Módulo 2 ARTE EM
Módulo 2 ARTE EM
Módulo 2 ARTE EM
Unidade 3
ARTE
Temas
1. As linguagens da arte: artes visuais
2. Bidimensionalidade
3. Tridimensionalidade
Introdução
Esta Unidade tem como objetivo o estudo da linguagem visual e algumas de
suas modalidades. Para isso, você conhecerá alguns conceitos e formas de expres-
são das artes visuais. Vai também explorar e reconhecer algumas obras, ao mesmo
tempo que avançará no processo de apreciação e de criação de produções nessa
linguagem.
Você está cercado por imagens. Muitas delas reproduzem desenhos, gravuras,
pinturas, esculturas ou fotografias, entre outras modalidades das artes visuais.
Observe seu entorno e procure identificar as técnicas que dão origem às imagens
presentes em seu cotidiano. Você consegue reconhecer alguma modalidade das
artes visuais?
Tarsila do Amaral. A família, 1925. Óleo sobre tela, 79 cm × 101,5 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri, Espanha.
UNIDADE 3 55
© Album/Oronoz/Latinstock
trata do artista holandês Piet Mondrian
(1872-1944). Diferentemente da obra A
família, essa é uma pintura não figura-
tiva. Note que ela traz linhas retas e ape-
nas as cores primárias (amarelo, azul,
vermelho), além do branco e do preto.
Tais características fazem parte do movi-
mento chamado neoplasticismo, do qual
Mondrian foi um dos criadores.
Agora você vai observar obras de algumas modalidades das artes visuais,
produzidas por artistas de diferentes épocas e locais. Caso queira saber mais
sobre os artistas destacados aqui, você pode pesquisar em livros e na internet.
Imagem 1
Imagem 5
Imagem 4
UNIDADE 3
Imagem 1:
Imagem 2:
Imagem 3:
Imagem 4:
Imagem 5:
HORA DA CHECAGEM
2 Respostas pessoais. A seguir, veja as legendas das imagens analisadas, e algumas possibi-
lidades de resposta sobre as ideias e sentimentos que as obras podem despertar em alguém.
Lembre-se de que essas sensações estão relacionadas com suas experiências de vida, e com
aquilo que a obra despertou em você, por isso, trata-se apenas de possibilidades de respostas.
Imagem 1: Almeida Junior. O violeiro, 1899. Óleo sobre tela, 141 cm × 172 cm. Pinacoteca do Estado
de São Paulo, São Paulo (SP).
A pintura retrata um casal ou duas pessoas próximas, em uma cena de cantoria, em ambiente
simples, sugerindo um momento de nostalgia, carinho, mas também de descanso ou de intervalo
nas tarefas do dia.
Essa escultura pode ter despertado emoção e respeito, um chamado, por se tratar de uma imagem
religiosa.
Imagem 3: Fayga Ostrower. Sem título, 1945. Linóleo em preto sobre papel de arroz, 8,5 cm × 7,0 cm.
Ilustração para a capa do livro Histórias incompletas, de Graciliano Ramos. Instituto Fayga Ostrower,
Rio de Janeiro (RJ).
A imagem pode ter sugerido certa desconfiança, apreensão, cuidado, atenção da pessoa retratada
ao abrir uma porta. Outra possibilidade pode ter sido o sentimento de tristeza, abatimento, can-
saço, pois a imagem mostra um homem com a cabeça inclinada e expressão triste.
Imagem 4: Sebastião Salgado. Fotografia retirada da série do livro Terra, publicado em 1997.
Uma das possibilidades de resposta para essa imagem é que ela pode ter despertado o sentimento
de cansaço, pois a fotografia retrata um grupo de trabalhadores rurais, em mais um dia de traba-
lho, carregando sua enxada sobre o ombro. Outra possibilidade é a solidão. Apesar de se tratar de
vários homens juntos, todos eles estão sozinhos, caminhando separadamente, em silêncio. Pode
ter despertado, também, o sentimento de dignidade em relação ao trabalho, pelo dever cumprido.
Imagem 5: Beatriz Milhazes. Dancing, 2007. Acrílica sobre tela, 247 cm × 350 cm. Galeria Fortes
Vilaça, São Paulo (SP).
UNIDADE 3 61
Essa obra pode ter despertado o sentimento de alegria devido ao emprego de cores vibrantes e a
HORA DA CHECAGEM
impressão de movimento, pelas colagens feitas em formatos circulares.
3 Com exceção da imagem 2, uma escultura de Aleijadinho, todas as outras reproduções são
de obras bidimensionais, porque possuem apenas altura e largura, e não profundidade, como
é o caso da escultura.
4 Apenas a obra de Beatriz Milhazes é abstrata, pois não há formas reconhecíveis, identificáveis
na composição.
62
T EMA 2 Bidimensionalidade
Desde tempos mais remotos, o ser humano cria imagens bidimensionais, como
desenhos em paredes de cavernas. Atualmente, com o uso da tecnologia, é possível se
expressar de diversos modos, até mesmo com um simples “clique”, por meio da fotogra-
fia, forma de expressão bastante presente no dia a dia, que você vai estudar neste tema.
Você tem fotografias em casa ou já fotografou alguém? Pode ser até que traga
uma em sua carteira, mesmo que seja em um documento. Você costuma tirar foto-
grafias? O que mais gosta de fotografar? Por quê?
A fotografia
A fotografia é uma das modalidades da linguagem visual. Ela capta recortes
do mundo tridimensional e os fixa em suportes bidimensionais, reapresentando
aquele mundo, agora recortado e em duas dimensões. A fotografia sofreu inúme-
ras transformações, tanto em sua forma de produção como em sua presença no
mundo das artes.
Uma das primeiras fotografias conhecidas foi feita, provavelmente, em 1826 pelo
inventor francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833) e chama-se Vista da janela em
Le Gras. Ela foi divulgada ao público apenas em 1839.
A representação fiel
© Archives Charmet/ Bridgeman Images/Keystone
do objeto, da pessoa, da
paisagem etc. obtida rapi-
damente por meio da foto-
grafia passou a competir
com a pintura.
Antes da fotografia,
era a pintura que cum-
pria a função de registrar
momentos históricos, pes-
soas e paisagens.
Para conhecer a história da fotografia com mais detalhes, vale a pena realizar
uma pesquisa na internet, desde suas primeiras produções até os dias de hoje.
Você encontrará informações e imagens surpreendentes.
3 Em sua opinião, qual é o tema dessa fotografia? Acha importante registrar esse
assunto? Por quê?
6 Qual sua opinião sobre não aparecer o rosto das pessoas fotografadas?
UNIDADE 3 65
Além das fotografias que você viu no Tema 1 e na Atividade 1 deste tema, das séries Terra
e Êxodos, outro importante trabalho do fotógrafo Sebastião Salgado é a série Gênesis, que
levou oito anos para ser produzida e apresenta mais de 240 fotografias feitas em viagens pelo
mundo. As fotografias dessa série trazem questões sociais e ambientais, com paisagens ainda
preservadas e aldeias de pessoas que conservam seus costumes ancestrais ao redor do planeta.
Para entender melhor o trabalho de Sebastião Salgado, pesquise o significado das palavras
êxodo e gênese e visite seu site oficial para ver mais imagens que compõem essas séries e outros
trabalhos do artista: <http://www.amazonasimages.com/accueil>. Acesso em: 29 set. 2014.
Imagem 1
© João L. Musa
Arcangelo Ianelli
Arcangelo Ianelli. Abstrato azul, 1973. Óleo sobre tela, 100 cm × 80 cm.
Acervo Banco Itaú S.A., São Paulo (SP).
Imagem 2
HORA DA CHECAGEM
2 Resposta pessoal. Uma das respostas possíveis é que o ambiente é o de corte de cana, asso-
ciado, entre outras possibilidades, às difíceis condições de trabalho no campo.
3 Resposta pessoal. Uma das respostas possíveis é que o tema é o trabalho. Ter registrado esse
assunto é importante, posto que obras de arte também podem apresentar denúncias, por exemplo,
sobre as condições precárias de trabalho no campo; ou demonstrar que existe poesia, beleza em
cenas de trabalhadores do campo.
68 UNIDADE 3
4 Resposta pessoal. Uma possível resposta é que as fotografias de Sebastião Salgado são conside-
radas artísticas por captarem questões humanitárias com muita sensibilidade, sem a utilização de
iluminação artificial, mostrando em preto e branco a condição humana, que por vezes só é percebida
quando se depara com suas obras. Além disso, elas estão presentes em museus e galerias de arte,
confirmando seu valor artístico.
5 Resposta pessoal. Uma das respostas possíveis é que o preto e branco pode dar mais dramaticidade
à foto, evidenciando de forma mais acentuada os claros e escuros.
6 Resposta pessoal. Uma possibilidade de interpretação é que os rostos não aparecem podendo
indicar que trabalhadores do campo são pessoas anônimas, esquecidas, ou, talvez, que poderiam
ser quaisquer pessoas nessa foto (ou nesse trabalho), ou, ainda, que os retratados não quiseram
mostrar o rosto para o fotógrafo.
Como o artista organizou as Todo o espaço é ocupado por O gato é a figura principal e ocupa o
formas no espaço da obra? formas geométricas. centro da obra.
Resposta pessoal. Você pode dar um Resposta pessoal. Você pode dar um
título de acordo com aspectos formais título de acordo com aspectos formais
Crie um novo título para
da obra, como cor, linhas etc. Pode tam- da obra, como cor, linhas etc. Pode tam-
cada uma das obras. bém escolher o título baseado nos senti- bém escolher o título baseado nos senti-
mentos que ela despertou em você. mentos que ela despertou em você.
UNIDADE 3 69
70
T EMA 3 Tridimensionalidade
Observe a imagem a seguir, que mostra uma escultura famosa. Essa obra,
embora esteja aqui reproduzida de forma bidimensional, por ser fotografia, é, na
realidade, uma obra tridimensional.
© Giraudon/Bridgeman Images/Keystone
2 Você já viu alguma escultura em sua cidade ou em outro local que visitou?
Onde? Era uma obra abstrata ou figurativa? Descreva uma delas.
72 UNIDADE 3
3 Você conhece em sua cidade ou região alguém que faz esculturas? Como são os
trabalhos desse profissional?
4 Faça uma pesquisa para descobrir quais materiais foram utilizados e como as
esculturas de Caciporé e de Brecheret foram construídas. Registre os resultados em
seu caderno.
© Acervo MAC/USP
Caciporé Torres
Escultor, desenhista e professor, nasceu em 1935, em Araçatuba, São Paulo. Na 1a Bienal de Arte
de São Paulo, em 1951, foi premiado com uma bolsa de estudos na Europa. Retornou ao Brasil
em 1953, porém logo foi a Paris (França), onde se dedicou ao estudo de obras abstratas. Utiliza
em suas produções geométricas materiais como bronze, ferro e aço, geralmente em grandes
dimensões. Algumas delas estão expostas em museus e espaços públicos de várias cidades,
como em São Paulo, na estação de metrô Santa Cecília, e em Miami (EUA).
UNIDADE 3 73
© Valéria Vaz
Victor Brecheret
Escultor, nasceu em 1894, em São Paulo (SP). Iniciou seus estudos no Liceu de Artes e Ofícios
de São Paulo em 1912, mas no ano seguinte transferiu-se para Roma (Itália), onde estudou até
1919. Considerado um dos principais representantes do modernismo no Brasil, participou da
Semana de Arte Moderna de 1922, expondo várias de suas esculturas no Theatro Municipal
de São Paulo, local onde ocorreu o evento. Nesse mesmo período, iniciou a maquete de uma
de suas principais obras, o Monumento às bandeiras, inaugurado em 1953, em uma das entradas
do Parque Ibirapuera. Grande parte de suas esculturas está exposta em locais públicos, como
jardins e praças. Faleceu em 1955, na cidade de São Paulo.
74 UNIDADE 3
O trabalho do escultor
Antes de criar uma forma tridimensional, o artista realiza estudos utilizando a téc-
nica do desenho e pesquisa materiais que oferecerão a seu trabalho a expressão dese-
jada. Ele analisa o tema, planeja a dimensão, pesquisa as ferramentas necessárias,
avalia as possibilidades de posição, a forma e a técnica: esculpir, entalhar ou modelar.
Para trabalhar com a argila, o artista amassa, modela, cria texturas, acres-
centa e retira material. A modelagem também pode ser utilizada como estudo
que antecede a obra final de metal.
Pesquise na internet vídeos com esses processos de produção. Você verá como
é interessante, por exemplo, construir um vaso a partir da argila.
No processo de fundição com cera perdida, inicialmente, o artista realiza sua obra mode-
lando-a em algum material, como a argila. Em seguida, a escultura é colocada em um forno
para que o barro fique duro e resistente. Depois de pronta, faz-se um molde em torno dela,
cobrindo-a com gesso. Quando o gesso está seco e duro, retira-se a obra de argila. O resultado
é um molde que possui a forma da escultura, mas ao contrário; é o negativo.
Esse molde da escultura pode ser usado várias vezes pelo artista, como uma forma de bolo. Ele
é então preenchido com cera derretida, que, quando endurece, fica idêntica à escultura original
de argila. Depois disso, cria-se um novo molde. Essa escultura de cera é coberta com um material
resistente ao calor, deixando algumas frestas entre a cera e o ar, para que o metal derretido possa
entrar na nova forma. Essa nova forma é aquecida até que a cera derreta e surja um molde oco,
com todas as formas da escultura original em seu interior. A cera é jogada fora, daí a expressão
“cera perdida”. O novo molde é preenchido com o metal derretido, que deve esfriar e endurecer. O
passo seguinte é quebrar o molde e dar os últimos retoques na escultura de metal.
UNIDADE 3 75
© Valéria Vaz
Sonia Ebling
© Christie’s Images/Corbis/Latinstock
© AUTVIS, 2015
Constantin Brancusi
Nascido em Hobita (Romênia), em 1876, foi um dos principais colaboradores das ideias
que inovaram a escultura. Depois de estudar na Escola de Belas Artes de Bucareste,
também na Romênia, e no ateliê do grande escultor francês Auguste Rodin (1840-1917),
em Paris, na França, ele deu início a um trabalho cada vez mais contestador das formas
reais. Na primeira década do século XX, criou sua mais famosa obra, O beijo. Brancusi quase
não alterava a forma do bloco de pedra com o qual trabalhava, desgastando-o apenas
e esculpindo-o com cuidado. Faleceu em 1957, na capital francesa.
UNIDADE 3 77
2 Imagine que uma nova praça será inaugurada em sua cidade. Crie, em seu caderno,
desenhos para uma escultura que ficará exposta nela. O tema fica a sua escolha.
• Observação: você vai criar sua escultura com base em pesquisas e depois de
observar pessoas, objetos, construções, formas, cores e características.
• Memória: você vai realizar seu trabalho lembrando-se de algo que já conhece.
• Imaginação: você vai criar algo que não existe e que terá formas, cores, volumes
e dimensões escolhidos por você e que será produto de sua imaginação.
Uma sugestão para começar a sua produção é providenciar duas folhas de papel
sulfite. Na primeira, desenhe uma composição abstrata utilizando dois quadra-
dos, dois retângulos, um círculo e três triângulos. O tamanho das formas fica
ao seu critério. Na segunda folha, desenhe as mesmas formas, separadamente,
e recorte.
HORA DA CHECAGEM
1 A montanha azul é abstrata, pois não há figuras reconhecíveis, que correspondam à realidade.
A Portadora de perfume é figurativa, porque está mais próxima do mundo real. Pode-se notar o
formato de uma mulher com um pote em seu ombro.
2 Resposta pessoal. Talvez você já tenha visitado um museu em sua cidade ou em outra região e pôde
apreciar esculturas de diferentes artistas, materiais e épocas. No entanto, caso isso não tenha sido
possível, em algumas praças, jardins e até em cemitérios existem esculturas ou monumentos. Prédios
públicos também podem exibir esculturas de personagens da história ou obras de artistas locais.
3 Resposta pessoal. Certamente em sua cidade ou região há pessoas que produzem esculturas.
Um bom local para encontrar esses profissionais é visitar feiras de artesanato. Caso não conheça
nenhuma, você pode fazer uma pesquisa para descobrir quais tipos de escultores há em sua região.
4 Na obra de Caciporé Torres, as peças foram soldadas criando diferentes volumes. A escultura
de bronze de Victor Brecheret foi criada com um molde construído pelo próprio artista e, depois de
fundida, a obra recebeu acabamento e polimento.
1
a) Na obra de Ebling, as formas são arredondadas, suaves, e houve grande interferência da artista
no material. Na obra de Brancusi, elas foram determinadas pelo formato do material bruto.
b) Na obra de Ebling, a sugestão de movimento é dada em quase todo o corpo da escultura, com uma
das pernas levantadas, os braços esticados para trás e com a torção realizada no pescoço. Na obra de
Brancusi, parece haver movimento na força do abraço.
2 Produção pessoal. Como foi escolher o tema? E o desenho? Você chegou a realizar a sugestão ofe-
recida? Como foi a experiência? Caso queira, leve para seu professor e discuta com ele sua produção.
Dança e cultura
Unidade 4
ARTE
Temas
1. As linguagens da arte: a dança
2. Danças populares brasileiras: tradição e cultura
Introdução
O que é preciso para produzir uma obra de arte? O escultor pode utilizar a
pedra; o pintor, as telas ou mesmo os muros das cidades; o músico compõe com
sons e silêncios; o ator se expressa por meio de seu corpo. E a arte da dança?
Como acontece?
Como você verá nesta Unidade, a dança é uma arte que, segundo alguns pes-
quisadores, já existia na Pré-história. Todos os povos, em todas as épocas e cul-
turas, desenvolveram algum tipo de dança e, por meio dela, expressaram e ainda
expressam ideias e sentimentos. No Brasil, há também diversas danças, que pre-
servam memórias e tradições de povos espalhados por várias regiões do País.
© Qi Feng/123RF
Pintura rupestre. Provável representação de uma cena de dança, comemorando a caça de um animal. Sítio Arqueológico Xiquexique 1,
Carnaúba dos Dantas (RN).
vários povos do continente africano, também aparecia como algo místico, religioso.
As danças tinham um caráter de ritual, que incluía comemorações como casamento,
maioridade, nascimento, colheita, guerra e morte. Geralmente eram realizadas com
máscaras e pinturas corporais que, assim como os gestos, tinham uma intenção e
comunicavam significados. Muitas dessas danças permanecem até hoje.
© Rastislav Kolesar/Alamy/Latinstock
Dança tailandesa. Loy Krathong Festival, Wimbledon, Inglaterra.
© Werner Forman/Album/Akg-images/Latinstock
Representação da dança egípcia. No Egito Antigo, as pessoas dançavam em homenagem aos faraós e aos deuses.
82 UNIDADE 4
Dançarinas do Chinese Art Ensemble of the Handicapped (CAEH) no espetáculo Mil mãos, em evento comemorativo ao ano-novo chinês.
Bangcoc, Tailândia.
© Mario Friedlander/Pulsar Imagens
Dança da etnia paresi apresentada durante os Jogos dos Povos Indígenas. Cuiabá (MT), 2013.
UNIDADE 4 83
Balé
Dança moderna
© Ed Lefkowicz/Demotix/Corbis/Latinstock
Grupo Les Ballets Jazz de Montreal. Espetáculo Harry. Teatro Barak Marshall, Nova Iorque, EUA, 2013.
A dançarina Isadora Duncan, por exemplo, protestou contra o uso das sapatilhas
e dançou descalça com largas túnicas, ignorando as regras do balé clássico. Outra
grande dançarina, Martha Graham, expressou em sua dança a paixão, a raiva e a fas-
cinação comuns ao ser humano. Ela rejeitou os passos tradicionais do balé e concen-
trou-se nos movimentos que o corpo é capaz de realizar. Depois fundou uma escola
e formou grandes dançarinos, que seguiram sua técnica e estilo próprios. Ambas são
consideradas símbolos de liberdade, de coragem e mudaram a história da dança.
86 UNIDADE 4
Isadora Duncan.
Isadora Duncan
Nasceu em São Francisco (EUA), em 1877. Iniciou as aulas de balé aos 4 anos e desde
menina já questionava suas regras e o papel da mulher na coreografia, sempre amparada
pelos dançarinos. Sua curta carreira se desenvolveu na Europa e foi marcada pela ruptura
das convenções, tanto nos movimentos, que passaram a ser mais livres, como no figurino,
ao adotar roupas mais soltas, como túnicas de tecido leve, o que era inovador em relação
ao balé clássico. Faleceu em Nice (França), em 1927.
UNIDADE 4 87
Martha Graham
Nasceu em 1894, na Pensilvânia (EUA), e faleceu em 1991, em Nova Iorque (EUA). Estudou
inicialmente na escola de dança de Ruth St. Denis e Ted Shawn e fez dança solo para o
Greenwich Village Follies, espécie de teatro localizado no bairro de mesmo nome, onde se
concentravam artistas de todo o mundo. Graham inovou o estilo de dança predominante na
época ao analisar movimentos elementares, como a contração e o relaxamento do corpo,
e experimentá-los em coreografias, retomando a consciência de que o corpo também se
expressa, assim como as palavras. Ela também ultrapassou barreiras da dança ao colaborar
com artistas de outras linguagens, entre eles o escultor Isamu Noguchi, o estilista Calvin Klein
e o compositor Aaron Copland.
88 UNIDADE 4
Dança contemporânea
Dança contemporânea. Espetáculo Grão. Teatro GEO/Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (SP), 2013.
UNIDADE 4 89
© Niklaus Stauss/Album/Akg-images/Latinstock
suas obras um diálogo entre
música, dança e palavra com
intensa expressividade. Nessa
dança-teatro, os dançarinos
[Art_EM_U2_019]
movimentam-se como se esti-
vessem caminhando nas ruas
e conversam, gritam, correm,
atuam, dançam.
Você classificaria essa dança como moderna, contemporânea ou balé? Por quê?
HORA DA CHECAGEM
1 De acordo com historiadores e pesquisadores que descobriram pinturas rupestres com registros
de pessoas dançando, pode-se dizer que a dança surgiu na Pré-história.
2 As pessoas dançam por diversas razões. Pode ser por lazer, entretenimento, para manifestar-se
artisticamente. Desde tempos remotos, dança-se para afugentar os maus espíritos, pedir chuva,
comemorar o sucesso na guerra, venerar os deuses, comemorar ocasiões especiais etc.
3 Além de o bailarino utilizar o corpo como meio de expressão, máscaras, pinturas corporais,
adereços, cocares, figurinos especiais também ajudam na construção de sentidos em uma dança.
1 Seria um balé, que tem como características histórias de amores impossíveis, de jovens frágeis,
a presença de fadas, o apelo ao sobrenatural, além de o foco estar na primeira bailarina.
2 A dança moderna rompeu com o rigor da dança clássica. As sapatilhas foram abandonadas,
houve maior liberdade de movimentos, que se tornaram mais flexíveis e próximos do solo. Duas
grandes representantes dessa dança foram Isadora Duncan e Martha Graham.
Imagem 1
Imagem 4
© Geyson Magno/SambaPhoto
Imagem 5
© Fabio Colombini
Samba Frevo
Dança indígena Forró
Pau de fita
2 Escreva em seu caderno sobre uma ou mais danças populares típicas de sua
região. Se necessário, faça uma pesquisa perguntando para outras pessoas ou uti-
lizando a internet.
UNIDADE 4 95
Os índios dançam por suas alegrias e tristezas. Agradecem a chuva, que ajuda
a lavoura e a colheita, preparam armas de guerra, homenageiam os mortos, espan-
tam doenças, comemoram as boas pescarias, dentre outras celebrações. Essas danças
podem possuir diferentes formações, como você pode observar nas imagens a seguir.
Imagem 1
© Rosa Gauditano/StudioR
Imagem 2
© Fabio Colombini
Dança indígena em fila da tribo kalapalo – Aldeia Aiha. Parque Indígena do Xingu (MT), 2011.
índio se cobre com a pele de uma onça e uma máscara de palmeira, preservando,
assim, sua identidade. Ele representa a alma da onça que foi morta pela mão desse
índio. Esse dançarino é acompanhado por toda a tribo, que realiza uma batida de
pés, de forma ininterrupta. Você pode pesquisar outras danças de diferentes tribos
indígenas, e identificar suas formas de execução e organização.
Algumas danças
b) Em sua opinião, as pessoas que fazem parte da roda são membros da mesma
tribo? Por quê?
98 UNIDADE 4
Henri Matisse. A dança, 1910. Óleo sobre tela, 260 cm × 391 cm. Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia.
a) Qual a relação entre a obra de arte de Matisse e as imagens das danças indígenas?
Antes de analisar essa pintura, veja o significado da palavra tapuia. O termo era
utilizado para designar índios que não falavam a língua tupi. “Forasteiro”, “bár-
baro”, “aquele que não fala nossa língua” são alguns de seus significados.
Albert Eckhout. Dança dos tarairius (tapuias). Óleo sobre tela, 172 cm × 295 cm. Museu Nacional, Copenhague, Dinamarca.
100 UNIDADE 4
3 Observando as duas pinturas, você acredita que o cotidiano pode ser fonte de
inspiração para criar obras de arte? Justifique sua resposta.
Muitas histórias podem ser contadas por meio da música e da dança dos des-
cendentes africanos, e a cultura afro-brasileira é uma das que mais se destacam no
cenário das diversidades culturais do País.
A capoeira, por exemplo – definida por alguns como luta, por outros como
dança e por outros, ainda, como jogo –, chegou com os escravos trazidos da
África nos navios negreiros, a partir do século XVI, e ganhou novos elementos
em solo brasileiro.
Veja a seguir duas fotografias de Pierre Verger, que registrou cenas de capoeira.
Pierre Verger
MINAS GERAIS. Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988.
Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira
ou o candomblé, deve considerar que elas
Você dança? Para quê? Em algumas festas de casamento, há a valsa dos noi-
vos, uma forma de celebrar a união do novo casal. Você já parou para pensar que,
mesmo nas sociedades atuais, a dança faz parte do cotidiano, em inúmeras situa-
ções, como em um ritual, assim como os povos antigos o faziam? Quais outras
funções, além dos rituais, a dança pode ter?
HORA DA CHECAGEM
b) Provavelmente as pessoas que fazem parte da roda são membros da mesma tribo, por causa da
pintura corporal, dos adereços e do vestuário semelhantes.
a) Na obra de Matisse e nas danças circulares indígenas, a formação é de uma roda e, pela posição
dos corpos, em ambas, existe um tipo de coreografia.
b) É uma dança de roda, na qual os dançarinos ocupam todo o espaço da tela seguindo determi-
nado ritmo.
c) Resposta pessoal. A dança circular pode representar os sentimentos de união, de celebração, de
homenagem, de harmonia, de libertação etc.
104 UNIDADE 4
a) Resposta pessoal. Você pode ter respondido, por exemplo, que a imagem dos indígenas dan-
çando significa uma homenagem ao deus da guerra para que os inimigos sejam vencidos.
b) Resposta pessoal. Os indígenas movimentam-se com bastante vigor, energia. Há diversos movi-
mentos de braços e pernas, sempre muito firmes.
c) As mulheres parecem estar falando sobre o que ocorrerá após a dança. Outra interpretação
possível é que estão fazendo algum som com um instrumento de sopro. Não existe indício de que
participarão da dança, tanto pela posição em que estão como pelo fato de, em algumas tribos, as
mulheres não poderem participar de danças, pois estas são consideradas sagradas.
3 O cotidiano está repleto de fatos e cenas que inspiram artistas na criação de suas obras, seja para
elogiar, criticar, protestar, seja simplesmente para reproduzir e registrar um momento significativo.
Desafio
Alternativa correta: c. A capoeira e o candomblé são resultado da mistura entre valores culturais
africanos e aqueles já estabelecidos no Brasil.