta uma breve contextualização a respeito da técnica e a sua relação com a área
de Engenharia de Requisitos. A Seção 3 descreve a metodologia da revisão utilizando-
se da publicação de Kitchenham et al. [24] como referência. A Seção 0 apresenta uma
sumarização e discussão dos resultados, para cada pergunta de pesquisa e, por fim, a
Seção 5 conclui o trabalho e introduz possíveis discussões a serem realizadas em
trabalhos futuros.

2 Contexto – Design Thinking

Tim Brown, CEO da IDEO, uma empresa de consultoria localizada em Palo Alto,
Califórnia, define o DT como “uma disciplina que utiliza a sensibilidade e os métodos
do designer para corresponder as necessidades das pessoas com o que é
tecnologicamente factível e o quê uma estratégia de negócios viável pode converter em
valor para o cliente e oportunidade de mercado” [22]. Os irmãos Kelley, fundadores da
IDEO, definem o DT como “uma maneira de encontrar necessidades humanas e criar
novas soluções utilizando as ferramentas e mindsets de praticantes de design” [23].
O processo de DT corresponde a uma abordagem estruturada e inovativa para o
desenvolvimento de produtos, serviços e modelos de negócios, fornecendo um processo
estruturado para a elicitação de requisitos. Embora não exista um consenso formal a
respeito das etapas que compõem o método [16], o processo é reconhecido pela
utilização de um “Diamante Duplo”, com quatro passos definidos de divergência,
convergência, divergência e convergência. A primeira fase (divergente) nasce de um
processo de definição do problema, divergindo para buscar os motivos por trás da
necessidade. A segunda fase apresenta a convergência desse processo de brainstorming
para uma síntese inicial. Daí, a terceira fase (divergente) nasce dessa síntese e parte
3

para a ideação de soluções que atendam a resolução do problema. Por fim, a quarta e
última fase (convergente) se refere à prototipação dos conceitos gerados na fase anterior
e à validação.

2.1 O Design Thinking e a Engenharia de Requisitos


Vetterli, Brenner e Uebernickel [17] justificaram os motivos pelos quais a área de
Engenharia de Requisitos (ER) pode se utilizar do DT para elicitação das necessidades
de um cliente, por produzir uma série de protótipos rápidos e simples que convergem
em soluções inovadoras. Segundo os autores, dado que a medida primária do sucesso
de um sistema de informação corresponde ao grau de atendimento ao propósito original
(ou seja, às metas dos stakeholders), a ER é um processo de inicial descoberta e
definição do propósito, o que a torna inerentemente difícil. Além disso, dado que os
analistas de requisitos muitas vezes começam com ideias mal definidas e
frequentemente conflitantes, os processos da ER devem ser mais iterativos e envolver
um número maior de stakeholders que outras atividades da Engenharia de Software
[18]. Isto posto, os protótipos resultantes das atividades de DT auxiliam na
concretização de diferentes ideias sem a simplificação do ambiente, enquanto focam
em necessidades específicas e importantes dentro do espaço de design. Embora
protótipos também sejam utilizados em metodologias ágeis e na própria área de ER, a
grande vantagem do DT se dá na identificação e eliminação de inconsistências técnicas
o quão breve possível no processo [17].
Mais recentemente, Hehn et al. [15] também afirmam que a área de ER enfrenta o
desafio de descobrir e satisfazer as necessidades confusas e requisitos voláteis dos
vários stakeholders envolvidos no processo. Com isso, os autores apresentam que o DT
corresponde a uma abordagem promissora de endereçamento deste desafio. O trabalho
apresenta três possíveis estratégias para a integração do DT à ER: o Design Thinking
adiantado, o Design Thinking infundido e o Design Thinking contínuo.

Design Thinking Adiantado (Upfront). Para esta situação, o DT é utilizado como um


pré-projeto para identificar features relevantes a serem implementadas. O resultado é
utilizado como base para realizar as atividades de Engenharia de Requisitos. Essa forma
de DT é melhor aplicada quando há um nível de incerteza no começo de um projeto a
respeito das necessidades do cliente e à solução correspondente [15]. O potencial de
entregas é alavancado com um framework que serve de referencial para continuamente
incentivar a criatividade. O núcleo da solução final possui conexões rastreáveis com as
necessidades do cliente, auxiliando a priorizar features relevantes. O protótipo funciona
como um artefato que apoia a comunicação entre os diferentes grupos de stakeholders.
Entretanto, a solução requer uma quantidade significativa de esforços e recursos para
conduzir um pré-projeto. Há um potencial de perda de conhecimento implícito e de
resultados gerados no processo. Além disso, pouca atenção é dada para artefatos
cruciais ao desenvolvimento posterior, como requisitos de qualidade, restrições ou
modelos de dados.
4

Design Thinking Infundido. Aqui, o DT é utilizado como um conjunto de ferramentas


para mesclar um processo de ER existente com artefatos e métodos selecionados. É
particularmente adequado quando práticas comumente utilizadas da ER precisam de
intervenções específicas, como a necessidade de novas ideias [15]. O caráter
intervencionista do DT requer mudanças pequenas às práticas de ER, com baixo gasto
adicional de recursos. Essa estratégia possui, entretanto, criatividade limitada se
comparada à estratégia anterior. Ela não possui o impacto sustentável dos métodos de
DT devido ao caráter de intervenção e também não se atenta aos detalhes subsequentes
de artefatos críticos ao desenvolvimento, como no DT adiantado.

Design Thinking Contínuo. As atividades e princípios de DT são continuamente


integradas às práticas de ER, usualmente em um papel específico do projeto. É
recomendável para abordar configurações complexas de problemas, em que
consumidores precisam ser continuamente envolvidos dentro do ciclo de vida de
desenvolvimento de um produto. Dada a interação contínua, neste caso, leva-se em
consideração o desenvolvimento de artefatos críticos ao projeto, e há a integração de
um mindset centrado no cliente através de todo o projeto, com requisitos mais precisos
através da contínua identificação e prototipação. No entanto, a abordagem possui uso
mais intensivo de recursos e de suporte organizacional, bem como depende mais do
time para a sua condução.

Com a popularização da técnica para o desenvolvimento de software, não é difícil


encontrar relatos de uso ou estudos de caso com a temática. Hehn e Uebernickel [11]
colocam que, quando um problema é “traiçoeiro” (wicked), o DT ganhou
reconhecimento como uma abordagem estruturada para resolução do problema que se
constrói através de trabalho em equipe interdisciplinar, a exploração das necessidades
humandas, a rápida prototipação e ciclos iterativos de aprendizagem nos estágios
iniciais dos processos de desenvolvimento do produto, serviço ou sistema. Esta técnica
é significativamente diferente das práticas tradicionais de ER em projetos de software.

2.2 Revisões de Literatura correlatas


Foram identificadas as seguintes revisões de literatura que são correlatas ao projeto:
 Design Thinking Process Model Review [16]: o artigo apresenta uma revisão
sistemática realizada sobre 35 modelos processuais no campo do DT para aplicação
em um ambiente prático, com o objetivo de comparar os modelos de acordo com o
número de etapas processuais e específica terminologia. A revisão é
reconhecidamente não exaustiva. Concluem que não há um modelo padronizado de
processo com fases definidas e, assim, cada autor tem de explicar exatamente o que
está incluído em cada fase individual e como elas se relacionam. Os autores
concluem que, dez anos passados desde a pesquisa básica sobre DT, a abordagem
tem sido subsequentemente desenvolvida através do aprofundamento da
comunidade científica dos princípios subjacentes adquiridos de projetos de pesquisa
(empíricos). Há diversos modelos distintos atualmente, e a literatura aponta que
5

alguns pesquisadores trabalharam com modelos processuais diferentes e obtieram


resultados similares. Além disso, há uma tendência mais recente para modelos com
mais fases.
 Design Thinking Integrated in Agile Software Development: A Systematic Literature
Review [28]: o artigo apresenta uma RSL a respeito da integração entre o DT e as
metodologias ágeis para desenvolvimento de software, sob uma base de 29 artigos.
Dentre as conclusões mais relevantes, apresenta que (1) a técnica mais comumente
utilizada nesta integração é o Scrum; e (2) em alguns casos, a qualidade do software
foi significantemente melhorada com reconhecida satisfação de clientes.
 A Systematic Literature Review for Human-Computer Interaction and Design
Thinking Process Integration [29]: O artigo revisou 72 papéis publicados entre 1972
e 2017 para responder a questão de como a interação humano-computador (IHC) e
os processos de DT se sobrepõem, diferenciam e podem melhorar um com o outro.
Dentre as conclusões, ambas abordagens compartilham de passos similares e
iterativos: compreensão do usuário para identificação de problemas, ideação,
prototipação e testes. No entanto, diferem-se nos princípios específicos de cada
etapa, determinando as ferramentas a utilizar e objetivos a alcançar. O HCI requer a
compreensão dos usuários para elaborar requisitos, aplicando regras e princípios
para o design, focando sobremaneira na construção do software. O DT, por sua vez,
foca na construção de empatia para entender os usuários, projetando atividades que
gerem ideias e soluções, encorajando que estas sejam traduzidas na vida do usuário.

3 Metodologia da Revisão

3.1 Referência
A Revisão Sistemática de Literatura utilizou como referência o artigo de Kitchenham
et al. [24].

3.2 Objetivos e Questões de Pesquisa


Foram elaboradas as seguintes questões de pesquisa para atender aos objetivos da
revisão:

RQ1. Quais problemas de Engenharia de Requisitos foram identificados em projetos


de desenvolvimento de software que usaram a abordagem do Design Thinking?

RQ2. Quais são as sugestões dos autores para melhorias do Design Thinking?

3.3 Protocolo de Revisão


A busca por artigos aderentes ao objetivo de pesquisa foi realizada nos quatro principais
portais acadêmicos: Springer, ACM, IEEE e Science Direct. Optou-se pela utilização
destes por serem os mais comumente utilizados para a consulta de artigos científicos.
6

O intuito da RSL foi de buscar por estudos de caso ou relatos de experiência do uso
do Design Thinking em projetos de desenvolvimento de software que tenham
apresentado relação direta com a área de Engenharia de Requisitos. Dessa forma,
definiu-se a string de busca como: "design thinking" AND ("case study" OR "experi-
ence report") AND ("software" OR "development") AND ("requirements engineering"
OR "requirements elicitation" OR "requirements activities").
Foram encontrados um total de 155 artigos inicialmente aderentes à seleção nos 4
portais de busca. Após a seleção inicial, realizaram-se dois filtros sequenciais, somente
de título e de resumo, removendo-se da lista de artigos os casos de falso-positivo, que
não possuíam qualquer relação com a temática de pesquisa. Intencionalmente, não foi
realizado um filtro de datas em qualquer momento da revisão, nem quanto ao formato
do documento a ser utilizado. Optou-se por não se fazer inicialmente um filtro de língua
em que o artigo se encontrava disponível, embora após a etapa de filtro de resumo,
todos os artigos já se encontravam em inglês ou português. Essa atividade foi feita pelo
primeiro autor do artigo. A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos em cada portal.

Tabela 1 – Resultados obtidos da busca nos portais acadêmicos


Portal Resultados Filtro de Título Filtro de Resumo
Springer 57 32 6
ACM 18 7 4
IEEE 37 13 4
Science Direct 43 22 0
Total 155 74 14

Feita a seleção dos 14 artigos, a revisão foi conduzida através da leitura e análise de
cada artigo de forma independente. Para responder às perguntas de pesquisa, realizou-
se a catalogação e posterior categorização dos itens de interesse a partir das declarações
dos pesquisadores em seu texto original. Buscou-se não se fazerem inferências a
respeito de cada experimentação conduzida. Essa etapa foi realizada por apenas o
primeiro autor do artigo, com a revisão pelo segundo autor das declarações e da
categorização.

4 Resultados

Este capítulo contempla o resultado da revisão, apresentando primeiro uma


sumarização dos estudos selecionados e depois tratando das questões de pesquisa.

4.1 Sumarização de Estudos Selecionados


Esta seção apresenta os 14 artigos selecionados, divididos a partir da forma como o
Design Thinking foi aplicado (conceito apresentado na seção 2.1). Os artigos são
selecionados foram: [1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14], e sua referência completa
se apresenta na seção de Referências Bibliográficas.
A abordagem adiantada do DT foi o processo mais comum, verificando-se 9 artigos
que se enquadram nesta categoria. O artigo [1] tem como contexto dois exemplos de
7

caso em uma Consultoria de Tecnologia (Adesso); [2] trata do uso de DT para a


modernização de um sistema; [12] relata um workshop realizado em companhia de
desenvolvimento de software e [13] relata um estudo de caso de DT e gamificação em
uma ferramenta de priorização de requisitos. Os demais trabalhos são relatos de uso do
DT em projetos de software específicos: para marinheiros profissionais (competitivos)
[4], para uma farmácia digital (e-pharmacy) [8], para a gestão de energia em uma
pequena comunidade [9] e um sistema de gerenciamento acadêmico [10].
Dentre os artigos estudados, somente um deles foi categorizado como DT infundido,
o [5] que trata de um estudo de caso de elaboração de um aplicativo de armazenagem
de dados em que se utilizou a técnica nomeada de “Converge”, em que o DT é utilizado
em fases específicas ao longo do desenvolvimento como ferramenta de inovação.
Por fim, 4 artigos se adequam à abordagem do DT contínuo: o [6] que trata da criação
de protótipos virtuais e a experiência de uso do DT ao longo de um projeto de 3 anos
de duração; o [7] que descreve um projeto voltado ao entendimento das manifestações
do DT por diferentes usuários em uma companhia de desenvolvimento de software; o
[11] que é um estudo a respeito da integração contínua do DT com a ER no escopo de
um sistema industrial de utilidades; e o [14] que discute a migração dos processos de
uma companhia de desenvolvimento de software para a utilização do DT de forma
contínua.

4.2 RQ1
A primeira pergunta de pesquisa (RQ1) teve o objetivo de identificar problemas
associados com o DT para a ER. Dentre os 14 artigos, foram identificados um total de
29 pontos levantados pelos autores como problemas ou desafios da abordagem. Como
forma de categorização adotada, os itens foram organizados segundo a classificação de
categorias da área de conhecimento de Requisitos de Software do SWEBOK [25]. A
Tabela 2 apresenta as categorias com o resultado da RQ1. O detalhamento dos
problemas encontrados dentro de cada categoria é apresentado na sequência.

Tabela 2 – Número de ocorrências de problemas com a técnica do Design Thinking nos


artigos de interesse por categoria da área de conhecimento de Requisitos de Software
segundo o SWEBOK e artigos onde a temática se verificou.
Categoria Número de Ocorrências Artigos com a temática
Processos de requisitos 9 [4, 5, 6, 7, 11]
Elicitação de requistos 3 [1, 6, 11]
Análise de requisitos 3 [7, 11, 4]
Especificação de requisitos 3 [5, 9, 11]
Validação de requisitos 1 [6]
Outros 10 [7, 11, 14]

Processos de requisitos. Dentro de processos de requisitos, as seguintes questões são


abordadas:
8

 Com o uso da abordagem, não é óbvio diferenciar entre cenários “as-is” e cenários
“to-be” da perspectiva do usuário para compor o mapa de histórias [4].
 A correta aplicação da abordagem e a obtenção de bons resultados são diretamente
dependentes da experiência e conhecimento das pessoas que participam da atividade
de DT, tanto a respeito da abordagem e métodos de Engenharia de Software e de
processos quanto do contexto da informação [5, 6, 7, 11].
 O DT enfrenta desafios referentes à disponibilidade dos clientes no momento
adequado. Enquanto um estágio está em construção, é natural que esteja sendo
discutida outra questão, e os resultados não são imediatamente relevantes [7, 11].

Elicitação de requisitos. A etapa de elicitação de requisitos foi caracterizada pelos


seguintes problemas:

 Não é sempre possível identificar as necessidades dos usuários através de perguntas,


sendo necessário de alguma forma rastreá-las [1].
 O DT possui dificuldades de rastreabilidade da informação. Os requisitos elicitados
são capturados via post-its ou protótipos, de forma desestruturada para agilizar a
colaboração do time e dar velocidade ao processo [11].

Análise de requisitos. Na análise de requisitos verificaram-se os pontos destacados:

 Há problemas quando os resultados do DT conflitam com as expectativas da gestão


ou com o foco pré-definido do produto (priorização de requisitos) [7, 11].
 Não são feitas expectativas a respeito de quais requisitos levantados em um
workshop de DT serão endereçados futuramente [14].

Especificação de requisitos.Verificaram-se as seguintes questões na etapa de


especificação de requisitos:

 Os entrevistados possuem diferentes necessidades e tarefas para endereçar. É


bastante difícil a construção com altos padrões de qualidade e usabilidade que
atendessem às expectativas de todos os usuários, particularmente considerando a
restrição de tempo [5].
 O processo de DT negligencia requisitos não-funcionais (RNF) como requisitos de
segurança ou desempenho [9, 11].

Validação de requisitos. Dentro da validação de requisitos, houve uma manifestação:

 Para sistemas complexos multi-usuários, a criação de protótipos (fundamental ao


DT) que capturem todos os processos subjacentes e fluxos de dados é muito custosa,
tornando-se proibitiva [6].

Outros. Nesta categoria foram listadas as questões encontradas que não se encaixavam
diretamente em nenhuma das definidas pelo SWEBOK:
9

 O compartilhamento de resultados das atividades de DT e a garantia de um bom


resultado no produto final são uma barreira. Os resultados precisam ser
compartilhados com toda a equipe de maneira eficiente no tempo, e são só
interessantes para a maioria assim que a feature já está em desenvolvimento [7].
 Devido ao pequeno tempo de planejamento, o DT pode levar a uma arquitetura
inapropriada [11].
 O DT pode mostrar problemas quanto a estimativas imprecisas de esforço [11].
 Os passos iniciais da abordagem de DT aparentam ser demorados e ineficazes. Nos
subsequentes, há problemas de flutuação de moral nos times envolvidos [14].
 Devido à natureza não convencional colaborativa das atividades de DT e à
necessidade de mudar o mindset dos clientes, um desafio é o de preparar os clientes
antecipadamente para as atividades do primeiro encontro [14].
 O alto grau de interação durante os workshops de DT indica que a logística destes
deve ser preparada cuidadosamente e já de forma antecipada [14].
 Se um time de DT é composto de pessoas de hierarquias muito diferentes, é possível
que se perca o efeito global (de inovação), pois haverá um problema de comunicação
e as pessoas tenderão a participar menos [14].
 Os problemas subjacentes identificados durante uma atividade de DT por vezes são
obscurecidos pelas muitas soluções sugeridas [14].
 O foco do DT no futuro facilita a criação de expectativas que não são realistas. Os
clientes podem ter a sensação de que posteriormente somente os pontos mais fáceis
são endereçados, e as promessas de elementos vistos em workshop são deixadas de
lado [14].

Discussão. Os artigos apresentam que há, efetivamente, problemas com a abordagem


do DT para a ER em todas as subetapas do SWEBOK.
O maior número de ocorrências se deu na etapa de processos de requisitos. Esta
questão é também reflexo da maneira como o DT é abordado (processo adiantado) na
maioria dos artigos.
Uma questão comum dentre vários artigos é a de que o DT não se trata de um
processo rígido, podendo ser aplicado em vários formatos e com diferentes níveis de
experiência. Há evidências para a existência de uma curva de aprendizado, que conduz
a melhores resultados quando o processo é aplicado de forma mais evoluída. [7] sugere
por exemplo que a implementação do DT depende da experiência e conhecimento dos
participantes. Dessa forma, há indícios de que bons resultados estão diretamente
correlacionados a conhecimentos sobre o contexto da informação e sobre o próprio
método de DT [5, 6, 7, 11].
Alguns dos problemas encontrados empiricamente já são endereçados diretamente
pelos próprios pesquisadores e podem ser mitigados com boas práticas de planejamento
antecipado às rodadas de DT. Um tema comum a [7, 11] foi, por exemplo, a
disponibilidade dos clientes, um, problema resolvido de forma simples com um
planejamento antecipado [11].
Dentre os problemas, alguns são de natureza organizacional da empresa onde o
processo é conduzido: a presença de pessoas de hierarquias muito distintas em um
10

mesmo grupo inibindo a comunicação [14] , a priorização de requisitos e o potencial


conflito gerencial [7, 11].
Há também indícios de que exista um tamanho ideal de projeto para o qual o DT
apresente melhores resultados, embora a margem de tolerância possa ser razoavelmente
grande. Em atividades muito pequenas ou onde a solução já é conhecida, a técnica não
se justifica (por exemplo para a resolução de bugs ou para o planejamento de atividades
[7]), e em projetos muito grandes ou muito complexos, a prototipação é custosa e se
torna proibitiva [6].

4.3 RQ2.
A segunda pergunta de pesquisa (RQ2) buscou identificar as propostas dos autores para
melhoria do processo de DT. Foram identificadas 10 sugestões de melhoria que são
apresentadas a seguir:

 [1] Além dos papéis clássicos de gestão de projeto, é interessante ter-se uma pessoa
com responsabilidade estabelecida de projetar o software de acordo com os
requisitos do usuário, de forma a garantir o foco necessário dos projetos no design
do ponto de vista do usuário e evitar conflitos de interesse na medida do possível,
dado que um arquiteto pode, em caso de dúvida, decidir contra o usuário a favor de
uma solução técnica mais simples.
 [2] Os autores sugerem a participação de um designer para facilitar o processo de
DT, e apontam para uma correlação direta quanto à qualidade dos protótipos criados.
 [4] Na primeira parte divergente do processo de DT, os autores sugerem a utilização
de uma "pesquisa 360 graus", se referindo à observação e entrevistas com usuários
e fontes secundárias, como analistas, pensadores e competidores em domínios
análogos e adjacentes (buscar além de informações diretas com o usuário,
benchmarks).
 [4] Mapas de história de usuários podem servir como uma ferramenta para preencher
a lacuna entre a empatia e insights adquiridos com práticas de DT e o backlog para
construir a solução.
 [5] O processo de DT pode ser abordado em rodadas.
 [6] Para permitir que todas as pessoas envolvidas no projeto desenvolvam um
entendimento comum, os autores utilizaram protótipos de modelos formais
combinados com animações interativas específicas do domínio, de forma a facilitar
com que os usuários finais fornecessem feedback sobre o modelo durante a
simulação iterativamente.
 [9] Os autores apontam que a utilização de artefatos físicos podem ser eficientes para
representar uma ideia ou conceito abstratos, simplificando os objetivos do projeto
para os participantes.
 [14] Assim como para mudanças em uma companhia, o suporte intenso da gestão
para o DT é essencial como forma de evitar os passos iniciais que podem parecer
ineficazes ou demorados, e as eventuais flutuações de moral nas equipes.
11

 [14] Para preparar os participantes de forma antecipada, somente mandar uma


agenda por e-mail não é suficiente, pois pode levar a reações de indiferença ou
negativas. É especialmente importante explicar com clareza à gestão o que será
requerido dos colaboradores, e ativamente envolver a gestão na organização de
workshops de DT.
 [14] É importante possuir um tomador de notas dedicado, dado que os problemas
subjacentes identificados na atividade são ofuscados pelas muitas sugestões
sugeridas. Seria necessário gravar não somente as palavras ditas, mas até o
comportamento não-verbal dos participantes, por exemplo ao decidir em prioridades
para features. Além disso, a riqueza de informação produzida em artefatos durante
o workshop deve ser cuidadosamente arquivada e indexada para dar suporte a
acompanhamentos futuros.

Discussão. As sugestões de melhorias ao método foram compiladas de verificações


práticas pelos autores para obtenções de melhores resultados. Não é razoável supor que
somente com a aplicação destas seria factível a mitigação de todos os problemas
compilados dentre os artigos. Podem, entretanto, ser pontos interessantes para evitar
principalmente alguns dos problemas que advêm da eventual pequena experiência de
aplicantes do método (em especial os que realizam pela primeira vez), como a
necessidade de estruturar o processo de antemão e de fomentar uma estrutura
organizacional que permita a aplicação eficiente do método e alinhada com os
interesses de longo prazo da própria empresa.
As recomendações são, em sua maioria, voltadas para a aplicação do DT adiantado,
até dado que correspondeu à maior parte dos artigos. Também não são recomendações
formais e com efetividade comprovada, o que se justifica pelo formato dos artigos que
foram utilizados para a RSL: o seu intuito (para todos) não é o de buscar a melhoria do
processo, mas sim relatar o seu uso dentro da Engenharia de Software.

5 Conclusões e Trabalhos Futuros

A RSL, que possuía o intuito principal de identificar a existência na prática de


problemas associados à técnica de Design Thinking para a Engenharia de Requisitos,
foi bem sucedida, uma vez que os artigos identificados no filtro de seleção apresentado
na metodologia de pesquisa mostraram de forma clara pontos de fraqueza da técnica
ainda não solucionados pelo estado atual de sua abordagem e com as ferramentas
disponíveis dentro da ER. A seção 4 apresentou conclusões relevantes para cada
pergunta de pesquisa.
Verificou-se que a presença de diversos dos problemas relatados está condicionada
pela presença de alguns fatores externos à técnica e que não são diretamente
contornados por ela, dos quais destacam-se: a estrutura empresarial, a limitação de
recursos disponíveis, a experiência dos participantes do processo, a inadequação do
tamanho do projeto, a inexistência de mecanismos para tomada de decisão a respeito
da priorização de requisitos.
12

Dentre os problemas identificados destaca-se a problemática da negligência de


requisitos não-funcionais (RNF). Uma das percepções é de que a ênfase exclusivamente
no cliente e no problema que se está tentando resolver foca em alguns RNF em especial
de usabilidade, tomando como garantidos (e ignorados) outros RNF, como segurança,
performance e manutenibilidade.
Uma questão que também surge diz respeito à definição formal da abordagem. Como
colocado por [16], não há um processo rigoroso de aplicação do DT, e assim, é de se
esperar que novos aplicantes da técnica sofram de alguns dos problemas aqui relatados
devido à inexperiência. De forma a contornar este fator, a revisão busca justamente
identificar os problemas advindos da técnica de forma a fornecer insumos para estudos
futuros voltados à sua melhoria.

5.1 Limitações
A RSL buscou por identificar questões problemáticas e sugestões de melhoria da
técnica do Design Thinking associada a projetos de Engenharia de Software que
possuíssem relação direta com a Engenharia de Requisitos. Apesar de a abordagem se
manifestar sobremaneira nesta etapa, é possível que existam também potenciais
impactos em outras etapas do ciclo de vida do software que não são capturadas por esta
revisão. Desta forma, reconhece-se que a revisão seja não exaustiva, dado que se buscou
por trabalhos que falavam explicitamente sobre a Engenharia de Software, mas é
possível que outros artigos sobre o tema tenham sido ignorados. Também ressalta-se
que, apesar de seguir as recomendações de Kitchenham et al. [24] para a condução de
revisão sistemática com a redução de viés dos pesquisadores, a revisão individual de
cada dado extraído dos artigos não passou por uma atividade de peer review.
Ademais, é importante ressaltar que a principal questão desta revisão é a RQ1,
referente aos problemas associados. Assim, as sugestões de melhoria podem ser vistas
como um subproduto desta, e poderia ser razoável a criação de uma RSL específica
para responder a RQ2 de forma mais abrangente.
Ainda, uma limitação natural da RSL é a de que nem sempre é possível capturar
todas as informações de interesse para responder uma pergunta de pesquisa somente
através do artigo publicado, dado que a revisão corresponde a um estudo secundário e,
portanto, se limita nos elementos que os autores de cada artigo julgaram mais relevantes
de serem relatados.

5.2 Trabalhos Futuros


A contribuição deste trabalho é indicar pontos para pesquisas futuras que busquem
melhorar a integração do Design Thinking com as atividades de Engenharia de
Requisitos. Assim sendo, e tendo em mente o caráter não-exaustivo da revisão,
trabalhos futuros podem tratar da identificação de questões complementares que por
vezes não são relatadas em um artigo e não podem ser capturadas somente com uma
RSL.
13

Adicionalmente, outros trabalhos poderiam se aprofundar nos problemas


encontrados, de forma a verificar se eles são de fato frequentes, relevantes e/ou já
endereçados de alguma forma por outros autores.
Além disso, embora este estudo permita uma melhor compreensão a respeito da
técnica, julga-se que se fará necessária a realização de estudo empírico que possa
avaliar os aprimoramentos que possam surgir, de forma a verificar a sua eficácia.

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