Aula 03 - Obrigação Tributária

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25/09/2022 12:22 Obrigação tributária

Obrigação tributária
Prof. Gabriel Quintanilha

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Descrição

A obrigação tributária como elemento ensejador da responsabilidade e do dever fundamental de pagar


tributos.

Propósito

O conhecimento acerca da obrigação tributária permite ao operador do Direito compreender o nascimento


da relação entre o fisco e o particular, possibilitando identificar em cada relação a responsabilidade de cada
indivíduo e a extensão ou não desta responsabilidade a terceiros, em virtude da prestação exigida.

Preparação
Antes de iniciar os estudos deste conteúdo, tenha em mãos a Constituição Federal e o Código Tributário
Nacional.

Objetivos
Módulo 1

Fato gerador
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Fato gerador
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Identificar a formação da obrigação tributária.

Módulo 2

Sujeitos da relação tributária


Reconhecer os sujeitos da relação tributária.

Módulo 3

Responsabilidade tributária
Distinguir os efeitos e a extensão da responsabilidade tributária sobre os sujeitos.

Introdução
A compreensão acerca da formação da obrigação tributária é fundamental para o desenvolvimento e
o avanço nos temas de Direito Tributário, visto que essa relação obrigacional existe para todo
indivíduo de acordo com a sua capacidade de contribuição.

Dentro desse conteúdo, será possível compreender que a partir da prática de um fato gerador nasce
para o Estado o direito de exigir o tributo, e para o particular se revela o dever de contribuir com a
respectiva prestação pecuniária, que será o motor da máquina estatal.

O funcionamento da responsabilidade tributária de igual modo é fundamental, pois a partir de sua


compreensão é possível entender o alcance sobre os sujeitos da obrigação tributária, a existência de
solidariedade e subsidiariedade nas relações e a sua extensão sobre terceiros e substitutos.

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1 - Fato gerador
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de identificar a formação da obrigação
tributária.

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A obrigação tributária
No vídeo a seguir, o professor Gabriel Quintanilha discorre sobre a obrigação tributária, seus elementos e
sobre obrigações principais e acessórias.

A obrigação tributária possui caráter compulsório que decorre da lei, ponto crucial para que seja
diferenciada da obrigação civil, que é proveniente da vontade das partes.

O fato gerador é a conduta imponível, estado de fato ou status jurídico descrito na lei

como motivo de incidência do tributo.


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Assim, teremos o fato gerador como uma materialização da hipótese de incidência; e essa hipótese é a
descrição prevista em norma legal, de uma situação que, se concretizada, dará ensejo à relação tributária,
vínculo que compulsoriamente fará a imposição da obrigação principal, a saber: pagar o tributo.

A prática do fato gerador é autorizada pelo ordenamento jurídico, todavia, é devida uma prestação
compulsória pela prática dessa atividade. Nota-se, de alguma forma, que a incidência está relacionada à
prática de ilícito, a conduta é juridicamente aceita, porém sob a situação fática é devida a prestação
pecuniária ao Fisco.

Exemplo

O ordenamento jurídico não impõe qualquer restrição ao cidadão ter a propriedade de um imóvel, porém o
fato de ser proprietário lhe torna contribuinte do Imposto Predial e Territorial Urbano ou Imposto Territorial
Rural.

O fato gerador é descrito de forma abstrata, apenas produzindo a obrigação tributária se aquela conduta
descrita em lei for verificada na realidade fática.

Aproveitando o exemplo anterior, a previsibilidade da norma se encontra disponível, porém, sem a prática do
fato gerador, não há a obrigação tributária principal, de modo que, enquanto não for proprietário, possuidor
ou titular do domínio útil do bem imóvel, inexiste o dever de pagar o tributo.

Obrigação tributária principal e obrigação acessória


A obrigação tributária principal é pagar ao Fisco. Podemos extrair essa razão do próprio conceito de tributo,
previsto no artigo terceiro do Código Tributário Nacional:

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela


se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e

cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.


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(Artigo 3º do Código Tributário Nacional)

Desse conceito podemos reconhecer que tributo é prestação pecuniária compulsória.

O que seria essa prestação compulsória? expand_more

Prestação compulsória é a obrigação principal, que consiste no pagamento ao fisco, pagamento este
que independe da vontade das partes por ter caráter compulsório e que não está relacionado à
prática de ato ilícito, mas sim ao enquadramento de uma situação descrita em lei.

Exemplo
Ter a propriedade de um veículo automotor, por si só, dá ensejo à obrigação de pagar o imposto de
propriedade de veículo automotor.

Nota-se, é uma situação necessária e suficiente descrita em lei que, ao ser verificada, gera a obrigação.

Por outro lado, de forma independente, existe a obrigação tributária acessória, que está ligada a uma
obrigação de fazer ou não fazer descrita na legislação tributária. Essa independência entre as duas espécies
de obrigação tributária é mais uma característica que traz diferença com a obrigação civil.

A obrigação tributária acessória não está presa à obrigação principal por força de
gravitação jurídica. Elas são completamente autônomas.

Podemos demonstrar essa ideia pela imunidade das entidades beneficentes, que estarão dispensadas da
obrigação principal de pagar ao Fisco o imposto sobre patrimônio e renda, na forma do artigo 150, inciso VI,
alínea “c” da Constituição Federal de 1988.

Atenção!

Hipótese de não incidência da obrigação principal não libera da obrigação acessória do imposto de renda
que consiste na declaração.

Devemos observar que, a teor do que dispõe o artigo 113, parágrafo terceiro do Código Tributário Nacional,
o descumprimento da obrigação acessória a transformará em obrigação principal. Isto ocorre porque o

descumprimento da obrigação acessória dará origem a uma multa que deverá ser paga, ou seja, teremos ao
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final a obrigação principal de pagar ao Fisco.

Por essa razão, podemos notar que somente a obrigação principal tem caráter patrimonial, visto que
diferentemente da obrigação acessória, aqui existe a responsabilidade do patrimônio pessoal do sujeito
passivo pelo inadimplemento.

Elisão/planejamento tributário
O tributo é uma obrigação que independe da vontade das partes dado seu caráter compulsório que decorre
da lei. Já afirmamos que basta ser verificada a situação descrita na lei como motivadora, necessária e
suficiente para que ocorra a incidência do tributo, gerando a obrigação tributária.

Com esse cenário, a busca dos contribuintes por redução da carga tributária ganha relevância.

Afinal, se a prestação é obrigatória a partir da ocorrência do fato gerador, não praticar o fato necessário e
suficiente para incidência do tributo permitiria uma redução de custos, que para muitos contribuintes será a
oportunidade de ofertar seus serviços em melhores condições, aumentar suas margens de lucro e ainda se
tornar mais competitivo no mercado.

A elisão tributária ocorre pelo planejamento tributário, que consiste em adoção de


alternativas legais para reduzir, ou mesmo para afastar a incidência do tributo, antes da
ocorrência do fato gerador que traz a obrigação principal.

Saiba mais

Planejamento tributário é organização do empreendimento, de forma que não seja praticado o fato gerador.
O planejamento terá o fundamento na legalidade tributária e representará direito fundamental do
contribuinte, que não pode ser compelido ao pagamento de tributo quando não verificada a hipótese legal
para tanto.

A licitude da prática do planejamento tributário é clara, pois não há violação da norma legal. Há, na verdade,
um verdadeiro estudo e o planejamento para que a operação do contribuinte se dê de tal forma que não se
verifique a hipótese de incidência do tributo, reduzindo a carga tributária final que deverá suportar.

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Elusão fiscal e evasão fiscal


Elisão, sinônimo de planejamento tributário, não pode ser confundido com elusão fiscal ou evasão. A elusão
fiscal é o abuso de forma, que está ligado à prática de negócios com objetivo de dissimular o fato gerador
da obrigação tributária.

Nesse contexto, é simulada a prática de negócio jurídico não tributável para ocultar a prática do ato
verdadeiro que merece ser tributado.

Elusão é ato ilícito que se aproveita de simulação para fugir da tributação.

A consequência da prática simulada na elusão é aquela descrita no artigo 167 do Código Civil:

É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se


válido for na substância e na forma

(Artigo 167 do Código Civil)

Deste modo, não haverá produção de qualquer efeito face ao Fisco, ante a ilicitude lançada.

De volta ao planejamento tributário, a solução adotada pelo Fisco, por vezes, será a tributação com base em
analogia que até mesmo é permitida pelo disposto no artigo 108, inciso I do CTN.

Porém, a analogia encontra limite em razão da proibição contida no parágrafo primeiro do artigo
supramencionado, que indicará que o uso da analogia não pode dar ensejo à exigência de tributo não
previsto em lei, resultando em perfeita adequação uma vez que é vedado pela Constituição Federal, em
razão do princípio da legalidade tributária. Ampliar a previsão do fato gerador acarreta uma
inconstitucionalidade.

A evasão fiscal, por outro lado, é prática ilegal, descrita como crime, evidenciada a partir da fraude da lei,
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acarretando um ilícito tributário. O contribuinte incide em conduta criminosa ao omitir ou mesmo entregar
informações falsas ao Fisco, o que está relacionado à prática de fato gerador do tributo, objetivando o não
pagamento.

Norma geral antielisão e vedação ao planejamento


abusivo
A norma geral antielisão, prevista no artigo 116, parágrafo único do Código Tributário Nacional, não vem
proibir o planejamento tributário, mas impedir que ocorra abuso da forma jurídica e a simulação de
negócios jurídicos.

O entendimento nos tribunais administrativos leva em consideração a motivação do planejamento tributário.


Esse motivo deve ser negocial e não somente com intuito de conduzir a um menor pagamento de imposto.

Atente-se para a situação em que o Fisco desconsidera a operação por verificar a ocorrência de ato elusivo
que abusa da estrutura negocial:

Nessa situação, o contribuinte será compelido ao recolhimento de tributo, multas, juros e


correção monetária.

Neste caso, o negócio não é declarado nulo, mas sim requalificado como hipótese de
incidência do tributo.

Aqui haverá um enquadramento de abuso do direito, em que, como já exposto, não será
ái d l ã d lid d d
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necessária a declaração de nulidade do ato praticado, uma vez que não terá qualquer proveito
ao Fisco a não produção de efeito jurídicos desse negócio, sendo muito mais interessante
que seja requalificado o ato abusivo, possibilitando a cobrança do tributo sobre o negócio que
submerge da anulação do ato simulado.

O objetivo do Fisco é a tributação e a arrecadação, produzindo receita para a entrega das


prestações que o Estado se obrigou.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

A obrigação tributária principal tem por objeto:

A A escrituração de livros contábeis.

B O pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

C A prestação de informações tributárias perante a autoridade fiscal competente.

D A inscrição da pessoa jurídica junto ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).

E Obrigação de fazer ou não fazer.

Parabéns! A alternativa B está correta.


A obrigação tributária principal consiste em pagar ao fisco, ao passo que a obrigação acessória
consiste em uma obrigação de fazer ou não fazer. As obrigações acessórias quando descumpridas,
geram penalidades pecuniárias que devem ser pagas. Em virtude dessa necessidade de pagamento, é
dito que a obrigação acessória se transforma em principal.

Questão 2
Preencha as lacunas abaixo, escolhendo a melhor alternativa para tornar o enunciado verdadeiro:
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Obrigação tributária é toda obrigação que surge quando se consuma um fato _______ previsto na
legislação tributária. É considerado como um ____________ que une o credor (ativo) e o devedor
(passivo) para o pagamento de alguma dívida. Também pode ser considerada como obrigação
tributária a própria ______________ que o devedor tem que cumprir. Sendo assim, ocorrido o __________,
sempre decorrente de lei, nasce a obrigação tributária (nascimento compulsório).

A verdadeiro – acontecimento – obrigação – fato gerador

B econômico – documento – prestação – tributo

C Imponível – vínculo – prestação – fato gerador

D Disponível – documento – obrigação – imposto

E Determinado – escrito – obrigação – tributo

Parabéns! A alternativa C está correta.


Obrigação tributária é toda obrigação que surge quando se consuma um fato imponível (que se deve
tributar) previsto na legislação tributária. É considerado como um vínculo que une o credor (ativo) e o
devedor (passivo) para o pagamento de alguma dívida. Também pode ser considerada como obrigação
tributária a própria prestação que o devedor tem que cumprir. Sendo assim, ocorrido o fato gerador,
sempre decorrente de lei, nasce a obrigação tributária (nascimento compulsório).

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2 - Sujeitos da relação tributária


Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de reconhecer os sujeitos da relação tributária

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Sujeitos da relação tributária
No vídeo a seguir, o professor Gabriel Quintanilha discorre sobre a relação tributária e os principais aspectos
relativos aos seus sujeitos. Vamos assistir!

A relação tributária carece da existência de sujeitos ativos e passivos. Nesta relação, o sujeito ativo será o
Ente Federado detentor do poder de tributar, o titular do crédito devido.

Podemos extrair essa informação do artigo 119 do Código Tributário Nacional, que dispõe: “sujeito ativo da
obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento.”

Precisamos atentar que o referido artigo fala sobre a competência que está relacionada à instituição do
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tributo e que não poderá ser confundida com a capacidade tributária, diretamente ligada à possibilidade de
exercer os poderes de fiscalizar e arrecadar, estas últimas passíveis de delegação a teor do que dispõe o
artigo sétimo do Código Tributário Nacional que diz:

A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de


arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões
administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de
direito público a outra, nos termos do parágrafo terceiro do artigo 18 da
Constituição.

(Artigo 7º do do Código Tributário Nacional)

Por lógica, há uma má-técnica no dispositivo legal, visto que o sujeito ativo poderá, sim, ser quem é titular do
crédito tributário, mas não ser o ente competente para instituição do tributo.

Exemplo

Quando o município, na forma da lei, faz opção por fiscalizar e realizar a arrecadação do ITR que é de
competência da União, verificaremos que o município exerce a capacidade tributária e figurará como sujeito
ativo da relação tributária, exigindo do contribuinte a prestação à qual está obrigado pela ocorrência do fato
gerador.

Embora a competência, isto é, o poder outorgado pela Constituição Federal para instituir, majorar, reduzir e
extinguir o tributo seja indelegável, a capacidade tributária que consiste no exercício da fiscalização e
arrecadação poderá ser delegada a outro ente, de modo que a interpretação do artigo 119 do Código
Tributário Nacional deve ser “sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica, detentor da capacidade para
exigir o seu cumprimento”.

Importante dizer que a partir da análise da súmula nº 396 do Superior Tribunal de Justiça, o sujeito ativo não
será necessariamente pessoa jurídica de direito público, uma vez que o referido enunciado conferiu à
Confederação Nacional da Agricultura legitimidade para operar a cobrança de contribuição sindical rural.

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Vejamos:

A Confederação Nacional da Agricultura tem legitimidade ativa para a cobrança


da contribuição sindical rural.

(Súmula nº 396 do Superior Tribunal de Justiça)

Deste modo, vejamos quem são o sujeito ativo e o sujeito passivo da relação tributária:

Sujeito ativo
É o detentor da capacidade tributária, seja ele pessoa jurídica de direito público ou privado, com atribuição
de exigir o cumprimento da obrigação.

Sujeito passivo
É a pessoa natural ou jurídica, que tem o dever fundamental de adimplir com as obrigações tributárias, seja
ela principal ou acessória.

A teor do que dispõe o artigo 121 do Código Tributário Nacional, o sujeito passivo poderá ser tanto o
contribuinte quanto o responsável tributário. Neste caso, é evidente que sujeito passivo não é sinônimo de
contribuinte, uma vez que contribuinte é gênero, e responsável é espécie.

Assim, a distinção se faz completamente necessária:

Contribuinte

É aquele que tem relação direta e pessoal com o fato gerador da obrigação tributária. É ele quem irá praticar
a conduta descrita como necessária e suficiente para emergir a obrigação principal.

Responsável

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É aquele que, embora não tenha relação direta com o fato gerador, nem mesmo pratique a conduta descrita
em lei, é, por força da lei, enquadrado como indicado a figurar no polo passivo da relação tributária.

Considerando que o contribuinte é compreendido como aquele que pratica a conduta descrita como
suficiente e necessária para incidência do tributo, devemos observar que, em razão da existência de tributos
indiretos, encontraremos a figura do contribuinte de direito e do contribuinte de fato.

Vejamos:

Contribuinte de direito

É aquele que tem elo efetivo com o sujeito ativo da relação tributária, é quem realmente
pratica o fato gerador e possui a obrigação de realizar o recolhimento do tributo.

Contribuinte de fato

É aquele que, ao final, irá suportar o encargo tributário. Um exemplo claro de contribuinte de
fato é o consumidor final, que suportará todo o ônus financeiro do tributo. A exemplo,
devemos observar o ICMS que é uma espécie de imposto que incide sobre a circulação de
mercadorias.

Saiba mais

Na venda de um produto ao consumidor final (contribuinte de fato), o contribuinte de direito que está do
outro lado do polo da relação face ao Fisco, transfere no preço final, de forma destacada na nota, o ônus
financeiro que teve com o ICMS.

O consumidor/contribuinte de fato não tem nenhuma relação com a Fazenda, porém, é


quem irá pagar o tributo.

Convém mencionar que a responsabilidade tributária é matéria que deve ser regulada em lei complementar.
Embora formalmente o Código Tributário Nacional tenha origem como lei ordinária, a Constituição Federal

fez sua recepção como lei complementar, razão pela qual o artigo 128 do CTN pode regular a matéria sem
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que seja acometida de qualquer vício formal.

Nesse sentido, o artigo mencionado dispõe que:

Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário à terceira pessoa, vinculada ao fato
gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte
ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da
referida obrigação.

(Artigo 128 do Código Tributário Nacional)

Pela responsabilidade tributária decorrente da lei, contratos particulares não podem ser opostos ao Fisco.
Tal situação está disposta de igual modo no artigo 123 do Código Tributário nacional, aduzindo que “salvo
disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de
tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das
obrigações tributárias correspondentes”.

Por essa razão, as cláusulas contratuais não alteram o polo passivo da relação tributária e não produzirão
efeitos nestas relações.

A questão da relação contratual deverá ser discutida no âmbito cível, entre as partes que convencionaram
os termos do contrato.

Exemplo
A locação é um tipo de contrato em que o locador convenciona que a responsabilidade pelo pagamento do
IPTU competirá ao locatário, todavia, em eventual execução fiscal, a percussão se dará face ao proprietário,
que é quem pratica o fato gerador. O direito em decorrência do descumprimento da cláusula contratual deve
ser discutido no âmbito do Direito Civil, não sendo oponíveis no âmbito da relação fiscal.

Assim, finalizamos este tópico, concluindo que o sujeito ativo é aquele que tem o direito de exigir o
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cumprimento do adimplemento do crédito tributário, enquanto o passivo é aquele que detém o dever de
adimplir com a obrigação tributária.

Solidariedade
A solidariedade está ligada à pluralidade de pessoas unidas por um elo obrigacional de relação de crédito
ou débito. Logo, para haver solidariedade, a relação deve possuir mais de um credor, na qual teremos uma
solidariedade ativa ou devedor, sendo evidenciada a solidariedade passiva na relação instalada.

Atenção!

No Direito Tributário, não há admissão da solidariedade ativa, dada a distribuição da competência tributária
descrita na Constituição Federal, aliada ainda à vedação do fenômeno da bitributação que consiste na
efetivação de cobrança de dois ou mais tributos sobre o mesmo fato gerador por dois entes distintos.

Quanto à solidariedade passiva, esta é perfeitamente cabível, em que haverá mais de um sujeito passivo
obrigado na mesma relação tributária, sem que haja a incidência do benefício de ordem.

A solidariedade é composta por todas as pessoas com interesse comum no objeto do fato
gerador. Essas pessoas terão o encargo de suportar o débito tributário de forma igual,
não havendo hipótese de benefício de ordem.

O benefício de ordem é incompatível com a relação tributária, tornando a obrigação solidária pura, na qual o
Fisco exercerá o poder de exigir o total do crédito tributário face a qualquer dos codevedores sem que seja
necessário o esgotamento face a um devedor principal, como prevê o parágrafo único do artigo 124 do CTN.

Como exemplo da solidariedade, um imóvel sobre o qual recaem débitos relativos a IPTU e que tem como
proprietárias duas ou mais pessoas, independentemente do percentual que caiba a cada um dos
proprietários, o Fisco poderá direcionar sua pretensão, objetivando a integralidade do crédito tributário face
a qualquer um dos proprietários interessados.

Neste exemplo, o interesse comum é claro, haja vista que, dada a natureza propter rem da obrigação, pelo
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inadimplemento, haverá a perda do bem para fazer frente ao crédito tributário, resultando em prejuízo
comum a todos os codevedores.

Os percentuais e a discussão sobre o prejuízo de ter suportado além de sua parte da dívida, ou mesmo de
suportar a integralidade do débito, não terão vez na relação tributária, devendo ser acordados entre os
proprietários/codevedores no âmbito cível.

A obrigação poderá sofrer com os efeitos da isenção que, em regra, exonerará todos os obrigados. No
entanto, devemos notar, na hipótese de haver isenção de caráter pessoal para algum dos codevedores, o
percentual relativo a esse devedor isento, que deve ser descontado, sendo solidária a obrigação para os
demais devedores sobre o saldo remanescente, como dispõe o artigo 125 do CTN.

ropter rem
As obrigações reais são também denominadas por obrigações propter rem, ob rem ou ambulatórias. A
especificidade das obrigações reais é a vinculação de uma pessoa em decorrência de uma situação dessa
mesma pessoa com um bem ou uma coisa. São obrigações que recaem sobre uma pessoa em razão da
titularidade de um direito real.

Caso não exista o interesse comum e não decorra expressamente da lei, não haverá de se
falar em solidariedade passiva.

Os grupos econômicos são exemplos desta relação de falta de interesse. A composição de empresas
independentes que têm uma mesma controladora comum por si só não atrai o interesse, de modo que não
existirá solidariedade.

Por fim, destaca-se que a solidariedade é atingida pelos efeitos da prescrição e sua interrupção. Dispõe
assim o artigo 125, inciso III do CTN: “a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados,
favorece ou prejudica aos demais.”

Capacidade tributária passiva


Capacidade tributária está diretamente ligada à compatibilidade da parte com aquisição de direitos e
obrigações tributárias perante os sujeitos ativos. A capacidade passiva está para todas as pessoas,
jurídicas ou físicas, que realizem conduta descrita como caracterizadora do fato gerador do tributo.

A capacidade tributária é independente da capacidade civil; logo maioridade ou menoridade; capazes;


relativamente incapazes; e absolutamente capazes são conceitos indiferentes para legitimar-se a
participação na relação tributária, de igual modo, a regularidade da pessoa jurídica.

Esse tratamento que independe das exceções pessoais é fundamental para que o Fisco venha a lograr êxito
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na sua função precípua de arrecadar, visto que assim são evitadas fraudes e evasão fiscal.

A restrição à capacidade civil não produzirá efeitos na relação e na capacidade tributária


passiva, que permanecerá plena.

Exemplo

Um imóvel de propriedade de um incapaz irá torná-lo contribuinte do IPTU; o incapaz que aufere renda se
sujeitará ao Imposto de Renda sem qualquer limitação.

Domicílio tributário
O domicílio tributário é o local onde o sujeito passivo da relação tributária irá se relacionar com o Fisco. O
domicílio tributário é regulado no artigo 127 do Código Tributário Nacional, no qual será aduzido o
tratamento dispensado às pessoas naturais e às pessoas jurídicas.

O Código Tributário Nacional determina, como regra, que o sujeito passivo escolha o seu domicílio tributário.
Para as pessoas naturais, se não for eleito o domicílio e sendo desconhecido o local de residência habitual,
o Fisco irá considerar como domicílio o centro em que a pessoa exerce sua atividade habitual.

Ainda, caso não seja possível o reconhecimento do centro de suas atividades, o parágrafo primeiro do
referido artigo reconhecerá como domicílio o lugar da situação dos bens ou o local da ocorrência dos fatos
que dão ensejo à obrigação.

É neste local, eleito ou não, que as comunicações com o Fisco irão se operar. Atos,
avisos, intimações e notificações, serão dirigidos para aquele local.

Com relação às pessoas jurídicas de direito, vejamos:

Pessoas jurídicas de direito público

Quanto às pessoas jurídicas de direito público, o domicílio será considerado como todas as
suas repartições existentes no território da entidade que exige o cumprimento da obrigação
tributária.

Pessoas jurídicas de direito privado


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j p Obrigação tributária

Das pessoas jurídicas de direito privado, o artigo 127, inciso segundo do Código Tributário
Nacional fixa como domicílio tributário, quando não for eleito, a sede, e, na hipótese de
existência de vários estabelecimentos comerciais, cada um destes estabelecimentos, que
serão considerados como domicílio responsável pelos fatos que dão ensejo à obrigação
tributária.

Saiba mais

A propósito da eleição do domicílio, a pessoa jurídica de direito privado sofre restrições, de modo que,
havendo vários estabelecimentos, a escolha deve seguir requisitos impostos.

Assim, a escolha não pode ser de local que esteja fora do território da entidade que está no exercício da
atividade tributária; também haverá restrição quanto à escolha do domicílio se o fato gerador estiver
relacionado à atividade de cada um dos estabelecimentos.

Vale mencionar que a autoridade administrativa poderá recusar o domicílio escolhido pelo contribuinte caso
esta escolha dificulte a fiscalização e a arrecadação do tributo.

Nesse sentido, impossibilitada a escolha em razão dos domicílios, este será o lugar da situação dos bens ou
da ocorrência dos fatos que ensejam a obrigação tributária, a critério do Fisco.

Atualmente, é possibilitado o domicílio tributário eletrônico, que acaba por tornar mais eficaz a fiscalização
e evita condutas que visam retardar o aperfeiçoamento da atividade tributária.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

Considere que Luís é um andarilho civilmente capaz que não elegeu nenhum lugar como seu domicílio
tributário, não tem domicílio civil, nem residência fixa, e não desempenha habitualmente atividades em
endereço certo.

A partir da hipótese apresentada, de acordo com o Código Tributário Nacional e no silêncio de


legislação específica, assinale a afirmativa correta.

A Luís nunca terá domicílio tributário.

O domicílio tributário de Luís será o lugar da situação de seus bens ou da ocorrência do


B
fato gerador.

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C O domicílio tributário de Luís será, necessariamente, a sede da entidade tributante.

O domicílio tributário de Luís será a residência de seus parentes mais próximos ou o


D
lugar da situação dos bens de Luís.

E No lugar onde for encontrado.

Parabéns! A alternativa B está correta.


O artigo 127, parágrafo primeiro, do Código Tributário Nacional, diz que na hipótese de a pessoa natural
não realizar a eleição de seu domicílio tributário e não for possível verificar sua residência habitual e o
centro habitual de sua atividade, o domicílio tributário será aquele do lugar da situação dos bens ou da
ocorrência do fato gerador.

Questão 2

João e Maria celebraram entre si contrato de locação, sendo João o locador e proprietário do imóvel.
No contrato, eles estipularam que a responsabilidade pelo pagamento do Imposto sobre a Propriedade
Predial e Territorial Urbana (IPTU) do imóvel será de Maria, locatária.

Com base nessas informações, assinale a afirmativa correta.

O contrato será ineficaz entre as partes, pois transferiu a obrigação de pagar o imposto
A
para pessoa não prevista em lei.

O contrato firmado entre particulares não poderá se opor ao Fisco municipal, no que
B
tange à alteração do sujeito passivo do tributo.

O contrato é válido e eficaz, e, por consequência dele, a responsabilidade pelo


C pagamento do tributo se tornará solidária, podendo o Fisco municipal cobrá-lo de João
e/ou de Maria.

No caso de o Fisco municipal cobrar o tributo de João, ele não poderá ajuizar ação
D
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p p j ç
D
regressiva em face de Maria.

Se ajuizada a execução fiscal face ao locador, deverá ocorrer a substituição da Certidão


E
de Dívida Ativa da União - CDA para constar a locatária.

Parabéns! A alternativa B está correta.


Cláusulas contratuais não alteraram o polo passivo da relação tributária e não produzirão efeitos nas
relações tributárias. A questão da relação contratual deverá ser discutida no âmbito cível, entre as
partes que convencionaram os termos do contrato. A responsabilidade é situação que deve ser prevista
e regulada por lei complementar, não surtindo efeito pactuações particulares.

3 - Responsabilidade tributária
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de distinguir os efeitos e extensão da
responsabilidade tributária sobre os sujeitos.

Introdução à responsabilidade tributária


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Introdução à responsabilidade tributária
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A responsabilidade tributária é a sujeição passiva, que tem o condão de atrair a terceiros a obrigação
tributária, sem que este seja o contribuinte direto que pratica o fato gerador. O responsável tributário terá
uma relação que decorre da lei, ainda que não haja relação direta com a prática da conduta suficiente e
necessária que dará ensejo à incidência do tributo.

A responsabilidade tributária decorre sempre da lei, não cabendo a modificação da


sujeição passiva por meio de contratos e pactuações entre particulares, visto que essas
não poderão ser opostas ao Fisco.

Neste sentido, o Código Tributário Nacional dispõe em seu artigo 123:

Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à


responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à
Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das
obrigações tributárias correspondentes.

(Artigo 123 do Código Tributário Nacional)

Logo, a Fazenda exercerá sua pretensão de exigir o cumprimento da obrigação face ao sujeito passivo
definido por lei. Assim, podemos conceituar responsável tributário como aquele a quem a lei atribui a
responsabilidade pelo pagamento da obrigação principal (artigo 121, parágrafo único, II do Código Tributário
Nacional), ainda que não estivesse na condição de contribuinte.

Por essa razão, a cláusula comumente descrita nos contratos de locação que atribui a responsabilidade
pelo pagamento do IPTU ao locatário não traz repercussão no direito tributário, no qual eventual execução
fiscal se dará face ao proprietário, que é quem pratica o fato gerador.

O direito em decorrência do descumprimento da cláusula contratual deverá ser perseguido pelo locador no
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âmbito do direito civil não sendo oponíveis no âmbito da relação fiscal.

Como podemos observar, a responsabilidade tributária decorre da lei e, conforme dispõe o art. 146, III da
Constituição Federal, a responsabilidade tributária é matéria reservada à lei complementar, por estar contida
dentro das normas gerais de direito tributário. Por esse motivo, os entes estaduais e municipais não podem
inovar prevendo em suas normas outras hipóteses de responsabilidade tributária.

Responsabilidade subsidiária, substituição tributária e


responsabilidade por transferência
Responsabilidade subsidiária
Vejamos a seguinte diferença:

Responsabilidade solidária

É aquela em que há pluralidade de devedores e todos podem suportar a integralidade da dívida, sem
que subsista um benefício de ordem.
close

Responsabilidade subsidiária

É aquela na qual o responsável só sofrerá os efeitos da persecução e responderá com seu patrimônio
após o exaurimento do patrimônio do contribuinte.

Logo, primeiro o contribuinte (devedor originário que praticou o fato gerador) será cobrado e com o
exaurimento da cobrança face ao seu patrimônio, o Fisco passará a cobrar o responsável tributário.

Substituição tributária
Por outro lado, com previsão constitucional no artigo 150, parágrafo sétimo da CF/88, encontramos a figura
da substituição tributária, onde a responsabilidade por substituição é aquela em que a conduta suficiente e
necessária para incidência do tributo é praticada pelo contribuinte.

A responsabilidade pelo pagamento do tributo, porém, surge para o substituto tributário, que deverá
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absorver a totalidade do débito e, em plenitude, os deveres daquele que figura como sujeito passivo da
relação tributária, suportando a obrigação principal e a obrigação acessória. Essa relação afasta o
contribuinte do elo jurídico e não lhe atribui qualquer dever de recolher o tributo.

Essa substituição pode se dar por duas formas:

Progressiva
Reconhecida também por substituição subsequente.

Regressiva
Também chamada antecedente.

Na substituição progressiva, as relações pós-cadeia produtiva são substituídas, de forma que o substituto
tributário irá realizar a antecipação do pagamento dos tributos relacionados à cadeia de produção.

Neste caso, o tributo é recolhido em função de fato gerador que será realizado futuramente por aquele que é
substituído. Logo, o recolhimento do tributo se dá face a um fato gerador presumido, visto que a conduta
necessária e suficiente para a incidência do tributo ainda não ocorreu.

Na hipótese da não ocorrência do fato gerador, ou mesmo em caso de ocorrência, mas com atribuição de
valor inferior àquele em que se deu a apuração e o recolhimento do tributo, a restituição da quantia paga
será assegurada para que não seja dado ensejo ao enriquecimento sem causa por parte da Fazenda.

A via adequada para se obter a restituição será a ação de repetição de indébito, com fundamento no artigo
165 do Código Tributário Nacional, guardando observação ao conteúdo do artigo 166 do CTN c/c súmula nº
546 do Supremo Tribunal Federal, que tratam da legitimidade e do cabimento da referida ação de repetição
de indébito.

A legitimidade para a repetição de indébito é do contribuinte substituído, por suportar o ônus financeiro na
hipótese de não concretização do fato gerador presumido.

Este é também o contribuinte de direito, que só teve o afastamento da obrigação de recolher o tributo por
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força da substituição imposta pela lei.

Exemplo

O exemplo claro de imposto que está sujeito a substituição tributária é o imposto sobre circulação de
mercadorias e serviços (ICMS), por ser um imposto que incidirá em todas as fases da cadeia de produção,
desde que ocorra a circulação da mercadoria.

Deste modo, cada vez que a mercadoria circular se dará o fato gerador do ICMS. Para facilitação da
fiscalização, é imposta por lei a substituição tributária, possibilitando que somente um dos relacionados na
cadeia produtiva recolha o tributo.

Sem dúvidas, é muito mais tranquilo para o Fisco a realização da fiscalização face a um contribuinte, do que
em relação a vários compreendidos na cadeia de produção. Deste modo, a fórmula se adequa para perfeito
enquadramento à praticidade tributária.

Avançando os estudos, chegamos à substituição regressiva, em cuja modalidade a substituição prevê que o
último contribuinte de direito será o responsável por todos os fatos geradores ocorridos na cadeia produtiva,
de modo que todos os relacionados na cadeia produtiva são substituídos por esse contribuinte.

Não há, neste caso, fato gerador presumido, pois já houve a prática da conduta suficiente e necessária para
incidência do tributo e nascimento da obrigação de efetuar o recolhimento, bem como já é possível verificar
o valor devido.

Vejamos o que Quintanilha (2021) diz a respeito:

QUINTANILHA (2021) expand_more

“Tal modalidade de substituição é largamente utilizada com relação a produtos agrícolas. Nessas
hipóteses, o legislador presumiu que os produtores rurais não possuem uma boa escrituração
contábil para efetuar o recolhimento do ICMS. Nesse sentido, a empresa que adquirir o leito do
produtor rural, por exemplo, deverá recolher o ICMS quando da entrada da mercadoria, na condição

de responsável tributário, substituindo os elos anteriores da cadeia produtiva, no caso, o pequeno


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produtor rural, que não terá a obrigação de recolher o ICMS na venda do seu produto.” (p. 207)

Temos ainda a figura da substituição tributária concomitante, em que a obrigação de recolhimento do


tributo está a cargo do substituto e não do contribuinte, sem que ocorra o repasse na cadeia de produção.

Haverá, nesta situação, a substituição da obrigação de recolhimento do tributo, sendo muito evidente no
Imposto de Renda, no qual o empregador fará a retenção do imposto na fonte, quando realizar o pagamento
do salário ao seu empregado.

Essa retenção é imposta ao empregador por lei, sendo certo que o empregado que auferiu renda dá ensejo à
prática do fato gerado.

No entanto, por força da lei, seu empregador irá realizar o recolhimento mediante retenção do quantum
extraído a partir da alíquota à qual está relacionada a base de cálculo.

Com a retenção, o recolhimento só poderá ser, e será, exigido do empregador que é o substituto, visto que,
pela retenção, o único que tiraria proveito seria o próprio substituto. Por outro lado, não havendo a retenção,
a exigência do recolhimento poderá se dar de forma solidária face ao substituto e substituído.

Responsabilidade por transferência


Disposta nos artigos 128 ao 137, o Código Tributário Nacional prevê ainda a responsabilidade tributária por
transferência, hipótese em que é gerada a obrigação tributária face ao contribuinte e logo é transferida para
o responsável tributário que cuidará de realizar o recolhimento do tributo.

Atenção!
É importante notar que a diferença do instituto da transferência para substituição reside no fato de que, na
transferência, há participação do contribuinte na relação tributária, diferente da situação da substituição, na
qual o contribuinte é completamente afastado e substituído.

O CTN prevê a responsabilidade por sucessão e por terceiros. Vejamos:

Responsabilidade por sucessão


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Responsabilidade por sucessão
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A responsabilidade terá nascido para o contribuinte e em seguida é passada ao responsável que assumirá
sua posição na relação tributária.

Responsabilidade por terceiros


Inicia-se com o contribuinte e é transferida ao responsável o encargo de recolher o tributo conjuntamente
com o contribuinte, que não será afastado da relação.

Responsabilidade por sucessão


Os sucessores têm sua responsabilidade tratada no Código Tributário Nacional, a partir do artigo 129, que
cuidará de estabelecer as balizas temporais que separam a condição de contribuinte e responsável por meio
da data do evento que deu origem à responsabilidade.

Atenção!
É importante esclarecer que não importará a condição em que se encontra o crédito, seja ele lançado ou em
processo de lançamento. Ocorrendo a sucessão, o contribuinte será a pessoa que possuía o bem ou o
direito no momento da alienação, e o responsável será quem o sucedeu pela ocorrência do negócio jurídico.
Dessa situação, decorre a legitimidade, na condição de sucessor responsável tributário, para que integre o
polo ativo para impugnação do crédito tributário.

Nesta modalidade de responsabilidade, serão compreendidos todos os fatos geradores


ocorridos antes da ocorrência da sucessão, sendo certo que o Superior Tribunal de
Justiça entende ser cabível, ainda, a transferência das penalidades ao sucessor.

Neste sentido, dispõe o enunciado da súmula nº 554 do Superior Tribunal de Justiça:

Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora


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abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas
moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da
sucessão.

(Súmula nº 554 do Superior Tribunal de Justiça)

Pelo exposto, podemos verificar que sucessão se dará de forma total, sendo compreendida na transferência
não somente os tributos, mas também as penalidades decorrentes de fatos geradores anteriores à
sucessão.

Responsabilidade tributária do adquirente na alienação de bens


imóveis
Uma hipótese de responsabilidade alocada no Código Tributário Nacional relaciona-se à transmissão
onerosa de bens imóveis. A regra prevê que, ao adquirir um bem imóvel, aquele que o adquiriu se tornará o
responsável pelos créditos tributários relacionados a tributos propter rem que anteriormente deveriam ser
recolhidos pelo antigo proprietário.

O artigo 130 do Código Tributário Nacional trará a disposição acerca da sub-rogação, face aos adquirentes,
nos casos em que são devidos impostos incidentes em razão da propriedade imobiliária.

Logo, a Fazenda poderá perseguir os créditos tributários face ao adquirente/responsável. Verifica-se que a
persecução se dá face a créditos tributários, integrando, neste gênero, os impostos, as taxas e as
contribuições de melhoria.

Uma forma de não ser surpreendido com a responsabilização por tributos anteriores à
aquisição é exigir que conste no título de transmissão a prova de que os tributos foram
devidamente recolhidos, posto que mediante a quitação não haverá o que se falar em
transferência.

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O bem imóvel adquirido em hasta pública merece atenção, dispõe o artigo 130 do Código Tributário
Nacional, que o valor da dívida será vinculado a quitação do preço, deste modo, as dívidas estarão sub-
rogadas no preço pago pelo adquirente, liberando de qualquer dívida gravada.

Atenção!
É importante observar que o arrematante não terá qualquer relação jurídica com o antigo proprietário do
bem. O arrematante terá relação com o juízo que promoveu a hasta pública, tão somente.

Devemos registrar uma ressalva, já que que o entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de
que, havendo previsão no edital, o adquirente poderá ser responsável pelos tributos, mitigando o teor do
artigo 130, parágrafo único do Código Tributário Nacional.

Uma questão procedimental interessante é o fato de que, antes de entregar o resultado da praça, o juízo
procederá ao abatimento dos valores relativo aos tributos incidentes sobre o bem e fará a entrega ao fisco
competente, sendo entregue às partes o valor remanescente.

Os débitos posteriores à arrematação são de responsabilidade do adquirente, porém, se ajuizada a


execução fiscal antes da transferência, a Certidão de Dívida Ativa da União (CDA) não poderá ser substituída
para fins de incluir ao polo passivo o adquirente, por força da súmula nº 392 do Superior Tribunal de Justiça.

Responsabilidade tributária do adquirente e do remitente de bens


móveis ou direitos e dos herdeiros a qualquer título
Uma hipótese de sucessão está disposta no artigo 131 do CTN, que prevê que o remitente, pessoa que
realizar o pagamento da dívida para evitar a praça do imóvel, poderá ser considerando responsável pelos
tributos que recaem sobre o bem remido, em razão da existência de débitos tributários no momento em que
se opera a remição.

em remido
A remição, neste caso, é um benefício de caráter familiar, pois permite que o cônjuge do executado, seus
descendentes e ascendentes adquiram para si os bens adjudicados ou vendidos, pelo valor da adjudicação ou
do preço da praça ou leilão.

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A regra irá se aplicar de igual modo aos bens móveis, ou seja o adquirente de um veículo deve ter atenção,
pois será o sucessor do contribuinte quando ocorrer a transferência do bem, ocasião em que, se houver
dívidas de IPVA, o pagamento destas dívidas passará a ser obrigação daquele comprador, uma vez que o
débito seguirá o bem.

Outra hipótese de responsabilidade por sucessão é daquele que adquire bens em decorrência do
falecimento do contribuinte.

Nessa situação, poderemos verificar que o cônjuge meeiro e os herdeiros serão responsáveis pelos tributos
que eram devidos pelo de cujos até a data da partilha ou adjudicação. Entretanto, é correto afirmar que as
obrigações não poderão ultrapassar o quinhão, o legado ou a meação, residindo, neste ponto, o limite da
responsabilidade.

eação
Meação é o termo que designa a metade ideal do patrimônio comum do casal, sobre a qual tem direito cada um
dos cônjuges.

Não operada a transmissão para os sucessores, será o espólio que responderá pelos débitos oriundos de
obrigações tributárias, figurando na condição de contribuinte na ocorrência de fatos geradores no curso do
inventário, bem como na situação de responsável pelas dívidas havidas antes da morte.

Por este motivo, não poderia, por exemplo, o Fisco realizar a cobrança de IPTU inerente ao imóvel que
pertencia ao falecido, face aos herdeiros, caso o fato gerador tenha ocorrido no curso do inventário, pois o
contribuinte será o espólio, pessoalmente responsável de acordo com artigo 131 do Código Tributário
Nacional.

Após o inventário e realizada a partilha, os herdeiros permanecem responsáveis no limite de seu quinhão,
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tendo cabimento a execução fiscal frente aos herdeiros.

Responsabilidade por transformação empresarial


Introduz o Artigo 132 do CTN que a pessoa jurídica de direito privado que for constituída mediante
transformação, incorporação ou fusão será a responsável pelo Débito Tributário face às empresas
envolvidas na operação até o momento da transformação.

Convém esclarecer os seguintes termos:

Transformação

É o processo pelo qual, sem que ocorra a dissolução e liquidação, há alteração do tipo societário.

Incorporação

É a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra que será sua sucessora em
direitos e obrigações.

Fusão

É a união de sociedades que fará submergir nova sociedade, que será a sucessora em direitos e obrigações.

Saiba mais

Nota-se que, na incorporação e na fusão, a transferência de direitos e obrigações acarreta o recebimento


não só dos débitos tributários, mas também ocorre a transferência das penalidades, como dispõe a súmula
nº 554 do Superior Tribunal de Justiça, que diz: “Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade
da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou
punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão.”

Chamamos a atenção que em decorrência da sucessão com fundamento no artigo 132 do CTN, passivo e
ativos são transferidos, incluindo os créditos decorrentes de cobranças indevida de tributos.

Também em decorrência de sucessão, em eventual execução fiscal, o Fisco não necessitará substituir a
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CDA para prosseguimento da execução, visto que houve apenas a transferência das obrigações para a
empresa remanescente.

Embora não encontre previsão expressa no artigo 132 do Código Tributário Nacional, a cisão também é
modalidade que altera a estrutura empresarial, sendo, neste caso, a companhia que irá transferir parcelas de
seu patrimônio para uma ou mais sociedades, operando a extinção da sociedade alvo da cisão no caso de
divisão da totalidade de seu patrimônio ou dividindo o capital na ocasião de divisão parcial.

A responsabilidade na cisão será solidária entre a empresa cindida e aquelas que receberam a parcela de
seu patrimônio, independentemente de vinculação direta do sucessor com o fato gerador da obrigação.

Responsabilidade na alienação de estabelecimento empresarial


Do artigo 133 do Código Tributário Nacional, podemos verificar que existe responsabilidade tributária por
transferência do fundo de comércio ou do estabelecimento empresarial, hipótese que acarretará a sucessão
face ao adquirente.

Não se pode confundir ponto comercial com estabelecimento empresarial. Vejamos a diferença:

Ponto comercial

Onde a atividade é exercida.

Estabelecimento empresarial

Composto por todo o complexo de bens que estão compreendidos como elementos
integrantes da atividade empresária.

Atenção
O artigo 133, do Código Tributário Nacional, somente incide para essa última hipótese, na qual todos os
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elementos são transferidos, ocasião em que haverá a sucessão.

A operação de alienação do estabelecimento comercial possui o nome de trespasse, previsto no artigo


1.142 do Código Civil. A produção de efeitos do contrato de trespasse só ocorre a partir de sua averbação
perante a junta comercial, conforme disposição do artigo 1.144 do Código Civil que diz:

O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do


estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à
margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro
Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.

(Artigo 1.144 do Código Civil)

Convém mencionar que, pela regra do artigo 133 do Código Tributário Nacional, a sucessão só estará
caracterizada quando o adquirente do estabelecimento comercial permanecer explorando o mesmo ramo
de atividade empresarial. Não havendo continuidade, a responsabilização do adquirente poderá ser solidária
ou subsidiária de acordo com o rumo tomado pelo alienante. Vejamos:

Responsabilidade solidária expand_more

Na hipótese de o alienante não dar prosseguimento à atividade empresarial, o alienante do


estabelecimento responderá pela integralidade dos débitos tributários até a data do trespasse, não
excluindo a responsabilidade do alienante, formando hipótese de solidariedade (artigo 133, inciso I
do CTN).

Responsabilidade subsidiária expand_more

A hipótese de responsabilidade subsidiária do adquirente será possível quando o alienante der


prosseguimento à atividade empresarial ou mesmo se retomar as atividades dentro de um prazo de
seis meses e atuando no mesmo ramo.

Em razão da subsidiariedade, deverá ser perseguido o patrimônio do alienante para posteriormente avançar
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sobre o adquirente (artigo 133, inciso II do CTN).

Por fim, deve ser comentado que, em caso de alienação judicial, aquele que adquire o estabelecimento
comercial não poderá ser considerado responsável pelas dívidas anteriores à data da alienação por força do
artigo 133, parágrafo primeiro do CTN.

Atenção

Essa regra tem exceção contida no parágrafo do artigo 133 do CTN, no caso de o adquirente ser agente da
falida ou parente até o quarto grau, oportunidade em que a responsabilidade será aplicada na forma do
artigo 133, caput, do CTN. A referida norma tem o objetivo de evitar fraudes.

Os valores obtidos com a alienação judicial devem permanecer depositados em conta vinculada ao juízo da
falência pelo prazo de um ano e, neste período, o valor poderá ser movimentado para o pagamento dos
credores extraconcursais e demais credores que tenham preferência ao crédito tributário.

video_library
Responsabilidade tributária de terceiros
No vídeo a seguir, o professor Gabriel Quintanilha discorre sobre a responsabilidade tributária de terceiros e
suas diferentes espécies. Vamos assistir!

O Código Tributário Nacional regula a responsabilidade de terceiros dentro dos artigos 134 e 137. A
responsabilidade de terceiro decorre da prática do fato gerador pelo contribuinte, que gera a obrigação
tributária que será transferida ao responsável, sendo hipótese em que tanto o contribuinte quanto o
responsável irão permanecer no polo passivo da relação tributária, não ocorrendo absorção do contribuinte
pelo responsável, como no caso das sucessões.

Responsabilidade subsidiária
A responsabilidade subsidiária é espécie de responsabilidade de terceiro. O artigo 134 do CTN determina
que a obrigação de pagamento dos tributos será transferida aos responsáveis quando o Fisco não
conseguir exigir e obter a satisfação do crédito tributário em face do contribuinte.

Nessa situação, a execução do débito tributário passará a ser direcionada ao responsável após esgotadas
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as tentativas de se obter o pagamento pelo contribuinte.

Para ser responsável, é necessária a participação no fato gerador, sendo inadmissível que a
responsabilização se dê face a quem não praticou conduta suficiente e necessária para incidência do
tributo. Isto porque o artigo exige que a responsabilidade ocorra “nos atos que intervierem ou pelas
omissões que forem responsáveis”.

O artigo 134 do Código Tributário Nacional aduz que “nos casos de impossibilidade de exigência do
cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que
intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis.” Então, passará a dispor sobre cada um dos
responsáveis que estarão listados do Inciso I ao VII.

Chamamos a atenção para o caráter subsidiário, pois aduz o dispositivo legal que respondem
solidariamente nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo
contribuinte.

Responsabilidade pessoal e solidária


O artigo 135 do Código Tributário Nacional dá tratamento à responsabilidade pessoal e solidária, em que
haverá o responsável de suportar os débitos em razão de prática de atos com excesso de poderes ou
infringindo a lei.

As pessoas passíveis dessa responsabilização a teor do que dispõe o artigo 135, inciso I, do Código
Tributário Nacional, são aquelas que estão listadas no artigo 134, compreendendo:

Os pais em razão dos débitos tributários de seus filhos menores;

Tutores por decorrência dos tributos devidos por seus curatelados ou tutelados;

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Os administradores de bens de terceiros em razão de débitos devidos pelos administrados;

O síndico e o comissário, pelos débitos tributários da massa falida ou pelo concordatário;

Tabeliães, escrivães e serventuários pelos tributos devidos por atos praticados por ou perante
estes;

Os sócios na liquidação da sociedade de pessoas.

Saiba mais

Além dessas pessoas, o artigo 135, incisos II e III do Código Tributário Nacional prevê que os mandatários,
prepostos e empregados, além dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito
privados, são pessoalmente responsáveis, na hipótese de excesso ou infração a lei, contrato social ou
mesmo estatutos.

Para fins do artigo 135 do Código Tributário Nacional, os atos praticados devem ter a
aptidão de acarretar a não tributação que caracteriza a fraude.

Com a relação à infração a lei, a caracterização da responsabilidade se dá quando há o dolo de descumprir


ou de violar a lei, porém, ainda que o não pagamento seja uma violação, por si só não dá razão à
responsabilização pessoal.

Nesse sentido, caminha a súmula nº 430 do Superior Tribunal de Justiça:

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O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a


responsabilidade solidária do sócio-gerente.

(Súmula nº 430 do Superior Tribunal de Justiça)

Com relação à responsabilidade tributária, nunca é demais lembrar que se trata de assunto reservado à lei
complementar, razão pela qual outras espécies normativas não podem regular a matéria.

Por certo, da análise do artigo 135 do CTN, é extraída a responsabilidade solidária entre contribuinte e
responsável; entre os responsáveis solidários, devemos nos atentar à responsabilidade tributária dos
administradores quando encerradas as operações de sociedade de forma irregular.

Nestas hipóteses, haverá uma presunção de que sócios-gerentes, administradores e diretores se apropriam
dos bens da sociedade, devendo, neste caso, responder pelos débitos tributários. O entendimento da
jurisprudência é que a conduta representaria infração à lei, tendo ainda o enunciado de súmula nº 435 do
STJ consolidado que a mudança de endereço da empresa sem a devida comunicação ao Fisco caracteriza
irregularidade capaz de atrair a responsabilidade pessoal: “presume-se dissolvida irregularmente a empresa
que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o
redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente”.

Responsabilidade pela prática de infrações


Na responsabilização pela prática de infrações, o CTN prevê, no artigo 112, que a interpretação da lei
tributária que define infrações e comina pena deve se dar de forma mais benéfica ao acusado quando
houver dúvidas quanto a:

capitulação do fato;

natureza e circunstâncias materiais do fato, natureza e extensão dos seus efeitos;

autoria, imputabilidade e punibilidade;

natureza da penalidade a ser aplicada e sua graduação.


O Direito Tributário apresenta a possibilidade de responsabilização objetiva, não analisando para aplicação
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de pena pecuniária o elemento subjetivo do dolo ou da culpa.

No entanto, a boa-fé deve ser analisada, visto que o contribuinte poderá sofrer em decorrência de ato de
terceiros que, ao fim, lhe acarretará impactos tributários negativos, por situações em que não detém o
controle.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
De acordo com o Código Tributário Nacional, é certo dizer que o espólio, pelos tributos devidos pelo de
cujus até a data da abertura da sucessão, será:

A Pessoalmente responsável.

B Subsidiariamente responsável.

C Apenas garantidor, mas não responsável.

D Isento da responsabilidade.

E Solidariamente responsável.

Parabéns! A alternativa A está correta.


Conforme dispõe o artigo 131, inciso III do Código Tributário Nacional, o Espólio é pessoalmente
responsável pelos tributos devidos pelo de cujus até a data de abertura da sucessão.

Questão 2
Pedro tem três anos de idade e é proprietário de um apartamento. Em janeiro deste ano, o Fisco
notificou Pedro para o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), por meio do envio do
carnê de cobrança ao seu endereço. Os pais de Pedro, recebendo a correspondência, decidiram não
pagar o tributo, mesmo possuindo recursos suficientes para tanto.

Diante da impossibilidade de cumprimento da obrigação por Pedro, assinale a afirmativa correta.

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A Os pais de Pedro devem pagar o tributo, na qualidade de substitutos tributários.

O Fisco deverá aguardar Pedro completar 18 anos para iniciar o processo de execução
B
da dívida.

Os pais de Pedro responderão pelo pagamento do tributo, uma vez que são
C
responsáveis tributários na condição de terceiros.

D O Fisco deve cobrar o tributo dos pais de Pedro, já que são contribuintes do IPTU.

O ajuizamento da execução fiscal poderá ocorrer a partir dos 16 anos, quando Pedro
E
será considerado relativamente incapaz.

Parabéns! A alternativa C está correta.


A capacidade tributária passiva não se confunde com a capacidade civil, havendo legitimidade para ser
contribuinte independentemente da idade. No entanto, observa-se que é impossível que Pedro efetue o
pagamento, nesse sentido estaremos diante da hipótese do artigo 134 do Código Tributário Nacional,
que prevê os pais como responsáveis na qualidade de terceiros, visto que não participaram do fato
gerador.

Considerações finais
Como vimos ao longo do conteúdo, o fato gerador é o marco para incidência do tributo. Praticada conduta
descrita na lei, nasce a obrigação tributária principal, que consiste no pagamento da prestação pecuniária.

Também foi possível compreender que, de forma autônoma, existem para o contribuinte as obrigações
acessórias, que consistem no cumprimento de uma obrigação de fazer prevista na legislação tributária; e
ainda que, pelo seu descumprimento, há o nascimento de nova obrigação principal.

A partir da compreensão dos sujeitos da relação tributária, foi possível identificar a responsabilidade
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existente sobre a obrigação, a modalidade da responsabilidade com distinções entre pessoal, solidária e
subsidiária, e a possibilidade de substituição e transferência da responsabilidade a terceiros, possibilitando,
ainda, identificar que a atividade fiscal deve incidir sobre o contribuinte segundo a sua capacidade tributária.

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Podcast
Agora, com a palavra o especialista Gabriel Quintanilha, Doutor em Direito, vamos relembrar os principais
tópicos do nosso estudo sobre obrigação tributária.

Referências
AMARO, L. Direito Tributário Brasileiro. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

CARVALHO, P. de B. Curso de Direito Tributário. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

QUINTANILHA, G. S. Manual de Direito Tributário. Vol. Único. 1. ed. Rio de Janeiro: Método, 2021.

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Deixamos aqui para você, dois livros importantes para sua leitura complementar:

CARRAZZA, R. A. Reflexões sobre a obrigação tributária. São Paulo: Noeses, 2010.

TORRES, H. T. Teoria geral da obrigação tributária. São Paulo: Malheiros, 2005.

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