Apostila BPC LOAS

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ÍNDICE

Legislação..................................................................
03
Aspectos Gerais........................................................
04
Família/Grupo Familiar...........................................
05
Miserabilidade..........................................................
13
Deficiência.................................................................
26
Operacionalização do BPC......................................
37
45
Padrão Médio à Avaliação Social
ou Avaliação Social Média......................................

Manutenção e Cessação do BPC.............................


47
Considerações Importantes Antes
do Requerimento do BPC......................................... 53
Benefício Assistencial ao
Trabalhador Portuário Avulso................................. 55
Auxílio-Inclusão........................................................ 57
BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC/LOAS

Código 87 – Amparo Assistencial ao Portador de Deficiência


Código 88 – Amparo Assistencial ao Idoso (65 anos de idade)

1. Legislação

- Definição

Art. 20, Lei nº 8.742/93: O benefício de prestação continu-


ada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com
deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou
mais que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção nem de tê-la provida por sua família.

3
2. Aspectos Gerais

•Valor de 1 Salário-Mínimo;
•Benefício assistencial (portanto, não necessita de contribui-
ções);
•Destinado a brasileiros, naturalizados brasileiros e estran-
geiros com domicílio no Brasil (Memorando-Circular Conjunto
nº 13 DIRBEN/PFE/INSS, de 09 de maio de 2017);
•Não é vitalício, poderá ser revisto a cada dois anos;
•Pode ser requerido mais de uma vez;
•Possui caráter personalíssimo;
•Intransferível (não gera pensão por morte aos dependen-
tes);
•Não está sujeito a desconto de qualquer natureza
(empréstimo consignado);
•Não gera direito ao pagamento de abono anual (13º);
•O valor residual não recebido em vida será pago aos seus
sucessores (alvará judicial);
•Não pode ser acumulado com outros benefícios previden-
ciários (RGPS ou RPPS), salvo Pensão Especial de Natureza
Indenizatória ou Assistência Médica);
•O beneficiário de BPC pode recolher na filiação de
segurado facultativo, exceto baixa renda, a fim de garantir,
futuramente, um melhor benefício ou para deixar Pensão por
Morte aos seus dependentes.

4
3. Família/Grupo Familiar

I. Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚni-


co)

Regido pelo Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007.

Conforme o Guia Prático para o Processo de Requerimen-


to do Benefício de Prestação Continuada da Assistência
Social (BPC) (2016), “o Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo (Cadastro Único ou CadÚnico) é um
instrumento de identificação e caracterização socioeconô-
mica das famílias brasileiras de baixa renda, gerido pelo
compartilhamento de esforços e responsabilidades entre a
União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. As
famílias de baixa renda são aquelas com renda familiar
mensal de até meio salário-mínimo por pessoa ou três sa-
lários-mínimos de renda total. O município possui papel
de destaque na gestão e operacionalização do Cadastro
Único, pois é a gestão municipal que identifica e entrevista
as famílias, realiza seu cadastramento e mantém as infor-
mações atualizadas. As informações são autodeclaratórias
e os dados são colhidos em dez blocos, que vão desde
composição familiar até renda e trabalho, passando por
escolaridade e características do domicílio”.

5
O Decreto nº 8.805, em 07 de julho de 2016, determinou
que o Cadastro Único fosse obrigatório para concessão do
BPC. Entretanto, tal requisito passou a ser, de fato, obrigató-
rio apenas com o advento da Medida Provisória nº 871, de
18/01/2019. Assim, o INSS passou a utilizar como base a
família e o rendimento descritos no CadÚnico.

Art. 20, § 12º, Lei nº 8.742/93, inserido pela MP nº 871, de 18


de janeiro de 2019, convertida na Lei nº 13.846/19: São requi-
sitos para a concessão, a manutenção e a revisão do benefício
as inscrições no Cadastro de Pessoas Físicas CPF) e no Cadastro
Único para Programas Sociais do Governo Federal - Cadastro
Único, conforme previsto em regulamento.

É importante manter o CadÚnico atualizado, uma vez que


a desatualização desta base governamental pode acarretar
a suspensão do pagamento do benefício, conforme Ofício-
Circular DIRBEN/INSS nº 29, de 27/05/2019.

II. Conceitos

A Lei Orgânica da Assistência Social e a Lei do Cadastro


Único, Lei nº 6.135/07, possuem DEFINIÇÕES DISTINTAS
quanto ao conceito de “família”.

6
Além disso, o Cadastro Único ainda delimita a figura do
Responsável pela Unidade Familiar (RF), sendo aquele que
fornece as informações do grupo familiar ao CadÚnico e que,
por questões sociais, deverá ser PREFERENCIALMENTE
uma mulher.

•Família CadÚnico

Conforme o Guia Prático para o Processo de Requerimento


do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social
(BPC) (2016), “para o Cadastro Único, a família é “a unida-
de nuclear composta por um ou mais indivíduos que contribu-
íam para o rendimento ou tenham suas despesas atendidas
por aquela unidade familiar, todos moradores em um mesmo
domicílio”.

Decreto nº 6.135/07 (CadÚnico):


Art. 4º, I: Família: a unidade nuclear composta por um ou mais
indivíduos, eventualmente ampliada por outros indivíduos
que contribuam para o rendimento ou tenham suas despesas
atendidas por aquela unidade familiar, todos moradores em
um mesmo domicílio.
Art. 6º, III: o cadastramento de cada família será vinculado a
seu domicílio e a um responsável pela unidade familiar, maior
de dezesseis anos, preferencialmente mulher;

Ressalta-se que o Requerente do BPC não será, necessaria-


mente, o RF da família.

7
•Família BPC

Conforme o art. 4º, V, do Decreto 6.214/07, família é o


“conjunto de pessoas composto pelo requerente, o cônjuge,
o companheiro, a companheira, os pais e, na ausência de um
deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos
e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam
sob o mesmo teto”.

A Portaria Conjunta MDS nº 3, de 21 de setembro de 2018,


determina, em seus §§ 1º e 2º, aqueles que não compõem
o grupo familiar, para efeitos do cálculo da renda mensal
familiar per capita:

I- O internado ou acolhido em instituições de longa perma-


nência como abrigo, hospital ou instituição congênere;
II- O filho ou o enteado que tenha constituído união estável,
ainda que resida sob o mesmo teto;
III- O irmão, o filho ou o enteado que seja divorciado, viúvo
ou separado de fato, ainda que vivam sob o mesmo teto do
requerente; e
IV- O tutor ou curador, desde não seja um dos elencados no
rol do § 1º do art. 20 da Lei nº 8.742, de 1993.
§ 2º A coabitação do requerente com algum membro de sua
família em uma mesma instituição hospitalar, de abrigamento
ou congênere, não se configura, por si só, em constituição de
um grupo familiar a ser considerado para fins do cálculo da
renda mensal per capita.

8
Atenção: Judicialmente, o entendimento em voga quanto
ao rol definido no art. 20, § 1º, da LOAS, é que este possui
caráter taxativo, sendo este rol observado na análise do re-
querimento de Benefício de Prestação Continuada.

•Indivíduo em situação de Rua

Nos termos da Resolução MMFDH/CNDH nº 40, de


13/10/2020, art. 1º, §1º, “considera-se população em
situação de rua o grupo populacional heterogêneo que pos-
sui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares
interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia con-
vencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as
áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento,
de forma temporária ou permanente, bem como as unidades
de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia
provisória”.

A população em situação de rua possui disposições específi-


cas acerca de endereço e da composição do grupo familiar,
conforme Decreto nº 6.214/07, art. 13, §§ 6º, 7º e 8º:
Endereço: Endereço do serviço da rede socioassistencial
pelo qual esteja sendo acompanhado, ou, na falta deste,
de pessoas com as quais mantém relação de proximida-
de;
Relação de proximidade: Pessoas indicadas pelo pró-
prio requerente como pertencentes ao seu ciclo de conví-
vio que podem facilmente localizá-lo;

9
Família: Família BPC, desde que convivam com o reque-
rente na mesma situação, devendo ser relacionadas na
Declaração da Composição e Renda Familiar.

Indivíduos que não Podem se Cadastrar no


CadÚnico

Algumas pessoas não podem efetuar cadastro no CadÚnico,


são elas:

I- Menores de 16 anos que vivam sozinhas;


II- Menores de 16 anos que, mesmo tendo família, estejam in-
ternadas em hospital ou em serviço de acolhimento há mais de
12 meses1;
III- Maiores de 16 anos incapazes que vivam sozinhas e não
possuam representante legal;
IV- Maiores de 16 anos incapazes que, mesmo tendo família,
estejam internadas em hospital ou em serviço de acolhimento
há mais de 12 meses e não possuam representante legal;
V- Aquelas que possuam dados pessoais atípicos, que impos-
sibilitam o cadastramento (sem sobrenome, sobrenome com
apenas uma letra, data de nascimento inválida ou zerada).

1
Neste caso, há possibilidade de cadastramento no CadÚnico no domicílio da família de
origem, hipótese em que o Conselho Tutelar (ou Assistente Social) deverá confeccionar
parecer que ateste a possibilidade de reintegração da criança ou adolescente à família,
conforme art. 8º da Portaria MDS nº 177/11.

10
Nestes casos, o Gestor ou Responsável pelo CadÚnico
do Município deverá preencher, carimbar e assinar o “For-
mulário de Impossibilidade de Inclusão ou Atualização no
Cadastro Único”. Com o documento em mãos, o Requerente
ou seu procurador deverá apresentar ao INSS o formulário
e os outros documentos necessários para o requerimento do
benefício, conforme item 4.3 do Memorando-Circular Con-
junto DIRBEN/DIRAT/DIRSAT/INSS nº 51/18.

III. Requerimento Qualificado do BPC

•A partir de 14/06/2021, foi introduzido o Requerimen-


to Qualificado do BPC, instituído pela Portaria Conjunta
DIRBEN/DIRAT/INSS nº 36. O procedimento administra-
tivo para análise da Família e dos rendimentos foi alterado:

11
IV. Caso Prático da Análise do Grupo Familiar

12
4. Miserabilidade

I. Conceitos

Miserabilidade

A “miserabilidade”, suscitada no art. 20 da Lei nº 8.742/93,


possui aspecto objetivo para a administração pública: será
verificada quando a renda mensal per capita do grupo
familiar for igual ou inferior a ¼ do salário-mínimo vigente (em
2022, o limite per capita é de R$ 303,00).

Art. 20, § 3º, Lei nº 8.742/03, com redação da Lei nº


14.176/21: Observados os demais critérios de elegibilida-
de definidos nesta Lei, terão direito ao benefício financeiro de
que trata o caput deste artigo a pessoa com deficiência ou a
pessoa idosa com renda familiar mensal per capita igual ou
inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo.

Entretanto, alterações na legislação criaram o aspecto subje-


tivo, onde a renda pode ultrapassar o limite de ¼ do salário
-mínimo, sendo os gastos com remédios e consultas médicas
deduzidos, alcançando, assim, o limite máximo de renda.

Renda

13
Art. 4º, VI, Decreto nº 6.214/07: renda mensal bruta fami-
liar: a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente
pelos membros da família composta por salários, proventos,
pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pú-
blica ou privada, seguro-desemprego, comissões, pro-labore,
outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos
do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do
patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação
Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único do art.
19.

Alterações legislativas quanto à renda mensal mínima per


capita
Lei nº 13.981, 23/03/2020: < ½ do Salário-Mínimo
Lei nº 13.982, 02/04/2020: ≤ ¼ do Salário-Mínimo
MP nº 1.023, 31/12/2020: < ¼ do Salário-Mínimo
Lei nº 14.176, 22/06/2021: ≤ ¼ do Salário-Mínimo

A Ação Civil Pública nº 5044874-22.2013.404.7100/


RS, julgada pelo TRF-4, com vigência nacional a partir de
04/05/2016, determinou que não entrariam no cálculo da
renda familiar “despesas que decorram diretamente da defici-
ência, incapacidade ou idade avançada”, são elas:

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I. Medicamentos;
II. Alimentação Especial;
III. Fraldas Descartáveis;
IV. Consultas na Área da Saúde.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. IDO-


SO E DEFICIENTE FÍSICO. REQUISITO ECONÔMICO. DE-
DUÇÕES. MÍNIMO EXISTENCIAL. RESERVA DO POSSÍVEL.
ABRANGÊNCIA NACIONAL DOS EFEITOS DA DECISÃO. 1.
(...). 9. Recurso parcialmente acolhido para compelir o
réu a deduzir do cálculo da renda familiar, para fins de
verificação do preenchimento do requisito econômico
ao benefício de prestação continuada do art. 20 da Lei
nº 8.742/93, apenas as despesas que decorram dire-
tamente da deficiência, incapacidade ou idade avança-
da, com medicamentos, alimentação especial, fraldas
descartáveis e consultas na área da saúde, comprova-
damente requeridos e negados pelo Estado. 10. Con-
siderando a mudança de entendimento do Superior Tribunal
de Justiça (REsp 1243887/PR, Corte Especial, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, DJe de 12- 12-2011) e tendo em conta o teor
da presente demanda, que visa garantir os interesses assisten-
ciais, impõe-se determinar a extensão dos efeitos da
presente ação civil pública a todo território nacional.

15
(TRF-4 - APELREEX: 50448742220134047100 RS 5044874-
22.2013.404.7100, Relator: VÂNIA HACK DE ALMEIDA,
Data de Julgamento: 27/01/2016, SEXTA TURMA, Data de
Publicação: D.E. 04/02/2016).

Assim, em 16/11/2016, foi publicado o Memorando-Circular


Conjunto nº 58 /DIRBEN/DIRAT/DIRSAT/PFE/INSS, ratifi-
cando a ACP e estabelecendo que, para benefícios com DER
a partir de 04/05/2016 onde se constatasse renda per ca-
pita superior a ¼ do salário-mínimo, este seria convertido em
exigência para que houvesse a possibilidade de juntar com-
provantes de gastos mensais com medicamentos, alimentação
especial, fraldas descartáveis e consultas na área da saúde.

MCC nº 58 /DIRBEN/DIRAT/DIRSAT/PFE/INSS, item 7.1.


Para os benefícios com Data de Entrada do Requerimento-DER
a partir de 05/11/2016, data de início da vigência do De-
creto nº 8.805/2016, cujo atendimento administrativo even-
tualmente ocorra antes da adequação do SIBE e nos quais se
constate renda per capita igual ou superior a 1/4 do salário
mínimo, o servidor deverá inserir exigência interna com vistas
a impedir a decisão do pedido, nos requerimentos de B88, e o
encaminhamento para as avaliações médica e social, nos re-
querimentos de B87, considerando o disposto no § 5º do art.
15 do Decreto nº. 6.214/2007, que aprova o Regulamento do
Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social.

16
Em 23/03/2020, a Lei nº 13.981 alterou o limite de renda fa-
miliar per capita para menos de ½ salário-mínimo. Entre-
tanto, já em 02/04/2020, a lei seguinte, nº 13.982, retornou
o limite de renda para igual ou inferior a ¼, porém, apenas
até 31/12/2020.

Atualmente, tal regramento está disposto na Portaria Conjun-


ta MDS/INSS nº 03, de 21/09/2018, que foi alterada pela
Portaria Conjunta MC/MTP/INSS nº 14, de 07/10/2021,
com base na Lei nº 14.176, de 22/06/21:

Art. 8º, III, “f”, da Portaria Conjunta MDS/INSS nº 03: Serão


deduzidos da renda mensal bruta familiar exclusivamente os
gastos com tratamentos de saúde, médicos, fraldas, alimentos
especiais e medicamentos do idoso ou da pessoa com defici-
ência, não disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único
de Saúde (SUS), ou com serviços não prestados pelo Serviço
Único de Assistência Social (SUAS), desde que de natureza
contínua e comprovadamente necessários à preservação da
saúde e da vida.

Entretanto, tais descontos apenas são concedidos se apresen-


tados os seguintes documentos, conforme os incisos do § 4º
do mesmo dispositivo:

17
I - Documentação médica que afirme a natureza contínua do
tratamento e a comprovação de sua não disponibilização gra-
tuita ou de sua negativa de disponibilização, no caso de des-
conto referente a tratamento não disponibilizado pelo SUS; ou
II - Documentação que demonstre a necessidade do reque-
rente de utilização do Serviço de Proteção Especial para
idosos, Pessoas com Deficiência e suas famílias (Centro-Dia) e
de sua não disponibilização, no caso de desconto referente a
serviço não prestado pelo SUAS.

A Portaria Conjunta MC/MTP/INSS nº 14 ainda trouxe tabe-


las com o valor limite a ser deduzido da renda por categoria:

Portaria Conjunta MDS/INSS nº 14, Anexo I

Tabela 1

18
Tabela 2

Conforme Portaria PRES/INSS nº 1.380, de 16 de novem-


bro de 2021, quando os gastos ultrapassem o valor limite de
dedução das tabelas 1 e 2, a comprovação se dará por meio
da soma dos recibos apresentados referentes aos 12 meses
anteriores ao requerimento do BPC2.

Art. 3º da Portaria PRES/INSS nº 1.380: Caso o requeren-


te opte pela comprovação de que os gastos previstos no art.
1º ultrapassam os valores médios de dedução, deverá ser
realizada média por meio da soma dos recibos de gastos
apresentados, relativos aos 12 (doze) meses anteriores ao re-
querimento ou em número igual ao tempo de vida do reque-
rente caso a idade seja inferior a um ano.
§ 1º O requerente deverá comprovar que em todos os me-
ses que compõem o período adquiriu ao menos um dos
remédios relacionados ao tratamento da deficiência ou idade
avançada.
2
Para requerentes com idade inferior a um ano de vida, deverá ser realizada a média pelo
número de meses de vida do infante.

19
§ 2º Não haverá prejuízo da aplicação do previsto no caput
se no período estabelecido para apuração da média de de-
dução o requerente não dispuser de um recibo mensal para
cada um dos medicamentos indicados como sendo de uso
contínuo, observado o disposto no § 1º.
§ 3º O disposto no § 1º também se aplica aos demais gas-
tos relacionados a tratamento de saúde, médicos, fraldas e
alimentos especiais.
§ 4º A comprovação de gastos por meio de recibos não
dispensa a necessidade de apresentação dos documentos
previstos no art. 1º.

Rendas Não Consideradas

Art. 4º, § 2º, Decreto 6.214/07: Para fins do disposto no


inciso VI do caput, não serão computados como renda mensal
bruta familiar:
I- Benefícios e auxílios assistenciais de natureza eventual e
temporária;
II- Valores oriundos de programas sociais de transferência de
renda;
III- Bolsas de estágio supervisionado;
IV- Pensão especial de natureza indenizatória e benefícios de
assistência médica, conforme disposto no art. 5º;
V- Rendas de natureza eventual ou sazonal, a serem regula-
mentadas em ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome e do INSS; e
VI- Rendimentos decorrentes de contrato de aprendizagem.

20
Lei nº 8.742/93:

Art. 20, § 9º: Os rendimentos decorrentes de estágio supervi-


sionado e de aprendizagem não serão computados para os
fins de cálculo da renda familiar per capita a que se refere o
§ 3o deste artigo.
Art. 20, § 14: O benefício de prestação continuada ou o be-
nefício previdenciário no valor de até 1 (um) salário-mínimo
concedido a idoso acima de 65 (sessenta e cinco) anos de
idade ou pessoa com deficiência não será computado, para
fins de concessão do benefício de prestação continuada a
outro idoso ou pessoa com deficiência da mesma família, no
cálculo da renda a que se refere o § 3º deste artigo.

Art. 21-A, § 2º: A contratação de pessoa com deficiência como


aprendiz não acarreta a suspensão do benefício de prestação
continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomi-
tante da remuneração e do benefício.

Art. 4º, Portaria MDS nº 3, de 21/09/2018:


C) O salário de contribuição não integra a renda mensal bruta
familiar quando o requerente do BPC, o beneficiário ou os de-
mais membros do grupo familiar contribuírem como segurados
facultativos do Regime Geral da Previdência Social - RGPS;

21
D) O recebimento de pensão alimentícia não impede o rece-
bimento do BPC, desde que observado o critério de renda per
capita mensal bruta familiar; e
E) A renda sazonal ou eventual, que consiste nos rendimen-
tos não regulares decorrentes de atividades eventuais exerci-
das em caráter informal, não será computada na renda bruta
familiar desde que o valor anual declarado dividido por doze
meses seja inferior a um quarto do salário-mínimo

Além dos valores acima, a Lei nº 13.982/20 acrescentou os


§§ 14 e 15 no art. 20 da Lei nº 8.742/93. Tais dispositivos
permitem a exclusão do cálculo da renda mensal per capita
de benefícios previdenciários ou assistenciais de até um salá-
rio-mínimo concedidos a idoso acima de 65 anos ou pessoa
portadora de deficiência, possibilitando, assim, o recebimento
do BPC a mais de um membro da mesma família.

§ 14. O benefício de prestação continuada ou o benefício


previdenciário no valor de até 1 (um) salário-mínimo conce-
dido a idoso acima de 65 (sessenta e cinco) anos de idade
ou pessoa com deficiência não será computado, para fins de
concessão do benefício de prestação continuada a outro ido-
so ou pessoa com deficiência da mesma família, no cálculo da
renda a que se refere o § 3º deste artigo.
§ 15. O benefício de prestação continuada será devido a mais
de um membro da mesma família enquanto atendidos os re-
quisitos exigidos nesta Lei.

22
A Portaria ME/INSS/DIRBEN nº 374, de 05 de maio de
2020, definiu quais seriam os benefícios a que se referem os
§§ 14 e 15:

Art. 2º A partir de 2 de abril de 2020, os valores recebidos


por componentes do grupo familiar, idoso, acima de 65 (ses-
senta e cinco) anos de idade, ou pessoa com deficiência, de
BPC/LOAS ou de benefício previdenciário de até um salário-
-mínimo, ficam excluídos da aferição da renda familiar mensal
per capita para fins de análise do direito ao BPC/LOAS.
(...)
§ 3º Para fins do disposto no caput, até que haja regulamen-
tação da alteração na Lei nº 8.742/1990, considera-se o
benefício assistencial à pessoa com deficiência (Espécie 87),
a aposentadoria por idade e a por tempo de contribuição pre-
vista pela Lei Complementar nº 142/2013 (Espécies 41 e 42).

Assim, rendas provenientes de Pensão por Morte, Auxílio por


Incapacidade Temporária (segurado deficiente) e Aposenta-
doria por Invalidez não serão excluídas do cálculo de renda
mensal per capita.

23
Obs.: A Lei nº 14.176/21 incluiu no art. 20 da Lei nº 8.742/03
o “§ 11-A”, que amplia o limite de renda mensal per
capita para até ½ salário-mínimo. Para que ocorra essa am-
pliação, deverão ser utilizados “outros elementos probatórios
da condição de miserabilidade e da situação de vulnera-
bilidade do grupo familiar”. Entretanto, tal dispositivo tem vi-
gência condicionada a decreto regulamentador do
Poder Executivo que atenda aos requisitos fiscais.

II. Histórico Judicial

Judicialmente, matérias que possuem relação com ao método


de aferição da miserabilidade estão sob discussão há mais de
20 anos.

I. No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº


1.232-1/DF, em 1998, o STF declarou a CONSTITUCIONA-
LIDADE do método objetivo de aferição da miserabilidade do
art. 20, § 3º, da LOAS (limite de renda per capita de ¼ do
salário-mínimo);

“Na realidade, não se pode vislumbrar inconstitucio-


nalidade no texto legal, posto revelar ele uma verda-
de irrefutável, seja, a de que é incapaz de prover a
manutenção da pessoa portadora de deficiência ou
idosa a família cuja renda mensal per capita seja
inferior a ¼ do salário-mínimo”.

24
II. O STJ, em oposição ao determinado pelo STF anos antes,
julgou o Tema Repetitivo 185 em 2009, com trânsito em julga-
do em 2014, fixando a seguinte tese:

“A limitação do valor da renda per capita familiar


não deve ser considerada a única forma de se com-
provar que a pessoa não possui outros meios para
prover a própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, pois é apenas um elemento objetivo para
se aferir a necessidade, ou seja, presume-se absoluta-
mente a miserabilidade quando comprovada a renda
per capita inferior a 1/4 do salário-mínimo”.

III. Em 2013, no julgamento conjunto dos Recursos Extraordi-


nários 567.985/MT e 580.963/PR, alterando seu próprio
entendimento, o STF declarou a inconstitucionalidade do mes-
mo dispositivo (art. 20, § 3º, LOAS) em sede de repercussão
geral. Entretanto, nenhum dos julgados possuía eficácia vincu-
lante.

IV. No final de 2015, o STJ firmou a tese do Tema Repetitivo


640, excluindo do cálculo da renda familiar benefícios pre-
videnciários ou assistenciais no valor de um salário-mínimo
percebidos por membros da família:

25
“Aplica-se o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto
do Idoso (Lei n. 10.741/03), por analogia, a pedido
de benefício assistencial feito por pessoa com defici-
ência a fim de que benefício previdenciário recebido
por idoso, no valor de um salário-mínimo, não seja
computado no cálculo da renda per capita prevista no
artigo 20, § 3º, da Lei n. 8.742/93”.

Art. 34 do Estatuto do Idoso: Aos idosos, a partir de 65


(sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para
prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua
família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) sa-
lário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistên-
cia Social – LOAS.

5. Deficiência

I. Conceitos

Deficiência

Art. 20 da Lei 8.742/93: (...)


§ 2º Para efeito de concessão do benefício de prestação con-
tinuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem
impedimento de longo prazo de natureza física, mental, inte-
lectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pesso-
as.

26
(...)
§ 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins
do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo
mínimo de 2 (dois) anos.

Barreiras

Será considerada “barreira” qualquer ocorrência que redu-


za, limite ou impeça a participação da pessoa com deficiên-
cia na sociedade, afetando o gozo dos direitos inerentes ao
cidadão, seja pela ausência de políticas sociais ou pela au-
sência de infraestrutura adequada para tal.

Art. 3º, IV, da Lei 13.146/15: barreiras: qualquer entrave,


obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impe-
ça a participação social da pessoa, bem como o gozo,
a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade,
à liberdade de movimento e de expressão, à comunica-
ção, ao acesso à informação, à compreensão, à circula-
ção com segurança, entre outros, classificadas em:

A) Barreiras urbanísticas: As existentes nas vias e nos es-


paços públicos e privados abertos ao público ou de uso
coletivo;
B) Barreiras arquitetônicas: As existentes nos edifícios pú-
blicos e privados;
C) Barreiras nos transportes: As existentes nos sistemas e
meios de transportes;

27
D) Barreiras nas comunicações e na informação: Qual-
quer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que
dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de
mensagens e de informações por intermédio de sistemas
de comunicação e de tecnologia da informação;
E) Barreiras atitudinais: Atitudes ou comportamentos que
impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa
com deficiência em igualdade de condições e oportuni-
dades com as demais pessoas;
F) Barreiras tecnológicas: As que dificultam ou impedem o
acesso da pessoa com deficiência às tecnologias.

II. Comprovação da Deficiência

Art. 20, § 6º, Lei nº 8.742/93: A concessão do benefício fi-


cará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedi-
mento de que trata o § 2º, composta por avaliação médica e
avaliação social realizadas por médicos peritos e por assis-
tentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social – INSS.

28
Avaliação Biopsicossocial

Fonte: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cpd/apresentacoes-em-eventos/
audiencias-publicas-2019/apresentacao-liliane-cristina-bernardes-mdh

Art. 2º, § 1º, Lei nº 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com Defi-


ciência): A avaliação da deficiência, quando necessária, será
biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e inter-
disciplinar e considerará:

I- Os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;


II- Os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III- A limitação no desempenho de atividades; e
IV- A restrição de participação.

29
A Portaria Conjunta MDS/INSS n° 02, de 30/03/2015,
dispõe sobre critérios, procedimentos e instrumentos para a
avaliação social e médica da pessoa com deficiência para
acesso ao Benefício de Prestação Continuada, com a finali-
dade de qualificar as barreiras enfrentadas, as alterações de
funções e/ou Estruturas do Corpo, as limitações de atividades
e restrições à participação social, em igualdade de condições
com as demais pessoas.
Essa portaria possui quatro anexos:
I e II, instrumento da avaliação;
III, conceito e critérios da Avaliação Social e Médico-Pericial;
IV, tabela conclusiva de qualificadores.

Instrumentos de Avaliação

Art. 3º Os instrumentos para avaliação da pessoa com defi-


ciência destinam-se à utilização pelo Assistente Social e pelo
Perito Médico, do quadro do INSS, com a finalidade de 2
qualificar as barreiras enfrentadas, as alterações de funções
e/ou Estruturas do Corpo, as limitações de atividades e restri-
ções à participação social, em igualdade de condições com
as demais pessoas.
Art. 4º Para avaliação da pessoa com deficiência serão
utilizados os seguintes instrumentos:
I- Avaliação da Pessoa com Deficiência para acesso ao BPC
– Espécie 87 – 16 anos ou mais, conforme formulário previsto
no Anexo I; e

30
II- Avaliação da Pessoa com Deficiência para acesso ao BPC
– Espécie 87 – menor de 16 anos, conforme formulário pre-
visto no Anexo II.

A avaliação é composta pelos componentes e seus respecti-


vos domínios os quais serão qualificados pela avalição social
e médica, conforme os qualificadores abaixo: 0 = Nenhuma
alteração (0 a 4%) 1 = Alteração Leve (5 a 24%) 2 = Altera-
ção Moderada (25 a 49%) 3 = Alteração Grave (50 a 95%)
4 =Alteração Completa (96 a 100%).

A combinação de qualificadores finais resultante das avalia-


ções será confrontada com a tabela conclusiva de qualifica-
dores do Anexo IV da Portaria Conjunta MDS/INSS n° 02,
de 30/03/2015.

Componentes, baseados na Classificação Internacional de


Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF:
I- Fatores Ambientais;
II- Funções e Estruturas do Corpo;
III- Atividades e Participação.

Avaliação Social

Compete ao Assistente Social avaliar e qualificar os seguintes


componentes e domínios da Avaliação Social:

31
I - Fatores Ambientais, por meio dos domínios:
A) Produtos e Tecnologia; e1
B) Condições de Habitabilidade e Mudanças Ambientais; e2
C) Apoio e Relacionamentos; e3
D) Atitudes; e4
E) Serviços, Sistemas e Políticas; e5

O qualificador final de Fatores Ambientais corresponde à


média dos qualificadores atribuídos aos cinco domínios, as-
sim calculada: [(e1+e2+e3+e4+e5) x 5] – 0,1. O cálculo é
realizado automaticamente pelo sistema e expresso pela letra
correspondente, que retrata a totalização das barreiras (Ne-
nhuma, Leve, Moderada, Grave ou Completa).

II - Atividades e Participação, por meio dos domínios:


A) Vida Doméstica; d6
B) Relações e Interações Interpessoais; d7
C) Áreas Principais da Vida; d8
D) Vida Comunitária, Social e Cívica, com distintos pontos de
corte para análise, d9

Avaliação Médica

Compete ao Perito Médico Previdenciário avaliar e qualificar


os seguintes componentes e domínios da avaliação médica,
com base na CIF:

32
I - Funções do Corpo, por meio dos domínios:
A) Funções Mentais; b1
B) Funções Sensoriais da Visão; b2
C) Funções Sensoriais da Audição; b2
D) Funções Sensoriais Adicionais e Dor; b2
E) Funções da Voz e da Fala; b3
F) Funções do Sistema Cardiovascular; b4
G) Funções do Sistema Hematológico; b4
H) Funções do Sistema Imunológico; b4
I) Funções do Sistema Respiratório; b4
J) Funções do Sistema Digestivo; b5
L) Funções do Sistema Metabólico e Endócrino; b5
M) Funções Geniturinárias e Reprodutivas; b6
N) Funções Neuromusculoesqueléticas e Relacionadas ao
Movimento; b7
O) Funções da Pele e Estruturas Relacionadas; b8

O qualificador final de Funções do Corpo corresponde ao


maior qualificador atribuído aos domínios b1 a b8. A apu-
ração é realizada automaticamente pelo sistema e expres-
sa pela letra correspondente, que retrata a totalização das
alterações constatadas em Funções do Corpo (Nenhuma,
Leve, Moderada, Grave ou Completa).

33
O qualificador de Funções do Corpo pode ser majorado em
um nível (de N para L, de L para M, de M para G, de G para
C e C mantém como C ATIVIDADES E PARTICIPAÇÃO), de
forma não cumulativa, em caso de prognóstico desfavorável
ou em caso de presença de alterações em Estruturas do Corpo
que configurem maiores limitações ou restrições ao avaliado
do que as alterações observadas em Funções do Corpo.

Também incumbe ao Perito Médico Previdenciário:


I- Pronunciar-se sobre a existência de alterações na Estrutu-
ra do Corpo que configurem maiores limitações e restrições
ao avaliado do que as alterações observadas em Funções do
Corpo;
II- Sinalizar se as alterações em Funções e/ou Estruturas do
Corpo configuram prognóstico desfavorável;
III- Pronunciar-se sobre a possibilidade das alterações em Fun-
ções e/ou Estruturas do Corpo serem resolvidas em menos de
2 (dois) anos, considerando as barreiras apontadas na ava-
liação social, os aspectos clínicos avaliados, o tempo pregres-
so já vivenciado com o quadro clínico e as possibilidades de
acesso ao tratamento necessário, na perspectiva da participa-
ção plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas.

Observe que o componente Atividades e Participação é


analisado tanto pela assistente quanto pelo médico.

34
II - Atividades e Participação, por meio dos domínios:
A) Aprendizagem e Aplicação de Conhecimento; d1
B) Tarefas e Demandas Gerais; d2
C) Comunicação; d3
D) Mobilidade; d4
E) Cuidado Pessoal, com distintos pontos de corte para análi-
se, detalhados no Anexo III desta Portaria; d5

O qualificador final de Atividades e Participação corresponde


à média dos 9 qualificadores, sendo assim calculada: [(d1+-
d2+d3+d4+d5+d6+d7+d8+d9) x 2,777777777777780] –
0,1. O cálculo é realizado automaticamente pelo sistema e
expresso pela letra correspondente, que retrata o grau de di-
ficuldade para a realização de atividades e para a participa-
ção social (Nenhuma, Leve, Moderada, Grave ou Completa).

O BPC será indeferido quando combinação de qualificadores


finais resultantes da avaliação social e da avaliação médica
resultar:

I- O qualificador final do componente Funções do Corpo for


nenhum (N) ou leve (L);
II- O qualificador final do componente Atividades e Participa-
ção for nenhum (N) ou leve (L);
III- As alterações de Funções e/ou Estruturas do Corpo pude-
rem ser resolvidas em menos de 2 (dois) anos, consideradas
as condições especificadas no inciso III do art. 7º.

35
Ressalta-se que o estigma social havido contra algumas
doenças (como o HIV, por exemplo) pode ser razão suficiente
para a concessão do BPC, desde que verificado que a defici-
ência acarrete a impossibilidade de se desenvolver atividade
remunerada.

Atenção: é possível que não se possa definir a duração do


impedimento causado por determinada doença, nesta hipó-
tese, havendo indícios de que possa se estender por longo
prazo, o BPC será devido desde que cumpridos os demais
requisitos.

Art. 16 do Decreto 6.214/07: (...)


§ 6º Na hipótese de não ser possível prever a dura-
ção dos impedimentos a que se refere o inciso I do §
5º, mas existir a possibilidade de que se estendam por
longo prazo, o benefício poderá ser concedido, con-
forme o disposto em ato do Ministro de Estado do De-
senvolvimento Social.
(...)
§ 7º Na hipótese do benefício concedido nos termos
do disposto no § 6º Os beneficiários deverão ser prio-
ritariamente submetidos a novas avaliações da defici-
ência, observado o intervalo máximo de dois anos.

36
6. Operacionalização do BPC

I. Conceito

Conforme art. 39 do Decreto nº 6.214/07, a operacionaliza-


ção do BPC é de responsabilidade do INSS:

Art. 39. Compete ao INSS, na operacionalização do Benefí-


cio de Prestação Continuada:
I- Receber os requerimentos, conceder, manter, revisar,
suspender ou fazer cessar o benefício, atuar nas contestações,
desenvolver ações necessárias ao ressarcimento do benefício
e participar de seu monitoramento e avaliação;
II- Realizar, periodicamente, cruzamentos de informações,
utilizando o registro de informações do CadÚnico e de ou-
tros cadastros, de benefícios previdenciários e de emprego e
renda em nome do requerente ou beneficiário e dos integran-
tes do grupo familiar;
III- Realizar a avaliação médica e social da pessoa com de-
ficiência, de acordo com as normas a serem disciplinadas em
atos específicos;
IV- Realizar o pagamento de transporte e diária do requerente
ou beneficiários e seu acompanhante, com recursos oriundos
do FNAS, nos casos previstos no art. 17;
V- Enviar comunicações aos beneficiários, aos seus represen-
tantes legais ou aos seus procuradores;

37
VI- Analisar defesas, receber recursos pelo indeferimento e
suspensão do benefício, instruir e encaminhar os processos à
Junta de Recursos;
VII- Efetuar o repasse de recursos para pagamento do benefí-
cio junto à rede bancária autorizada ou entidade conveniada.

Etapas

Da Operacionalização

I- Requerimento
II- Concessão
III- Manutenção
IV- Revisão

38
II. Operacionalização até 13/06/2021 (antes da implementação do Requeri-
mento Qualificado)

39
40
41
III. Operacionalização a partir de 14/06/2021
(depois da implementação do Requerimento
Qualificado)

42
Consulta Online ao CadÚnico

A consulta no CadÚnico permite, de forma tempestiva, a


análise, manutenção e revisão do Benefício de Prestação
Continuada – BPC. Em face disso, o critério de miserabilidade
passou a ser analisado pelo o próprio sistema (robô).

Serão exibidos os componentes da família cadastrada no


CadÚnico para que o cidadão informe, em relação a cada
pessoa apresentada, o estado civil e o grau de parentesco.
Também será exigido que seja informado se os dados do gru-
po familiar constante no CadÚnico estão completos.

Caso o cidadão não tenha inscrição no Cadastro Único ou


se o cadastro estiver há mais de dois anos sem atualização,
será orientado a regularizar junto ao Centro de Referência da
Assistência Social – CRAS.

É facultado informar se possui comprometimento de renda nos


termos da Ação Civil Pública nº 50444874-222013.404.7100-
RS - ACP (PORTARIA CONJUNTA Nº 7, DE 14 DE SETEMBRO
DE 2020). Entretanto se for informado deverá apresentar nos
moldes do § 4° do artigo 08 Portaria Conjunta MDS Nº 3 DE
21/09/2018.

43
I- Documentação médica que afirme a natureza contínua do
tratamento e a comprovação de sua não disponibilização
gratuita ou de sua negativa de disponibilização, no caso de
desconto referente a tratamento não disponibilizado pelo SUS;

II- Documentação que demonstre a necessidade do requeren-


te de utilização do Serviço de Proteção Especial para ido-
sos, Pessoas com Deficiência e suas famílias (CentroDia) e de
sua não disponibilização, no caso de desconto referente a
serviço não prestado pelo SUAS.

Agendamento da Avaliação Social e da Avaliação


Médica Pericial

Os agendamentos serão feitos preferencialmente pelo reque-


rente no momento do requerimento e serão realizados de for-
ma independente

Concessão do BPC

Portaria Conjunta MDS nº 3, 21/09/2018, art. 11:


§ 2º A concessão do benefício da pessoa com deficiência de-
penderá da comprovação:
I- Da deficiência;
II- De renda familiar mensal per capita limitada aos parâme-
tros de concessão do benefício.
(...)

44
§ 7º Excepcionalmente poderá ser:
III- Aplicado padrão médio à avaliação social que compõe
a avaliação da deficiência, desde que tenha sido realizada a
avaliação médica e constatado o impedimento de longo
prazo.
§ 11. O procedimento de que trata o inciso III do § 7º
deste artigo será aplicado exclusivamente se, combinado
com a avaliação médica, o resultado do instrumento de ava-
liação da deficiência permitir a concessão ou a manutenção
do benefício, sendo obrigatória a realização da avaliação
social nos demais casos. (Parágrafo acrescentado pela Porta-
ria Conjunta
MDC/INSS nº 14, de 07/10/2021).

7. Padrão Médio à Avaliação Social ou


Avaliação Social Média

O “padrão médio à avaliação social” é um tipo de avaliação


social por média e quesitos que supre o comparecimento do
requerente de BPC para realização da avaliação social quan-
do constatado o impedimento por prazo superior a dois anos.
O método tem como fundamento todas as avaliações sociais
realizadas pelo INSS desde 2015.

A análise dá-se pela seguinte tabela:

45
Anexo II da Portaria Conjunta MC/MTP/INSS Nº 14, de 7
de outubro de 2021.

Trata-se de uma avaliação excepcional, portanto, só será


realizada após a avaliação médica ter constatado o impedi-
mento de longo prazo (superior a 2 anos), sendo aplicado o
padrão médio à avaliação social que compõe a avaliação da
deficiência.
Sendo constatado o impedimento de longo prazo pela perí-
cia médica, porém, a avaliação social média não permitir a
concessão do BPC, a avaliação social deverá, obrigatoria-
mente, ser realizada.

46
8. Manutenção e Cessação do BPC

O BPC durará enquanto persistirem as condições que o


originaram. Assim, a cada 2 anos, o benefício será revisto
para avaliação da continuidade destas condições. Uma vez
constatado que as condições familiares ou pessoais do be-
neficiário não mais ensejam a manutenção do benefício, este
será cessado.

Havendo morte do beneficiário ou verificada irregularidade


na concessão, o benefício será cessado.

Lei nº 8.742/91, art. 21: O benefício de prestação


continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para
avaliação da continuidade das condições que lhe
deram origem.
§ 1º O pagamento do benefício cessa no momento em
que forem superadas as condições referidas no caput,
ou em caso de morte do beneficiário.
§ 2º O benefício será cancelado quando se constatar
irregularidade na sua concessão ou utilização.
§ 3º O desenvolvimento das capacidades cognitivas,
motoras ou educacionais e a realização de atividades
não remuneradas de habilitação e reabilitação, entre
outras, não constituem motivo de suspensão ou cessa-
ção do benefício da pessoa com deficiência.

47
§ 4º A cessação do benefício de prestação continua-
da concedido à pessoa com deficiência não impede
nova concessão do benefício, desde que atendidos os
requisitos definidos em regulamento.

Decreto nº 6.214/07, Art. 47: O Benefício de Prestação


Continuada será suspenso nas seguintes hipóteses:
I- Superação das condições que deram origem ao benefício,
previstas nos art. 8º e art. 9º;
II- Identificação de irregularidade na concessão ou manuten-
ção do benefício;
III- Não inscrição no CadÚnico após o fim do prazo esta-
belecido em ato do Ministro de Estado do Desenvolvimento
Social;
IV- Não agendamento da reavaliação da deficiência até a
data limite estabelecida em convocação;
V- Identificação de inconsistências ou insuficiências cadastrais
que afetem a avaliação da elegibilidade do beneficiário para
fins de manutenção do benefício, conforme o disposto em ato
do Ministro de Estado do Desenvolvimento Social; ou
VI- Identificação de outras irregularidades.

Notificação

Ato pelo qual o INSS comunica o beneficiário, representante


legal ou procurador de algum procedimento administrativo.

48
I- Rede bancária;
II- Correios;
III- Canais remotos disponibilizado pelo INSS;
IV- Edital.

Bloqueio de Pagamento e sua Finalidade

Ofício-Circular nº 29 DIRBEN/INSS, de 27/05/2019.


Comando bancário que impossibilita temporariamente a
movimentação do valor do benefício, com o objetivo de no-
tificar o beneficiário quando inexistente prova inequívoca da
ciência da notificação enviada por meio da rede bancária,
por carta ou pelos canais de atendimento do INSS.
Desbloqueio: o beneficiário terá trinta dias, a contar da data
do bloqueio do benefício, para entrar em contato com o INSS
por meio dos seus canais de atendimento, presenciais e remo-
tos, e solicitar o desbloqueio de seu benefício.

Defesa

Ato anterior à eventual suspensão do benefício, que permi-


te ao beneficiário prestar esclarecimentos e apresentar docu-
mentações sobre os indícios de irregularidades encontradas.
Caso não seja apresentada defesa no prazo de 30 dias após
a notificação, o benefício será suspenso.
Apresentada defesa no prazo de 30 dias, o benefício será
mantido durante o período da análise da defesa.

49
Nesta situação, o ideal é formular uma carta de Defesa
específica para cada caso concreto, combatendo a razão de
suspensão suscintamente.

Suspensão

Regra geral, é a interrupção do envio do pagamento à rede


bancária, devendo ser precedida da notificação do benefici-
ário, podendo ocorrer nos seguintes casos:

I- Quando o beneficiário, representante legal ou procurador


for notificado e não apresenta defesa tempestiva.
II- Quando a defesa apresentada for improcedente;
III- Beneficiário não entrar em contato para ciência da irregu-
laridade constatada por meio dos canais de atendimento do
INSS ou outros canais autorizados para esse fim no prazo de
trinta dias a partir do bloqueio do valor do benefício; ou
IV- For informado a ausência do beneficiário pelo represen-
tante legal ou pelo procurador.
V- Quando o beneficiário solicitar suspensão em caráter
especial quando exercer atividade excepcional.
VI- Deixar de sacar o benefício no prazo de 60 dias quando
o beneficiário receber por meio de cartão magnético.

Obs: Caso for apresentada defesa no prazo de 30 dias, o


benefício será mantido durante o período da análise da defe-
sa.

50
Obs: Caso não for apresentada defesa ou esta for impro-
cedente, o beneficiário terá 30 dias para interpor recurso.
Passado esse período sem que tenha apresentado recurso, o
benefício será cessado.

Bloqueio Cautelar

Comando bancário que impossibilita temporariamente a


movimentação do valor do benefício, nos casos de risco imi-
nente de prejuízo ao erário, decorrentes da evidenciação de
elementos suficientes que indiquem a existência de irregulari-
dade ou fraude na sua concessão ou manutenção.

Critérios:

I- Decisão fundamentada, quando houver risco iminente de


prejuízo ao erário e restarem evidenciados elementos suficien-
tes que indiquem a existência de irregularidade ou fraude na
sua concessão ou manutenção.
II- A apuração de irregularidade ou fraude deverá ter sido
realizada por órgão competente e validada pelo Ministério
da Cidadania, que poderá indicar ao INSS o cabimento do
bloqueio cautelar.
III- Compete exclusivamente à Coordenação-Geral de
Conformidade e Combate à Fraude (CGCCF), do INSS, a
operacionalização do bloqueio cautelar.

51
Observações:

I- Facultada, concomitantemente, a apresentação de defesa;


II- Prioridade na tramitação de processo no qual tenha
ocorrido o bloqueio cautelar;
III- O INSS deverá analisar o processo no prazo de 30 (trinta)
dias, contado da data de apresentação da defesa pelo titu-
lar do benefício;
IV- Independentemente de concluída a tramitação do proces-
so, o benefício será desbloqueado automaticamente;
V- O bloqueio cautelar não será objeto de desbloqueio por
solicitação do beneficiário. OBS. Na hipótese de o titular do
benefício não apresentar defesa, o bloqueio será convertido
automaticamente em suspensão do benefício.

Recurso

Ato que garante ao beneficiário a possibilidade de contestar


decisão do INSS junto ao Conselho de Recursos da Previdên-
cia Social (CRPS).

52
9. Considerações Importantes Antes do
Requerimento do BPC

•Atualização no CNIS dos dados cadastrais do requerente;

•Pesquisar junto a Receita Federal se o CPF do requerente


está regular;

•Conferir se o requerente tem vínculo de empregado no CNIS


sem data fim, neste caso no ato do requerimento junte a CTPS;

•Verificar se o requerente está inscrito no CadÚnico ou, se


houve atualização a menos de dois anos;

•Não é obrigatório apresentação dos documentos do reque-


rente e de seus familiares, entretanto, sugiro que junte no ato
do requerimento para evitar emissão de exigência por parte
do INSS;

•Ao requerente maior de dezesseis anos de idade será soli-


citado documento de identificação oficial com fotografia;

•Principais documentos, RG, CPF, Certidões de Nascimen-


to/Casamento, CTPS e comprovante de residência

53
•Poderá juntar no requerimento os comprovantes com gas-
tos com tratamentos de saúde, médicos, fraldas, alimentos
especiais e medicamentos do idoso ou da pessoa com defici-
ência, não disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único
de Saúde (SUS), ou com serviços não prestados pelo Serviço
Único de Assistência Social (SUAS), desde que de natureza
contínua e comprovadamente necessários à preservação da
saúde e da vida.

•Em relação ao BPC-87, recomendo que sejam apresenta-


dos os documentos médicos nas avaliações.

54
10. Benefício Assistencial ao Trabalhador
Portuário Avulso

O Benefício Assistencial ao Trabalhador Portuário Avulso,


instituído no art. 73 da Lei nº 12.815/13, é o benefício no va-
lor de salário-mínimo devido ao trabalhador portuário avulso,
baixa renda, que possua ao menos 60 anos de idade e ainda
não tenha conseguido se aposentar.

A regulamentação do benefício se dá pela Portaria Interminis-


terial nº 1, de 01/08/2014, que dispõe os seguintes requisi-
tos para acesso ao benefício:

Art. 2º Para fazer jus ao benefício assistencial o interessa-


do deverá comprovar junto ao INSS – Instituto Nacional do
Seguro Social:
I- Idade de sessenta anos ou mais;
II- Renda média mensal individual inferior ao valor de um sa-
lário-mínimo mensal, calculada com base na média aritmética
simples dos últimos doze meses anteriores ao requerimento,
incluindo-se no cômputo a renda proveniente de décimo ter-
ceiro salário, se houver;
III- Domicílio no Brasil;
IV- Quinze anos, no mínimo, de cadastro ou registro ativo
como trabalhador portuário avulso;
V- Comparecimento, no mínimo, a oitenta por cento das
chamadas realizadas pelo respectivo órgão de gestão de
mão de obra; e

55
VI- Comparecimento, no mínimo, a oitenta por cento dos
turnos de trabalho para os quais tenha sido escalado no perí-
odo.

Observe que o inciso II indica o cálculo para determinar a


ausência de meios para provar a subsistência, conforme art.
1º, § 2º, da portaria.

Note que, conforme art. 3º, a comprovação dos incisos IV,


V e VI se dará por certidão emitida pelo Órgão Gestor de
Mão de Obra (nos moldes do anexo contido na portaria), que
deverá conter:

I- Identificação e qualificação pessoal do requerente: nome,


data de nascimento, filiação, Carteira de Identidade ou
Carteira Profissional, CPF, título de eleitor e endereço;
II- Número e data do Registro ou Cadastro no OGMO;
III- Percentual de comparecimento às chamadas e aos turnos
de trabalho;
IV- Identificação da entidade: CNPJ e endereço; e
V- Identificação e qualificação pessoal do emissor: nome, car-
teira de identidade, CPF, assinatura e cargo/função.

A revisão do benefício para avaliação da permanência do


critério da miserabilidade ocorrerá anualmente.

56
Observação: é vedada a acumulação do benefício com
outros do RGPS ou RPPS, salvo aqueles de assistência médica
e de pensões especiais de natureza indenizatória.

O benefício poderá ser requerido via Meu INSS e Central 135.

11. Auxílio-Inclusão

I. Conceito

Instituído pela Lei nº 14.176, de 22/06/2021 (que incluiu


suas disposições na Lei nº 8.742/93), é destinado à pessoa
com deficiência moderada ou grave que receba BPC/LOAS,
que comece a exercer atividade remunerada com remunera-
ção de até 2 salários-mínimos e que tenha inscrição no CadÚ-
nico atualizada há, no máximo, 2 anos.

Art. 26-A. Terá direito à concessão do auxílio-inclusão de que


trata o art. 94 da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto
da Pessoa com Deficiência), a pessoa com deficiência mode-
rada ou grave que, cumulativamente:
I- Receba o benefício de prestação continuada, de que trata o
art. 20 desta Lei, e passe a exercer atividade:
A) Que tenha remuneração limitada a 2 (dois) salários-míni-
mos; e

57
B) Que enquadre o beneficiário como segurado obrigató-
rio do Regime Geral de Previdência Social ou como filiado a
regime próprio de previdência social da União, dos Estados,
do Distrito Federal ou dos Municípios;
II- Tenha inscrição atualizada no CadÚnico no momento do
requerimento do auxílio-inclusão;
III- Tenha inscrição regular no CPF; e
IV- Atenda aos critérios de manutenção do benefício de pres-
tação continuada, incluídos os critérios relativos à renda fa-
miliar mensal per capita exigida para o acesso ao benefício,
observado o disposto no § 4º deste artigo.

Observações

Atenção à definição do termo “remuneração”. Sempre veri-


fique se as verbas recebidas pelo beneficiário são, de fato,
remuneratórias.

Ressalta-se que o benefício será devido àqueles que tenham


recebido BPC nos 5 anos anteriores ao início da filiação como
segurado obrigatório da Previdência Social, bem como àque-
les que tiveram o BPC suspenso devido ao exercício de ativi-
dade remunerada (inclusive como MEI).

A operacionalização do benefício se dá pela Portaria


Conjunta MC/MPT/INSS nº 13, de 07/10/2021, que trata
das regras e procedimentos de requerimento, concessão, ma-
nutenção e revisão do Auxílio-Inclusão.

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II. Disposições Gerais do Benefício

Valor

Equivale a 50% do valor pago pelo BPC/LOAS (portanto,


metade de um salário-mínimo).

Cálculo da Renda Mensal

Para fins de cálculo da renda familiar mensal per capita para


fins de concessão ou manutenção de outro Auxílio-Inclusão
ou BPC, o Auxílio e a remuneração recebidos por outro mem-
bro da família não serão considerados.

Acumulação com Outros Benefícios

O Auxílio-Inclusão não será cumulado com BPC/LOAS,


aposentadorias, Seguro-Desemprego e pensões/benefícios
por incapacidade pagos por qualquer regime de previdência.

Presunção da Deficiência

Quem tem o benefício ativo ou suspenso, a deficiência já é


considerada moderada ou grave. Em relação a quem está no
período de 5 anos, deverá comprovar a deficiência grave ou
moderada.

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Presunção da Miserabilidade

Quem tem o benefício ativo, tem presunção, no caso de


suspenso ou no período de 5 anos, deverá ser comprovada.

Início do Pagamento do Benefício

Art. 8º O valor referente ao auxílio-inclusão será pago a


contar da data do requerimento do benefício.
Parágrafo único. Os valores recebidos do BPC em com-
petência posterior a do início da atividade deverão
ser descontados do auxílio-inclusão em valor que
não exceda 5% (cinco por cento) da importância da
renda mensal do benefício, observado o disposto no inci-
so II do art. 154 do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999.

Restabelecimento do BPC

Art. 14. Em caso de cessação do auxílio-inclusão, o benefici-


ário, mediante requerimento, poderá ter o BPC restabelecido:
I- A partir do dia imediatamente posterior, quando requerido
em até 90 (noventa) dias, conforme o caso, da cessação do
contrato de trabalho, do encerramento da atividade empre-
sarial, da última competência de contribuição previdenciária
recolhida como contribuinte individual ou do encerramento do
prazo de pagamento do seguro-desemprego; ou

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II- A partir da data do protocolo do requerimento, quando
requerido após 90 (noventa) dias, conforme o caso, da ces-
sação do contrato de trabalho, da última competência de
contribuição previdenciária recolhida como contribuinte in-
dividual ou do encerramento do prazo de pagamento do
seguro-desemprego.
§ 1º Poderá ainda ter o BPC restabelecido, mediante reque-
rimento, aquele que tiver o contrato de trabalho suspenso
sem remuneração ou que estiver em licença não remunerada,
observados os prazos do caput, sendo o recebimento do au-
xílio-inclusão indevido nestas situações.
§ 2º O auxílio-inclusão cessado para recebimento de bene-
fício por incapacidade temporária deverá ser restabelecido,
de forma automática, a partir do dia posterior à cessação do
benefício por incapacidade temporária, independentemente
de requerimento.
§ 3º O restabelecimento do BPC, na hipótese do caput, não
dependerá de nova avaliação da deficiência.
§ 4º Após o restabelecimento do BPC, caso se verifique
que o beneficiário se encontra há mais de 2 (dois) anos sem
reavaliação da deficiência, observado o disposto no pará-
grafo único do art. 7º, deverá ser agendada a avaliação de
deficiência para manutenção do benefício.

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§ 5º Deverão ser descontados do BPC restabelecido em va-
lor que não exceda 10% (dez por cento) da importância da
renda mensal do benefício, observado o disposto no inciso II
do art. 154 do Decreto nº 3.048, de 1999, os valores recebi-
dos do auxílio-inclusão:
I- Durante período de suspensão do contrato de trabalho sem
remuneração ou de licença não remunerada; e
II- Após a cessação do contrato de trabalho, o encerramento
da atividade empresarial, a última competência de contribui-
ção previdenciária recolhida como contribuinte individual ou
o encerramento do prazo de pagamento do seguro-desem-
prego.

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