Módulo 2 ARTE EM

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ARTES VISUAIS

Unidade 3

ARTE
Temas
1. As linguagens da arte: artes visuais
2. Bidimensionalidade
3. Tridimensionalidade

Introdução
Esta Unidade tem como objetivo o estudo da linguagem visual e algumas de
suas modalidades. Para isso, você conhecerá alguns conceitos e formas de expres-
são das artes visuais. Vai também explorar e reconhecer algumas obras, ao mesmo
tempo que avançará no processo de apreciação e de criação de produções nessa
linguagem.

As linguagens da arte: artes visuais T EMA 1

Neste tema, você vai conhecer e estudar algumas Gravura


modalidades das artes visuais. São elas a pintura, o Imagem obtida a partir
desenho, a fotografia, a gravura e a escultura. A aprecia- de uma matriz (como um
carimbo) que pode ser
ção das artes visuais se dá pelo olhar, ou seja, de forma
feita com diversos mate-
visual, através dos diferentes elementos expressivos, riais e técnicas e permite
por exemplo, cores, linhas, pontos, volumes, sombras, que, com ela, se obte-
entre outros. nham muitas cópias.

Você está cercado por imagens. Muitas delas reproduzem desenhos, gravuras,
pinturas, esculturas ou fotografias, entre outras modalidades das artes visuais.
Observe seu entorno e procure identificar as técnicas que dão origem às imagens
presentes em seu cotidiano. Você consegue reconhecer alguma modalidade das
artes visuais?

Como expressar uma ideia por meio das artes visuais?

Na linguagem visual, elementos expressivos como linhas, pontos, texturas, cores,


volumes, luzes, entre outros, podem ser combinados de diferentes maneiras e com
diversos materiais: tinta, lápis, giz, carvão, argila, plástico, madeira, metal, pedra etc.
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Além disso, nessa linguagem também é fundamental um suporte para acolher


ou conter a produção, como tela, papel, madeira, metal, acrílico, vidro, entre outros.

A combinação dos elementos expressivos resulta em uma composição, moti-


vada por diferentes intenções, que organiza o que o artista pretende com sua
obra: transmitir uma ideia, documentar um momento, expressar um sentimento,
denunciar um acontecimento, encantar, incomodar, questionar ou tudo isso junto.

Essa obra pode ser figurativa, se representar algo de fácil reconhecimento, ou


abstrata (não figurativa), quando representa algo não identificável.

Observe a seguir a obra A família, da artista brasileira Tarsila do Amaral (1886-


-1973). Trata-se de uma obra figurativa, na qual é possível identificar com facili-
dade o que foi pintado.

Essa pintura tem um estilo próprio do movimento modernista Pau-Brasil, do


qual a artista participava.
© Romulo Fialdini/Tempo Composto

Tarsila do Amaral. A família, 1925. Óleo sobre tela, 79 cm × 101,5 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri, Espanha.
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Agora, veja um exemplo de arte abs-

© Album/Oronoz/Latinstock
trata do artista holandês Piet Mondrian
(1872-1944). Diferentemente da obra A
família, essa é uma pintura não figura-
tiva. Note que ela traz linhas retas e ape-
nas as cores primárias (amarelo, azul,
vermelho), além do branco e do preto.
Tais características fazem parte do movi-
mento chamado neoplasticismo, do qual
Mondrian foi um dos criadores.

O neoplasticismo foi um movimento


da pintura que pregava o uso de cores
puras e dos elementos essenciais da pin-
tura em busca de uma linguagem univer-
sal que pudesse ser compreendida por Piet Mondrian. Composição com amarelo, azul e vermelho, 1937-1942.
Óleo sobre tela, 72,7 cm × 69,2 cm. Tate Modern, Londres, Inglaterra.
todos em todas as culturas.

Atividade 1 Produção figurativa ou abstrata

Com base nas informações oferecidas e em suas reflexões, crie no seu


caderno uma produção figurativa ou abstrata. Para desenhar, utilize lápis de cor,
lápis preto ou caneta. O que mais importa nesse trabalho é a representação de
sua ideia.

Artes visuais e o bi e tridimensional


Na linguagem visual, há produções bidimensionais e tridimensionais. Mas
afinal, o que isso significa?

Como o nome sugere, as produções bidimensionais possuem duas dimensões –


largura e altura – e são planas, como um desenho, uma gravura ou uma fotografia.

A escultura é um exemplo de modalidade


da linguagem visual tridimensional, ou seja,
O prefixo “bi” indica dois. Por exem-
com três dimensões – largura, altura e pro- plo, quando você ouve falar na Bie-
fundidade. Uma obra tridimensional pode ser nal de São Paulo, fica sabendo que
admirada de todos os lados, o que não acon- essa é uma exposição que acontece
a cada dois anos.
tece com as produções bidimensionais.
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Atividade 2 Identificando imagens

Agora você vai observar obras de algumas modalidades das artes visuais,
produzidas por artistas de diferentes épocas e locais. Caso queira saber mais
sobre os artistas destacados aqui, você pode pesquisar em livros e na internet.

Observe as imagens e responda às questões a seguir.

Imagem 1

© Romulo Fialdini/Tempo Composto


Imagem 3
Imagem 2
UNIDADE 3

© Instituto Fayga Ostrower © Alex Salim


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Imagem 5
Imagem 4
UNIDADE 3

© Fausto Fleury/Galeria Fortes Vilaça © Sebastião Salgado/Amazonas Images


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1 Qual é a modalidade das artes visuais de cada imagem? Pintura, escultura,


gravura ou fotografia?

Imagem 1:

Imagem 2:

Imagem 3:

Imagem 4:

Imagem 5:

2 Quais seus sentimentos e ideias em relação a cada obra? Por quê?

3 As obras apresentadas são bidimensionais ou tridimensionais? Justifique sua


resposta.

4 No conjunto de reproduções que você observou, existe alguma obra abstrata?


Justifique.
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HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Produção figurativa ou abstrata


As cores e formas podem representar sentimentos, pensamentos, ideias, tanto em imagens figu-
rativas como abstratas. Veja se isso foi feito em sua experiência de composição do desenho. Você
pode levar sua produção ao CEEJA para conversar com o professor.

Atividade 2 – Identificando imagens

Imagem 1: pintura. Imagem 3: gravura. Imagem 5: pintura.

Imagem 2: escultura. Imagem 4: fotografia.

2 Respostas pessoais. A seguir, veja as legendas das imagens analisadas, e algumas possibi-
lidades de resposta sobre as ideias e sentimentos que as obras podem despertar em alguém.
Lembre-se de que essas sensações estão relacionadas com suas experiências de vida, e com
aquilo que a obra despertou em você, por isso, trata-se apenas de possibilidades de respostas.

Imagem 1: Almeida Junior. O violeiro, 1899. Óleo sobre tela, 141 cm × 172 cm. Pinacoteca do Estado
de São Paulo, São Paulo (SP).

A pintura retrata um casal ou duas pessoas próximas, em uma cena de cantoria, em ambiente
simples, sugerindo um momento de nostalgia, carinho, mas também de descanso ou de intervalo
nas tarefas do dia.

Imagem 2: Aleijadinho. Passos da Paixão (detalhe do Passo da Cruz-às-Costas), 1867-1875.


Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas (MG).

Essa escultura pode ter despertado emoção e respeito, um chamado, por se tratar de uma imagem
religiosa.

Imagem 3: Fayga Ostrower. Sem título, 1945. Linóleo em preto sobre papel de arroz, 8,5 cm × 7,0 cm.
Ilustração para a capa do livro Histórias incompletas, de Graciliano Ramos. Instituto Fayga Ostrower,
Rio de Janeiro (RJ).

A imagem pode ter sugerido certa desconfiança, apreensão, cuidado, atenção da pessoa retratada
ao abrir uma porta. Outra possibilidade pode ter sido o sentimento de tristeza, abatimento, can-
saço, pois a imagem mostra um homem com a cabeça inclinada e expressão triste.

Imagem 4: Sebastião Salgado. Fotografia retirada da série do livro Terra, publicado em 1997.

Uma das possibilidades de resposta para essa imagem é que ela pode ter despertado o sentimento
de cansaço, pois a fotografia retrata um grupo de trabalhadores rurais, em mais um dia de traba-
lho, carregando sua enxada sobre o ombro. Outra possibilidade é a solidão. Apesar de se tratar de
vários homens juntos, todos eles estão sozinhos, caminhando separadamente, em silêncio. Pode
ter despertado, também, o sentimento de dignidade em relação ao trabalho, pelo dever cumprido.

Imagem 5: Beatriz Milhazes. Dancing, 2007. Acrílica sobre tela, 247 cm × 350 cm. Galeria Fortes
Vilaça, São Paulo (SP).
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Essa obra pode ter despertado o sentimento de alegria devido ao emprego de cores vibrantes e a

HORA DA CHECAGEM
impressão de movimento, pelas colagens feitas em formatos circulares.

3 Com exceção da imagem 2, uma escultura de Aleijadinho, todas as outras reproduções são
de obras bidimensionais, porque possuem apenas altura e largura, e não profundidade, como
é o caso da escultura.

4 Apenas a obra de Beatriz Milhazes é abstrata, pois não há formas reconhecíveis, identificáveis
na composição.
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T EMA 2 Bidimensionalidade

Desde tempos mais remotos, o ser humano cria imagens bidimensionais, como
desenhos em paredes de cavernas. Atualmente, com o uso da tecnologia, é possível se
expressar de diversos modos, até mesmo com um simples “clique”, por meio da fotogra-
fia, forma de expressão bastante presente no dia a dia, que você vai estudar neste tema.

Você tem fotografias em casa ou já fotografou alguém? Pode ser até que traga
uma em sua carteira, mesmo que seja em um documento. Você costuma tirar foto-
grafias? O que mais gosta de fotografar? Por quê?

A fotografia
A fotografia é uma das modalidades da linguagem visual. Ela capta recortes
do mundo tridimensional e os fixa em suportes bidimensionais, reapresentando
aquele mundo, agora recortado e em duas dimensões. A fotografia sofreu inúme-
ras transformações, tanto em sua forma de produção como em sua presença no
mundo das artes.

Uma das primeiras fotografias conhecidas foi feita, provavelmente, em 1826 pelo
inventor francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833) e chama-se Vista da janela em
Le Gras. Ela foi divulgada ao público apenas em 1839.

A representação fiel
© Archives Charmet/ Bridgeman Images/Keystone

do objeto, da pessoa, da
paisagem etc. obtida rapi-
damente por meio da foto-
grafia passou a competir
com a pintura.

Antes da fotografia,
era a pintura que cum-
pria a função de registrar
momentos históricos, pes-
soas e paisagens.

Joseph Nicéphore Niépce. Vista da janela em Le Gras , c. 1826. Coleção Gernsheim,


Universidade do Texas, Austin, EUA.
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No início, por ser um processo físico-químico, os fotógrafos pertenciam à


categoria de técnicos e não à de artistas. Os avanços tecnológicos, como o surgi-
mento da fotografia digital, resultaram em grandes mudanças no que diz respeito
aos materiais, técnicas e ferramentas utilizados nessa forma de expressão. Hoje,
a fotografia é reconhecida artisticamente, exposta e admirada em museus e gale-
rias de todo o mundo.

Ela está presente no cotidiano de quase todas as pessoas, para o registro e


memória de eventos e acontecimentos, e também em todos os meios de comuni-
cação, como jornais e revistas impressos e digitais e em peças publicitárias.

Para conhecer a história da fotografia com mais detalhes, vale a pena realizar
uma pesquisa na internet, desde suas primeiras produções até os dias de hoje.
Você encontrará informações e imagens surpreendentes.

Atividade 1 O olhar do fotógrafo

© Sebastião Salgado/Amazonas Images


A foto apresentada ao lado faz
parte de uma série de imagens do
brasileiro Sebastião Salgado, reco-
nhecido como um dos maiores fotó-
grafos da atualidade. Seu trabalho
privilegia o registro de questões
sociais e ambientais.

Observe a imagem e responda às


questões.

1 Ao observar a foto, qual parte


dela chama mais sua atenção?

Sebastião Salgado. Série Êxodos, 2000. Fotografia.


64 UNIDADE 3

2 Descreva o ambiente fotografado.

3 Em sua opinião, qual é o tema dessa fotografia? Acha importante registrar esse
assunto? Por quê?

4 Em sua opinião, por que as fotografias de Sebastião Salgado são consideradas


artísticas?

5 Para você, qual o impacto dessa fotografia ser em preto e branco?

6 Qual sua opinião sobre não aparecer o rosto das pessoas fotografadas?
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Além das fotografias que você viu no Tema 1 e na Atividade 1 deste tema, das séries Terra
e Êxodos, outro importante trabalho do fotógrafo Sebastião Salgado é a série Gênesis, que
levou oito anos para ser produzida e apresenta mais de 240 fotografias feitas em viagens pelo
mundo. As fotografias dessa série trazem questões sociais e ambientais, com paisagens ainda
preservadas e aldeias de pessoas que conservam seus costumes ancestrais ao redor do planeta.

Para entender melhor o trabalho de Sebastião Salgado, pesquise o significado das palavras
êxodo e gênese e visite seu site oficial para ver mais imagens que compõem essas séries e outros
trabalhos do artista: <http://www.amazonasimages.com/accueil>. Acesso em: 29 set. 2014.

A fotografia sempre foi vista como registro da realidade e quase ameaçou a


existência da pintura quando surgiu. Você acredita que a fotografia substitui
ou poderia substituir a pintura?

Hoje, com as diferentes tecnologias disponíveis, fotografias podem ser


adulteradas, modificadas. Pessoas podem ser incluídas ou retiradas de deter-
minados locais utilizando recursos digitais, por exemplo. Qual é sua opinião a
esse respeito?

Atividade 2 A composição bidimensional e os elementos expressivos


na pintura

Continuando a reflexão sobre a bidimensionalidade, você vai agora analisá-la


por meio da pintura, além de retomar os conteúdos do Tema 1 sobre figuração e
abstração.

Inicialmente, observe com atenção as duas pinturas a seguir, buscando perce-


ber cada detalhe delas – suas formas, cores, linhas, nuances, planos, composição,
ou seja, seus elementos expressivos.

Após a apreciação, responda às perguntas do quadro sobre os aspectos da


composição bidimensional das imagens e em relação aos significados das obras
dos dois artistas brasileiros.
66 UNIDADE 3

Imagem 1

© João L. Musa
Arcangelo Ianelli

Pintor, escultor, ilustrador e


desenhista, nasceu em 1922,
na cidade de São Paulo. Na
década de 1940, frequentou o
ateliê de artistas que seguiam
a corrente do abstracionismo.
Dedicou-se à abstração geo-
métrica, privilegiando o uso
de retângulos e quadrados,
apresentados como planos
superpostos, ou seja, uns
colocados sobre os outros.
Faleceu em 2009, em sua
cidade natal.

Arcangelo Ianelli. Abstrato azul, 1973. Óleo sobre tela, 100 cm × 80 cm.
Acervo Banco Itaú S.A., São Paulo (SP).

Imagem 2

© Estúdio Aldemir Martins


Aldemir Martins

Nascido em 1922, em Ingazeiras,


Ceará, produziu várias obras que
representam a paisagem e as pessoas
que vivem no Nordeste. Os traços
fortes e os tons vibrantes são carac-
terísticas inconfundíveis de seus
trabalhos, que contemplam a natu-
reza do povo brasileiro. Dentre suas
séries, há desenhos de cangaceiros,
peixes, galos, cavalos, paisagens e
frutas, nos quais o artista exercita sua
liberdade de expressão com o uso de
cores e formas, conforme se pode ver
na pintura Gato. Faleceu na cidade de
São Paulo, em 2006.

Aldemir Martins. Gato. Acrílica sobre tela, 130 cm × 81 cm.


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Arcangelo Ianelli Aldemir Martins


Perguntas
Abstrato azul Gato

Quais linhas predominam


em cada uma das obras:
retas – horizontais, verticais,
inclinadas –, curvas, mistas?

As cores são claras, escuras,


misturadas? Destacam-se
em algum local? Qual?

Há formas repetidas? Quais?

Como o artista organizou as


formas no espaço da obra?

Comente o uso da cor azul


em cada obra.

Como o artista resolveu o


fundo da obra?

As obras são figurativas


ou abstratas? Explique
sua conclusão.

Crie um novo título para


cada uma das obras.

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – O olhar do fotógrafo


1 Resposta pessoal. O foco principal é a figura humana usando chapéu, abaixada, no primeiro
plano. O olhar recai diretamente sobre ela. É a “entrada” da imagem. No entanto, você pode ter
apontado outros elementos, como o fundo branco ou a paisagem formada por canas-de-açúcar ao
redor dos trabalhadores.

2 Resposta pessoal. Uma das respostas possíveis é que o ambiente é o de corte de cana, asso-
ciado, entre outras possibilidades, às difíceis condições de trabalho no campo.

3 Resposta pessoal. Uma das respostas possíveis é que o tema é o trabalho. Ter registrado esse
assunto é importante, posto que obras de arte também podem apresentar denúncias, por exemplo,
sobre as condições precárias de trabalho no campo; ou demonstrar que existe poesia, beleza em
cenas de trabalhadores do campo.
68 UNIDADE 3

4 Resposta pessoal. Uma possível resposta é que as fotografias de Sebastião Salgado são conside-
radas artísticas por captarem questões humanitárias com muita sensibilidade, sem a utilização de
iluminação artificial, mostrando em preto e branco a condição humana, que por vezes só é percebida
quando se depara com suas obras. Além disso, elas estão presentes em museus e galerias de arte,
confirmando seu valor artístico.

5 Resposta pessoal. Uma das respostas possíveis é que o preto e branco pode dar mais dramaticidade
à foto, evidenciando de forma mais acentuada os claros e escuros.

6 Resposta pessoal. Uma possibilidade de interpretação é que os rostos não aparecem podendo
indicar que trabalhadores do campo são pessoas anônimas, esquecidas, ou, talvez, que poderiam
ser quaisquer pessoas nessa foto (ou nesse trabalho), ou, ainda, que os retratados não quiseram
mostrar o rosto para o fotógrafo.

Atividade 2 – A composição bidimensional e os elementos expressivos na pintura

Arcangelo Ianelli Aldemir Martins


Perguntas
Abstrato Azul Gato
Quais linhas predominam
em cada uma das obras: Predominam as linhas retas – Predominam as linhas mistas –
retas – horizontais, verticais, horizontais e verticais. retas e curvas.
inclinadas –, curvas, mistas?
A cor da figura do primeiro plano é
Há diferentes tonalidades de azul, do
azul forte com pinceladas em branco.
As cores são claras, escuras, mais escuro ao mais claro. O destaque
O fundo é uma mistura de amarelo e
misturadas? Destacam-se é para as formas que estão em primeiro
laranja em aproximadamente ⅓ da obra,
em algum local? Qual? plano azul muito claro (sobreposição de
e o restante é marrom avermelhado.
branco sobre o azul).
Destacam-se os olhos verdes do gato.

É possível observar certa simetria na


imagem do gato, na qual o formato dos
A obra é composta por vários
Há formas repetidas? Quais? retângulos sobrepostos.
olhos, os triângulos que formam as
orelhas e os traços do bigode são seme-
lhantes dos dois lados.

Como o artista organizou as Todo o espaço é ocupado por O gato é a figura principal e ocupa o
formas no espaço da obra? formas geométricas. centro da obra.

Os retângulos chapados e sobrepostos do


Comente o uso da cor azul mais escuro para o mais claro possuem O azul do gato, com claros e escuros,
em cada obra. transparência, como se fossem folhas de dá a ideia de volume.
papel-celofane, uma sobre a outra.

Um retângulo maior alaranjado e um


Como o artista resolveu o O fundo da obra é o retângulo mais
menor vermelho definem o fundo cha-
fundo da obra? escuro e faz parte da composição.
pado da obra, cujo destaque é o gato.
HORA DA CHECAGEM

As obras são figurativas ou A obra é abstrata, composta por


A obra é figurativa. Ainda que sua cor
abstratas? Explique figuras geométricas.
não corresponda à realidade, um gato
sua conclusão. pode ser facilmente reconhecido.

Resposta pessoal. Você pode dar um Resposta pessoal. Você pode dar um
título de acordo com aspectos formais título de acordo com aspectos formais
Crie um novo título para
da obra, como cor, linhas etc. Pode tam- da obra, como cor, linhas etc. Pode tam-
cada uma das obras. bém escolher o título baseado nos senti- bém escolher o título baseado nos senti-
mentos que ela despertou em você. mentos que ela despertou em você.
UNIDADE 3 69
70

T EMA 3 Tridimensionalidade

Este tema tem como foco as obras

Daniel Beneventi sobre foto © Album/Akg-images/ Nimatallah/Latinstock


Altura
tridimensionais, como as esculturas e
os demais objetos que apresentam três
dimensões: altura, largura e profundi-
dade, representadas na imagem ao lado.

Assim como seu dia a dia está


repleto de produções bidimensionais, a
tridimensionalidade também tem pre-
sença marcante em sua vida. É só você
olhar para seu lápis, sua caneta, sua Profundidade
borracha, seu celular, um prato, uma Largura
panela, um sabonete, móveis, automó-
Busto do historiador grego Heródoto.
veis, uma bola de futebol, enfim, a lista
seria interminável...

Observe a imagem a seguir, que mostra uma escultura famosa. Essa obra,
embora esteja aqui reproduzida de forma bidimensional, por ser fotografia, é, na
realidade, uma obra tridimensional.
© Giraudon/Bridgeman Images/Keystone

Antonio Canova. Psiquê revivida pelo


beijo de Eros, 1787-1793. Escultura em
mármore, 155 cm × 168 cm × 101 cm.
Museu do Louvre, Paris, França.
UNIDADE 3 71

Tem cor, tem forma, tem linha e tem volume


Como você já viu, para apreciar uma obra tridimensional e analisá-la em sua
totalidade, é preciso andar a seu redor, observando-a de diferentes pontos de vista.
Isso não é necessário ao apreciar uma pintura, um desenho, uma gravura, pois
apresentam apenas uma face para observação.

No início do século XX, a escultura, assim como a pintura, afastou-se do figura-


tivo, das produções acadêmicas em direção à abstração. De lá para cá, escultores
em busca da renovação da arte em todas as suas expressões inovaram na utiliza-
ção de formas e materiais nas criações tridimensionais e montagens de objetos
unidos, por exemplo, pela soldagem.

Atividade 1 Comparando esculturas

Observe as imagens das esculturas A montanha azul e Portadora de perfume nas


próximas páginas e responda:

1 Qual delas é abstrata e qual é figurativa? Por quê?

2 Você já viu alguma escultura em sua cidade ou em outro local que visitou?
Onde? Era uma obra abstrata ou figurativa? Descreva uma delas.
72 UNIDADE 3

3 Você conhece em sua cidade ou região alguém que faz esculturas? Como são os
trabalhos desse profissional?

4 Faça uma pesquisa para descobrir quais materiais foram utilizados e como as
esculturas de Caciporé e de Brecheret foram construídas. Registre os resultados em
seu caderno.
© Acervo MAC/USP

Caciporé Torres. A montanha azul, 1965. Escultura em ferro, 88 cm × 70 cm × 26,5 cm.


Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), São Paulo (SP).

Caciporé Torres

Escultor, desenhista e professor, nasceu em 1935, em Araçatuba, São Paulo. Na 1a Bienal de Arte
de São Paulo, em 1951, foi premiado com uma bolsa de estudos na Europa. Retornou ao Brasil
em 1953, porém logo foi a Paris (França), onde se dedicou ao estudo de obras abstratas. Utiliza
em suas produções geométricas materiais como bronze, ferro e aço, geralmente em grandes
dimensões. Algumas delas estão expostas em museus e espaços públicos de várias cidades,
como em São Paulo, na estação de metrô Santa Cecília, e em Miami (EUA).
UNIDADE 3 73

© Valéria Vaz

Victor Brecheret. Portadora de per-


fume , c. 1923. Escultura em bronze,
331,5 cm × 100 cm × 87 cm. Pinacoteca
do Estado de São Paulo, São Paulo (SP).

Victor Brecheret

Escultor, nasceu em 1894, em São Paulo (SP). Iniciou seus estudos no Liceu de Artes e Ofícios
de São Paulo em 1912, mas no ano seguinte transferiu-se para Roma (Itália), onde estudou até
1919. Considerado um dos principais representantes do modernismo no Brasil, participou da
Semana de Arte Moderna de 1922, expondo várias de suas esculturas no Theatro Municipal
de São Paulo, local onde ocorreu o evento. Nesse mesmo período, iniciou a maquete de uma
de suas principais obras, o Monumento às bandeiras, inaugurado em 1953, em uma das entradas
do Parque Ibirapuera. Grande parte de suas esculturas está exposta em locais públicos, como
jardins e praças. Faleceu em 1955, na cidade de São Paulo.
74 UNIDADE 3

O trabalho do escultor
Antes de criar uma forma tridimensional, o artista realiza estudos utilizando a téc-
nica do desenho e pesquisa materiais que oferecerão a seu trabalho a expressão dese-
jada. Ele analisa o tema, planeja a dimensão, pesquisa as ferramentas necessárias,
avalia as possibilidades de posição, a forma e a técnica: esculpir, entalhar ou modelar.

Portanto, o artista, em primeiro lugar, idealiza sua escultura, fazendo vários


desenhos e maquetes.

Cinzelar, fundir, modelar. Bronze, mármore, argila, cera, madeira. A escolha da


técnica utilizada para produção da escultura está relacionada à seleção do material
que será utilizado para representar a ideia, o pensamento, o sentimento do artista
em sua obra.

Quando o artista retira de um bloco de pedra as partes excedentes, conforme


o projeto idealizado, ele necessita de ferramentas especiais. A técnica utilizada é
o cinzelamento, pois se usa uma ferramenta chamada cinzel.

Nas esculturas de metal, a fundição é a técnica empregada; no entanto, é


necessário que um original seja criado em argila ou gesso. O processo de fundi-
ção por cera perdida é o mais indicado para fundir uma escultura de bronze.

Para trabalhar com a argila, o artista amassa, modela, cria texturas, acres-
centa e retira material. A modelagem também pode ser utilizada como estudo
que antecede a obra final de metal.

Pesquise na internet vídeos com esses processos de produção. Você verá como
é interessante, por exemplo, construir um vaso a partir da argila.

No processo de fundição com cera perdida, inicialmente, o artista realiza sua obra mode-
lando-a em algum material, como a argila. Em seguida, a escultura é colocada em um forno
para que o barro fique duro e resistente. Depois de pronta, faz-se um molde em torno dela,
cobrindo-a com gesso. Quando o gesso está seco e duro, retira-se a obra de argila. O resultado
é um molde que possui a forma da escultura, mas ao contrário; é o negativo.

Esse molde da escultura pode ser usado várias vezes pelo artista, como uma forma de bolo. Ele
é então preenchido com cera derretida, que, quando endurece, fica idêntica à escultura original
de argila. Depois disso, cria-se um novo molde. Essa escultura de cera é coberta com um material
resistente ao calor, deixando algumas frestas entre a cera e o ar, para que o metal derretido possa
entrar na nova forma. Essa nova forma é aquecida até que a cera derreta e surja um molde oco,
com todas as formas da escultura original em seu interior. A cera é jogada fora, daí a expressão
“cera perdida”. O novo molde é preenchido com o metal derretido, que deve esfriar e endurecer. O
passo seguinte é quebrar o molde e dar os últimos retoques na escultura de metal.
UNIDADE 3 75

Atividade 2 Observar, refletir e descobrir significados

1 Observe e compare as obras de Sonia Ebling e de Constantin Brancusi e res-


ponda às questões.

© Valéria Vaz

Sonia Ebling. Luiza, 2000. Escultura


em bronze, 187 cm × 68,5 cm × 81 cm.
Pinacoteca do Estado de São Paulo,
São Paulo (SP).

Sonia Ebling

Escultora e professora, nasceu em 1918, no município de Taquara, Rio Grande do Sul. Na


década de 1940, estudou nas Escolas de Belas Artes do Rio Grande do Sul e do Rio de
Janeiro. Integrou a 1a Bienal de Arte de São Paulo, realizada pelo Museu de Arte Moderna
em 1951. Em 1956, viajou à Europa, após receber o prêmio do 4o Salão Nacional de Arte
Moderna do Rio de Janeiro, fixando-se em Paris até 1968. Realizou importantes exposições
representando o Brasil, como 51 escultores – 19 nações, na Alemanha, e Escultura Campestre,
na França. Lecionou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e tem obras em impor-
tantes acervos públicos, como no Palácio Itamaraty, em Brasília (DF), no Museu de Arte
Contemporânea e na Pinacoteca do Estado, em São Paulo (SP), entre outros. Faleceu no Rio
de Janeiro, em 2006.
76 UNIDADE 3

© Christie’s Images/Corbis/Latinstock
© AUTVIS, 2015

Constantin Brancusi. O beijo, 1907.

Constantin Brancusi

Nascido em Hobita (Romênia), em 1876, foi um dos principais colaboradores das ideias
que inovaram a escultura. Depois de estudar na Escola de Belas Artes de Bucareste,
também na Romênia, e no ateliê do grande escultor francês Auguste Rodin (1840-1917),
em Paris, na França, ele deu início a um trabalho cada vez mais contestador das formas
reais. Na primeira década do século XX, criou sua mais famosa obra, O beijo. Brancusi quase
não alterava a forma do bloco de pedra com o qual trabalhava, desgastando-o apenas
e esculpindo-o com cuidado. Faleceu em 1957, na capital francesa.
UNIDADE 3 77

a) Descreva o que você pode observar em relação ao desenho das formas.

b) Embora estáticas, existe alguma sugestão de movimento em cada uma delas?


Que parte(s) das obras dá(ão) essa ideia de movimento?

2 Imagine que uma nova praça será inaugurada em sua cidade. Crie, em seu caderno,
desenhos para uma escultura que ficará exposta nela. O tema fica a sua escolha.

Seguem algumas dicas para você pensar no tema de sua produção:

• Observação: você vai criar sua escultura com base em pesquisas e depois de
observar pessoas, objetos, construções, formas, cores e características.

• Memória: você vai realizar seu trabalho lembrando-se de algo que já conhece.

• Imaginação: você vai criar algo que não existe e que terá formas, cores, volumes
e dimensões escolhidos por você e que será produto de sua imaginação.

Uma sugestão para começar a sua produção é providenciar duas folhas de papel
sulfite. Na primeira, desenhe uma composição abstrata utilizando dois quadra-
dos, dois retângulos, um círculo e três triângulos. O tamanho das formas fica
ao seu critério. Na segunda folha, desenhe as mesmas formas, separadamente,
e recorte.

Agora, o desafio é unir as formas de maneira que, ao final, o trabalho fique em


pé. Você pode rasgar, cortar, colar, dobrar; no entanto, não vale mudar as for-
mas nem acrescentar outras. Como resultado, você verá duas produções, uma
bidimensional e outra tridimensional. Você realizou, nessa proposta, algo seme-
lhante ao processo de trabalho de um escultor, que planeja sua ideia antes de
executá-la.

Depois de prontos, você pode observar os dois trabalhos e verificar as diferenças


e semelhanças entre as duas formas de representação.
78 UNIDADE 3

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Comparando esculturas

1 A montanha azul é abstrata, pois não há figuras reconhecíveis, que correspondam à realidade.
A Portadora de perfume é figurativa, porque está mais próxima do mundo real. Pode-se notar o
formato de uma mulher com um pote em seu ombro.

2 Resposta pessoal. Talvez você já tenha visitado um museu em sua cidade ou em outra região e pôde
apreciar esculturas de diferentes artistas, materiais e épocas. No entanto, caso isso não tenha sido
possível, em algumas praças, jardins e até em cemitérios existem esculturas ou monumentos. Prédios
públicos também podem exibir esculturas de personagens da história ou obras de artistas locais.

3 Resposta pessoal. Certamente em sua cidade ou região há pessoas que produzem esculturas.
Um bom local para encontrar esses profissionais é visitar feiras de artesanato. Caso não conheça
nenhuma, você pode fazer uma pesquisa para descobrir quais tipos de escultores há em sua região.

4 Na obra de Caciporé Torres, as peças foram soldadas criando diferentes volumes. A escultura
de bronze de Victor Brecheret foi criada com um molde construído pelo próprio artista e, depois de
fundida, a obra recebeu acabamento e polimento.

Atividade 2 – Observar, refletir e descobrir significados

1
a) Na obra de Ebling, as formas são arredondadas, suaves, e houve grande interferência da artista
no material. Na obra de Brancusi, elas foram determinadas pelo formato do material bruto.
b) Na obra de Ebling, a sugestão de movimento é dada em quase todo o corpo da escultura, com uma
das pernas levantadas, os braços esticados para trás e com a torção realizada no pescoço. Na obra de
Brancusi, parece haver movimento na força do abraço.

2 Produção pessoal. Como foi escolher o tema? E o desenho? Você chegou a realizar a sugestão ofe-
recida? Como foi a experiência? Caso queira, leve para seu professor e discuta com ele sua produção.
Dança e cultura
Unidade 4

ARTE
Temas
1. As linguagens da arte: a dança
2. Danças populares brasileiras: tradição e cultura

Introdução
O que é preciso para produzir uma obra de arte? O escultor pode utilizar a
pedra; o pintor, as telas ou mesmo os muros das cidades; o músico compõe com
sons e silêncios; o ator se expressa por meio de seu corpo. E a arte da dança?
Como acontece?

Como você verá nesta Unidade, a dança é uma arte que, segundo alguns pes-
quisadores, já existia na Pré-história. Todos os povos, em todas as épocas e cul-
turas, desenvolveram algum tipo de dança e, por meio dela, expressaram e ainda
expressam ideias e sentimentos. No Brasil, há também diversas danças, que pre-
servam memórias e tradições de povos espalhados por várias regiões do País.

As linguagens da arte: a dança TEMA 1

Neste tema, você estudará como a dança se transformou ao longo do tempo.


Para isso, serão apresentados momentos marcantes da dança ocidental, alguns de
seus representantes e a época em que importantes espetáculos foram produzidos.

© Qi Feng/123RF

Você já viu alguma apresentação,


imagens ou vídeos de balé? O que obser-
vou no corpo e nos movimentos dos bai-
larinos? Que imagens vêm a sua mente
quando pensa em pessoas dançando
balé? Veja a imagem ao lado. Trata-se
de uma cena de um espetáculo de balé.
Quais elementos chamam sua aten-
ção? A rigidez do corpo? A delicadeza do
Royal Ballet Russo. O lago dos cisnes. Teatro Jinsha, Chengdu, China,
movimento? As roupas? 2008.
80 UNIDADE 4

Breve história da dança


Historiadores indicam que os seres humanos dançam desde a Pré-história. O
material existente para analisar esse período se concentra nas pinturas rupestres,
ou seja, que eram feitas em superfícies rochosas, como as paredes das cavernas,
nas quais as pessoas retratavam seu cotidiano. Na imagem a seguir, você pode
observar os indícios da prática de dança já nessa época.
©Tom Alves/Kino

Pintura rupestre. Provável representação de uma cena de dança, comemorando a caça de um animal. Sítio Arqueológico Xiquexique 1,
Carnaúba dos Dantas (RN).

A dança, portanto, esteve presente em diversas épocas e culturas do planeta.


Há muito tempo, dentre outras funções, as danças têm servido para venerar os
deuses, o Sol, a Lua e as estrelas; espantar os maus espíritos; comemorar a vitória
em uma guerra; pedir chuva; agradecer a colheita e reverenciar os mortos em ritos
funerários.

A dança em diferentes culturas

No antigo Egito, a dança era considerada sagrada; homenageava os deuses e os


faraós e estava presente nos funerais. Entre os gregos, além do caráter religioso, ela
fazia parte da educação e era apresentada em algumas cenas de teatro. Para os anti-
gos romanos, era mais ligada à agricultura e à guerra. Na Índia, China, Japão e entre
UNIDADE 4 81

vários povos do continente africano, também aparecia como algo místico, religioso.
As danças tinham um caráter de ritual, que incluía comemorações como casamento,
maioridade, nascimento, colheita, guerra e morte. Geralmente eram realizadas com
máscaras e pinturas corporais que, assim como os gestos, tinham uma intenção e
comunicavam significados. Muitas dessas danças permanecem até hoje.

© Rastislav Kolesar/Alamy/Latinstock
Dança tailandesa. Loy Krathong Festival, Wimbledon, Inglaterra.

© Werner Forman/Album/Akg-images/Latinstock

Representação da dança egípcia. No Egito Antigo, as pessoas dançavam em homenagem aos faraós e aos deuses.
82 UNIDADE 4

© rachen sageamsak/Xinhua Press/Corbis/Latinstock

Dançarinas do Chinese Art Ensemble of the Handicapped (CAEH) no espetáculo Mil mãos, em evento comemorativo ao ano-novo chinês.
Bangcoc, Tailândia.
© Mario Friedlander/Pulsar Imagens

Dança da etnia paresi apresentada durante os Jogos dos Povos Indígenas. Cuiabá (MT), 2013.
UNIDADE 4 83

Atividade 1 A dança e suas origens

Após a leitura do texto Breve história da dança, responda:

1 Quando a dança apareceu na história da humanidade?

2 Por que as pessoas dançam?

3 Na dança, o corpo do bailarino é que expressa os sentimentos, as ideias. Quais


outros elementos contribuem para a construção de sentidos em uma dança?

Balé

Com o passar do tempo, muitas outras formas de dança apareceram em todo o


mundo. No final do século XV e começo do XVI, surgiu na Itália o que viria a ser o
balé. Essa palavra vem do termo francês ballet, que se originou do italiano balleto,
diminutivo de ballo, que significa baile, dança. Essa forma de dança nasceu entre
espetáculos de poesia, música, mímica e dança, oferecidos pelos nobres italianos
a seus visitantes. Quando a nobre italiana Catarina de Médici se casou com o rei
Henrique II, em 1533, mudou-se para a França e levou consigo um grupo de músicos,
dançarinos e artistas.

Na corte francesa, a rainha apresentou espetáculos grandiosos e luxuosos, cau-


sando a admiração dos convidados e a propagação do balé pela França. Catarina
84 UNIDADE 4

de Médici também difundiu o Ballet Comique de la Reine (Balé Cômico da Rainha),


grupo de músicos, dançarinos, atores e cenógrafos que realizavam espetáculos
com a finalidade de divertir a corte.
O balé ganhou maturidade na França do século XVII, durante o reinado de Luís
XIV, entre 1643 e 1715. O jovem rei era também um exímio bailarino, e, em 1661,
fundou a Académie Royale de Danse (Academia Real de Dança). Seu objetivo era
formar mestres e bailarinos profissionais.
© Bridgeman Images/Keystone

Gravura mostrando cena do bailado Jasão e Medeia, 1781. Coleção particular.

No balé, os bailarinos se apresentam, na maioria das vezes, com música de


orquestra, encantando diferentes plateias pela beleza e suavidade dos movimen-
tos. No entanto, foi apenas no século XVIII, com o balé romântico, que ele deixou os
palácios, reis e rainhas para ocupar os palcos, embora ainda como coadjuvante de
óperas e peças de teatro. Foi nesse momento que a dança começou a aparecer como
arte autônoma e surgiram algumas escolas, academias, professores e coreógrafos
de balé. As narrativas dessa dança apresentavam
Coreógrafo
figuras idealizadas, a espiritualidade, os sonhos,
Profissional responsável pela
valorizando muito o papel da primeira bailarina,
coreografia, construção de uma
que realizava movimentos suaves, delicados e, ao sequência de movimentos que,
mesmo tempo, acrobáticos. Nesse momento, surgi- juntos, constituem uma dança.
ram as sapatilhas de ponta, que passaram a contri- A coreografia está presente em
todas as formas de dança.
buir para esses movimentos.
UNIDADE 4 85

O moderno e o contemporâneo na dança


No início do século XX, com a industrialização, as mudanças sociais refletiram
também nas artes, em diversas expressões artísticas, que romperam com o passado e
se transformaram. Com a dança não foi diferente.

Dança moderna

Nessa época, a dança moderna se desenvolveu a ponto de estabelecer uma pri-


meira e importante ruptura com as convenções da dança clássica. Inicialmente, causou
estranhamento. O abandono das sapatilhas e o uso de roupas mais soltas permitiram
ao dançarino executar movimentos mais flexíveis, inovadores e próximos do solo. A
improvisação, as torções e os movimentos de tronco apareceram nesse período.

© Ed Lefkowicz/Demotix/Corbis/Latinstock

Grupo Les Ballets Jazz de Montreal. Espetáculo Harry. Teatro Barak Marshall, Nova Iorque, EUA, 2013.

A dançarina Isadora Duncan, por exemplo, protestou contra o uso das sapatilhas
e dançou descalça com largas túnicas, ignorando as regras do balé clássico. Outra
grande dançarina, Martha Graham, expressou em sua dança a paixão, a raiva e a fas-
cinação comuns ao ser humano. Ela rejeitou os passos tradicionais do balé e concen-
trou-se nos movimentos que o corpo é capaz de realizar. Depois fundou uma escola
e formou grandes dançarinos, que seguiram sua técnica e estilo próprios. Ambas são
consideradas símbolos de liberdade, de coragem e mudaram a história da dança.
86 UNIDADE 4

© Fine Art Images/Heritage Images/Hulton Archive/Getty Images

Isadora Duncan.

Isadora Duncan

Nasceu em São Francisco (EUA), em 1877. Iniciou as aulas de balé aos 4 anos e desde
menina já questionava suas regras e o papel da mulher na coreografia, sempre amparada
pelos dançarinos. Sua curta carreira se desenvolveu na Europa e foi marcada pela ruptura
das convenções, tanto nos movimentos, que passaram a ser mais livres, como no figurino,
ao adotar roupas mais soltas, como túnicas de tecido leve, o que era inovador em relação
ao balé clássico. Faleceu em Nice (França), em 1927.
UNIDADE 4 87

© PVDE/Rue des Archives/Latinstock


Martha Graham e Erick Hawkins, 1938.

Martha Graham

Nasceu em 1894, na Pensilvânia (EUA), e faleceu em 1991, em Nova Iorque (EUA). Estudou
inicialmente na escola de dança de Ruth St. Denis e Ted Shawn e fez dança solo para o
Greenwich Village Follies, espécie de teatro localizado no bairro de mesmo nome, onde se
concentravam artistas de todo o mundo. Graham inovou o estilo de dança predominante na
época ao analisar movimentos elementares, como a contração e o relaxamento do corpo,
e experimentá-los em coreografias, retomando a consciência de que o corpo também se
expressa, assim como as palavras. Ela também ultrapassou barreiras da dança ao colaborar
com artistas de outras linguagens, entre eles o escultor Isamu Noguchi, o estilista Calvin Klein
e o compositor Aaron Copland.
88 UNIDADE 4

Dança contemporânea

Na dança contemporânea, que teve início nos anos 1960, a interpretação e a


criação do dançarino são mais evidenciados. Há maior liberdade de expressão e,
por vezes, referências modernas, clássicas e populares, de acordo com a preferên-
cia do artista. A dança contemporânea é provocadora no uso do espaço para suas
apresentações, que podem acontecer em diferentes locais: praças públicas, pré-
dios, museus, galerias de arte etc.
© Zarella Neto

Dança contemporânea. Espetáculo Grão. Teatro GEO/Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (SP), 2013.
UNIDADE 4 89

Merce Cunningham (1919-

© Philippe Halsman/Magnum Photos/Latinstock


-2009), um dos precursores da
dança contemporânea, que tra-
balhou com Martha Graham,
separou os movimentos da
dança que narrava histórias e
introduziu algo inusitado em
suas criações, o método do
acaso (Event), no qual algumas
sequências são definidas dei-
xando para o dançarino a cria-
ção dos movimentos.

Pina Bausch (1940-2009),


representante da dança con-
Martha Grahan e Merce Cunningham, 1948.
temporânea, apresenta em

© Niklaus Stauss/Album/Akg-images/Latinstock
suas obras um diálogo entre
música, dança e palavra com
intensa expressividade. Nessa
dança-teatro, os dançarinos
[Art_EM_U2_019]
movimentam-se como se esti-
vessem caminhando nas ruas
e conversam, gritam, correm,
atuam, dançam.

Para conhecer um pouco mais


sobre o trabalho de Pina Bausch,
assista o filme Pina (direção de
Wim Wenders, 2011), realizado
em sua homenagem. Cenas de
espetáculos coreografados por
ela são combinadas com entre-
vistas e movimentos de baila-
rinos da companhia de dança
Tanztheater Wuppertal Pina
Bausch. É um filme que mostra
a dança como expressão de vida,
força, amor e leveza.
Pina Bausch. Espetáculo Café Müller. Festival de Avignon, França, 1940.
90 UNIDADE 4

Atividade 2 A dança no Ocidente

Após a leitura do texto O moderno e o contemporâneo na dança, responda:

1 Imagine-se assistindo a uma apresentação de dança. Ela conta a história de


uma jovem e de um amor impossível. Em seus sonhos, fadas e duendes a ajudam
a conquistar seu príncipe. No palco, o foco está em um personagem principal.

Você classificaria essa dança como moderna, contemporânea ou balé? Por quê?

2 Escreva algumas características da dança moderna e o nome de suas maiores


representantes.

3 Qual a grande mudança no papel do dançarino na dança contemporânea?

No fim do século XX, a dança


© Photoagency Interpress/ZUMA Press/Corbis/Latinstock

em cadeira de rodas começou a


ganhar mais visibilidade no Brasil.
Hoje, há dançarinos de dife-
rentes idades, que dançam os
mais diversos gêneros, desde
balé clássico até samba e rock,
e são brilhantes em suas apre-
sentações. Dançam sozinhos,
em dupla, em grupos ou acom-
panhados por não cadeirantes. Campeonato de dança em cadeira de rodas “Inverno russo”, em
São Petersburgo, Rússia.
UNIDADE 4 91

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – A dança e suas origens

1 De acordo com historiadores e pesquisadores que descobriram pinturas rupestres com registros
de pessoas dançando, pode-se dizer que a dança surgiu na Pré-história.

2 As pessoas dançam por diversas razões. Pode ser por lazer, entretenimento, para manifestar-se
artisticamente. Desde tempos remotos, dança-se para afugentar os maus espíritos, pedir chuva,
comemorar o sucesso na guerra, venerar os deuses, comemorar ocasiões especiais etc.

3 Além de o bailarino utilizar o corpo como meio de expressão, máscaras, pinturas corporais,
adereços, cocares, figurinos especiais também ajudam na construção de sentidos em uma dança.

Atividade 2 – A dança no Ocidente

1 Seria um balé, que tem como características histórias de amores impossíveis, de jovens frágeis,
a presença de fadas, o apelo ao sobrenatural, além de o foco estar na primeira bailarina.

2 A dança moderna rompeu com o rigor da dança clássica. As sapatilhas foram abandonadas,
houve maior liberdade de movimentos, que se tornaram mais flexíveis e próximos do solo. Duas
grandes representantes dessa dança foram Isadora Duncan e Martha Graham.

3 Na dança contemporânea, o trabalho de interpretação e de criação do dançarino é mais eviden-


ciado; há maior liberdade de expressão do artista.
92

TEMA 2 Danças populares brasileiras: tradição e cultura

Este tema apresentará algumas danças populares de diversas regiões do Brasil.


Você observará como essas danças contribuem para ampliar seu conhecimento
sobre diferentes tradições, além de refletir sobre a importância de sua preservação
como memória e identidade de um país.

Para dar início a seus estudos, você Dança popular


vai ver algumas imagens que mostram Dança que mostra as tradições e a cultura
danças populares realizadas em diferentes de determinada região. Está, geralmente,
regiões brasileiras, cada uma com movi- relacionada a fatos históricos, lendas,
religião, brincadeiras, crenças, costumes,
mentos, passos, gestos, ritmos e coreogra- comemorações etc.
fias próprios.

1 Observe as imagens a seguir. Quais manifestações de dança você identifica? Em


seguida, marque o número de cada imagem ao lado do nome da respectiva dança
popular.

Imagem 1

© Marco Antônio Sá/Pulsar Imagens


Imagem 3
Imagem 2
UNIDADE 4

© Delfim Martins/Pulsar Imagens © G. Evangelista/Opção Brasil Imagens


93
94 UNIDADE 4

Imagem 4

© Geyson Magno/SambaPhoto
Imagem 5

© Fabio Colombini

Samba Frevo
Dança indígena Forró
Pau de fita

2 Escreva em seu caderno sobre uma ou mais danças populares típicas de sua
região. Se necessário, faça uma pesquisa perguntando para outras pessoas ou uti-
lizando a internet.
UNIDADE 4 95

A dança como manifestação cultural


São inúmeras as manifestações culturais que apresentam o corpo em movi-
mentos coreográficos e que, historicamente, cumprem o papel de preservar as
tradições herdadas das diferentes culturas que constituem o povo brasileiro, espe-
cialmente os africanos, europeus e indígenas.

Algumas das diferentes formas da dança popular, que sobrevivem ao longo


do tempo, praticadas em cada nova geração, podem ser consideradas patrimô-
nio cultural da humanidade.

Na maioria das vezes, são manifestações coletivas que obedecem a influências


de um grupo social.

Em alguns locais, as manifestações originais, com o passar dos anos, podem


sofrer alterações em sua forma inicial, que se perde. No entanto, essas danças,
quando transmitidas de geração para geração, preservam muito de suas tradições,
crenças e costumes.

Dança nas tribos indígenas

Os índios dançam por suas alegrias e tristezas. Agradecem a chuva, que ajuda
a lavoura e a colheita, preparam armas de guerra, homenageiam os mortos, espan-
tam doenças, comemoram as boas pescarias, dentre outras celebrações. Essas danças
podem possuir diferentes formações, como você pode observar nas imagens a seguir.

Imagem 1

© Rosa Gauditano/StudioR

Dança indígena Da-nho’re em círculo da tribo xavante (MT).


96 UNIDADE 4

Imagem 2

© Fabio Colombini
Dança indígena em fila da tribo kalapalo – Aldeia Aiha. Parque Indígena do Xingu (MT), 2011.

Os índios dançam quase sempre em grandes grupos, em fila ou círculo. Algu-


mas tribos possuem danças rituais em que só homens participam, e outras danças
que mulheres também participam. Esta separação diz respeito a crenças e costu-
mes de cada uma das tribos.

Dependendo do objetivo da dança – comemoração de nascimento, agrade-


cimento pela colheita, homenagem aos mortos etc. –, variam as indumentá-
rias, as máscaras, os cocares, os amuletos, os braceletes, as pinturas corporais
e os diversos instrumentos musicais utilizados durante o ritual. O círculo é
citado como a primeira formação de grupos étnicos indígenas. Em determinado
momento da história, surgiram as filas, que se movimentam acompanhadas de
sons vocais ou instrumentais, em retas e curvas, para desorientar os espíritos
nas cerimônias religiosas. Ela é conduzida por um guia, que, quando cansado, se
retira do início e vai para o final. Nesse momento, a fila passa a ser liderada pelo
segundo participante.

No Brasil, há muitas tribos indígenas, com diferentes rituais e danças. Os índios


bororo, por exemplo, do Mato Grosso, realizam uma dança chamada Da onça. Um
UNIDADE 4 97

índio se cobre com a pele de uma onça e uma máscara de palmeira, preservando,
assim, sua identidade. Ele representa a alma da onça que foi morta pela mão desse
índio. Esse dançarino é acompanhado por toda a tribo, que realiza uma batida de
pés, de forma ininterrupta. Você pode pesquisar outras danças de diferentes tribos
indígenas, e identificar suas formas de execução e organização.

Algumas danças

© Juca Martins/Olhar Imagem


populares brasileiras têm
origem indígena. Den-
tre elas, o cateretê, tam-
bém chamado de catira,
é uma das mais conhe-
cidas. Sua coreografia é
um sapateado dançado
ao som de palmas e com
música de viola, sendo
praticada nos Estados de
Minas Gerais, São Paulo,
Rio de Janeiro, Mato
Grosso e Goiás. Dança do cateretê ou catira. Olímpia (SP), 1995.

Atividade 1 Danças indígenas

1 Observe as imagens 1 e 2 do texto Dança nas tribos indígenas e responda:

a) Como é o posicionamento das pessoas em cada imagem?

b) Em sua opinião, as pessoas que fazem parte da roda são membros da mesma
tribo? Por quê?
98 UNIDADE 4

2 Agora observe a obra A dança, do pintor francês Henri Matisse (1869-1954).


Foto: © Images & Stories/Alamy/Glow Images © Succession H. Matisse/AUTVIS, 2015

Henri Matisse. A dança, 1910. Óleo sobre tela, 260 cm × 391 cm. Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia.

a) Qual a relação entre a obra de arte de Matisse e as imagens das danças indígenas?

b) Qual é o tema da pintura?

c) Para você, o que significa uma dança circular?


UNIDADE 4 99

A dança indígena na pintura

Após a fracassada tentativa de estabelecimento holandês na Bahia, sede


do governo-geral, em 1624, a Companhia das Índias Ocidentais, criada pelos
holandeses com o objetivo de dominar as lavouras e engenhos de açúcar dos
portugueses, promoveu nova invasão em terras pernambucanas, em 1630, onde
foi bem-sucedida.

Em 1637, a Companhia nomeou o conde Maurício de Nassau, governador


de Pernambuco, responsável por sua administração. Nassau tinha grande inte-
resse pelas ciências e pelas artes e, ao embarcar para o Brasil, reuniu cientis-
tas, arquitetos, médicos e pintores, que o acompanharam em sua viagem e se
estabeleceram em terras pernambucanas entre 1637 e 1644. Fazia parte desse
grupo o pintor Albert Eckhout (1610-1666), que ficou encarregado de retratar a
fauna, a flora e os nativos do Brasil. Você vai estudar a seguir sua obra Dança
dos tarairius (tapuias).

Antes de analisar essa pintura, veja o significado da palavra tapuia. O termo era
utilizado para designar índios que não falavam a língua tupi. “Forasteiro”, “bár-
baro”, “aquele que não fala nossa língua” são alguns de seus significados.

Museu Nacional da Dinamarca

Albert Eckhout. Dança dos tarairius (tapuias). Óleo sobre tela, 172 cm × 295 cm. Museu Nacional, Copenhague, Dinamarca.
100 UNIDADE 4

A pintura representa os costumes desse povo. A cena pode ser interpre-


tada como uma dança que antecede o confronto com o inimigo em uma guerra.
Lanças e tacapes estão nas mãos dos tapuias, que, com alguns braços ergui-
dos, parecem não temer o inimigo. A dança registrada por Eckhout mostra uma
atividade social de grande importância: os preparativos para o confronto. A
expressão dos olhares, a força dos corpos e a ideia de movimento transmitem a
veracidade da cena.

Atividade 2 Leitura da obra de Albert Eckhout

1 Depois de ler o texto e apreciar a obra, faça sua interpretação do quadro de


Eckhout e responda às questões.

a) O que essa imagem representa para você?

b) Observando a cena retratada, como você descreveria a movimentação dos indí-


genas?

c) O que as duas mulheres, presentes no canto direito do quadro, estariam


fazendo? Existe algum indício de que elas dançarão com o grupo? Por quê?

2 Agora compare A dança, de Matisse, e Dança dos tarairius (tapuias), de Eckhout.


Quais as principais semelhanças e diferenças entre as obras?
UNIDADE 4 101

3 Observando as duas pinturas, você acredita que o cotidiano pode ser fonte de
inspiração para criar obras de arte? Justifique sua resposta.

Dança afro-brasileira, comemoração e luta: a capoeira

Assim como a dança de tradição indígena, a dança tradicional africana come-


mora e reverencia quase todos os acontecimentos da vida na comunidade, como
nascimento, morte, plantio e colheita, sempre
Patrimônio imaterial
em celebrações realizadas para agradecer aos
Conhecimentos, celebrações, prá-
orixás. As danças de origem africana, hoje pra- ticas, habilidades, crenças que são
ticadas no Brasil, variam muito de uma região referências para determinada cultura
para outra; no entanto, são exemplos vivos do e são transmitidos de geração para
geração.
que se define como patrimônio imaterial.

Muitas histórias podem ser contadas por meio da música e da dança dos des-
cendentes africanos, e a cultura afro-brasileira é uma das que mais se destacam no
cenário das diversidades culturais do País.

A capoeira, por exemplo – definida por alguns como luta, por outros como
dança e por outros, ainda, como jogo –, chegou com os escravos trazidos da
África nos navios negreiros, a partir do século XVI, e ganhou novos elementos
em solo brasileiro.

Aos movimentos corporais, foram adicionados instrumentos musicais e músi-


cas que homenageiam os deuses africanos e reis das tribos em que esses povos
viviam. No início, o acompanhamento dos movimentos da capoeira era feito
somente com palmas e toques de tambores. Posteriormente, o berimbau foi inse-
rido nessa dança-luta-jogo, que é um diálogo de corpos, com perguntas e respostas
que não são palavras, mas movimentos de um jogo de ação e reação entre os par-
ticipantes. Estes, dentre as regras ou passos, chutam, passam rasteira, giram com
uma das pernas no ar em resposta ao parceiro etc.

Os golpes recebem nomes que diferem de região para região. No entanto,


atualmente, o objetivo não é golpear para causar danos ao adversário; apenas a
defesa faz parte da capoeira. Essa arte foi reconhecida como patrimônio cultural
brasileiro em 2008.
102 UNIDADE 4

Veja a seguir duas fotografias de Pierre Verger, que registrou cenas de capoeira.

© Fundação Pierre Verger

Pierre Verger. Capoeira, 1946-1948. Fotografia. Salvador (BA).


© Fundação Pierre Verger

Pierre Verger. Capoeira, 1946-1948. Fotografia. Salvador (BA).

Pierre Verger

Nascido na França, em 1902, morou no Brasil, mais especificamente na Bahia, a partir de


1946. Em seus trabalhos, registrou inúmeras manifestações culturais afro-brasileiras, como
a capoeira. Cultos e momentos triviais da vida no País, festas populares, artistas regionais
e trabalhadores também entraram no foco da câmera do artista. Enquanto viveu no Brasil,
Verger produziu 13.500 fotos, todas elas em preto e branco. O fotógrafo faleceu em 1996,
na cidade de Salvador, Bahia.
UNIDADE 4 103

A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio


do processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata, por-
tanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar
perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O que se quer é captar seu movimento
para melhor compreendê-lo historicamente.

MINAS GERAIS. Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988.

Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira
ou o candomblé, deve considerar que elas

a) permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos.


b) perderam a relação com o seu passado histórico.
c) derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira.
d) contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual.
e) demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus.
Enem 2013. Prova amarela. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2013/caderno_enem2013_sab_amarelo.pdf>. Acesso em: 29 set. 2014

Você dança? Para quê? Em algumas festas de casamento, há a valsa dos noi-
vos, uma forma de celebrar a união do novo casal. Você já parou para pensar que,
mesmo nas sociedades atuais, a dança faz parte do cotidiano, em inúmeras situa-
ções, como em um ritual, assim como os povos antigos o faziam? Quais outras
funções, além dos rituais, a dança pode ter?

HORA DA CHECAGEM

Atividade 1 – Danças indígenas


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a) Na primeira imagem, as pessoas estão posicionadas em círculo; na segunda, em fila.

b) Provavelmente as pessoas que fazem parte da roda são membros da mesma tribo, por causa da
pintura corporal, dos adereços e do vestuário semelhantes.

a) Na obra de Matisse e nas danças circulares indígenas, a formação é de uma roda e, pela posição
dos corpos, em ambas, existe um tipo de coreografia.
b) É uma dança de roda, na qual os dançarinos ocupam todo o espaço da tela seguindo determi-
nado ritmo.
c) Resposta pessoal. A dança circular pode representar os sentimentos de união, de celebração, de
homenagem, de harmonia, de libertação etc.
104 UNIDADE 4

Atividade 2 – Leitura da obra de Albert Eckhout


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a) Resposta pessoal. Você pode ter respondido, por exemplo, que a imagem dos indígenas dan-
çando significa uma homenagem ao deus da guerra para que os inimigos sejam vencidos.
b) Resposta pessoal. Os indígenas movimentam-se com bastante vigor, energia. Há diversos movi-
mentos de braços e pernas, sempre muito firmes.
c) As mulheres parecem estar falando sobre o que ocorrerá após a dança. Outra interpretação
possível é que estão fazendo algum som com um instrumento de sopro. Não existe indício de que
participarão da dança, tanto pela posição em que estão como pelo fato de, em algumas tribos, as
mulheres não poderem participar de danças, pois estas são consideradas sagradas.

2 As semelhanças estão na formação em círculo, na impressão de movimento, sugerindo uma


dança, e nos corpos despidos. Uma das diferenças é a representação do local em cada uma das
pinturas. Na obra de Matisse, o céu e o chão são representados pelas cores azul e verde, e, além dos
corpos dançantes, não existem outros elementos na composição. Na obra de Eckhout, a natureza
está representada em suas formas e cores, compondo o fundo. Na dança de Matisse, os movimen-
tos parecem ter uma continuidade, são mais sinuosos, possuem leveza; os personagens estão de
mãos dadas e um dos corpos faz uma torção. Na representação de Eckhout, os movimentos são
firmes e não variam; os personagens masculinos estão de braços erguidos segurando sua arma de
HORA DA CHECAGEM

guerra com o corpo na posição vertical.

3 O cotidiano está repleto de fatos e cenas que inspiram artistas na criação de suas obras, seja para
elogiar, criticar, protestar, seja simplesmente para reproduzir e registrar um momento significativo.

Desafio
Alternativa correta: c. A capoeira e o candomblé são resultado da mistura entre valores culturais
africanos e aqueles já estabelecidos no Brasil.

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