Jurisprudência Do STJ em Casos de Suspeição de Magistrados

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13/10/2022 15:51 A jurisprudência do STJ em casos de suspeição de magistrados

INSTITUCIONAL PROCESSOS JURISPRUDÊNCIA PRECEDENTES (REPETITIVOS) COMUNICAÇÃO LEIS E NORMAS SOB MEDIDA C

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ESPECIAL

22/05/2022 06:55

Destaques de hoje
O papel do STJ na garantia da atuação isenta do juiz –
parte 1 Para Terceira Turma, aquisição de m
imóvel não impede reconhecimento
usucapião
No processo judicial, um dos aspectos mais importantes para a garantia de decisões corretas e justas é
Sessão da Corte Especial desta qui
a atuação de um magistrado isento, que não tenha relação questionável com as partes nem qualquer terá transmissão pelo YouTube
interesse na causa e que possa analisar o litígio com o distanciamento necessário.
Acordo celebrado em ação de divór
Para a preservação dessa garantia, o ordenamento jurídico brasileiro prevê os mecanismos da suspeição manter ex-cônjuge em plano de saú
e do impedimento. Enquanto o impedimento é regulado pelo artigo 144 do Código de Processo Civil servidor
(CPC), a suspeição é disciplinada pelo artigo 145 e tem contornos mais subjetivos. Recursos da defesa e periculosidad
levam Sexta Turma a manter prisão
Tanto as situações de suspeição como as de impedimento são frequentemente analisadas pelo Superior preventiva que já dura dez anos
Tribunal de Justiça (STJ).

Esta é a primeira de duas matérias especiais sobre a interpretação do STJ em casos nos quais foram
discutidos a suspeição e o impedimento de magistrados.
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O instituto da suspeição abrange as hipóteses em que o magistrado fica impossibilitado de exercer sua
função no processo devido a vínculo subjetivo (relacionamento) com algumas das partes, fato que
poderia comprometer seu dever de imparcialidade.

Por exemplo, considera-se suspeito, entre outras situações, o juiz que tem relação próxima com pessoa
que participa do processo sob sua jurisdição, seja por amizade ou inimizade; que a aconselhou ou que é
seu credor ou devedor.

As hipóteses de suspeição também estão previstas no artigo 254 do Código de Processo Penal.

Autodeclaração de suspeição não tem efeitos retroativos

Quando o juiz se declara suspeito em razão de algum motivo superveniente, isso não compromete a
validade dos atos praticados anteriormente ao fato que gerou a suspeição, pois, em tais circunstâncias,
não há efeitos retroativos.

Esse entendimento foi confirmado pela Primeira Seção ao indeferir o pedido de anulação dos atos
processuais anteriores praticados pelo ministro relator de um recurso repetitivo (PET no REsp
1.339.313).

Segundo a ministra Assusete Magalhães, autora do voto que prevaleceu no julgamento do pedido de
anulação, a autodeclaração de suspeição foi feita pelo relator originário quase dois anos após o
julgamento do recurso, por motivo superveniente – momento em que o processo estava na vice-
presidência para análise da admissibilidade de recurso extraordinário.

Citando precedentes da corte (AgRg no AREsp 763.510 e RHC 43.787), a ministra destacou que a
suspeição por situação superveniente não opera retroativamente, não implicando, por si só, a nulidade
dos atos processuais anteriores a esse fato.

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Suspeição não pode ser alegada contra instituição

Em decisão unânime, a Terceira Turma negou provimento ao recurso especial interposto por uma mulher
que pretendia que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) fosse, em sua totalidade, declarado
suspeito para julgar um processo.

O REsp 1.469.827 decorreu de uma ação reivindicatória de propriedade movida pelo Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS) contra os ocupantes da área conhecida como Vila Domitila, em Curitiba.

De acordo com a mulher, que era uma das rés na ação, foram afixadas placas nas quadras da Vila
Domitila com os dizeres: "Área de interesse da Justiça Federal". Segundo ela, isso comprovaria o
interesse do TRF4 no julgamento da causa em favor do INSS.

O TRF4 não acolheu a exceção de suspeição. Segundo o acórdão, além de não ser possível o
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reconhecimento de suspeição em relação à figura do juízo como um todo, a alegação de interesse da
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No STJ, a relatora, ministra Nancy Andrighi, manteve a decisão. Segundo ela, o reconhecimento da
suspeição exigeINSTITUCIONAL PROCESSOS
que fique evidenciada JURISPRUDÊNCIA
uma prévia PRECEDENTES
parcialidade do (REPETITIVOS)
julgador para COMUNICAÇÃO
decidir o processo, o LEIS E NORMAS SOB MEDIDA C
que não foi demonstrado no caso.

De acordo com a ministra, além da exceção de suspeição não ser cabível contra uma instituição, "a
alegação de parcialidade, na realidade, constitui mera conjectura, destituída de qualquer elemento
objetivo de prova, pois não há nenhuma evidência de que a atividade jurisdicional restou comprometida
pelos fatos narrados pela recorrente".

Juiz tem legitimidade para recorrer de decisão que o declara suspeito

O magistrado, apesar de não ser parte na ação submetida à sua jurisdição, é parte no incidente de
suspeição que possa surgir no processo – situação em que poderá defender interesses próprios.

Com esse entendimento, manifestado no julgamento do REsp 1.237.996, a Quarta Turma cassou
acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo que não conheceu dos embargos de declaração
apresentados por um magistrado contra a decisão que o afastou de um processo.

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O ministro Marco Buzzi, relator do recurso especial do juiz, explicou que, com base nos princípios
tradicionais que regem o direito processual, o magistrado, os auxiliares da Justiça e os demais sujeitos
imparciais do processo não são parte nem terceiros nas ações que tramitam sob sua jurisdição ou
supervisão. Por esse motivo, em tese, não estariam legitimados a interpor recursos.

Entretanto – ponderou –, existem deliberações judiciais que podem afetar diretamente o patrimônio
financeiro desses sujeitos, a exemplo do julgamento procedente de exceção de suspeição ou
impedimento, em que o juiz é condenado a pagar despesas processuais.

Por essas razões, atualmente, segundo o relator, há uma tendência de distanciamento da concepção
clássica da chamada "parte", pois os titulares da relação jurídica material submetida ao Judiciário não se
confundem, necessariamente, com os sujeitos da relação jurídica processual.

NoO caso
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STJ utiliza suspeição,
para Buzzi
auxiliarapontou que o juiz excepto,
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nossosnão seja parte
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jurídica material da demanda, figura como parte legítima no incidente, tanto que, caso não reconheça a
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sua suspeição, pode apresentar defesa.

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Segundo o ministro, o CPC/2015, no artigo 146, parágrafo 5º, afastou qualquer dúvida sobre a
possibilidade de INSTITUCIONAL PROCESSOS
o juiz interpor recurso contra aJURISPRUDÊNCIA
decisão que julga PRECEDENTES (REPETITIVOS) COMUNICAÇÃO
a exceção procedente. LEIS E NORMAS SOB MEDIDA C

Para o ministro, o juiz tem legitimidade para impugnar, por meio de recurso, a decisão que julga
procedente a exceção de suspeição, ainda que ele não seja condenado ao pagamento de custas ou
honorários advocatícios, pois também pode haver reflexos em seu patrimônio moral.

Erro em publicação não configura suspeição

Para a Segunda Seção, a publicação equivocada do resultado de um julgamento, antes de sua


realização, não leva à conclusão de que o relator seja suspeito. O entendimento foi firmado na análise
da Exceção de Suspeição 198. O colegiado concluiu que o caso poderia revelar a ocorrência de uma
falha procedimental, que eventualmente resultaria na cassação do acórdão, mas esse objetivo não
poderia ser buscado pela via da exceção de suspeição.

De acordo com a seção de direito privado, as hipóteses de suspeição do magistrado previstas no artigo
145 do CPC/2015 devem ser interpretadas de forma restritiva. Entre essas hipóteses legais, estão a
existência de relação de amizade íntima ou inimizade com qualquer das partes ou seus advogados, o
recebimento de presentes de pessoas com interesse na causa e o fato de uma das partes ser credora
ou devedora do magistrado.

No incidente, uma empresa apontou que o resultado do julgamento de seu agravo interno na Terceira
Turma foi publicado, embora o feito tivesse sido adiado para a sessão virtual posterior, o que revelaria
parcialidade na condução do processo. A suspeição, segundo a empresa, deveria ser estendida aos
demais ministros daquele colegiado, pois o resultado publicado antecipadamente expressaria a posição
de todos eles.

O ministro Villas Bôas Cueva, relator, refutou a suspeição e determinou a autuação do incidente em
separado, tendo sido distribuído na Segunda Seção ao ministro Marco Aurélio Bellizze.

Segundo Bellizze, a exceção de suspeição – que não apontou nenhuma das hipóteses legais previstas
no CPC – estaria sendo usada pela parte como sucedâneo recursal, o que é manifestamente inviável
diante da falta de respaldo legal.

"É relevante ressaltar que as hipóteses taxativas de cabimento da exceção devem ser interpretadas de
forma restritiva, sob pena de comprometimento da independência funcional assegurada ao magistrado
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no desempenho de suas funções", concluiu.
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Suspeição por motivo de foro íntimo não pode ser questionada


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É ilegal e abusiva a intervenção do conselho de magistratura de um tribunal ao invalidar a manifestação
do julgador que se declarou suspeito por motivo de foro íntimo, uma vez que essa declaração é dotada
de imunidade constitucional e, por isso, é ressalvada de censura ou de crítica da instância superior.

Para o ministro Raul Araújo, relator do RMS 33.531, a declaração de suspeição por motivo de foro
íntimo se relaciona com os predicamentos da magistratura (artigo 95 da Constituição Federal), que
funcionam como asseguradores de um juiz independente e imparcial, o que é inerente ao devido
processo legal (artigo 5º, LIV, da CF).

A decisão foi dada pela Quarta Turma. Em ação de indenização por dano moral, o juiz de direito afirmou
suspeição por motivo de foro íntimo, com base no artigo 135, parágrafo único, do CPC, e comunicou sua
decisão por ofício ao conselho da magistratura de seu tribunal.

Entretanto, o conselho, em votação unânime, "não conheceu" da suspeição, devolvendo os autos da


ação ordinária ao juiz, o qual, prosseguindo no feito, designou audiência de conciliação.

O réu na ação de indenização contestou a decisão do conselho em mandado de segurança e, não


obtendo êxito no tribunal local, recorreu ao STJ, alegando ter sido violado seu direito líquido e certo
relacionado ao devido processo legal, que garante às partes um julgador isento, imparcial e
independente.

Para Raul Araújo, a decisão do conselho da magistratura constrangeu o juiz, subtraindo-lhe a


independência, ao obrigá-lo a conduzir processo para o qual não se considerava apto, por razões de
foro íntimo – as quais não tinha que declinar, mas certamente comprometiam a indispensável
imparcialidade.

No próximo domingo:

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